Você está na página 1de 12

3

Introdução
Este trabalho tem como tema: os modelos de Governação caso de estudo a Democracia.
Assim sendo, nesse modelo de governação procurou-se explicar sobre a originalidade do termo
Democracia, sua definição, as causas que justificam o seu surgimento, os tipos da Democracia e
as características da mesma. Para além disso, abordou-se a Democracia no contexto africano onde
focalizou mais para Moçambique tendo em conta que trata-se de um dos países democrático que
resultou da Assinatura dos Acordos Gerais de Paz de 1992 que ocorreram no continente europeu
concretamente na capital italiana (Roma).
No caso particular de Moçambique, fez uma reflexão histórica sobre as razões que
esforçaram o país a abdicar o regime político chamado socialismo que foi característico logo após
da independência nacional em favor da implementação da Democracia. Procurou-se saber as
conquistas ou repercussões provenientes da existência da Democracia em Moçambique na
vertente social, política e até económica.
O trabalho tem como objectivo geral: Compreender os modelos de Governação caso
específico a Democracia e tem como objectivos específicos: (I) contextualizar o processo
surgimento da Democracia e (II) reflectir sobre a implementação da Democracia nos países
africanos: caso de Moçambique.
Para a concretização do trabalho optou – se pela pesquisa bibliográfica, que permitiu
trazer a superfície a abordagem numa perspectiva histórica, ajudando desse modo a perceber
como é que a Democracia emergiu e o processo da sua difusão para o resto do mundo onde a
África faz parte onde Moçambique engaja-se. Com base na pesquisa bibliográfica, foi possível
fazer análise e debates no seio do grupo, e por fim foi realizado a sistematização e compilação de
dados em trabalho final.
Com este trabalho espera-se que, possa trazer um subsídio ou contributo na cadeira de
História das Mentalidades do século XX a XXI, no que diz respeito as ideias ou as mentes sobre
aos modelos de Governação particularmente a Democracia e possivelmente possa ser consultado
como um texto de apoio para abrir outros horizontes e quiçá, venha um dia a merecer uma
atenção por parte dos académicos e comunidade numa possível elaboração dum trabalho de
pesquisa científica em relação ao tema.
4

Capítulo I: Contextualização sobre a Democracia


Neste capítulo são abordados itens relacionados com a génese ou o historial da
Democracia na vida do Homem, o conceito da Democracia, os tipos da Democracia e por fim as
características da mesma.

1.1. O surgimento da Democracia


No Pensamento de Zinocacassa & Júnior (2010:7) o termo democracia 1 surgiu na antiga
Grécia cujo significado é governo de todos. Por essa razão, passou a se definir como sendo uma
forma política em que o poder encontra-se na posse do povo e ainda exercido pelo povo em
conformidade com a aspiração expressa pelo contíguo de cidadãos de direitos políticos.
De acordo com Dahal (2001:21) o termo democracia vem sendo discutido há 2.500 anos
a.n.e Pois, existem várias visões em torno da génese da democracia. Assim sendo, muitos norte-
americanos e outros crêem que a democracia começou nos Estados Unidos. Outro, ciente das
suas raízes clássicas, tem afirmado que ela teve a sua origem na Grécia e na Roma antiga. Foi na
antiguidade oriental e clássica (Grécia e Roma) onde a democracia difundiu-se para o resto do
mundo até os dias de hoje. Porém, os primeiros sinais da democracia na vida da humanidade
foram notabilizados quando os seres humanos viviam em pequenos grupos e sobreviviam da caça
e da colecta de raízes, frutos e outras dádivas da natureza, isto é, quando o Homem era caçador e
recolectores. Para tanto, nessa fase os membros viviam em da igualdade, as decisões eram
tomadas em grupo e pela maioria.
O mesmo autor acrescenta que, com o surgimento da agricultura e actividade comercial
culminou com a formação de um grupo social ambicioso em controlar e dominar a produção o
que veio a catapultar o desaparecimento da igualdade e liberdade nos meios das sociedades.
Assim as monarquias, os despotismos, as aristocracias ou oligarquias começaram a tomar parte
1
O termo em grego a palavra demos significa o povo, e kraíos, significa governar. De ressaltar que, a democracia da
antiga Grécia foi caracterizada pela existência de uma assembleia onde os cidadãos estavam autorizados a participar.
E por sua vez, a assembleia tinha a função de eleger em espécie de lotaria alguns funcionários essenciais e generais
para ocupar alguns deveres públicos. Em Roma Antiga, o termo Democracia foi baptizado de república, onde: res,
em latim significa coisa ou negócios, e publicus significa coisa pública ou os negócios do povo. A mesma república
era extensiva aos patrícios, os aristocratas e depois de muita luta abrangeu ao povo (a plebe). Não diferenciando com
Atenas, o direito a participar na Assembleia era restrito aos homens em número bastante ínfimo.
5

