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O que se assiste é um aumento assustador das mortes violentas no país. Das 61.283 mortes violentas ocorridas em
2016 no Brasil, a maioria das vítimas são homens (92%), negros (74,5%) e jovens (53% entre 15 e 29 anos). As mortes
violentas no país subiram 10,2% entre 2005 e 2015. Mas, entre pessoas de 15 a 29 anos, a alta foi de 17,2%.
A violência LETAL INTENCIONAL no Brasil cresce contra negros (pretos e pardos) e regride contra não negros
(brancos, amarelos e indígenas), a taxa de homicídios de indivíduos não negros diminuiu 6,8%. No mesmo período,
a taxa entre a população negra saltou 23,1% e foi a maior registrada desde 2006. Esse quadro é ainda mais
aterrador para a juventude negra: 77% dos jovens assassinados no Brasil são negros. A cada 23 minutos, um jovem
negro é assassinado no Brasil. São 63 mortes por dia, que totalizam 23 mil vidas negras perdidas pela violência letal
por ano.
Os homicídios são reflexo da sobreposição de VUNERABILIDADES às quais esta população negra está sujeita e o
quanto a violência atravessa esses corpos de maneira generalizada. Apesar de alguns avanços conquistados,
como a Lei Maria da Penha, o número de homicídios de mulheres negras – que inclui as pretas e pardas – segue
aumentando com destaque para os feminicídios. Segundo o Atlas da Violência (2018) as mulheres negras, pobres e
que têm entre 18 e 30 anos são a maioria das vítimas de crimes contra a mulher. Em 10 anos o assassinato de
mulheres negras aumentou 15,4%, enquanto a taxa de homicídio de mulheres não negras diminuiu 8%; a taxa de
homicídios de mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras.
Esse cenário é tão alarmante que ativistas e especialistas têm denominado o fenômeno de genocídio da juventude
negra. O extermínio generalizado ou genocídio dos jovens negros é reflexo do racismo ESTRUTURAL E
INSTITUCIONAL, que coloca em xeque ideais de solidariedade e igualdade, e impacta o tipo de sociedade que
estamos construindo para as próximas gerações.
Ainda que muitas pessoas acreditem que o racismo – prática discriminatória que visa colocar grupos e/ou
indivíduos em posições de desigualdade, em virtude de aspectos físicos, como a cor da pele – se manifeste
individualmente, operando apenas nas relações interpessoais, a história demonstra que essa não é uma questão
restrita ao âmbito individual. Historicamente o povo negro vivência condições de vida muito inferiores aos de
pessoas brancas. Mesmo quando comparadas/os à parcela da população branca e pobre, em geral, es/as/os
negres/as/os e pobres se encontram em situação muito pior. Isso pode ser facilmente ilustrado por indicadores
sociais, como os que apontam que 76% da população mais pobre é negra; 79,4% de pessoas analfabetas são
negras; 62% das crianças que estão fora da escola são negras; em média a renda de negros é 40% menor que a de
brancos ( IPEA 2012).
O problema da desigualdade social no Brasil não diz respeito apenas a questões socioeconômicas, mas passam
fundamentalmente por dimensões SOCIOCULTURAIS e étnico-raciais. Para enfrentar esse problema – que tem
como consequência o extermínio de uma parcela da população (a de negras/os) – é preciso assumir que somos
uma sociedade racista e, ainda, que o racismo é praticado pelo próprio Estado. As alarmantes taxas de mortalidade
da juventude negra são resultado de uma série de outras violências sofridas por esse segmento, provocadas
principalmente pelo Estado, que não é capaz de oferecer acesso igualitário, entre negras/os e brancas/os, às
políticas sociais e aos serviços públicos. Estratégias e políticas de segurança e proteção da cidadania, por exemplo,
incidem de forma diferenciada nas populações branca e negra. Toda essa omissão contribui, ainda, para a
naturalização e a banalização dessas violações, por parte de variados setores da sociedade, resultando na
culpabilização das vítimas.
É preciso atentar para a participação dos agentes dos sistemas de justiça e de segurança pública nesse contexto.
Pesquisas mostram que são os jovens negros, especialmente os moradores das periferias, as principais vítimas de
violência policial no país: de cada 10 mortos pela polícia, sete são negros; são eles também que compõem grande
parcela da POPULAÇÃO CARCERÁRIA (38% tem de 18 a 29 anos e 60% são negros). O racismo no Brasil é estrutural
e estende-se para as práticas dos agentes das instituições públicas. Talvez as instituições policiais sejam o agente
estatal mais perverso na prática do racismo institucional: a polícia elegeu o jovem negro como o suspeito principal,
atribuindo-lhe o estereótipo de inimigo padrão da sociedade. Nas vilas, favelas e bairros periféricos é comum ouvir
depoimentos de jovens negros que desde criança foram agredidos dentro de suas comunidades com tapas e
empurrões de policiais em serviço.
