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Índice
CAPITULO I ............................................................................................................................................ 2
1.Introdução .............................................................................................................................................. 2
1.2.Objectivos ........................................................................................................................................... 3
1.2.1.Objectivo Geral ................................................................................................................................ 3
1.2.2.Objectivos Específicos ..................................................................................................................... 3
1.3.Metodologia ........................................................................................................................................ 3
CAPITULO II: Referencial Teórico ......................................................................................................... 4
2.Os Fundamentos da Democracia Moderna ............................................................................................ 4
2.1. Os Regimes Politicos ......................................................................................................................... 4
2.2. Breve Historial da Democracia .......................................................................................................... 4
2.2.1.A Democracia dos Antigos .............................................................................................................. 5
2.2.2.Democracia Moderna ....................................................................................................................... 7
2.2.3. Os Princípios da Democracia Moderna .......................................................................................... 8
2.2.4.Formas da Democracia .................................................................................................................... 9
2.2.4.1.Democracia Directa....................................................................................................................... 9
2.2.4.2.Democracia Indirecta Ou Representativa.................................................................................... 11
2.2.4.3.Democracia Semidirecta Ou Participativa .................................................................................. 12
CAPITULO III ........................................................................................................................................ 14
3. Conclusão............................................................................................................................................ 14
4.Referências Bibliográficas ................................................................................................................... 15
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CAPITULO I

1.Introdução
A democracia se apresenta como modelo de organização política e consequência da evolução
social contemporânea. É o fundamento das decisões colectivas responsáveis pela contingência
dos anseios e necessidades sociais que visam na perpetuação do contrato social. Além disso, suas
premissas teóricas são o que sustentam a legitimidade da ficção-Estado no cerceamento lícito da
liberdade individual. É de se dizer também que a democracia é um tema bastante antigo e
explorado por vários autores. Entretanto, configura-se, na actualidade, como uma área de estudo
bastante significativa, por apresentar-se contemporaneamente como o regime defendido por
quase todas as correntes de pensamento, independente de suas concepções políticas e
ideológicas. É certo, porém, que no embate político a defesa da democracia assume perspectivas
diversas. Este trabalho foi elaborado com base no tema fundamentos modernos da democracia, e
com isso, o grupo pretende elucidar no trabalho os principais conceitos da Democracia e
principais formas de ocorrência para além de uma abordagem teórica a cerca de dois regimes ou
sistemas políticos, sendo, o totalitarismo e o autoritarismo.
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1.2.Objectivos

1.2.1.Objectivo Geral
 Conhecer os principais fundamentos da Democracia.

1.2.2.Objectivos Específicos
 Descrever a ocorrência da Democracia na antiguidade;
 Identificar as formas de Democracia e descrevê-las.

1.3.Metodologia
Para realização do trabalho recorreu-se a pesquisa bibliográfica através de obras, artigos
literários disponibilizadas na internet tendo como método analítico comparativo que consiste na
análise e comparação de informação obtida nas diversas obras.
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CAPITULO II: Referencial Teórico

2.Os Fundamentos da Democracia Moderna

2.1. Os Regimes Políticos


Antes de ingressar na própria democracia é necessário, antes, distinguir esta forma de poder das
demais formas existentes. Sendo estas a seguir:

1. Totalitarismo: é um tipo de estado difundido na Europa entre as duas grandes guerras


mundiais, que exerce um enorme controlo sobre todas as actividades sociais, económicas,
políticas, culturais e religiosas. A direcção do aparelho estatal está a cargo de um único
partido político ou de um chefe (Cornelsen, 2009).

2. Autoritarismo: são regimes que privilegiam a autoridade governamental e diminuem de


forma radical o consenso, concentrando o poder político nas mãos de uma só pessoa ou
de um só órgão, colocando em posição secundária as instituições representativas
Cornelsen (2009).
3. Democracia: caracteriza-se por eleições livres, liberdade de imprensa, respeito aos
direitos civis constitucionais, garantias para a oposição e liberdade de organização e
expressão do pensamento político (James & Palen, 2007).

