Você está na página 1de 15

XVI Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (XVI ENANCIB)

ISSN 2177-3688

GT 9 – Museu, Patrimônio e Informação


Comunicação Oral

MUSEU, PATRIMÔNIO E HISTÓRIA: CRUZAMENTOS


DISCIPLINARES1

MUSEUM, HERITAGE AND HISTORY: DISCIPLINARY CROSSINGS


Letícia Julião, UFMG
juliao.leticia@gmail.com

Resumo: O propósito do artigo é discutir alguns pontos de intercessão entre a História e a


Museologia, que se apresentam promissores na formulação de um programa de investigação
interdisciplinar, tendo o patrimônio cultural como categoria de confluência de ambos os
conhecimentos. Duas perspectivas são realçadas nessa fronteira disciplinar: uma, no plano dos
conceitos, e outra, na esfera de temas de pesquisas da História. São destacadas as categorias-chaves de
representação, regime de historicidade e cultura material que, operadas pela historiografia
contemporânea, permitem abordar o fenômeno museológico como processo que está inserido em uma
ordem do tempo; que gera conhecimento e que, ao mesmo tempo, figura no domínio do simbólico.
Pesquisas guiadas por essas categorias poderão ultrapassar a abordagem da historicidade do fenômeno
museal e contribuir para o próprio campo de formulações teóricas da Museologia. Em relação aos
temas de pesquisa, há ainda muito que fazer em relação à historiografia dos museus brasileiros. Em
particular, são destacadas as possibilidades descortinadas com a visada pós-colonial da História. Um
novo horizonte de pesquisas emerge na fronteira entre a História e a Museologia com o deslocamento
do olhar eurocentrista sobre os museus em direção a comportamentos de preservação do patrimônio,
que se diferenciam daqueles consagrados pelo mundo ocidental. As ideias de museus como zona de
contato, tal como proposta por James Clifford e a perspectiva da museologia subalterna, proposta por
Luis Gerardo Morales Moreno, apresentam-se produtivas para a construção da história pós-colonial do
museu e do patrimônio.
Palavras-chave: História. Museologia. Museu. Patrimônio. Interdisciplinaridade.

Abstract: The purpose of the paper is to analyze some points of intersection between History and
Museology, which seems to be promising in the development of an interdisciplinary research program,
having cultural heritage as a category of confluence of both knowledge. Two perspectives guide the
analysis in this disciplinary border: firstly, on the level of concepts, and secondly, on the level of
history research themes. The key categories of representation, regime of historicity and material
culture, operated by contemporary historiography, allow to approach the museum phenomenon as a

1
O conteúdo textual deste artigo, os nomes e e-mails foram extraídos dos metadados informados e são de total
responsabilidade dos autores do trabalho.
process that is inserted in an orderliness of time, producing knowledge and, at the same time,
refering to the symbolic domain. Research guided by these categories may go beyond the approach of
the historicity of the museum phenomenon and contribute to the own field of theoretical formulations
of Museology. Regarding the research topics, there is still much to do about historiography of
Brazilian museums, especially, from the perspective of post-colonial history. A new horizon of
research emerges on the border between History and Museology with the change in the Eurocentric
museums perspesctive into heritage preservation behaviours , which differ from those established by
the Western world. The idea of the museum as a contact zone, as proposed by James Clifford, and the
idea of subaltern museology, as proposed by Luis Gerardo Morales Moreno, are productive for the
construction of post-colonial history of museum and heritage.

Keywords: History. Museology. Museum. Heritage. Interdisciplinary.

1 INTRODUÇÃO
No Brasil, os museus têm ocupado um espaço crescente na agenda de pesquisas das
chamadas Ciências Humanas e Sociais, fato, em parte, tributário da consolidação da
Museologia no meio acadêmico nos últimos anos. Sob o prisma específico da História, é
possível afirmar que, até há poucas décadas atrás, os museus gozavam de prestígio incerto
entre historiadores, sendo geralmente vistos como terreno de especialistas em arte, quando
não figuravam como campo de pesquisadores tradicionais, versados nas ditas ciências
auxiliares da história ou amantes do passado. Contribuiu para a mudança desse quadro o
engajamento profissional do historiador em museus, tanto quanto mudanças no cenário
museal. No meio acadêmico, embora ainda estejam se firmando grupos e linhas de pesquisas
nessa área, é possível observar uma produção historiográfica que tem se tornado mais
sistemática sobre essas instituições e os processos culturais que gravitam em torno delas.
Em particular, a partir dos anos de 1990 se observa sinais de ascensão do status do
museu como objeto fecundo de estudos históricos. O crescimento de pesquisas desenvolvidas
nessa área se fez acompanhar pelo surgimento de publicações, especialmente pelo retorno à
cena de dois periódicos importantes, os Anais do Museu Paulista e os Anais do Museu
Histórico Nacional, após intervalo de tempo em que tiveram suas edições suspensas 2 .
Ancorados em novas diretrizes editoriais, ambos passam a divulgar pesquisas e estudos
desenvolvidos em torno da problemática dos museus e de seus acervos documentais, em
consonância com vertentes contemporâneas da historiografia.