da humanidade. Essa crueldade levada avante pelos monárquicos suscitaram a vontade no seio da
sociedade a desenvolver sistemas de governo que permitissem a participação do povo na tomada
de decisões para o bem comum, algo que vinha ocorrendo na época primitiva. Essa consciência
teve a sua origem pela primeira vez na Atenas em Grécia.
Nas palavras de Bobbio (1998:320) a questão da Democracia foi discutida por alguns
pensadores a título de exemplo, Aristóteles, que a trata como uma forma de Governo do povo, de
todos os cidadãos, ou por outra, de todos aqueles que desfrutam dos direitos de cidadania, se
difere da monarquia, como Governo de um só, e da aristocracia, como Governo de poucos. Lado
a lado disso, Maquiavel sustenta que a Democracia é nada mais que uma forma de república dado
que trata-se de um Governo legitimamente público. Ainda relativamente a Democracia, Platão na
sua obra intitulada a República faz perceber que, a Democracia resulta da camada miserável,
desgraçada e pobre que frustrada pela vida luta incansavelmente mata alguns adversários,
mandam outros para o exílio e dividem com os remanescentes, o Governo e os cargos públicos,
sendo estes determinados, na maioria das vezes pela questão da sorte.
Chegado a esse ponto de reflexão, Platão define a Democracia como sendo a forma de
Governo do número, Governo de muitos, Governo da multidão que não traz nem muito benefício
nem muito dano. Devido isso mesmo, a Democracia trata-se de uma das piores formas de
governo, sendo para ele a aristocracia uma melhor forma de governo dado que no seu
funcionamento conta a participação massiva de um Rei- filósofo que tem a capacidade de ir ao
encontro do mundo das ideias procurando perceber os problemas que tem mortificando a
sociedade e as devidas resoluções para o bem- estar da sociedade.
Na reflexão de Radbruch sobre a Democracia (s/d:89), sustenta que, ela consiste em
confiar a soberania2 estatal a vontade da maioria que existe numa determinada sociedade. É ainda
uma forma especial de orientação moral, da neutralidade, da tolerância e da colocação de valor

2
Trata-se de um poder político supremo e independente que não se limita por nenhum outro poder interno ou externo.
De salientar que, o estado soberano não deve aceitar ordens de outros estados que não sejam voluntariamente aceite.
O estado soberano compara-se com o poder que os donos duma casa têm. Ora vejamos, se alguém pretende entrar na
casa, deve pedir licença, porque esta área é sujeito do poder dos donos. Ainda de lembrar que, dentro da casa, não
pode se comportar de qualquer maneira. Assim sendo, se alguém quer entrar no território dum estado alheio, precisa
de certos documentos que tem que mostrar na fronteira dado que, dentro do estado existem certas regras do
comportamento das pessoas. Por exemplo, o Estado proíbe que alguém roube uma coisa duma outra pessoa.
(Zinocacassa & Júnior, 2010:7)
6

positivo da liberdade como afirmação de Direito do Estado, como sementeira da personalidade,


como fundamento da criação cultural.
Partindo das abordagens anteriormente feitas pelos autores pode se concluir que, a
Democracia emergiu em substituição aos estados autoritários (monopolizadores dos poderes e
centralistas), onde o poder não vinha das massas populares que constituíam a maioria. Além do
que já foi dito, conclui ainda que, o foco substancial da Democracia compõe-se no facto de que a
poder de qualquer estado deriva do povo que constitui a maioria. Quer dizer que, todas as funções
de um estado devem urgir prontamente da escolha da massa popular.

