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Biblioteconomia e Ciência da Informação

Profa. Me. Daianny Seoni de Oliveira

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AULA

A Ciência da Informação e a sua


interdisciplinaridade

Objetivo:
Conhecer os conceitos e relações históricas da Biblioteconomia,
Documentação, Arquivologia, Museologia e o campo científico da
Ciência da Informação.

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Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia

● Nos séculos XVIII e XIX, houve a consolidação das ciências modernas e o


desenvolvimento das disciplinas humanas e sociais utilizando o modelo das ciências
naturais (exatas e biológicas). Esse movimento ficou conhecido como positivismo e a
Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia seguiram esse mesmo caminho que
privilegiou os procedimentos técnicos de intervenção.

● O modelo tradicional tecnicista se deu pelas três áreas serem voltadas para as
instituições (arquivo, biblioteca ou museu), acervos e processamentos técnicos,
excluindo dessa forma questões históricas e sociais. As consequências foram que a
arquivologia ficou conhecida “como a ciência das técnicas arquivísticas (o princípio de
proveniência, as tabelas de temporalidade, as regras de verificação de autenticidade
dos documentos); a biblioteconomia como a ciência das técnicas biblioteconômicas (os
sistemas de classificação bibliográfica, as regras de catalogação); a museologia como
a ciência das técnicas museológicas (regras de conservação, de inventariação, de
expografia)” (ARAÚJO, 2014).

● No decorrer do século XX, a Ciência da Informação, com uma proposta de


cientificidade, acolheu e potencializou a produção teórica das três áreas, e
superou o modelo tradicional tecnicista até então vigente.

● As produções teóricas dessas áreas, são marcados por “tempos”:


No primeiro deles, são apresentados estudos sobre as relações entre os arquivos, bibliotecas e museus e a sociedade,
essencialmente sob inspiração funcionalista. No segundo, estudos também voltados para as relações entre essas
instituições e o contexto social mais amplo, mas a partir de uma perspectiva crítica. No terceiro, os estudos que
buscaram analisar tais instituições na óptica dos indivíduos que as utilizam ou que com elas se relacionam: os usuários ou
visitantes. No quarto, aquele conjunto de reflexões que se voltaram para os distintos processos de representação
empreendidos por estas instituições. Após a discussão destes quatro momentos, são apresentadas, em um quinto momento,
as abordagens mais recentes, organizadas a partir de ideias distintas como a de mediação, de integração sistêmica, de
fluxo, do imaterial (ARAÚJO, 2014).

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● Também no século XX, a perspectiva funcionalista se deu em
manifestos e iniciativas que reivindicavam uma atuação ativa dessas
instituições em meio aos contextos sociais aos quais estavam inseridos.

● Essa corrente teórica teve um grande impacto nas ciências humanas e


sociais, seguindo um modelo orgânico, em que é envolvido todos os
elementos como por exemplo: a sociedade, cidade, empresa, escola,
etc., a fim de manter um equilíbrio do todo. No caso das disciplinas da
arquivologia, biblioteconomia e museologia, foi fundamental a utilização
dessa perspectiva, pois as consolidou como disciplinas científicas o que
alterou substancialmente a produção de conhecimento das três áreas.

A Ciência da Informação

● A origem da Ciência da Informação se deu em um contexto histórico do qual


cientistas de outras áreas do conhecimento se intitulavam “Cientistas da
Informação” pois reuniam e organizavam informações para subsidiar seus
trabalhos de pesquisa e de seus pares. Tinham interesse em somente
satisfazer as necessidades informacionais de sua área, e não em
administrar alguns tipo de instituição, por exemplo, bibliotecas, museus,
entre outros (ARAÚJO, 2011).

● A partir desse cenário, o conceito de Ciência da Informação foi sendo


construído e consolidado, e assumia um carácter essencialmente ligado à
produção científica, estratégias para o acesso à informação e
atendimento das necessidades informacionais da sociedade científica.

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A Ciência da Informação e a Documentação

● A relação entre a Ciência da informação e a Documentação se deu


com Paul Otlet e Henri La Fontaine, dois advogados Belgas que
construíram as bases teóricas para a elaboração de um repertório
bibliográfico mundial, a Classificação Decimal Universal, além de
outras atividades em busca da normalização bibliográfica.

● Em outros países, esse vínculo com a documentação foi menos


sentido, nos Estados Unidos, houve mais ênfase com a área da
tecnologia, e na Europa, um estreitamento com as áreas da cultura
(ARAÚJO, 2011).

A Ciência da Informação e a Biblioteconomia

● A vinculação entre as áreas de Biblioteconomia e Ciência da


Informação, não foi por acaso, apesar de terem uma área em comum
não eram campos coincidentes.

● Em um determinado momento, a área de Ciência da Informação


precisava de infraestrutura institucional que a Biblioteconomia já havia
conquistado com departamentos, periódicos e congressos.

● E a Biblioteconomia precisava da cientificidade na produção de


conhecimento, que na época era considerada “tecnicista”. Foi uma
contribuição de “mão dupla”.

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A Ciência da Informação e a Arquivologia

● A Arquivologia é uma área fortemente ligada à Ciência da Informação.

● Também considerada uma área “tecnicista” foi a aproximação dessas duas


áreas que trouxe a arquivologia o merecido destaque como ciência.

● Antigamente, era uma área que ficava em segundo plano e era ligada a
história.

● Hoje a Arquivologia, trouxe um rico conhecimento sobre a organicidade e o


ciclo de vida dos documentos, sobre patrimônio e memória, sobre a
historicidade dos registros do conhecimento humano para todas as
disciplinas científicas pertencentes ao campo das ciências humanas e
sociais.

A Ciência da Informação e a Museologia

● A área de Museologia, ainda encontra-se dispersa e não totalmente


integrada ao escopo da Ciência da Informação, em conjunto com a
Biblioteconomia e Arquivologia.

● Espera-se que ainda seja um espaço de problematização e produção de


conhecimento sobre questões propriamente museológicas, e não somente
uma intersecção com as áreas de história, artes e arqueologia.

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A Ciência da Informação e a sua interdisciplinariedade

● Desse modo, uma característica fundamental da Ciência da


Informação é a sua interdisciplinaridade, que envolve as três
áreas que trabalham com a informação, Arquivologia,
Biblioteconomia e Museologia.

● O conceito de informação vem se desenvolvendo com o passar do


tempo pela Ciência da Informação, antes era vista como algo a ser
guardado e recuperado e hoje, o estudo é ampliado pela visão
social da informação e sua construção através da interatividade
(ARAÚJO, 2011).

Referências
ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Ciência da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia
e Museologia: relações institucionais e teóricas. Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci.
Inf., ISSN 1518-2924, Florianópolis, v. 16, n. 31, p.110-130, 2011. Disponível em:
https://brapci.inf.br/_repositorio/2011/09/pdf_e9d23645f2_0018712.pdf Acesso
em: 12 dez. 2020.

ARAÚJO, C. A. A. Arquivologia, Biblioteconomia, Museologia e Ciência da


Informação: o diálogo possível. Brasília: Briquet de Lemos, 2014. Disponível em:
http://casal.eci.ufmg.br/

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“ Refletirsobre os campos de conhecimento da
arquivologia, biblioteconomia e museologia conduz
às primeiras atividades culturais humanas,
entendendo-se aqui cultura como a ação simbólica,
humana, de interpretar o mundo e de produzir
registros materiais dessas ações em qualquer tipo

de suporte físico.
ARAÚJO, 2014.

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