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AMANDA E

GUSTAVO R.

Dicionário
DISCRIMINAÇÃO RACIAL
NO SISTEMA DE JUSTIÇA

PROFA. DRA. VANESSA PETRÓ


2023
SOCIOLOGIA
Introdução
No ano de 2020, aconteceram vários episódios de racismo, como a morte de George
Floyd nos Estados Unidos pelo fato de ter dado uma nota falsa de US$ 20 em
supermercado; ofensa a uma professora negra que foi acusada de furto em Curitiba;
injúria racial no meio de uma partida de futebol contra o atacante senegalês Demba
Ba. Tais acontecimentos só demonstram que o racismo estrutural ainda permeia
não só a cultura brasileira, mas a de diversos outros países.

O sistema de justiça criminal brasileiro ainda carrega fortemente a marca de uma


cultura que engloba valores coloniais e racistas, é fruto do processo histórico
brasileiro, desde a época escravagista.

Hoje vive-se em uma sociedade onde a desigualdade é fortemtene destacada. Os


direitos básicos acabam sendo privados, e a cor da pele acaba sendo o elemento
desse processo de exclusão.

Muitas pessoas julgam o negro como um indivíduo altamente perigoso, ligando


isso ao crime e pobreza. E muitos nem direito tem à se defender perante a sociedade.

Infelizmente essa estatística triste está crescendo cada vez mais, e torna-se cada vez
mais urgente uma mudança em vários setores da sociedade que tenham como
principal objetivo a luta e defesa dos direitos humanos igualitários para que eles
não sejam esquecidos.

Referência
JUSTIÇA DO TRABALHO. Representatividade negra no Sistema de Justiça é apontada como essencial
para enfrentamento do racismo. Disponível em: https://www.tst.jus.br/-/representatividade-negra-no-
sistema-de-justi%C3%A7a-%C3%A9-apontada-como-essencial-para-enfrentar-racismo-
institucional%C2%A0. Acessado em 16 out. 2023.
Discriminação Racial
Discriminação é tratar alguém diferente, excluir ou restringir. Discriminação
racial é tratar de maneira diferente pessoas com base em suas características físicas,
cor da pele. Tratar alguém com inferioridade devido a aparência da pessoa.

No sistema de justiça, a discriminação racial é amplamente reconhecida como um


problema sistêmico que precisa ser abordado para garantir igualdade de
tratamento perante a lei.

Um exemplo de discriminação racial a seguir: estudos mostram que pessoas de cor,


em especial negras, são mais propensas a serem detidas, acusadas, condenadas e
receber penas mais severas em comparação com pessoas brancas acusadas dos
mesmos crimes.

É de extrema importância o debate sobre o assunto em nossa sociedade. Para isso


temos um marco definido, o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial é
lembrado dia 3 de julho, pois foi neste dia em 1951 que foi aprovada a primeira
legislação contra o racismo no Brasil. Lei 1.390.

Referências:

NÓBREGA, Ana. Discriminação racial: o que é e como se proteger. ECYCLE. Disponível em:
https://www.ecycle.com.br/discriminacao-racial/. Acessado dia 17 out. de 2023.

JUSTIÇA DO TRABALHO. Combate à discriminação racial: racismo estrutural perpetua desigualdades.


Disponível em: https://www.tst.jus.br/-/combate-%C3%A0-discrimina%C3%A7%C3%A3o-racial-racismo-
estrutural-perpetua-desigualdades. Acessado 17 out. de 2023.

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/10/19/em-15-anos-proporcao-de-negros-nas-prisoes-
aumenta-14percent-ja-a-de-brancos-diminui-19percent-mostra-anuario-de-seguranca-publica.ghtml
Encarceramento
Segundo o dicionário on-line de português, encarceramento é ação ou efeito de
prender alguém (de maneira legal) em local destinado para esse efeito; ação ou
resultado de prender (alguém) em cárcere privado.

O encarceramento de negros atinge seu maior patamar na história brasileira. De


acordo com Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2022, 68,2% dos
encarcerados são negros. Demonstrando um grande crescimento nestes números nos
últimos anos. O que evidencia o racismo estrutural.

Já nos Estados Unidos esses indicadores são maiores. Segundo reportagem da CNN
“Negros são quase cinco vezes mais encarcerados em prisões estaduais pelo sistema de
justiça americano que brancos”. Triste realidade em um país democrático que preza a
liberdade.

Ainda sobre o encarceramento, podemos dizer que a maior parte das penitenciárias
estão superlotadas, tornando o ambiente insalubres, comprometendo a sanidade física
e mental dos detentos.

Referências

AGÊNCIA BRASIL. População negra encarcerada atinge maior patamar da série histórica. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-07/populacao-negra-encarcerada-atinge-maior-patamar-da-
serie-historica. Acessado em 19 de out. de 2023.