1.2. Os Tipos de Democracia


Consoante Zinocacassa & Júnior (2010:7/8) de muitos tipos da Democracia existentes, os
principais são dois que são: a democracia directa e a democracia indirecta ou representativa. A
primeira sucede quando todos os membros duma colectividade se reúnem para discutir e resolver
os seus próprios problemas dentro da sociedade. Nela, a votação ou eleição desenvolve-se com
participação de todos, cada um tem um voto consoante as manifestações prestadas por partidos
políticos ou mesmo pelos movimentos ou organizações ou ainda pelas coligações. Essa
democracia é que aconteceu antiga Grécia. A Segunda realiza-se em sociedades diminutas. Assim
sendo, a representatividade deve ao facto da existência de maior número de habitantes na
sociedade que torna impossível reunir todos membros ao mesmo tempo e tratar os problemas de
interesse geral. Nela, elegem-se os representantes para tratar dos assuntos da sociedade em nome
dela. Logo, a democracia indirecta, é um sistema de eleger representantes que são mandatados
para exprimir a vontade dos eleitores.
Radbruch (s/d:89) na sua abordagem acrescenta mais dois tipos de Democracia que são:
Democracia fundamentada na divisão de poderes ou parlamentar, onde o Governo depende da
firmeza do Parlamento. Esse tipo é visível no caso da Europa na Inglaterra, onde o monarca e o
presidente têm sido apenas figuras representativas do povo. Depois tem a Democracia
centralizada e descentralizada. Assim sendo, no caso da Democracia centralizada verifica-se
quando o Estado democrático unitário opõe-se a Democracia descentralizada, como a dos Estados
Unidos da América, da Alemanha e de Moçambique. Ao passo que, a Democracia
7

Descentralizada abre espaço para a existência de uma autonomia administrativa dos estados
membros e das autarquias. Assim sendo, esquematizada fica:

Esquema 1: Principais tipos de Democracia

Democracia fundamentada na divisão de poderes ou parlamentar

Democracia Democraci
Democracia
a

Democracia Centralizada e Descentralizada

Fonte: Adaptado pelo 1º grupo (2016)

Das abordagens feitas acima pelos autores permitem concluir que, a Democracia
representativa ou indirecta é bastante visível em muitos países do mundo, incluindo os países do
continente africano onde Moçambique faz parte. No caso moçambicano, o povo é representado
pelos deputados na Assembleia da República ou no Parlamento. Assim sendo, todas (os) as
situações, preocupações, desejos e aos ademais aspectos de interesse do povo, são apresentados e
representados pelos deputados. Ou por outra, é na Assembleia da República onde um grupo de
pessoas confiadas pelo povo tece debates que culminam com tomada das decisões em relação ao
ponto debatido através das votações de bancadas partidárias.

1.3. As características da Democracia


Segundo Bobbio (1998:324) a democracia sendo uma forma de Governo tem alguns
aspectos que as caracteriza. Assim sendo, desde a sua expansão pelo mundo que começou a
intensificar se com muita nitidez no século antepassado e passado até hodierno, foi e é
caracterizada pela defesa de igualdade das leis, ou igualdade diante da lei; pelo excesso de
liberdade; por abrir espaço para a existência da corrupção massiva, abuso do poder para quem
governo juntamente com seu elenco, pela realização dos efeitos que interessam no geral a pessoa
que se encontra no poder; pela distribuição dos cargos públicos com base de censo muito baixo;
8

