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SEMINÁRIO MAIOR DIOCESANO DE SÃO PAULO

E-mail: seminariospaulo@gmail.com;
Cx. P. 579, Tel. 921964441, UÍJE – ANGOLA
Ano de Fundação 1972 Ano de Formação 2023/2024

Metodologia de Investigação Científica

A DEMOCRACIA E OS JOVENS

Estudante: Joaquim Andrade Luís

Nº.: 20.

Uíje, Janeiro de 2024


Joaquim Andrade Luís

A DEMOCRACIA E OS JOVENS

Uíje-Angola

Janeiro de 2024
DEDICATÓRIA

“A todos aqueles que contribuem para a minha formação”.


a democracia é o governo do povo, pelo e para o povo».

"Lincoln"
AGRADECIMENTO

A Deus a causa causante das coisas causadas, a fonte de tudo quanto existe, o Ser
Supremo e Absoluto, aos meus pais, colaboradores do plano na minha existência, a Sua
Excelência Reverendíssima Dom Almeida Manda, meu bispo, a todos os meus formadores e
professores, desde o ensino de base até então, que me ajudam a ser cada vez mais uma pessoa
melhor, partilhado comigo os seus conhecimentos, aos colegas, aos familiares, amigos e
amigas e a todos que se fazem presente na minha vida.

O meu muito obrigado.


RESUMO
A Democracia é um sistema político que tem como principal característica o poder do
povo, pelo povo e para o povo, portanto, várias concepções de tem dela, mas nós, aqui no
nosso trabalho, buscamos as três concepções paradigmáticas, Grega, Romanístico-medieval e
a moderna. Jovens indivíduos com uma idade correspondente dos 18 aos 30 anos, variando de
sociedade para sociedade e quanto a sua participação na Democracia, a juventude angolano
neste caso, realidade na qual nos baseamos é activa, pese embora nem todos.

Palavras chaves: Democracia, jovens e participação.


Sumário
DEDICATÓRIA .............................................................................................................................. 4
AGRADECIMENTO ....................................................................................................................... 6
RESUMO ......................................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 7
CAPITUL I:DEFINIÇÃO DE TERMOS........................................................................................ 8
1.DEMOCRACIA ............................................................................................................................ 8
1.1-Concepções Paradignática ............................................................................................................ 8
1.2-Concepção de Autores ............................................................................................................... 10
1.3-Tipos de Democracia ................................................................................................................. 11
2. JOVENS ..................................................................................................................................... 11
CAPÍTULO II: A DEMOCRACIA EM ANGOLA ...................................................................... 12
1. PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO............................................................................... 12
2.PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS NA DEMOCRACIA ............................................................ 13
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 16
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 17
INTRODUÇÃO
"A DEMOCRACIA E OS JOVENS" é o tema em abordagem no nosso trabalho, que
para maior compreensão começamos em tratar primeiramente sobre o conceito dos termos, de
onde partimos da democracia na qual, abordamos sobre a sua etimologia, as suas três
concepções paradigmáticas e como diversos autores a conceituam, não fugindo da sua
etimologia que é o poder do povo e, depois sobre os jovens e sobre a Democracia em Angola,
que é ainda um processo, por fim, fizemos a relação dos termos, como é que os jovens se
relacionam com a Democracia ou melhor como eles participam da democracia, portanto para
esta relação fomos buscar a nossa realidade angola, que tem como regime político a
democracia.

7
CAPITUL I:DEFINIÇÃO DE TERMOS

1.DEMOCRACIA
Sobre a Democracia vários conceitos existem, pois diferentes autores a conceituam,
mas nós aqui começaremos a conceituá-la a partir da sua etimologia.

Palavra democracia tem a sua origem do vocábulo grego: “Demokratia”, que é uma junção de
dois termos: “Demos” povo; e “Krateia” governo ou poder; significando assim, literalmente,”
poder do povo ou poder popular” 1.

Essa é a definição etimológica que constitui a essência da Democracia, “o governo do


povo”, tal como a conceitua Lincoln, «a democracia é o governo do povo, pelo e para o
povo»2.

1.1-Concepções Paradignática
No entanto, devido a equivoca evolução semântica das palavras governo e, povo bem
como a diversidade de utilização do termo democracia nos vários campos da literatura e das
ciências filosóficas e politicas, dificultam uma definição precisa e unívoca de democracia.