2
Os Anais do Museu Paulista mantiveram sua periodicidade entre 1922, quando Taunay, então diretor do
Museu, instituiu a seção de História, e 1987, quando foi interrompida. Em 1993 é reiniciado em nova série,
período em que o professor Ulpiano T. Bezerra de Menezes esteve à frente da direção do Museu. Os Anais do
Museu Histórico Nacional, criados a partir de 1940, tiveram sua edição suspensa em 1975, sendo retomada
somente em 1995.
E possível dizer que, comparada a outras disciplinas, a História interessou-se
tardiamente pelos museus. Predominantemente universitária, como destaca Pomian (2003), a
História esteve dominada, ao longo do século XIX, pelo dogma de que somente pelas fontes
escritas seria possível conhecer o passado, vindo a se interessar pelos museus, assim como
pelos objetos materiais, somente no século XX. O que não ocorreu, por exemplo, com a
antropologia e as ciências naturais, disciplinas em que a experiência do olhar e da observação
sempre esteve associada à construção do conhecimento, como analisa Gonçalves (2007). Os
museus e suas coleções, como modalidades culturais voltadas para o olhar, ocuparam, dessa
maneira, um lugar privilegiado na história de tais ciências. Reticente à visualidade, a história
absteve-se de se ocupar dos museus, deixando à história da arte a incumbência quase
exclusiva de instituir-se como disciplina estreitamente associada a essas instituições.
Em parte, o interesse de historiadores pelo tema é decorrente do progressivo
alargamento do conceito de fonte histórica e dos domínios historiográficos. A isso se soma
também uma disposição crítica e reflexiva da Museologia, que tem se nutrido de desafios que
se interpõem no terreno das experiências museais. Com as mudanças operadas tanto no plano
conceitual como na prática museológica, a História passou a ser convocada cada vez mais na
produção de conhecimento sobre o passado dos museus, sobre seus respectivos acervos e
sobre o papel que essas instituições desempenham na sociedade, ora como agentes
estratégicos no cenário de políticas simbólicas de Estado, ora como lugares consagrados à
produção de conhecimento, responsáveis, inclusive, pela consolidação de determinadas
disciplinas científicas.
O objetivo desse artigo é discutir algumas questões e perspectivas de abordagens que
se delineiam no horizonte da intercessão entre a História, a Museologia e o museu, tendo
como horizonte a perspectiva do patrimônio. Não se pretende fazer um balanço da produção
historiográfica ou museológica e nem esgotar as possibilidades de pesquisas descortinadas
nessa zona de fronteira disciplinar. Trata-se de uma abordagem exploratória, com a qual se
espera assinalar potencialidades de estreitamento desse diálogo necessário e promissor entre a
Museologia e a História.
Dividido em duas partes, o artigo trata, em um primeiro momento, de conceitos e
categorias que são operados pela História e se apresentam como profícuas para o
desenvolvimento de pesquisas e estudos no campo museal. Na segunda parte, são apontados
alguns temas ou aspectos que se descortinam para a historiografia de museus e que ainda não
mereceram a devida atenção de pesquisadores. A expectativa é instigar, a partir da inserção
profissional de historiadores no campo museal, uma interlocução disciplinar geradora de
conhecimentos. Como ciência aplicada, a Museologia tem muito a ganhar com a prática que
conduz ao exercício reflexivo, levado a efeito pelos diferentes profissionais de museus. No
caso específico da História, é preciso pensar qual o seu papel na configuração do cenário
museológico brasileiro; analisar a sua contribuição, sob o ponto de vista da Museologia, na
administração da memória coletiva; assim como compreender como os museus concorrem
para a formação da consciência histórica.
Essas são questões que ganham relevo, sobretudo, em face dos desafios que
despontam com as mudanças substanciais experimentadas pelos museus. Se nos anos sessenta
eram instituições vistas como obsoletas, alvo de críticas severas, nas últimas décadas se
tornou definitivamente um dos espaços culturais de mais prestígio no mundo. O conceito de
museu se tornou mutante, alargado e por vezes impreciso. Junto com essas mudanças,
indiscutivelmente positivas, novos desafios se impuseram à agenda museológica, alguns dos
quais poderão ser enfrentados com a contribuição de outras disciplinas.
Vale lembrar que em face do esgotamento de antigos modelos, o anseio em alinhar os
museus com a realidade contemporânea (e talvez em sintonia mesmo com uma cultura que se
reduz à variante do consumo), tem conduzido ao desenvolvimento de projetos, sem que haja
um esforço de formulação conceitual dos museus. Se as promessas de museus pensados em
novos parâmetros abrem um leque de novas possibilidades de atuação, ao mesmo tempo,
paradoxalmente, grande parte dessas instituições se apega a “receituários modernizantes” que
se instituem em face aos vazios configurados pelas incertezas e indefinições conceituais. O
resultado muitas vezes é questionável: o mesmo se conserva sob nova roupagem, e, muitas
vezes, se subtrai o sentido museal dessas instituições. Essa é uma realidade comum tanto aos
museus configurados nos moldes clássicos, como aqueles recém-criados, sob a bandeira da
inovação.
Nesse cenário, no qual a memória e o patrimônio são banalizados, torna-se
imprescindível fazer avançar as abordagens metodológicas e conceituais, em busca de se
manter viva uma razão crítica do campo museal, explorando suas potencialidades
interdisciplinares. Os estudos e pesquisas acadêmicos têm um papel crucial nesse processo, e
nem poderia ser diferente.

