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Aula pré-prova

24/04/2018
PROF. FELIPE JOSÉ COMUNELLO
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO SOCIAL
BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Temas para discussão:

Portede armas;
Gênero;
LGBTs;
Descriminalização das drogas.
Marx, Durkheim e Weber?

 “Fundadores” de campos de estudo;


 “Social” como objeto de estudo.
O exemplo da segurança pública no Brasil – Atlas da
violência (IPEA e FBSP).
• Mudança de patamar do
indicador;
• Naturalização do fenômeno;
• Agenda complexa da
segurança pública x
compromissos dos
governos.
Fonte: Atlas da violência,
FBSP, 2017.
• Sudeste: redução;
• Sul: estabilidade;
• Nordeste: aumento.
Fonte: Atlas da violência,
FBSP, 2017.
• Espírito Santo:
“Estado
presente”;
• Pernambuco:
“Pacto pela
vida”;
Fonte: Atlas da
violência, FBSP,
2017.
Os municípios mais e menos violentos
(100 mil habitantes)
 Mais violento:
 Altamira – IDH médio (0,665), ensino fundamental completo 18 anos ou mais
(46,1%), renda per capita inferior, crescimento rápido e desornado da cidade.

 Menos violento:
 Jaraguá do Sul – IDH alto (0,803), ensino fundamental completo 18 anos ou
mais (68,7%), renda per capita (mais que o dobro de Altamira).
Desempenho socioeconômico x
criminalidade
 mercado de trabalho (IPEA: 1% de diminuição da taxa de desemprego de
homens faz com que a taxa de homicídio diminua de 2,1%);
 geração de renda (pode atrair mazelas, como os mercados ilícitos. Anos 2000,
NO e NE, mercados ilícitos de drogas e o incremento da prevalência da violência
letal [disputas por mercados e disciplinamento]);
 desorganização social (a migração de trabalhadores e pessoas em busca de
oportunidade junto com alterações no espaço urbano e residêncial pode levar ao
esgarçamento do controle social do crime [aumento de oportunidades de crime e
de probabilidade de anonimato e fuga]).
 qualidade da política pública (políticas públicas preventivas e de controle no
campo da segurança pública, mas também políticas de educação, assistência
social, cultura e saúde).
Violência policial

 As “intervenções legais e operações de guerra” apresentam alto grau de


subnotificação;
 O modelo de segurança pública é conivente com o uso abusivo da força letal e
execuções sumárias, ao mesmo tempo que expõe e vitimiza cada vez mais os seus
agentes;

* O Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte


IDH), em sentença do dia 16 de fevereiro de 2017, no Caso Favela Nova Brasília.
Juventude perdida

 Desde 1980 processo gradativo de vitimização letal da juventude;


 Pico da taxa de homicídios: 21 anos;
 92% dos homicídios são de homens;
 fenômeno denunciado há anos por organizações não governamentais de direitos
humanos e movimentos sociais e por uma Comissão Parlamentar de Inquérito no
Senado;
* “Irracionalidade social”: falta de investimento na educação infantil reduz a
aderência e concordância do indivíduo aos valores sociais vigentes e aumentam os
incentivos para uma trajetória de delinquência e crime (DURKHEIM!!!). O temor e
a ânsia por vingança levam ao clamor diminuição da idade de imputabilidade penal,
a truculência policial e o encarceramento em massa que dinamizam a criminalidade
violenta e tem um alto custo orçamentário, econômico e social.
Homicídios de negros

 A cada 100 pessoas assassinadas, 71 são negras;


 Jovens e negros do sexo masculino são assassinados como se vivessem em situação
de guerra;
 A tragédia da população negra não se restringe a causas socioeconômicas:
 O cidadão negro possui chances 23,5% maiores de sofrer assassinato em relação a cidadãos de outras
raças/cores, já descontado o efeito da idade, sexo, escolaridade, estado civil e bairro de residência;
 Rio de Janeiro é partida na dimensão econômica entre pobres e ricos, na dimensão geográfica e na
cor da pele.
 “Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade”: o FBSP incorporou um indicador de
desigualdade racial ao indicador sintético de vulnerabilidade à violência dos jovens (mortalidade por
homicídios, por acidente de trânsito, frequência à escola e situação de emprego, pobreza e
desigualdade). Foi constatado que em todas as Unidades da Federação, com exceção do Paraná, os
negros com idade entre 12 e 29 anos apresentavam mais risco de exposição à violência que os
brancos na mesma faixa etária. Em 2012, o risco relativo de um jovem negro ser vítima de homicídio
era 2,6 vezes maior do que um jovem branco.
Violência contra a mulher