Portanto, sobre democracia, quanto as suas definições, há três modelos ou concepções


paradigmáticas: 3

 Grego (clássico, aristotélico ou ateniense);


 Romanístico-medieval ou das soberanias popular;
 Moderno ou pós maquiavélico.

A primeira concepção ou o primeiro modelo, que é o Grego, a democracia aprece ligada à


tripartição das formas do estado ou governo (monarquia, aristocracia e democracia).
Baseando-se no ideal de igualdade perante a lei e igualdade política, que fazem parte
essencial a igualdade de poder ou de direito de participação e a igualdade de voz ou de direito
de expressão4.

1
Cf.Victor M. L, DEMOCRAIA, LOGOS, Enciclopédia Luso-brasileira de Filosofia, vol. 1, Verbo, 1989, pp.1316,
1317, 1318,1319.
2
D.T. SOQUIA , A Questão do Aborto e da Democracia no magistério de João Paulo II, Luanda, 2018, pág.19.
3
Victor M. L, DEMOCRAIA, LOGOS, Enciclopédia Luso-brasileira de Filosofia, vol. 1, Verbo, 1989, pp.1316, 1317,
1318,1319.
4
ibdem
8
Quanto o segundo modelo, Romanístico-medieval, a democracia sob influência da
doutrina cristã da igualdade radical de todos os homens perante a Deus, o poder exercido pelo
povo, o qual transfere em definitivo ao soberano ou conservando a sua titularidade originária,
simplesmente o delega em concessão revogável através do contrato, explícito ou tácito.

Ademais, a democracia tinha o princípio da soberania popular originária 5.

O terceiro modelo atribuí a paternidade doutrinal às correntes de pensamento


personalizado de Locke e Rousseau e se situam de Maquiavel aos nossos dias, No entanto, o
conceito de democracia, que a concepção antiga, que praticamente se confinava à democracia
política, alargou-se às diversas dimensões (económica, social e cultural) da vida em sociedade
e assenta fundamentalmente na ideia de liberdade, igualdade e de participação de todos os
membros da comunidade na vida coletiva. Portanto, este modelo substitui a tripartição
aristotélica pela bipartição Monarquia- república 6.

A democracia moderna, estava caldeada no pensamento dos grandes filósofos políticos


dos séculos XVII e XIX e impulsionada pelo exemplo do parlamentarismo inglês e pela nova
força inovadora de Revolução francesa e da Comuna de Paris, das instituições democráticas
norte-americana e várias Declarações de Direitos do Homem, configura-se, consoante a
prevalência dada aos valores da liberdade e de igualdade, como Democracia Liberal e
Democracia Social ou igualitária. 7

Entrementes, segundo Victor Melicias Lopes, os protagonistas destas democracias


criticam-se um ao outro que a sua democracia carece de democracia ou pseudodemocracia,
vejamos:

Os defensores da democracia liberal e os da Democracia Social ou igualitária acusam-se mutuamente de


falta de Democracia ou de pseudodemocracia, fazendo opostas valorações dos respectivos mecanismos

5
6
7
A Democracia Liberal tem o seu valor central na liberdade dos indivíduos e das instituições, de que decorre a
necessária limitação do poder e a separação dos órgãos que o exercem e valorizam especialmente a
competição pluralista com existência de oposições, respeito pelas memórias e alternância através de eleições
livres em sufrágios universal. Para a democracia liberal, a soberania é dos indivíduos, exprime-se pelo voto e
corporiza-se na leia. Democracia social ou igualitária tem como valor prioritário a igualdade (económica, social
e cultural) valorizando a representação unitária da vontade e do interesse geral num só partido, grupo ou
classe. E por conseguinte, a soberania é do povo no seu conjunto e mais do que em representatividade
parlamentarista exerce-se por instâncias de base ou intermédias, como conselho de trabalhadores e de
produtores. Portanto, esta, foi desenvolvida pelos socialistas e por Marx e implantou-se, sobretudo, nos países
socialistas.