2 PENSAR O CAMPO MUSEAL A PARTIR DE CONCEITOS TRANSVERSAIS


A contribuição da História para o pensamento museológico ultrapassa a
correspondência entre o conhecimento e especificidade de coleções e/ou tipologia de museus.
É possível dizer que as intercessões entre as duas disciplinas alcança formulações
concernentes ao próprio objeto de estudo da Museologia. Um caminho produtivo seria pensar
em que medida a teoria e os conceitos da História podem abrir perspectivas promissoras para
se problematizar o fato museal.
Compreende-se fato museal como “a relação profunda entre o Homem, sujeito que
conhece, e o objeto, parte da realidade à qual o homem também pertence e sobre a qual tem o
poder de agir, relação essa que se processa num cenário institucionalizado, o museu.”
(GUARNIERI, 2010, p. 147). Essa relação específica do sujeito com o objeto/realidade, para
alguns teóricos denominada de musealidade, se refere, de fato, ao comportamento do homem
em relação ao seu patrimônio, ou seja, àquilo que preserva, assegurando sua transmissão ao
futuro (DÉSVALLÉES; MAIRESSE, 2011). Bruno, ao anotar que a Museologia se ocupa
com duas ordens de problemas, também reforça o viés do patrimônio do fato museal:

Por um lado, em um campo de interlocução, emerge a necessidade de


identificar e compreender o comportamento individual e/ou coletivo do
Homem, ao longo do tempo, frente ao seu patrimônio; e, por outro lado, em
um campo de projeção, surgem os processos que possibilitam que, a partir
dessa relação, o patrimônio seja transformado em herança e essa, por sua
vez, contribua com a construção das identidades (BRUNO, 2006, p. 15).

Ao projetar seus estudos no campo do patrimônio cultural, em processos e práticas de


construção de memórias e identidades coletivas, a Museologia fixa o seu discurso científico
em zona de fronteiras disciplinares, de cruzamentos teóricos e conceituais. É, portanto, nessa
perspectiva, que se vislumbra o desenvolvimento de um diálogo vigoroso com a História.
Em um breve exame, três categorias, realçadas pela historiografia contemporânea se
destacam como promissoras para as pesquisas museológicas: representação, regime de
historicidade e cultura material. Regime de historicidade é noção construída no âmbito da
disciplina da História, enquanto que representação e cultura material apresentam-se como
conceitos axiais, tal como se refere Wehling (2006), ou seja, concepções que são
compartilhadas por diferentes ciências ou campos de conhecimento – inclusive no campo da
Museologia - e que ao serem operados pela História, orientam a lógica interna da pesquisa e
do discurso historiográfico. As três noções permitem compreender o fenômeno museal em
diferentes visadas, seja como processo que se insere ou que cria uma ordem do tempo; seja
como processo que gera conhecimento objetivo ou que figura como matéria do imaginário.
A categoria de representação pode ser compreendida como conceito teórico-
metodológico ou como imagem coletiva (SILVA, 2000). Na perspectiva dos museus, o
conceito permite percebê-los como lugares para onde convergem igualmente o conhecimento
mediado e as imagens por meio das quais coletividades apreendem o mundo real. A ideia
mesma do objeto de coleção implica uma dimensão representacional. Como semióforos, tal
como propõe Pomian (1994) os objetos de museu dão visibilidade àquilo que está ausente, ao
que é invisível; são imagens de referentes exteriores. É legítimo dizer, portanto, que
os museus são instituições, por excelência, de presentificação do invisível, de publicização de
representações coletivas. Constituem, por conseguinte, espaços privilegiados para se analisar
as representações coletivas no sentido proposto por Chartier (1990): construções que grupos
fazem de suas práticas, conferindo sentido à experiência da coletividade. O conceito de
representação conforma-se, assim, aos estudos que elegem os museus como constructos
sociais expressivos da pluralidade e das diferenças dos fenômenos sociais, da história das
identidades coletivas e do pensamento dos homens. É categoria que permite compreender o
sentido do patrimônio projetado nos museus, por meio do qual os indivíduos estabelecem suas
relações com o mundo.
Sob o ponto de vista da História, as exposições constituem manifestações culturais
reveladoras de como se dão no contexto museal as relações entre o vestígio representante, as
práticas representadas e a escrita histórica. Exposições são documentos ricos, nos quais
estão inscritas as tensões experimentadas pelo discurso histórico entre o conhecimento crítico
e controlável e a reconstrução afetiva pela memória; entre a narrativa da identidade e o
compromisso com a verdade3.
Ora, as representações nos museus lidam, em última instância, com a relação que o
homem estabelece com o tempo; elas expressam ou buscam apreender a maneira como o
tempo se projeta no plano subjetivo – no imaginário, em estruturas simbólicas, em
representações coletivas. Segundo Preziosi (2006) caminhar por um museu se assemelha a
caminhar pela história, a sucessão de objetos tornam possível perceber a passagem do tempo,
assim como as mudanças e o desenvolvimento das formas, estilos, invenções, valores e
mentalidades.
A categoria de regime de historicidade descortina-se, por conseguinte, como um
horizonte profícuo para se pensar os museus como lugares de inscrição das relações que a
sociedade tece com o tempo passado e futuro. Segundo Hartog (2013), a noção de regime de
historicidade, em um sentido restrito, se refere à maneira como a sociedade trata o seu
passado. Numa perspectiva mais ampla, é o que designa a modalidade de consciência que a
comunidade humana tem de si; a maneira como as sociedades reagem ao grau de sua