pela admissão aos cargos públicos todos os cidadãos entre os quais os que foram privados de
direitos civis após processo judicial e pela demissão aos cargos públicos todos os cidadãos sem
excepção.
De acordo com Dahal (2001:52), o Governo democrático é caracterizado por apresentar
um conjunto de regras e princípios, uma constituição, que determina as formas de tomadas as
decisões dos aspectos que interessam a sociedade 3; pela participação efectiva que consiste na
existência por parte todos os membros ter oportunidades iguais efectivas para fazer os outros
membros conhecerem suas opiniões sobre uma política a programar; pela existência da Igualdade
de voto, onde todos os membros devem ter oportunidades iguais e efectivas de voto e todos os
votos são contados como iguais; pelo Controle do programa de planeamento, onde os membros
devem ter a oportunidade exclusiva para decidir em torno das questões que devem ser colocadas
no planeamento; pela inclusão de toda camada social.
O mesmo autor adenda que, a democracia é caracterizada por apresentar consequências
almejáveis como pode se depreender: (i) evita a tirania; (ii) oferece direitos essenciais e liberdade
geral; (iii) proporciona autodeterminação e Autonomia moral; (iv) permite que haja o
desenvolvimento humano; (vi) possibilita que haja a protecção dos interesses pessoais essenciais
e igualdade política; (vii) emana esforços nas pessoas para que possam buscar e lutar pela paz;
ajuda a evitar o governo de autocratas cruéis e corruptos. (Ibid: 59)

3
Os membros que constituem a sociedade têm a obrigação de viver e estar consoante dentro dos parâmetros
estabelecidos. Todos os membros são tratados (sob a constituição) como iguais no que concerne a participar no
processo de tomada de decisões sobre as políticas, o que faz perceber que, no Governo democrático sejam quais
forem às outras questões todos os membros da sociedade são considerados politicamente iguais.
9

Capítulo II: A democratização no continente africano


Esse Capítulo é vocacionado em exortar sobre o processo da implementação da
Democracia nos países africanos, mas para o caso específico de Moçambique. Para tal, procurou
perceber das razões ou dos motivos que teriam levado Moçambique a abandonar o regime
socialismo e estar a favor do regime democrático que os seus alicerces foram plasmados numa
primeira fase na constituição de 1990. Por fim faz se abordagem relativamente as questões da
consequências ou repercussões que adviram da implementação da Democracia em Moçambique.

2.1. A Democracia nos países africanos: Caso de Moçambique


Consoante Dahal (2001:11) o processo da democratização no mundo começou a
notabilizar as suas metamorfoses no século XX, dado que, nesse período o mundo testemunhou
uma extraordinária alteração política, sem prévios. Ora vejamos a monarquia centralizada, a
aristocracia hereditária, a oligarquia baseada no sufrágio limitado e exclusivo, começaram a
perder sua legitimidade por parte da humanidade. No século em causa o comunismo, fascismo e
nazismo começaram a conhecer o abrandamento ou desmoronamento. Foi ainda nesse momento
em que as ditaduras militares foram totalmente desacreditadas a favor da Democracia, no caso
específico na América Latina e no continente africano que acabava sair da descolonização.
Assim, as razões que ditaram a implementação do regime democrático em África foram
várias como podem ser destacadas algumas: a necessidade de combater o desemprego, promoção
de programas de bem-estar, a diminuição da imigração da população africana para outras regiões
a procura de melhores condições de vida; a descentralização das questões políticas.
De acordo com Abrahamsson & Nilsson (1994: 23), em Moçambique, a Democracia é
resultado de imensa luta entre o governo e a Renamo que decorreu no período compreendido
entre 1976 a 1992 ano da Assinatura dos Acordos Gerais de Paz em Roma. Pois, começou a
gozar-se da vida democrática a partir de 1994 ano das primeiras eleições presidenciais realizadas
pelas primeiras vez pelas massas populares.
Na perspectiva de Roesch (1992: 6), a implementação da democracia em Moçambique
deveu-se aos factores endógenos como: O insucesso proveniente do sistema económica
centralmente planificada devido à falta da experiência na aplacação da estratégia adoptada pela
10

liderança da Frelimo para o desenvolvimento do país 4, as calamidades naturais cheias e seca e