9
e invocando, designadamente, a distinção entre Democracia formal — em que se atende sobretudo à
legalidade dos processos e ao respeito das regras de liberdade dos indivíduos, independentemente das
práticas de igualdade económica, social e cultural — e Democracia substancial — em que visa a
igualdade social e económica, porventura em desdouro das liberdades políticas. 8

1.2-Concepção de Autores
Como já referido acima, estas são as concepções paradigmáticas, porém vários outros
autores conceituaram este sistema político, econômico, social e cultural, tal como Joseph
Schumpeter que a entende como “o arranjo institucional para chegar a certas decisões
politicas que realizam o bem comum, cabendo ao próprio povo decidir através da eleições de
indivíduos que se reúnem para cumprir-lhe a vontade”. 9 Ou ainda DOMBO, que define-a
como “o regime de governo em que todas as decisões políticas mais importantes estão com
povo”. Schwarcz e Starling definem a democracia como “forma de regime que faz da
igualdade política entre pessoas – com interesses e objectivos diversos, seu grande motor de
transformação”10. Já Norberto Bobbio entende a democracia como “uma das várias formas de
governo, em particular aquelas em que não está nas mãos de um só ou de poucos, mas de
todos, ou melhor da maior parte, como tal se contrapondo as formas autocráticas, como
monarquia e a oligarquia”.11

E segundo Robert Dahl, a democracia é a tomada de decisão para o benefício e o


interesse do bem comum, como forma de resolução pacífica que englobaria todos os demais,
proporcionando a participação efetiva, especialmente: igualdade de voto, aquisição de
entendimento esclarecido, exercício do controle definitivo do planeamento político e inclusão
dos adultos. 12

Entretanto, a democracia não tem uma única definição, pois vários autores apresentam
conceitos distintos sobre ela. Portanto, como acabamos de ver, as definições dos autores
supracitados não perdem o princípio de que é o “governo do povo”. A democracia é um
regime que respeita a pessoa, os seus direitos fundamentais e sua liberdade; para isso, está
organizado de forma participativa e pluralista, segundo determinadas regras que assegurem a

8
Victor M. L, DEMOCRAIA, LOGOS, Enciclopédia Luso-brasileira de Filosofia, vol. 1, Verbo, 1989, pp.1316, 1317,
1318,1319.
9
SCHUMPETER, J. Capitalismo, Socialismo e Democracia, São Paulo, Unesp, 2017, Pag. 300.
10
JOAQUIM S. J.G, A Democracia Em Angola: Processo De Democratização Angolana 2002 – 2020, (Versão
eletrónica), Trabalho de Conclusão de Curso, 2020, Pág. 4. Disponível em
https//repositorio.unilab.edu.br/jspui/handle/123456789/2320
11
BOBBIO, N., Liberalismo E Democracia, São Paulo:Brasiliense, 1994, Pag.7.
12
DAHL, R. A, Sobre a Democracia, Brasilia: editora Eniversidade de Brasilia, 2001, Pag. 48-50.
10
todos a participação na vida pública segundo as condições de cada cidadão, pois como a
define W. Kerber, “ a democracia significa participação activa de todos os membros de uma
entidade social, nas decisões que lhes dizem respeito”. 13

1.3-Tipos de Democracia
No entanto, segundo D.T. SOQUIA, há várias formas de democracia, portanto ele destaca
as seguintes formas de democracias:

 Democracia directa – procedimento regulado pala maioria, fundado sob o direito que
envolve os cidadãos ao governo do sistema.
 Democracia representativa ou parlamentar – os cidadãos exercitam os seus direitos
em assumir decisões através dos representantes eleitos.
 Democracia liberal ou constitucional – os poderes são vinculados sob uma estrutura
de limites constitucionais, que vela pelos direitos individuais e coletivos tais como: a
liberdade de expressão, de religião, de opinião e de associação.
 Democracia representativa – um sistema de democracia directa na qual os cidadãos
não escolhem os seus líderes, mas participam eles mesmos no processo decisional.
 Democracia dialéctica e discutiva – sistema no qual os processos decisionais se
baseam sob a persuasão interativa e racional entre os membros do público.

Portanto, há ainda um outro tipo que é a semidirecta, existente no ocidente, que busca
equilibrar a soberania popular e a representação política 14.

2. JOVENS

Sobre a juventude há, porventura, apenas uma característica que com certeza lhe
podemos atribuir: o seu carácter transitório. Mais do que um período, a juventude é,
essencialmente, dinâmica e transformação.