3
Sobre a categoria de representação no discurso historiográfico, ver CARDOSO (2000). A respeito da tensão
entre o discurso científico da história e a memória, conferir CHARTIER (2002), artigo em que se dedica a
analisar a questão na obra de Paul Ricoeur.
historicidade. Trata-se, pois, de categoria que organiza as experiências do tempo, permitindo
compreender as formas pelas quais as sociedades articulam o passado, o presente e o futuro,
de modo a tornar possível o desdobramento de uma ordem do tempo.
As práticas culturais que gravitam em torno do museu – da formação das coleções às
suas exibições - encerram indícios importantes para se compreender como a sociedade
constrói suas representações do tempo, operando uma ordenação do tempo em passado,
presente e futuro, de modo a conferir sentido às experiências vividas. Os museus, como
lugares de institucionalização do patrimônio cultural coletivo, são expressões significativas,
que permitem investigar as formas pelas quais a sociedades constrói seu sentido de
historicidade, sua consciência histórica. Não seriam os museus espaços privilegiados para se
compreender as expectativas endereçadas ao futuro pelas sociedades, a partir das
interpretações que ela constrói de suas experiências?
Com a terceira categoria - cultura material - que pode ser considerada também como
um campo de estudos – se destaca o caráter documental dos acervos museológicos. Segundo
Deetz “cultura material é aquele segmento do ambiente físico do homem o qual é
propositadamente modelado por ele de acordo com um plano culturalmente estabelecido”
(apud PEARCE, 2005, p. 9). Acresce a essa definição, a compreensão desse campo em uma
perspectiva ampla, como defende Meneses (1983), ou seja, superando visões redutoras,
confinadas à dicotomia entre material e imaterial, real e representação do real. Segundo
Meneses “cindir radicalmente cultura material e cultura não material é ignorar a ubiqüidade
das coisas materiais, que penetram todos os poros da ação humana e todas as suas
circunstâncias” (1983, p. 107).
O que distingue os museus de outras instituições culturais é exatamente seu caráter
material. Não se pode ignorar que são instituições devotadas ao colecionamento e à
interpretação de objetos materiais, constituindo uma espécie de arquivos da cultura
material (STOCKING, 1985). Embora muitos museus contemporâneos tenham abdicado dos
objetos materiais, em grande parte com o auxílio da tecnologia, e ainda que as coleções de
objetos, como sugere Conn (2010), tenham perdido o poder visual e epistemológico que
pareciam ter nos primórdios dos museus, não se pode desconhecer que as conexões entre
objetos e museus resistem, assim como essas instituições persistem como lugares que dão a
ver objetos valorizados e/ou criados pelo homem.
Posto isto, as coleções dos museus se apresentam aos historiadores como importantes
documentos que permitem confrontar a dimensão material das sociedades. Para além dos
sentidos do objeto, que se sobrepõem ao longo de sua biografia, eles podem e devem se
prestar fontes que permitem formular questões concernentes aos seus contextos de uso. De
objeto relíquia, ícone ou metáfora - para além das cristalizações de sentidos e valores
atribuídos pelo ato do colecionamento - o objeto de museu, como segmento do universo
material de determinada sociedade se converte em suporte de informação, se conformando
como fonte de construção de conhecimento histórico.
Os objetos reunidos em museus permitem conduzir pesquisas não apenas sobre as
sociedades sem escrita, mas também a respeito de aspectos que dificilmente aparecem nos
documentos escritos, sobretudo, aqueles referentes à dimensão cotidiana das sociedades e à
vida de homens comuns. A potência do documento material para as investigações está
justamente na onipresença dos objetos na vida dos homens. Eles são produtos e vetores de
relações sociais (MENESES, 1983); são modelados pelos homens e, ao mesmo tempo,
modelam comportamentos (MILLER, 2013). Constituem, portanto, indícios importantes para
se compreender práticas sociais, formas de pensar e de agir em diferentes temporalidades e
dimensões da vida humana.
As três categorias - representação, regime de historicidade e cultura material –
obviamente não esgotam as possibilidades de diálogo entre a História e a Museologia. Mas
articuladas no cenário museal, permitem verticalizar estudos a respeito das formas como a
sociedade opera a representação e objetivação da cultura, das relações de poder envolvidas
nos processos de colecionamento e musealização, da relação das sociedades com a alteridade
e identidade, assim como a respeito das maneiras pelas quais as sociedades constroem sua
percepção do tempo e sua consciência histórica.
Ao discorrer sobre essas categorias a intenção não é senão destacar possibilidades que
elas apresentam na formulação de um programa de pesquisa interdisciplinar. Para além da
convergência de objetos de estudos comuns à História e à Museologia, essas categorias
apresentam potencialidade investigativa que podem enriquecer o próprio campo teórico da
Museologia.