ainda os erros políticos tomados pelos sucessivos governos para lidar com a queda da economia.
Para além dos factores endógenos fizeram parte os factores exógenos na implementação da
Democracia, assim fala-se da deterioração dos termos de troca internacional em consequência da
crise petrolífera que teve repercussões pela África Austral e em Moçambique; as pressões dos
doadores para a boa governação, a urbanização crescente; a fraca capacidade de economia
nacional em satisfazer as necessidades do mercado nacional e por lado na incapacidade do estado
moçambicano honrar os seus compromissos financeiros. Esse fracasso verificou – se após a
Independência em que o novo governo de orientação Marxista – leninista, optou pelo socialismo
científico como uma via de desenvolvimento.
De acordo com Mosca (2005:137), a crise económica devido o insucesso proveniente de
um sistema político e económico centralizado, característico do modelo Socialista de
Administração Pública; A preocupação em pôr a economia ao serviço do crescimento do país e
da melhoria das condições de vida dos cidadãos poucos anos após a independência que entretanto
nunca chegou-se a cumprir obrigou o país a adoptar um novo regime político que é a Democracia
sob a influência do Ocidente onde encontram-se instituições internacionais como: Fundo
monetário internacional e Banco Mundial (FMI e BM) 5, que são responsável pelo reajustamento
estrutural, como também domesticar e estabilizar as intervenções em alto nível no esforço
quotidiano individual e colectivo de tornar a ordem imperecível na arena política, social, cultural
e até ideológica.
Disto pode se concluir que implementação de Democracia em Moçambique enquadra-se
também na época da democratização que é o século XX. No caso moçambicano, este período
caracterizou pelas existências de certos aspectos sociais, políticos e económicos cruéis como
pode se denotar: a fraca participação do povo da vida política, a centralização de poderes nas
mãos de um e único partido político, a existência da ditadura, falta de liberdade em geral e muito

4
A orientação das políticas governamentais para os empreendimentos de grande escala e de capital intensivo
aplicadas mostrou – se inadequado nas condições económicas prevalecentes.
5
Devido o dificuldades que o estado moçambicano enfrentava, a alternativa única foi a recorrências a essas
instituições para pedir o capital de modo a promover a redução das taxas de juro sobre as suas dívidas e a dilatação
dos prazos em que os juros deviam ser liquidados. Em troca teve de aceitar praticamente todas as imposições feitas
por estes e como consequência foram introduzidas normas clássicas de gestão capitalista nas empresas estatais em
detrimento da economia de subsistência alimentar e obrigou o Governo a aplicar o reajustamento estrutural para
ultrapassar as dificuldades que o estado enfrentava, assim como o baixo índice de desenvolvimento.
11

menos de impressa, a existência de uma economia planificada, a existência ainda de calamidades


naturais e entre outros aspectos que levaria o país a se aproximar aos países capitalistas e
democráticos o caso dos Estados Unidos da América para pedir financiamento de maneira a
resolver a situação acima arrolada. Para efeito, para que o seu pedido fosse aceite foi necessário
aceitar e implementar o regime democrático que é o característico nos países ocidentais.

2.1.2. Repercussões da implementação da Democracia em Moçambique


De acordo com Macamo (2003:23), a Democracia trouxe enormes repercussões na vida
dos moçambicanos. Ora vejamos, com ela notabiliza-se a existência de uma economia do
mercado de capital e a liberalizado do mercado que substituiu a economia planificada. Foi ainda
com esse regime Político em o estado passou a não interferir nos assuntos económicos no
mercado se não apenas limitar-se em traçar alguns princípios e regras que regulam o
funcionamento do mercado e para além de que, o mesmo regime permitiu a privatização6 de
alguns dos serviços ou empresas que culminou com a existência da propriedade privada.
Segundo José (2005: 34), com a Democracia, Moçambique esteve envolvido num rápido
processo de descentralização7 político-administrativo e revalorização formal das autoridades
tradicionais locais comunitárias8.
Para Forquilha (2008: 212), com processo de democratização verificou-se uma
participação massiva dos cidadãos na administração e desenvolvimento a nível local pelo
melhoramento dos mecanismos de funcionamento do Estado. Também foi com ela em que o
multipartidarismo passou a ser uma característica política desse país, que faz com que as pessoas
tenham o direito de se expressar por meio de votação nas urnas sobre o futuro do país. Outro