A juventude, tal qual a infância, a maturidade e a velhice, é aí concebida como uma faixa
etária ou categoria etária mais ou menos evidente, natural e universal, quase que determinado
bio psicologicamente, cabendo apenas ao meio social reconhecer as propriedades intrínsecas

13
D.T. SOQUIA, op. Cit., p.21
14
BOBBIO. Op. Cit. Pág. 7.
11
deste momento do curso da vida. A principal característica atribuída à juventude é a de ser
uma transição entre a infância (e o mundo privado e as concepções pré-lógicas) e a vida
adulta (e o mundo público e as concepções racionalmente legitimadas): a juventude interessa
menos pelo que ela é, e mais pelo que será ou deveria ser quando seus membros se tornarem
adultos. Contudo, é, em especial, no momento da juventude que os indivíduos correm o risco
de desenvolver comportamentos anômicos, ingressar em grupos desviantes e protagonizar
disfunções sociais: não à toa, ao lado da socialização, é a “delinquência juvenil” o grande
tema das teorias tradicionais da juventude.

CAPÍTULO II: A DEMOCRACIA EM ANGOLA

1. PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO

Sistema ou regime do poder político vigente em Angola é a Democracia tal como consta
na Constituição da República:

A República de Angola é um estado Democrático de Dereito que tem como


fundamentos a soberania popular, o primado da Constituição e da lei, a separação de
poderes e interdependência de funções, a unidade nacional, pluralismo de expressão e
de organização política e a Democracia representativa e participação( ARTIGO Nº 2) 15
.

Portanto, a democratização em Angola foi um processo longo, tendo a sua primeira


tentativa, para a instalação de um Estado de Democrático de direito na década de 1990,
devido ao acordo de Bicesse, que acabaria com a guerra civil que existia a 16 anos, com o fim
de conciliar as demais partes na partilha do poder, e permitiu a criação de novos partido, o
multipartidarismo. No entanto, o multipartidarismo permitiu o surgimento de novos atores
políticos mas não permitiu a criação de um Estado de Democrático de Direito 16. Entretanto,
outro período da tentativa da construção de um Estado Democrático de Direito foi o período
pós-conflito que depois de passar 6 anos realizou-se as eleições legislativas em 2008, na qual
o MPLA saiu vitorioso com 81% dos votos mudando assim a Constituição de 1992 para a

15
ANGOLA. Constituição da República de Angola,(versão eletrónica) 2010, pág. 8. Disponivel em:
http://tribunalsupremo.ao./wp-content/uploads/2018/05/constituicao-da-republica-de-angola.pdf Acesso em:
02 Janeiro 2024.
16
(Cf. JOAQUIM S.J.G Op. Cit. pág. 13.)
12
Constituição de 2010 centralizando o poder do Executivo, especialmente no presidente da
República 17.

A democratização em Angola ainda é um processo a realizar-se, pois existe ainda


enormes desafios para a sua consolidação. Angola é um país semidemocrático ou seja é um
país que está em transição de regimes autoritário para o regime democrático, ademais,
acrescenta que o actual estado de Democracia em Angola não apresenta bons índices, o país
está muito longe de ser uma democracia plena dentro do continente africano, porque o regime
do MPLA centralizar todo poder.

A Democracia em Angola ainda não vigora no seu todo, ainda é algo que está em
construção, pois não se cumpri plenamente com aquilo que um estado Democrático poderia
viver.

2.PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS NA DEMOCRACIA

É ponto assente que a juventude angolana deve desempenhar um papel crucial, em


todo o processo de reconstrução e desenvolvimento do país, por ser ela a maioria da
população.

Quanto a participação da juventude angolana na democracia, nota-se ser fluente,


mormente no que diz respeito a participação nas eleições gerais, um dos elementos
fundamentais da democracia, o direito ao voto. Os jovens, por exemplo, nas eleições gerais de
2022, foram eles a maior parte de eleitores.

Os jovens preocupam-se, e bastante, com a democracia e o desenvolvimento do país,


pois no passado, jovens angolanos criaram uma manifestação reclamado o retrocesso da
Democracia como podemos conferir no artigo abaixo:

Angola: Jovens anunciam manifestações contra o "retrocesso" da democracia.

A partir de 16 de outubro, organizações juvenis promovem uma série de protestos em todo o território
angolano. Organizadores denunciam "violações sistemáticas à Constituição" e apontam o dedo ao
MPLA de João Lourenço. Organizações juvenis de partidos políticos e da sociedade civil angolana
anunciaram esta sexta-feira (08.10) a realização de uma série de manifestações em Angola, a partir de
16 de outubro, contra o "retrocesso da frágil democracia" e "violações sistemáticas da Constituição".