3 PENSAR O CAMPO MUSEAL A PARTIR DE TEMAS TRANSVERSAIS


Há muito a se fazer no campo da historiografia dos museus brasileiros. É certo que
algumas instituições vem atraindo a atenção de historiadores, nos últimos anos, especialmente
os chamados museus nacionais. Mas há um horizonte a ser explorado quando se pensa em
termos da história dos museus regionais e locais, ou da história de determinadas tipologias de
museus. Os estudos tanto podem ter o foco em diferentes escalas de observação
historiográfica – a exemplo da história de cada instituição ou a história de determinadas
culturas museais - quanto em diferentes abordagens - a exemplo da história das relações dos
museus com as políticas simbólicas, a educação, a ciência, a formação de público.
Somado a isso, importa destacar que, assim como algumas categorias, alguns temas
ganham realce para a pesquisa historiográfica, quando se pensa no seu diálogo com a
Museologia. Novos temas têm despontado para a História a partir da ampliação da própria
noção de museu e da compreensão do fenômeno museal, em particular, na perspectiva pós-
colonial. Nessa direção, Lynne Teather (2012), em artigo provocativo, chama atenção para a
necessidade de se abandonar noções eurocêntricas que fundamentam os estudos nessa área, de
modo a contemplar a diversidade de comportamentos culturais do homem em relação ao
patrimônio:

Equally important and fundamental is the need to tease out the Euro-centric
notions of the Fundamentals of museum studies/museology/cultural heritage
to consider diverse origins points and cultural behaviours/philosophies of
saving and showuing varieties of forms of culture and heritage (2012, p. 67-
68)4.

Coloca-se em pauta a necessidade de se direcionar as pesquisas da história dos museus


e coleções, numa perspectiva pós-colonial, ultrapassando a narrativa hegemônica que
identifica a Europa como detentora exclusiva da origem da ideia e das práticas museais. Isso
implica não apenas estimular estudos críticos dos chamados museus universais e de seus
processos de musealização do patrimônio "do outro", mas reconhecer a ocorrência em
culturas não europeias de práticas que delineiam expressões de preservação do patrimônio
diferenciadas das formas convencionais consagradas pelo mundo ocidental.
Sob esse ponto de vista, no qual o museu é compreendido na dimensão de um
comportamento cultural, é possível tanto investigar as outras culturas que experimentaram
algum tipo de expressão museológica, através do tempo (TEATHER, 2012), quanto construir
comparações transculturais das manifestações dos museus (KREPS, 2006). A formação de
coleções e mostras de objetos constituem atividades milenares, presentes em agrupamentos
humanos sem distinção de classe ou segmento cultural. São práticas que envolvem coleta,
arregimentação de espaço, guarda e curadoria em estruturas similares a museus. Segundo
Kreps:

4
Igualmente importante e fundamental é a necessidade de trazer à tona as noções eurocênticas dos fundamentos
dos estudos de museus/museologia/patrimônio cultural para considerar os diversos pontos de origem, assim
como diversos comportamentos culturais/filosofias de proteção e exibição de várias formas de cultura e
patrimônio (tradução nossa).
Western museological discourse has produced certain ways of thinking and
talking about museums and curatorial practices, while disqualifying and
even making others impossible to see. Western museology, as a discursive
field or constructed domain of thought and action, has been an apparatus for
producing knowledge about and exercising power over the curation and
preservation of cultural materials (2006, p. 459)5.