2.2. Breve Historial da Democracia

O termo democracia surgiu na Antiguidade clássica, em Atenas, na Grécia, para designar a forma
de governo que caracterizava a administração política dos interesses colectivos dos habitantes
das cidades-estados (Cacian, 2021).

Na Idade Média, o termo caiu em desuso. Só reapareceria por volta do século XVIII, durante as
revoluções burguesas que eclodiram no mundo ocidental. No século XX, a democracia voltou a
ser objecto de grande interesse, especificamente a partir da década de 1950, quando as
sociedades ocidentais haviam passado por períodos de violência armada entre vários Estados, em
decorrência das duas guerras mundiais (idem).
A democracia teve diferentes significados em cada um dos períodos históricos mencionados. Na
Antiguidade clássica, o critério utilizado pelos gregos para definir um governo democrático foi a
"fonte" ou "origem" da autoridade política. Para os gregos "demos" significa povo e "kratos"
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significa poder. Na concepção idealista da democracia grega, o poder ou "vontade do povo" se


manifestava nas assembleias públicas das cidades-estados. Era quando os cidadãos reuniam-se
para tomar decisões políticas de interesse da comunidade (idem).

Na concepção moderna a democracia esta foi produto das revoluções burguesas que derrubaram
as monarquias absolutistas (principalmente a Revolução Americana de 1776 e Revolução
Francesa de 1789). Aqui a democracia recuperou o princípio da cidadania, isto é, os homens
deixaram de ser súbditos (subordinados a um rei) para se transformar em cidadãos. O princípio
básico do funcionamento da democracia moderna é o direito dos cidadãos de participarem dos
assuntos de interesse colectivo a partir do voto. A principal função do voto é a escolha de
representantes. Os representantes eleitos dispõem de poderes que lhes foram delegados pelos
cidadãos para cuidar dos assuntos políticos da comunidade (idem).

2.2.1.A Democracia dos Antigos


A origem da democracia viaja à Grécia Antiga (1100 a.C. - 146 a.C). Afirma-se que a
democracia naquela época não considerava a totalidade do demos – povo – na esfera da kracia –
governo (Dahl, 2012).

Por volta de 508 a. C. foi criado na cidade de Atenas um novo sistema político - a democracia -
que representava uma alternativa à tirania 1. Em Atenas (cidade/Estado grega) a democracia se
processava por intermédio de um sistema de assembleias, às quais era atribuído o poder de tomar
todas as decisões políticas. O comparecimento à assembleia era teoricamente permitido a todo
cidadão, não havia burocracia e o governo era exercido pelo povo. A condição de cidadania em
Atenas, todavia, era adquirida apenas por pessoas do sexo masculino, com mais de dezoito anos
de idade, filhos de pai e mãe atenienses (Dahl, 2012).

É possível indicar que a democracia ateniense, no plano das ideias, buscava criar as condições
estruturais para assegurar, a todo aquele que tivesse adquirido o status de cidadão, a participação
no controle dos negócios públicos. Apenas os cidadãos estavam credenciados para usufruírem
plenamente dos direitos civis e políticos, podendo, por conseguinte, participar directamente do

1
Tirania (do grego τύραννος, "týrannos", líder ilegítimo) era uma forma de governo usada em situações
excepcionais na Grécia em alternativa à democracia. Nela, o chefe governava com poder ilimitado, embora sem
perder de vista que deveria representar a vontade do povo.
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governo e de suas instituições políticas (assembleias deliberativas e as magistraturas) (Bobbio,


1986).