6
Com objectivos: de aumentar a eficiência da economia, reduzir os subsídios às empresas estatais e obter receitas
para o orçamento público, aumentar a produtividade, modernizar e melhorar a gestão das empresas.
7
É o processo pelo qual um determinado governo descentra as suas actividades administrativas, segundo critérios de
espaços e de funcionalidade. O governo delega as suas funções, de forma imparcial ou não, por força de uma
legislação a propósito sancionada, às estruturas administrativas periféricas e através do princípio da funcionalidade,
é adoptado um sistema de órgãos dotados de autonomia administrativa, que serve de suporte para acção
governativa. O objetivo principal da descentralização de Moçambique era de criar a legitimidade do sistema político
e do Estado, de modo que o este possa garantir níveis razoáveis de segurança, sobrevivência e serviços sociais
básicos.
8
As autoridades tradicionais locais comunitárias representam a garantia de continuidade do funcionamento das
comunidades, portanto, com elas é possível resistir pela preservação da identidade cultural e política que se pode
interpretar a conservação ou esforço da legitimidade social.
12

ponto notável com a Democracia foi a separação do poder do Estado em executivo, legislativo e
judiciário, isto é, independência dos tribunais, e garantia dos direitos individuais.
Como refere Abreu & Hedges (1999: 45), foi com a efectuação da Democracia que em
Moçambique passou a existir um estado de direito humanos e sindicais, onde os trabalhadores
organizam-se livremente em sindicatos, exercem o direito a reunião, manifestação e a greve
dentro dos parâmetros estabelecidos por lei, existe desde então, um sistema de segurança social
que garante a protecção social ligada as pessoas mais vulneráveis e a liberdade de imprensa.
Para Mosca (2005: 316), em Moçambique a Democracia eliminou a possibilidade de
continuidade do modelo económico e social da pós-independência, fazendo mudanças internas do
poder para facilitar as transformações económicas e permitir as alianças externas; reforçar a
balança de transacções correntes e a balança de pagamentos, reestruturação das empresas
privadas; liberalização do comércio e a abolição do sistema de preços fixos.
Segundo Cravinho (1998: 9), desde que Moçambique conheceu a Democracia tem se
verificado a subida dos preços dos combustíveis e víveres provenientes da produção agrícola, o
que contribui de certa forma para a evolução massiva da desvalorização da moeda nacional,
redução de salário real e cortes nas alocações orçamentais para a saúde, educação e alimentação,
medidas que tem tido repercussões negativas nas camadas mais vulneráveis, o custo social vida
tem sido extremamente alto; desequilíbrios regionais e aumento da diferenciação social que
culmina com a existência de extrema pobreza.
No pensamento de Rocha (1999: 88), a Democracia veio ainda a promover o fracasso no
bem-estar social, algo visível nos elevados níveis de pobreza e no crescimento da exclusão da
sociedade, da reivindicação e da violência e crescimento das despesas nas áreas sociais.
Depois da abordagem patente nos extractos anteriores pode se concluir que, não se pode
esquecer de que a Democracia em Moçambique trouxe efeitos colaterais, manifestados pela
substituição dos valores africanos, tal como a solidariedade social, por princípios mais
individualistas e egoístas e consequentemente a destruição da forma como os recursos eram
redistribuídos á nível da comunidade pelas relações de parentesco para um sistema liberal.
Conclui-se que, tal como se sabe, a Democracia trouxe a liberalização da actividade económica;
separação de poderes, participação da sociedade na vida política e enfim, fez com que
13