No caso brasileiro, uma história do comportamento museal, certamente deverá ser


construída recuando no tempo, para alcançar experiências que antecederam ao surgimento das
instituições de guarda, a exemplo dos museus surgidos nos séculos XIX e XX, sob a égide do
Império e da República. Sendo uma história que diz respeito a um comportamento social
específico - ao colecionamento, às relações entre o visível e o invisível, à preservação de um
patrimônio para a posterioridade – outros campos de conhecimento deverão ser convocados,
notadamente a Antropologia.
Uma vertente sugestiva nessa direção é a construção de uma história da prática
colecionadora do ponto de vista do colonizado. Para isso a ideia de museus como zona de
contato de James Clifford (1999) apresenta-se basilar. Tomando de empréstimo a categoria
de zona de contato de Mary Louise Pratt (1999), James Clifford compreende os museus como
espaços sociais de encontro entre a cultura do centro e a cultura da periferia. Para Pratt esses
encontros, regidos por uma ordem colonial, são intercâmbios frequentemente geradores de
relações assimétricas de poder, entre grupos que até então se encontravam geográfica e
historicamente separados. Culturas distintas se conectam, se chocam e se entrelaçam em
contextos de dominação e subordinação (PRATT, 1999). Ao empregar essa categoria à
realidade dos museus, Clifford identifica na coleção a estrutura organizadora dessas
instituições; é por meio delas que se dão os encontros e intercâmbios culturais, sempre
envolvendo relações de poder. A coleção, nessas circunstâncias:
supõe um centro e uma periferia; o centro é um ponto de coleção, a periferia
uma área de descobrimento. O museu, localizado em geral em uma cidade
metropolitana, constitui o destino histórico das produções culturais que ele,
com amor e autoridade, salva, cuida e interpreta (CLIFFORD, 1999, p. 238).

Numa perspectiva eurocêntrica, o Brasil ingressa na história dos museus como


periferia colecionada, como lugar a ser compreendido, por meio do enquadramento de uma
coleção. É uma história que se constrói a partir de uma “matriz ideológica que governa a
forma de entender os ‘primitivos’ em lugares civilizados” (CLIFFORD, 1999, p. 244).

5
O discurso museológico ocidental tem produzido certas maneiras de pensar e de discorrer sobre os museus e
práticas curatoriais, enquanto desqualifica e até mesmo impossibilita ver outras maneiras. A Museologia
ocidental, como um campo discursivo ou domínio de pensamento e de ação construído, tem sido um aparelho
para produzir conhecimento e exercer poder sobre a curadoria e a preservação de materiais culturais (tradução
nossa).
Pode-se dizer que a historiografia do ponto de vista dos centros colecionadores, seja
aquela referente às ciências ou às coleções e aos museus, apresenta uma produção já
consolidada. O mesmo não se aplica aos “domínios colecionados”. Seria pertinente
reexaminar a escrita dessa história imperial, buscando identificar agentes administrativos,
possíveis colecionadores locais, modus operandis, entrepostos, fazendo mesmo uma releitura
de documentos já utilizados pela historiografia, interpretando-os à luz da categoria da zona de
contato, sobretudo da “periferia colecionada”.6
Nessa vertente algumas questões se descortinam. Que história das coleções científicas
se poderá construir a partir do lugar ocupado pelos domínios coloniais? Em que medida o
olhar colecionador europeu condicionou as práticas colecionistas, o comportamento museal e
a percepção estética de jovens nações independentes? A expressão cunhada por Morales
Moreno - museologia subalterna - apresenta-se como provocativa para se pensar essas
questões. O autor propõe construir uma visão mestiça fundadora, que explora a “modernidade
museográfica subalterna”, a partir da ideia ocidental de museu como regulação racional das
óticas estética e descritiva no mundo:

La condición subalterna opta por un posicionamiento crítico con relación a


las hegemonías europeas que produjeron la invención de la observación
museográfica con una cauda diversificada de diseños, arquitecturas,
tecnologías e ideas del pensamiento social y educativo. De esta manera,
buscamos la comprensión del museo como espacio de la diferencia y la
representación, que hace posible una concepción genealógica de la
discontinuidad. La transferencia europea de la cultura de los museos en
América no fue una mera reproducción, sino que recreó modalidades y
prácticas genuínas (MORENO, 2012, p. 216).

Não resta dúvida de que o modelo europeu de museu se espalhou por todo mundo, e o
caso brasileiro não foi uma exceção. Mas é preciso reconhecer apropriações extra europeias
da ideia de museu, compreendendo-as como movimentos com potencial de renovar o próprio
quadro teórico da Museologia. O que está em jogo é ir além dessas matrizes históricas
associadas à história ocidental. Quando na contemporaneidade observa-se uma crescente
reivindicação de museus por populações indígenas ou tradicionais, parece pertinente
questionar se existe uma especificidade no comportamento de preservação do patrimônio
dessas populações. Ainda que muitas experiências representem uma incorporação da ideia de