 Lei 13.104/15 – Lei do Feminicídio (três anos!):


 “torna o homicídio de mulheres em crime hediondo quando envolve violência doméstica e
familiar, e menosprezo ou discriminação à condição de mulher”.
 Altera o art. 121 do Código Penal – fundamental para dar visibilidade nos registros oficiais.
 Enquanto a mortalidade de mulheres não negras teve uma redução de 7,4% entre 2005 e
2015, atingindo 3,1 mortes para cada 100 mil mulheres não negras – ou seja, abaixo da
média nacional -, a mortalidade de mulheres negras observou um aumento de 22% no
mesmo período, chegando à taxa de 5,2 mortes para cada 100 mil mulheres negras,
acima da média nacional;
 65,3% das mulheres assassinadas no Brasil no último ano eram negras, na evidência de
que a combinação entre desigualdade de gênero e racismo é extremamente perversa e
configura variável fundamental para compreendermos a violência letal contra a mulher
no país.
Violência contra a mulher

 Outras violências de gênero especificadas na Lei Maria da Penha (Lei


11.340/06) antecedem o desfecho fatal:
 Violência psicológica, patrimonial, física ou sexual (movimento de agravamento crescente)
 2016: 29% das mulheres brasileiras relataram ter sofrido algum tipo de
violência segundo pesquisa (DATAFOLHA/FBSP):
 Apenas 11% dessas mulheres procuraram uma delegacia da mulher.
 A pesquisa também apontou que em 43% dos casos a agressão mais grave foi no
domicílio.
 Necessidade de desenvolver ações e programas multisetoriais e
multidisciplinares > Pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher (PCSVDFMulher).
Armas de fogo

 No Brasil em 2015, 41.817 pessoas sofreram homicídio em


decorrência do uso das armas de fogo (71,9% do total de casos).
Enquanto na Europa17, por exemplo, esse índice é bastante
discrepante e encontra-se na ordem de 21%.
 A literatura internacional mostra que a proliferação da arma de fogo
representa um fator de risco para as famílias (faz aumentar o risco de
suicídios, acidentes fatais envolvendo crianças, feminicídios e
homicídios) e acarreta um aumento na taxa de homicídios na
sociedade:
 Ver o “Manifesto dos pesquisadores contra a revogação do Estatuto do
Desarmamento”
Armas de fogo

 A cada 1% no aumento da proliferação de armas de fogo faz com que a


taxa de homicídio aumente em torno de 2% nas cidades (Cerqueira, 2014):
1. mais armas disponíveis reduzem seu preço no mercado ilegal (permite o acesso ao criminoso
desorganizado, que mata depois de roubar);
2. as chances de um indivíduo armado sofrer homicídio, ao ser abordado por criminosos, aumenta;
3. muitos crimes letais (feminicídios, brigas de bar, de trânsito, conflito entre vizinhos, etc.)
acontecem num ambiente de conflito, em que o contendor com a arma de fogo na mão termina
perdendo a cabeça e matando o oponente.
Armas de fogo

 Está em curso na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 3722/12, que


visa revogar o Estatuto do Desarmamento, permitindo que até indivíduos
que respondam a processos judiciais por crimes violentos possam não
apenas ter o registro de até seis armas de fogo, mas possam portá-las
livremente no espaço público.
1. O crescimento
de homicídios
por armas de
fogo varia
conforme o
crescimento de
homicídios;
2. Diferenças
regionais:
- Estados do NO e
NE aumentaram;
- RS e MS se
particularizam;
Sites indicados

 Segurança Pública, Violência, Armas, Drogas: FÓRUM BRASILEIRO DE


SEGURANÇA PÚBLICA (http://www.forumseguranca.org.br);
 Gênero e sexualidade : Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu (https://
www.pagu.unicamp.br), Revista Estudos Feministas (https://
periodicos.ufsc.br/index.php/ref), Movimento ElesPorElas (HeForShe) de
Solidariedade da ONU Mulheres pela Igualdade de Gênero (http
://www.onumulheres.org.br/elesporelas/) e Meninas na Ciência (
https://www.ufrgs.br/meninasnaciencia/), NUPSEX - Núcleo de Pesquisa em
Sexualidade e Relações de Gênero (http://www.ufrgs.br/nupsex/crdh.html),
Instituto Papai (http://institutopapai.blogspot.com.br).

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