Moçambique expandisse as suas relações com outros países democrática para a troca de
experiência.
Conclusão
Depois da realização deste trabalho conclui-se que a Democracia é um modelo de
Governação ou Regime político em o poder encontra nas mãos das massas populares ou do povo
maioritário dentro de uma determinada sociedade. O modelo de governação democrático na
história da humanidade surgiu e implementou-se pela premira da antiguidade oriental e clássica
(Grécia e Roma). Pois, a sua expansão pelo resto do mundo observou-se no século passado em
constatação ou recusa dos regimes políticos antidemocráticos, a título de exemplo a da monarquia
e oligarquia que tratam – se de modelos de governação de um e de poucos e em particular de rico,
que vem o povo que constituem a maioria sem nenhum direito humano e muito menos político.
Entretanto, existem vários tipos de Democracia, assim destacam-se alguns tipos como: a
Democracia directa, a Democracia indirecta ou representativa; a Democracia baseada na
separação de poderes ou parlamentares e a Democracia e a Democracia centralizada e
Descentralizada. Contudo, no seu cômputo geral a Democracia é caracterizada por oferecer
espaço para que exista a liberdade de expressão e da imprensa, pela existência de igualdade dos
membros na sociedade perante a lei, pela participação do povo na tomada de decisões sobre o
bem-estar da sociedade, pela distribuição da renda atrás da cobrança dos impostos e enfim.
A execução da Democracia em Moçambique foi suscitada pela guerra, pelas calamidades
naturais e pelos erros de perspectiva na aplicação do modelo de economia centralmente
planificada, no que diz respeito a satisfação da população moçambicana. Portanto, com a
Democracia, Moçambique, tornou um país multipartidário; onde existe a separação de poderes
como poder executiva, legislativa e poder judiciário. A propriedade privada, a existência da
economia do mercado, de autarquias; de valorização das autoridades tradicionais,
descentralização de poder passou a tomar parte da população autóctone.

.
14

Bibliografia

ABREU, Ana Francisco Sendela Sengo & HEDGES, David. O Reajustamento Estrutural e o seu
impacto em Moçambique (1982-1997): Uma abordagem histórica. Maputo, 1999, 156p.
ABRAHAMSSON, Hans & NILSSON, Anders. Moçambique em transição: um estudo da
história de desenvolvimento durante o período, 1974-1992. Maputo, 1994, 345p.
BOBBIO, Norberto at all. Dicionário Político. 11ª Edição, Brasília, Editora: UnB, 1998, 1299p.
CHICHAVA, Fernanda Faria Ana. Descentralização e cooperação descentralizada em
Moçambique. Maputo, 1999, 50p.
CRAVINHO, João. Descentralização Regionalização e Reforma Democrática do Estado.
Lisboa, 1998, 231p.
DAHAL, Robert A. Sobre a Democracia. Brasília, Editora Universidade de Brasília. 2001, 230p.
Em Moçambique: Manual para a formação. Maputo, 2010, 27p.
FORQUILHA, Salvador Cadete. “Remendo Novo em Pano Velho”: O Impacto das Reformas de
Descentralização no Processo da Governação Local em Moçambique. Maputo, 2007, 376p.
JOSÉ, Cristiano André. Autoridade Ardilosas e Democracia em Moçambique. Maputo, 2005,
104p.
MACAMO, Elísio. Da disciplinarização de Moçambique: Ajustamento Estrutural e as
Estratégias Neo – Liberalais de Risco. Lisboa, Porto Editora, 2003, 255p.
MOSCA, João. Economia de Moçambique: século XX. Lisboa Instituto de Piaget Editora, 2005,
272p.
RADBRUCH, Gustav. Introdução á Filosofia de Direito. São Paulo, s/d., 100p.
ROCHA, Aurélio Moçambique historia e cultura. Maputo. Textos editores, 2006, 112p.
ROESCH, O. Reforma económica em Moçambique: notas sobre a estabilização, a guerra e a
formação das classes. Maputo, 1992, 231p.
ZINOCACASSA, Zacarias Filipe & JÚNIOR, Manuel Lino Chico. Estrutura do Estado e
Democracia

Você também pode gostar