6 Documentos produzidos por órgãos da administração colonial podem trazer informações valiosas para a
historiografia de museus e coleções, uma vez que a carreira de parte expressiva dos naturalistas, muitos dos quais
encarregados da coleta e remessa de espécies para Portugal, se consolidou nesta esfera. Esse é o caso da cópia de
um parecer de José Vieira Couto, sem data, emitido em resposta à uma carta do chanceler mór do reino ao
governador da capitania de Minas, D. Manoel de Portugal e Castro. Arquivo Público Mineiro Secretaria de
Governo, caixa 123, documento 11. Ver a respeito NEVES, M.E.M; JULIÃO, L. 2015.
museu ocidental, é preciso investigar se, em alguma medida, são desdobramentos de formas
específicas e tradicionais de guardar a memória, próprias dessas populações. Ou mesmo
reatualizações que permitem ingressar a ancestralidade numa cultura moderna, como sugere
Morales Moreno, associando a visão de historiadores à visão museológica ou expográfica.
A importância de identificar historicamente essas experiências está em poder comparar
comportamentos museológicos numa perspectiva transcultural; de compreender como em
diferentes contextos culturais é percebida, valorizada e preservada a cultura material (KREPS,
2006). Se a Museologia é um campo disciplinar que diz respeito ao comportamento do
homem em relação ao patrimônio, é certo que a História tem muito a contribuir, para além da
crítica exclusiva às exposições dos museus históricos. Porque os museus, não importa de qual
tipologia sejam, tematizam sempre os usos que as sociedades fazem da materialidade do
patrimônio para construir narrativas de suas experiências passadas, para ilustrar a ideia da
passagem do tempo, para representar e interpretar o mundo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É certo que a História esteve presente nos museus antes que fosse enquadrada nos
domínios acadêmicos, ou seja, antes que sua racionalização científica ocorresse na passagem
do século XVIII para o XIX, seguindo os passos das demais ciências sociais. A história das
coleções e dos gabinetes de curiosidade no mundo moderno mostra isso. Segundo Pomian, os
colecionadores da península italiana de inscrições antigas, de numismática e mesmo de arte se
aplicavam a estudar a história de suas cidades e a proclamar suas glórias. No século XVII
assiste-se a uma paixão pelas coleções de antiguidades, mais numerosas, inclusive, que as
coleções das coisas naturais (POMIAN, 1987). De outra parte, ainda que a especialização dos
museus tenha acompanhado e concorrido para os processos de cisões disciplinares, sobretudo
no século XIX – nota-se que as coleções de história natural passaram a ser exibidas
separadamente das coleções de história, por exemplo – os conteúdos dos museus não deixam
de representar uma ideia do movimento do tempo, de representar estágios de evolução. Não
seriam os museus, independentemente de sua especialidade, lugares expressivos da nossa
necessidade de não deixar o passado passar? Lugares que repõem o passado no presente,
conferindo sentido a nossa permanência no mundo?
A princípio, diz Meneses, todos os museus são históricos. As narrativas dos museus
são ordenadoras do mundo, elas lidam com as dimensões do espaço e do tempo, funcionando
como formas de se inscrever o tempo no espaço. Elas exibem o tempo em periodizações, que
são estabelecidas pelas maneiras de mobilizar o espaço (MENESES, 1994).
Admitindo-se, portanto, que a história como conhecimento esteve sempre próxima dos
museus, o que fica como questão, à espera de reflexões críticas mais verticalizadas, são os
possíveis caminhos a serem trilhados pela relação da história enquanto disciplina universitária
com os museus e, notadamente, com a Museologia.
Certamente a história cultural, com seus objetos e métodos de estudos, ainda que
controversos, tem muito a oferecer a essa empreitada, seja no seu viés antropológico,
sociológico, da arte, da ciência ou da perfomance. O fenômeno museal se localiza, de fato, no
cruzamento de vários percursos, podendo vir a constituir-se em foco privilegiado dessa
vertente historiográfica. É nessa perspectiva que os argumentos desse artigo foram
construídos. Numa espécie de análise exploratória, buscou-se sublinhar conceitos, campos de
estudos e temas caros à história cultural, que mobilizados para compreender o comportamento
do homem frente ao patrimônio – ou dito de outra maneira, o fenômeno museu – apresentam
vigor para contribuir para o fortalecimento teórico-metodológico da Museologia.

REFERÊNCIAS

BRUNO, M. C. Museologia e Museus: os inevitáveis caminhos entrelaçados. Cadernos de


Sociomuseologia, v. 25, p. 5-20, 2006.

CARDOSO, Ciro Flamarion. Introdução: uma opinião sobre as representações sociais. In: __;
MALERBA, Jurandir (Orgs.). Representações: contribuição a um debate transdisciplinar.
Campinas: Papirus, 2000. p. 9-39.

CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro:


Difel: Bertrand Brasil, 1990.