A democracia ateniense foi, dessa forma, marcada por fortes elementos de exclusão, na medida
em que não se estendia a toda população, pois, foram excluídos os metecos (estrangeiros
domiciliados em Atenas, na sua grande maioria gregos de outras regiões) que, mesmo estando
obrigados a pagar impostos e a prestar o serviço militar, tinham vedada a participação em cargos
públicos por não pertencerem à demos. Foram igualmente excluídos os escravos, que constituíam
a grande parte da população, as mulheres e os jovens com idade inferior a dezoito anos.
Teoricamente, a assembleia era integrada por todos os cidadãos, porém, na prática, o número dos
que a ela compareciam era, segundo os registos históricos, relativamente pequeno (idem).

O corpo político da democracia ateniense era formado por membros considerados absolutamente
iguais, porque todos eram livres, isto é, a liberdade era o critério que determinava a igualdade e a
liberdade era, segundo Aristóteles, “o princípio da prática democrática”. Porém, a igualdade do
corpo político, na democracia ateniense, era apenas política e não económica, na medida em que
era constituído por grupos de origem social bastante diversificada, onde faziam parte a
aristocracia, que trazia consigo todos os hábitos da nobreza; a classe média rural, constituída por
agricultores que ansiavam por liberdade; e a população urbana integrada pelos negociantes,
industriais e trabalhadores de todas as categorias, que, ao lado de segmentos da população rural,
formavam um forte sustentáculo das ideias democráticas (idem).
Naquela época, a educação formal não tinha, pois, o mesmo significado e importância que
assume hoje nas discussões sobre democracia e cidadania. No entanto, o clima democrático
vivido em Atenas favoreceu enormemente o desenvolvimento intelectual. Ela foi a cidade na
qual residiram os primeiros historiadores e acolheu os sofistas gregos, responsáveis pela
elaboração de conhecimentos originais para aquela época (Sócrates, Platão, Aristóteles,
Heródoto, dentre outros) (idem).
A democracia dos antigos era restrita, tanto no sentido de que excluía grande parte de população
da vida política, quanto no sentido de que aqueles que teoricamente deveriam ter acesso a ela, na
prática, não usufruíam igualmente nem dos direitos políticos, nem dos bens materiais produzidos
naquele momento. A democracia que assegurava, no plano formal, a igualdade política a todos
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os cidadãos, no plano real convivia com uma desigualdade material, o que, certamente
expressava o carácter limitativo da participação política (idem).