17
Cf. SCHUBERT, Joe. Democratização e consolidação do poder político em Angola no pós-guerra. Relações
Internacionais, v. 37, p. 79-90, 2013.)
13
A posição conjunta dos líderes das organizações foi apresentada em conferência de imprensa, em
Luanda, considerando que Angola vive um momento que "periga a sã convivência entre os atores
políticos e que pode propiciar convulsões sociais a exemplo de outros países africanos".

Segundo os jovens, as manifestações de rua devem acontecer em todo o território angolano, composto
por 18 províncias, e terá igualmente ramificações no exterior do país.

A Juventude Unida e Revolucionária de Angola (JURA), braço juvenil da UNITA, maior partido na
oposição, a coordenação da juventude do projeto político PRA-JA Servir Angola, a Juventude
Bloquista, afeta ao partido Bloco Democrático, o Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), o
Movimento Hip-Hop Terceira Divisão e a União do Povo Angolano são alguns dos subscritores da
declaração conjunta.

O documento é também subscrito pelas organizações civis Projeto Agir, Sociedade Civil Contestatária,
Plataforma de Intervenção do Kilamba Kiaxi, Plataforma Cazenga em Ação, Jovens Unidos por Causas
Justas e a Associação Mulheres pelos Direitos Civis e Políticos.

Indignação e repulsa face a violações

As organizações dizem que acompanham com "bastante preocupação o retrocesso da frágil democracia
no país, protagonizado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola [MPLA, no poder] e o seu
presidente, João Lourenço". Para estes jovens, o presidente do MPLA e também da República, João
Lourenço, "tem usurpado de forma abusiva os poderes de outros órgãos de soberania".

Os jovens angolanos, afetos às organizações, manifestam assim "total indignação e repulsa, pelas
violações sistemáticas à Constituição e às demais leis vigentes na República de Angola", de acordo com
a declaração conjunta apresentada pelo secretário-geral da JURA, Agostinho Kamuango.

Os jovens acusaram também o partido no poder em Angola de "uso abusivo" dos meios de
comunicação social públicos, de "partidarização das instituições do Estado, de perseguição de
adversários políticos que defendem a justiça e a efetivação de um Estado democrático de direito".

A postura do partido no poder, sublinharam, "revela a insensibilidade de um regime ditatorial,


antipatriótico, incapaz de conviver com a diferença".

No entender dos jovens afetos aos partidos políticos na oposição e à sociedade cívil, com o acórdão do
TC, tornado público na quinta-feira, a instância judicial “demite-se das suas funções e entra em jogos
políticos concebidos em gabinetes de ação psicológica”.

“E pelos serviços de inteligência e segurança do Estado, em conluio com os ‘media’, diabolizando todos
aqueles que não se alinham com as práticas do regime tirano, instalado no poder, há 46 anos”,
afirmaram. Os jovens manifestaram-se também solidários com a UNITA e o seu presidente, Adalberto
Costa Júnior, considerando que foi eleito num processo “democrático, transparente e exemplar” e
“comprometeram-se a defender as conquistas democráticas até aqui alcançadas”. Os jovens, na
declaração conjunta, exortaram os órgãos de comunicação social a “se absterem de práticas
antidemocráticas por não contribuírem para a paz social, reconciliação e estabilidade política”.

“Que as autoridades da ordem pública continuem a garantir a proteção do cidadão, razão de ser de toda
a ação republicana e à juventude angolana que sofre na carne e na alma, as consequências da
governação desastrosa do MPLA, a estar vigilante e determinada na defesa intransigente dos valores da
pátria”, exortaram18.

18
“Retrocesso da Democracia”, Artigo disponível em: https://Obserdor.pt/2021/10/08/jonens-angolanos-
anunciam-manifestacoes-contra-retrocesso-da-democracia/ Acesso em: 23 Dezembro 2023.
14
No entanto, a partir deste artigo, podemos verificar que os jovens se relacionam com
a democracia e buscam-na nos seus actos, portanto, esta participação positiva, buscando o
bem-estar de todos não é notório em todos os jovens, pois jovens há, que se apoderam em
nome da democracia, pedido o direito de expressão para criarem desarmonia e
desestabilidades no país, manchando o nome daqueles que lutam por uma verdadeira
Democracia. Por isso é necessário formar juventude, bem como afirma Lino Boetalho:

Que seja fundamental continuar-se a defender que haja uma juventude cada vez mais instruída no
domínio académico e alicerçada na cultura e valores nacionais, condição básica para o contínuo
desenvolvimento da Mãe Pátria Angolana. Por isso é dever de quem se considere líder de partido ou
coligação política, direccionar a sua conduta para a promoção de uma educação juvenil assente no amor
à Pátria, no respeito aos valores e às tradições do povo angolano, bem como no incentivo das boas
práticas de Democracia, dos valores da justiça, liberdade, paz e progresso social. O incentivo do direito
à manifestação dos jovens, em momento algum deve colidir com a boa educação moral, cívica,
patriótica. Em momento algum se deve ignorar os que mais consentiram os sacrifícios impostos pela
guerra, ou seja, os jovens angolanos. Os indivíduos que hoje, através das redes sociais, incentivam a
juventude a actos de rebeldia devem abster-se de tais práticas, porque retardam a convivência
harmoniosa entre os angolanos. O exercício do poder político não deve ser confundido com actividade
mercantil. O dinheiro ganha-se com o trabalho socialmente útil. Não é a promover o tribalismo,
mentiras públicas e manipulação dos menos atentos, que se fará a angolanidade 19.

Assim sendo, é necessário que todos os jovens respeitem a Democracia e lutem para a
construção de uma verdadeira Democracia no país, que cada jovem participe da política, de
modo a fazer crescer positivamente, procurando a paz, o desenvolvimento e a justiça. E
necessário que os jovens não se afastem da democracia, pois deles depende o futuro da
sociedade ou da Nação. A participação dos jovens na democracia é bastante importante e
fundamental para o seu desenvolvimento.

19
LINO B., Juventude e Democracia, disponível em
https://www.jornaldeangola.ao/ao/Notícias/detalhes.php?id 376906 Acesso em: 02 Janeiro de 2024.
15
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Democracia é um regime político em que os cidadãos no aspecto dos direitos políticos


participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no
desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio
universal. Ela abrange as condições sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício
livre e igual da autodeterminação política.

O sistema democrático contrasta com outras formas de governo em que o poder é


detido por uma pessoa — como em uma monarquia absoluta — ou em que o poder é mantido
por um pequeno número de indivíduos — como em uma oligarquia. No entanto, essas
oposições, herdadas da filosofia grega, são agora ambíguas porque os governos
contemporâneos têm misturado elementos democráticos, oligárquicos e monárquicos em seus
sistemas políticos.

Quanto a Democracia angolana consideramos ainda franca, pois não se vive


totalmente, Angola precisa ainda crescer a nível Democrático, constata-se ainda a corrupção,
o tráfico de influência, a falta de liberdade de expressão, e poder é tão centralizado. E a
juventude angolana, na sua maior parte participa de forma activa, porém existi também jovens
que se abstêm dela.

16
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANGOLA. Constituição da República de Angola,(versão eletrónica) 2010. Disponivel em:
http://tribunalsupremo.ao./wp-content/uploads/2018/05/constituicao-da-republica-de-angola.pdf
Acesso em: 02 Janeiro 2024

BOBBIO, N., Liberalismo E Democracia, São Paulo:Brasiliense, 1994.

DAHL, R. A, Sobre a Democracia, Brasilia: editora Eniversidade de Brasilia, 2001.

JOAQUIM S. J.G, A Democracia Em Angola: Processo De Democratização Angolana 2002 – 2020,


(Versão eletrónica), Trabalho de Conclusão de Curso, 2020, Disponível em
https//repositorio.unilab.edu.br/jspui/handle/123456789/2320

LINO B., Juventude e Democracia, disponível em


https://www.jornaldeangola.ao/ao/Notícias/detalhes.php?id 376906 Acesso em: 02 Janeiro de 2024.

SOQUIA D.T. A Questão do Aborto e da Democracia no magistério de João Paulo II, Luanda, 2018.

Cf. SCHUBERT, Joe. Democratização e consolidação do poder político em Angola no pós-guerra.


Relações Internacionais, v. 37.

SCHUMPETER, J. Capitalismo, Socialismo e Democracia, São Paulo, Unesp, 2017, Pag. 300.

Victor M. L, DEMOCRAIA, LOGOS, Enciclopédia Luso-brasileira de Filosofia, vol. 1, Verbo, 1989.

17

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