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Universidade Federal do Pará – UFPA

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH


Faculdade de História - FAHIS
Disciplina: PCC VI- Ens. de História: Museus,Galerias,Monumentos.
Docente: Agenor Sarraf Pacheco

Leonardo Ryon Alves dos Santos - 202179240016

TEXTO 05 – GONÇALVES, José Reginaldo S. Os Museus e a Representação do Brasil.


Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro,v. 31, p. 254-273, 2005.
José Reginaldo Santos Gonçalves: Professor Titular do Departamento de Antropologia
Cultural e do PPG em Sociologia e Antropologia do IFCS/UFRJ e pesquisador Associado do
Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC / UFRJ). PhD em Antropologia
Cultural pela Universidade de Virgini. Mestre em Antropologia Social pelo PPGAS (1980) e
graduado em Ciências Sociais pela UFRJ (1975). Pós-doutorado na Brown University,
Providence, Rhode Island (2000). Desenvolve projetos de pesquisa sobre os seguintes temas:
patrimônios culturais, coleções e museus; sistemas de arte e cultura; discursos arquitetônicos e
urbanísticos; teorias da cultura; história da antropologia.
Radiografia Textual
● Objetivo
Conforme o autor o objetivo do presente artigo é descrever e interpretar a teia simbólica
existente nos museus, considerando suas ambiguidades e tensões além de revelar seu papel na
construção e no funcionamento dos museus como espaços materiais de representação
simbólica social no Brasil,uma vez que, os Museus foram tradicionalmente pensados dentro
lógica dos espaços da cultura letrada e erudita.
● Argumentos
Para alcançar seu objetivo, o autor argumenta primeiramente que todos os processos que são
envolvidos na constituição e funcionamento do museu demonstram uma extensa e complexa
cadeia de ações sociais simbólicas. Que por sua vez é devedor de um complexo e longo
processo geográfico e histórico que foi percorrido. O museu enquanto lugar tem sua
materialidade constituída entre social, simbólico, relações entre grupos, classes e categorias.
As relações são “dramatizadas” por uma “teia de significados". Contudo, sua coerência e
estabilidade são de modo constante ameaçados internamente e externamente no próprio
campo.
Sendo os museus anteriormente espaços da cultura erudita, mas que agora se abrem a novas
possibilidades se tem por exemplo a produção da cultura popular e de massa sendo
incorporadas nesses espaços na qualidade de produtos da cultura erudita, e posteriormente
reinterpretados e novamente difundidos. Ao adquirir objetos de diversas procedência e os
museus colocam como coleção e os exibem eles estão fabricando idéias e valores entre
sociedades. Portanto, estudar esses processos permite entender quais são esses valores e ideias
difundidas e como são reproduzidos, ganhando novos contornos além de serem disseminados
nas modernas sociedades. Se tem mesmo uma ampliação das possibilidades do museu esses
passam a ser também objeto de pesquisa de diversas áreas, esses estudos sistemáticos sobre
coleções, museus e patrimônios possibilitam a repercussão de ideais e reivindicações de
diversas natureza. Os museus ainda devem se atentar para não deixar serem seduzidos por
uma narrativa por vezes afetiva . Dentro dessa lógica se insere, por exemplo, o Brasil,com
uma enorme variedade de diversidades que devem ser consideradas. Outrossim, é preciso
levar em conta a identidade profissional do museólogo, considerando suas mudanças que
repercutiram nos próprios entendimentos de museus, seu papel social e padrões de formação
do museólogo. Houve uma profissionalização desse campo levando em conta sua atuação e
formação e especificidade do trabalho e seus profissionais. Surge nesse processo de mudança
da década de 1970 uma nova museologia que considera o papel social dessas instituições,
função social de superar a ideia de cultura elitista e de circulação de bens culturais da elite,
nesse contexto surgem por exemplo os Ecomuseus ou museu ecológico uma nova dimensão
que foca na vivacidade em posição aos objetos mortos, além de que o profissional da área
passa a ter funções sociais e princípios que devem reger os museus como:
1- Objeto s serviço do homem, 2- espaço além do muro, 3- arte não é única expressão cultural
4-social,5-visitante criador e construtor do futuro,6-pesquisa,conservação,
apresentação,animação são funções do museu mas não são as únicas, 7- museu como sendo de
todos e que deve acompanhar as transformações da sociedade. Esses são portanto os
princípios dessa nova museologia, onde os objetos deixam de ser depositários de valores
transcendentes, são agora fato museal ou prática museal. A partir dos anos 1970 inspirado no
nova museologia, os museus e o curso de museologia passam a tentar pensar além da lógica
elitista tradicional, que vinha desde Gustavo barroso que criar o cursos de museus.
profissionalização e academização dos museus, mas com uma formação subordinada a função
institucional e ideológica nessa segunda metade do século XX esse círculo de formação e
atuação era a priori muito restrito. A própria história do brasil era pensada a partir das
classes dirigentes, cabia ao profissional mediar esse conhecimento de família com a
identificação,preservação e exibição dos objetos que eram dessas mesmas famílias ou dos
personagens históricos. Entretanto, os anos 70 mudam esse contexto e ass relações se tornam
mais impessoais,técnicas e reflexivas dos modos e de processos do museu. O próprio curso de
museologia passa por uma mudança curricular baseada na museologia, passa a ser dado maior
ênfase para o objeto e métodos próprios ,uma teoria. A museologia passa a ocupar o centro na
profissionalização, passou-se a formar a distância de museus e acervos, a formação ganha
contornos mais voltados a um debate teórico da museologia. Mas se afasta do museu narrativa
elitista da História e ganha ênfase a narrativa do objeto no presente suas representação,são os
Nesse sentido, o argumento principal é que a profissionalização vem correspondendo a um
modo de representação do Brasil de modo a considerar grupos e categorias diferentes sem a
pretensão de totalidade. O Brasil é complexo e sua representação deve ser também. Os objetos
são mais do que representação ou invenção nacional, essas representações são vividas como
fatos não ficção. Os objetos têm papel fundamental nesse sentido, pois representam uma ideia
pelo material, imprimindo a realidade e materialidade do visível e do invisível.
● Fontes e Teóricos
As fontes do autor sobretudo se dão em procedência de uma pesquisa realizada por ele com
profissionais de várias gerações no campo da museologia. Portanto, os argumentos por ele
apresentados são construídos por essas informações, como as novas gerações que já mostram
os traços da nova museologia na sua formação. A nível teórico o autor se vale de outras
produções dele próprio principalmente na definição das categorias de Museu Informação e
Museu Narrativa, outros intelectuais como Lilia Schwarcz são usados para fazer um aparato
histórico dos museus e sua constituição e Max Weber com as categorias de cultura de massa e
erudita.
● Parágrafo Síntese
O autor demonstrou de forma farta e consistente as amplas complexidades de um espaço
como os museus, suas transformações ao longo do percurso histórico enquanto ambiente de
preservação da memória histórica e de espaço de formação de profissionais, suas ambições e
novas finalidades. Portanto, os novos contornos atribuídos aos museus após a Nova
Museologia demonstram a complexidade,diversidade e novas demandas que os profissionais
da área e esses ambientes enquanto instituições precisam se atentar,sobretudo no que diz
respeito à sobreposição de velhas concepções elitistas de Museu.

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