2.2.2.Democracia Moderna
A democracia mostra-se como um modo de organização política para a tomada de decisões
colectivas, produto da evolução cultural humana, difícil de ser substituída pelos modelos de
organização que a antecedem, os quais são caracterizados pela tirania.Ainda, pode ser
considerada como o processo democrático em si, ou seja, um conjunto de regras de procedimento
para a formação de decisões colectivas, mas que exige respeito as instituições, exactamente
porque neste respeito estão apoiadas todas as vantagens do método, uma vez que os integrantes
destas ali estão justamente em razão do procedimento democrático (Bobbio, 1986, p. 12).
Entretanto, com a criação da ficção-Estado pelo contrato social, fruto das ideias iluministas e
consequência das revoluções liberais setecentistas por volta do século XVIII, a democracia
retorna à estrutura do poder colectivo, libertando o homem do misticismo e dos ídolos do
medievo embora não tanto como sinónimo da liberdade quanto à necessidade fisiológica da
realidade grega, mas sim como forma de autogoverno popular, que manifesta suas decisões na
pessoa do Estado, este sustentado pelo processo democrático de representantes, ali postos pela
autonomia moral dos cidadãos, com todas as restrições que essa qualidade tinha naquele
momento histórico, a partir da soberania popular (Matteucci, 1998, p.260).
A democracia moderna, entretanto, é classificada pelo constitucionalismo contemporâneo a partir
de dois aspectos, ou seja, de forma dualista e é essa caracterização que dá sentido completo à
democracia, onde somente a composição de ambos é capaz de dar rigor conceitual ao termo.
Essa divisão concebe a democracia em um conteúdo “formal” e outro “substancial”. Tal
diferenciação pode ser definida, respectivamente, em comportamentos universais que autorizam
as tomadas de decisões, e, na hipótese substancial, a existência de elementos que possuam certos
conteúdos inspirados em ideais característicos da tradição (Bobbio, 1998, p. 328).
A democracia formal moderna manifesta-se nas regras que definem quem pode ocupar os cargos
públicos responsáveis pela manifestação das decisões colectivas. Além disso, também seriam
consideradas como aspecto formal da democracia as regras que envolvem o procedimento de
tomada de decisões colectivas, ou seja, os actos que, acaso presentes, legitimam a decisão
tomada de forma colectiva. Assim, pode-se verificar que na democracia formal o centro da
conceituação teórica é a decisão colectiva, desde a própria escolha de representantes, partindo-se
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aqui da premissa de que é materialmente impossível admitir uma forma de democracia directa
sem a intervenção de pares (Bobbio, 1998, p. 42).
Ainda sob o aspecto formal, a democracia dispõe de regras acerca da rotatividade dos indivíduos
no poder, com a determinação de um período máximo no cargo. Essa faceta da democracia,
portanto, diz respeito ao momento em que a população inteira escolhe os seus representantes, os
quais, de maneira soberana, estabelecem as leis e governam o país durante um período de tempo
decidido de antemão (Todorov, 2012, p. 15-16).
Há ainda o outro aspecto atribuído à democracia, denominado de substancial. Tal atribuição
etimológica está ligada aos teóricos substancialistas2, que surgem em contraposição aos
procedimentalistas3, após a segunda Grande Guerra (Streck, 2003, p. 257).
A distinção entre tais grupos é a de que os procedimentalistas criticam a judicialização da
estrutura política enquanto os substancialistas entendem ser papel do judiciário dar sentido à
democracia, interpretando o conteúdo das decisões políticas. Essa atribuição de substância à
democracia repousa na tentativa de reformular as Teorias do Estado e do direito, dando a este um
papel determinante dentro da própria política, originariamente própria do primeiro (idem).
A democracia substancial afirma, assim, que os princípios democráticos regentes da organização
social estão tangenciados pelos direitos fundamentais. Isso, além de não dizer respeito à forma
ou à legitimidade daqueles que tomam as decisões colectivas, coloca em discussão o próprio
mérito das decisões (idem).
Pois bem, a substancialidade ou materialidade da democracia, diferentemente das regras do jogo
presentes na democracia formal, dizem respeito ao conteúdo das decisões, ou seja, que as
decisões decorrentes do procedimento democrático atendem, nos seus objectos e conteúdos, às
questões susceptíveis de serem acordadas (idem).

2.2.3. Os Princípios da Democracia Moderna


A democracia moderna no seu nascedouro assume a forma de democracia representativa. A sua
marca primeira é a representação política, na qual o representante deve estar voltado para atender

2
Em uma visão substancialista (a Constituição deveria impor “um conjunto de decisões valorativas que se
consideram essenciais e consensuais.
3
Na visão dos procedimentalistas a constituição deve garantir o funcionamento adequado do sistema de participação
democrático, ficando a cargo da maioria, em cada momento histórico, a definição de seus valores e de suas próprias
convicções materiais.
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aos interesses da nação e não aos interesses particulares dos representados, isto é, o representante
não pode ficar sujeito a um mandato vinculado.
Aqui, o controle sobre a representação fica praticamente descartado. A participação directa é
radicalmente rejeitada pelos teóricos da democracia moderna. Montesquieu (1979), um dos seus
principais teóricos, defendeu no seu livro O Espírito das Leis que: “O povo era excelente para
escolher, mas péssimo para governar.” Precisava o povo, portanto, de representantes, que iriam
decidir e querer em nome do povo.
Tomando Bobbio (1979, p. 52) como referência, pode-se afirmar que o sistema representativo
puro nunca existiu. O Estado representativo sempre teve que prestar contas ao Estado
administrativo que é um Estado que obedece uma lógica de poder descendente e não ascendente,
secreta e não pública, hierarquizada e não autónoma, tendente à imobilidade e não à dinâmica,
conservadora e não inovadora.
Para (Bobbio, 1979 p. 52) a soberania do cidadão está limitada pelo fato das grandes decisões
quanto ao desenvolvimento econômico ou não chegarem aos órgãos representativos ou, se
chegarem, serem tomadas [...] em sedes onde a grande maioria dos cidadãos soberanos não tem
a menor voz activa.
A partir dessas formulações, conclui que o defeito de tal sistema não é o de ser representativo,
mas de não sê-lo o bastante. Assim, a ampliação da representação passaria, necessariamente, pela
criação de condições favoráveis no sentido de que o cidadão passasse a interferir concretamente
nas decisões sociais e económicas por meio dos órgãos de decisão política. A questão, pois, não
é a de negar o sistema de representação, mas accionar mecanismos capazes de aperfeiçoá-lo no
interior mesmo da sociedade capitalista.