_____. Le passé au présent. Le Débat. Gallimard: n.122, p. 4-11, nov./déc.2002.

CLIFFORD, James. Los museos como zonas de contato. In: __. Itinerarios transculturales.
Barcelona: Gedisa, 1999. p. 233-270.

CONN, Steven. Do museums still need objects. In:__. Do museums still need objects.
Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2010. p.20- 57.

DESVALLÉES A.; MAIRESSE, F. Muséologie. In: __ (Org.). Dictionnaire Encyclopédique


de Muséologie Paris: Armand Colin, 2011. p. 343-383.

GONÇALVES, José Reginaldo Santos. Coleções, museus e teorias antropológicas: reflexões


sobre o conhecimento etnográfico e visualidade. In: __. Antropologia dos objetos: coleções,
museus e patrimônio. Rio de Janeiro: Garamond: MinC/IPHAN, DEMU, 2007. p. 43-62.
GUARNIERI, Waldisa Rússio Camargo. Alguns aspectos do patrimônio cultural: o
patrimônio industrial. In: BRUNO. Maria Cristina Oliveira (Coord.). Waldisa Rússio
Camargo Guarnieri: textos e contextos de uma trajetória profissional. São Paulo:
Pinacoteca do Estado: Secretaria de Estado da Cultura: Comitê Brasileiro do Conselho
Internacional de Museus, 2010. v. 1. p. 147-159.

HARTOG, F. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo


Horizonte: Autêntica, 2013.

KREPS, Christina. Non-western models of museums and curation in cross-cultural


perspective. In: MACDONALD, Sharon (Ed.). A Companion to museum studies. Oxford:
Blackwell Publishing, 2006. p. 457-472.

MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra. A cultura material no estudo das sociedades


antigas. Revista de História, Brasil, n. 115, p. 103-117, dez. 1983. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/61796>. Acesso em: 09 ago. 2015.

_____. Do teatro da memória ao laboratório da História: a exposição museológica e o


conhecimento histórico. Anais do Museu Paulista. São Paulo, v. 2, p. 9-42 jan./dez. 1994.

MILLER, Daniel. Trecos, troços e coisas: estudos antropológicos sobre cultura material. Rio
de Janeiro: Zahar, 2013.

MORENO, Luis Gerardo Morales. Museología subalterna (sobre las ruinas de Moctezuma II).
Revista de Indias, vol. LXXII, n. 254, p. 213-238, 2012.

NEVES, M. E. M.; JULIÃO, L. Uma proto história do colecionismo na América portuguesa.


In: I Seminário Brasileiro de Museologia. Belo Horizonte. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO
DE MUSEOLOGIA, 1., 2014. Anais Eletrônicos... 2014. p. 798-808.. Disponível em:
<https://anaissebramus.files.wordpress.com/2015/06/anais-tema5.pdf>. Acesso em: 2 ago.
2015.

PEARCE, S. Museum Objects. In: __. (Ed.) Interpreting objects and collections. London,
New York: Routledge, 2005. p. 9-11.

POMIAN, K. Coleção. In: Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da


Moeda, 1994. v.1: Memória-História. p. 51-86.

POMIAN, K.. Collectioneurs, amateurs et curieux. Paris, Venise : XVIe – XVIIIe siècle.
Paris : Gallimard, 1987.

POMIAN, Krzystof. Contemporary Historiography & contemporary museums. In:


SOLDATJENKOVA, Tatjana; WAEGEMANS, Emmanuel(ed.). For east is east; Liber
Amicorum Wojciech Skalmowski. Leuven: Paris: Dudley: Uitgeverij Peeters: Departement
Oosterse Studies, 2003. (Orientalia Lovaniensia Analecta, 126). p. 367-378.

PRATT, Mary Louise. Os olhos do império: relatos de viagem e transculturação. Trad. Jézio
Hernani Bonfim Gutierre; revisão técnica Maria Helena Machado, Carlos Valero. Bauru, SP:
EDUSC, 1999.

PREZIOSI, D. Art History and museology: rendering the visible legible. In: MACDONALD, S.
(Ed.), A companion to Museum Studies Oxford: Blackwell Publishing. 2006. p. 50-63.
SILVA, Helenice Rodrigues da. A história como a “Representação do passado”: a nova
abordagem da historiografia francesa. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; MALERBA, Jurandir
(Orgs.). Representações: contribuição a um debate transdisciplinar. Campinas: Papirus, 2000.
p.81-97

STOCKING JR., George W. Objects and others. Essays on museums and material culture.
Wiscosin: University of Wiscosin Press, 1985.

TEATHER, L. Museum studies borderlands: negotiating curriculum and competencies.


Cadernos de Sociomuseologia, America do Norte, 43, abr.2012. Disponível em:
<http://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/2860> Acesso
em: 14 ago. 2015.

WEHLING, Arno. Historiografia e epistemologia histórica. In: MALERBA, Jurandir. A


história escrita: teoria e história da historiografia. São Paulo: Contexto. 2006. p. 175-189.

Você também pode gostar