Frente a esse contexto, em termos normativos, a própria CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988 traz alguns preceitos
antidiscriminatórios, entre os quais pode-se destacar o reconhecimento de que o Brasil seja um país de pluralidade
étnico-racial; o respeito ao princípio da isonomia e da não discriminação; e o que tornou o crime de racismo
inafiançável e imprescritível.
O Racismo é um crime contra a coletividade e não contra uma pessoa ou grupo específico e está previsto em LEI
ESPECÍFICA (Lei 7.716/1989). É inafiançável, imprescritível e a pena varia de um a três anos de reclusão. O crime de
Injúria Racial, especificado no artigo 140 do Código Penal, terceiro parágrafo, refere-se a ofender uma ou mais
vítimas, por meio de “elementos referentes à raça, cor, etnia, religião e origem”. É também um crime inafiançável e
prescreve em oito anos, a partir do momento da injúria. A pena de reclusão é de um a três anos, mais multa.
Foram criadas, a partir de 2003, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR e a
Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial, que é baseada, inclusive, em acordos e documentos
internacionais. Mais recentemente houve uma ampliação das POLÍTICAS AFIRMATIVAS, fruto da adoção de cotas
para pessoas negras em algumas universidades públicas e de medidas como a Lei nº 12.711, sancionada em 2012.
Em resposta a pressões da sociedade, foi criado o Plano Juventude Viva, com o objetivo de reduzir a mortalidade
de jovens, especialmente jovens negros, por meio do incremento de ações e políticas sociais específicas. No
entanto, todas essas ações têm se mostrado limitadas e insuficientes para fazer frente à gravidade do que está se
passando em todo o país. Além disso tais políticas deixaram de existir no governo de Michel Temer, representando
um grave retrocesso.
A cruel realidade é que desde 2015 o Brasil vem reduzindo os investimentos em políticas de direitos humanos. O
total de recursos federais destinado a políticas para mulheres, igualdade racial, LGBTs e direitos humanos caiu 35%
em 2016 em relação ao ano anterior. Como uma das consequências da queda, em 2016 não foi firmado nenhum
convênio novo voltado a esses segmentos. É preciso avançar com urgência e conter as mortes de jovens. Também
é necessário responsabilizar o Estado brasileiro nas cortes internacionais, a fim de definir formas de reparação e
compromissos a serem assumidos pelo país para acabar com o genocídio. Por essa razão é tão importante que o
tema ganhe cada vez mais destaque não apenas nas AGENDAS GOVERNAMENTAIS, mas também nos diversos
espaços de debate da sociedade civil nos planos nacional e internacional.
Bebeth Cris
O TEMA NA MÚSICA Oa família branca que preza pela tradição de manter
empregados negros, utilizados pelos seus “patrões” a
bel prazer. Ignora-se a personalidade do negro como
pessoa, para colocá-lo como mero possibilitador das
Gilberto Gil – A Mão da Limpeza vontades daquele que o emprega. Como, de fato, no
regime de escravidão.
Racionais MCs – Racistas Otários
O TEMA NA LITERATURA
ENTREVISTA SOBRE
O TEMA
REPERTÓRIO BÔNUS
PROPOSIÇÕES SOBRE O
TEMA
Reconhecer o fenômeno do genocídio da juventude
negra como um problema de Estado e determinar o
seu enfrentamento como uma das prioridades da
gestão pública, em âmbitos municipal, estadual e
federal, a fim de se ampliar e efetivar o grau de
eficiência e eficácia das políticas públicas;
https://juventudescontraviolencia.org.br/plataformapolitica/quem-somos/eixos-programaticos/enfrentamento-ao-
genocidio-da-juventude-negra/
https://veja.abril.com.br/entretenimento/seu-jorge-ha-uma-tentativa-de-exterminio-do-jovem-negro-brasileiro/
https://www.geledes.org.br/6-livros-sobre-racismo-que-todo-mundo-deveria-ler/?
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https://www.geledes.org.br/5-filmes-para-refletir-e-aprender-sobre-racismo/?
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https://www.pensador.com/frases_martin_luther_king_racismo/