2.2.4.Formas da Democracia
Bruno Zanetti em seu artigo intitulado Democracia aborda sobre os possíveis sistemas de
participação popular; notadamente os sistemas direito, indireto, e o semidireto.

2.2.4.1.Democracia Directa
O surgimento da democracia está umbilicalmente ligado ao modelo de exercício directo pelos
cidadãos, que participavam pessoalmente das decisões fundamentais da sociedade. A vontade
expressada pelos cidadãos reunidos em assembleia, foi a maneira encontrada para que o poder do
Estado e suas decisões no plano político gozassem de aceitação e, ao mesmo tempo, de
justificação assentada na vontade popular.
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Havia plena identidade entre o titular do poder político, e o encarregado de exercê-lo. Atenas, na
Grécia Antiga, historicamente foi o berço da democracia directa. Com efeito, a democracia
ateniense durou cerca de dois séculos, das reformas de Clístenes4 (502 a.C.) à paz de 322 a.C.,
quando Antíparo impôs a transformação das instituições políticas.

Durante este período, as instituições balizavam-se nos princípios da isonomia, isagoria e


isotmia. O primeiro reflectia a igualdade dos cidadãos na lei e perante a lei. O segundo
assegurava o acesso ao cargo público, ou a contemplação com títulos a qualquer cidadão grego,
indistintamente. O terceiro embasava o direito a voz aos cidadãos nas assembleias, permitindo a
efectiva participação e debate na tomada das decisões.

Convém lembrar, entretanto, que a qualidade de cidadão era hereditária, atribuída unicamente
aos filhos de atenienses com raízes genealógicas ao tempo de Sólon 5, bem como aos estrangeiros
que recebessem esta qualidade por decisão da assembleia. Os demais populares, inclusive
mulheres, eram tolhidos de participar naquele regime político. Por força do diminuto número de
cidadãos somado ao pequeno território, a democracia ateniense vivenciou a democracia em seu
estágio mais avançado e intenso, visto que o rumo dos problemas e anseios da sociedade era
decidido directamente pela vontade de seus cidadãos, expressada pessoalmente e sem qualquer
intermediação, em assembleia.

Muito embora este sistema de democracia tenha despertado a fascinação de inúmeros filósofos,
que o tacharam como único modelo realmente democrático, diversos factores acabaram por
inviabilizar a sua manutenção e propagação às demais civilizações. Os dois maiores obstáculos
ao sistema directo foram a dimensão territorial dos Estados, posto que não é em toda parte que
podem os cidadãos reunir-se para deliberar, e o grande número de cidadãos que integravam a
sociedade, factos que acabaram tornando inviável o comparecimento e efectiva participação de
todos eles na vida política.

4
Clístenes foi um político grego antigo, que levou adiante a obra de Sólon.
5
Sólon (630 a.C. - 560 a.C.) foi um estadista, legislador e poeta grego antigo, considerado pelos gregos como um
dos sete sábios da Grécia antiga. Em 594 a.C., iniciou uma reforma das estruturas social, política e económica da
polis ateniense, também é considerado pai da democracia.

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