CARREGA, Christina. CNN. EUA prendem cinco vezes mais negros que brancos em prisões estaduais. Disponível
em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/eua-prendem-cinco-vezes-mais-negros-que-brancos-em-prisoes-
estaduais/. Acessado 19 out. de 2023.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. O encarceramento tem cor, diz especialista. Disponível em:
https://www.cnj.jus.br/o-encarceramento-tem-cor-diz-especialista/. Acessado em 19 de out. de 2023.

DICIONÁRIO ON LINE DE PORTUGUÊS. Disponível em: https://www.dicio.com.br/encarceramento/. Acessado


em 19 de out. de 2023.
Injúria Racial
Injúria racial consiste em ofender a honra de uma pessoa, fazendo referência a cor,
raça, religião, origem e etnia. Geralmente está associado ao uso de palavras que
insultam, ofendem, agridem alguém. Um exemplo que vem acontecendo com
frequência são os jogos de futebol no Brasil e outras partes do mundo, onde jogadores
de raça negra são chamados de “macacos”.

O artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal, estabelece a pena de reclusão de dois a
cinco anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometer
injúria racial.

Antes de 5 de janeiro de 1989, no Brasil discriminar as pessoas por causa da cor da


pele era socialmente aceito e, aos olhos da Justiça, era apenas um “crime menor”
(punido com multa ou prisão simples) . Entretanto, nessa data, foi assinada a Lei de
n. 7.716, que define os crimes de racismo e injúria racial. A Lei determina a punição
para "os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional”.

No início do ano de 2023 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº
14.532/2023, que equipara a injúria racial ao crime de racismo.

Referências

SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. Lei que tipifica injúria racial como crime de racismo entra em
vigor. Disponível em https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2023/01/lei-que-tipifica-injuria-racial-
como-crime-de-racismo-entra-em-vigor. Acessado dia 18 out. de 2023.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Conheça a diferença de injúria racial e racismo. Disponível em:
https://www.cnj.jus.br/conheca-a-diferenca-entre-racismo-e-injuria-racial/. Acessado dia 18 de out. de 2023.

https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-racismo-estrutural-no-sistema-penal-brasileiro/1380240351
Negras e negros no Poder Judiciário

A população negra enfrenta uma desvantagem significativa ao competir por vagas em


carreiras públicas, devido ao contexto histórico de longa data de desigualdade e
opressão que persiste desde a abolição da escravatura até os dias de hoje. No entanto,
ao longo dos anos, houve esforços para promover a diversidade e a inclusão no
sistema de justiça.

Um levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aponta que 14,5% dos


magistrados do Judiciário brasileiros são negros. A ministra Rosa Weber, presidente
do Supremo Tribunal Federal (STF) e do CNJ, afirmou que a desigualdade entre
negros e brancos nos tribunais reflete uma sociedade violenta e discriminatória.

Ter uma representação mais diversa no Poder Judiciário é muito importante, pois
pode garantir, que as perspectivas e experiências de todas as comunidades sejam
consideradas no processo de tomada de decisões judiciais.

HOLANDA, Rafael. G1 Política. Número de negros magistrados no Judiciário é de 14,5%, aponta levantamento do
CNJ. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/09/04/numero-de-negros-no-judiciario-e-de-
145percent-aponta-levantamento-do-cnj.ghtml. Acessado em 19 de out. de 2023.

https://www.cnj.jus.br/com-apenas-17-de-juizes-e-juizas-pretos-equidade-racial-segue-distante-na-justica-
brasileira/#:~:text=De%20acordo%20com%20o%20mais,maior%3A%2012%2C8%25.
Racismo Sistêmico
Racismo sistêmico também pode ser chamado de racismo estrutural, é o processo em
que se reproduzem condições sociais que atribuem vantagens e desvantagens para
pessoas pertencentes a grupos racializados. Vantagens econômicas e políticas
dependem de sua identidade racial.

Bonilla-Silva explicou o “racismo sistêmico” ou “racismo estrutural” – conceito que


se aplica a sociedades nas quais as recompensas econômicas, sociais e até mesmo
psicológicas são fortemente proporcionadas pela raça, favorecendo a raça branca
dominante e desfavorecendo as raças subordinadas.

O racismo não é apenas uma questão de atitudes individuais, mas está incorporado
nas próprias estruturas do sistema de justiça. As desigualdades evidentes na forma
como diferentes grupos raciais são tratados pelo sistema de justiça, a polícia e outros
órgãos de aplicação da lei muitas vezes fazem perfis raciais, a falta de
representatividade de pessoas negras/indígenas em cargos do sistema de justiça (como
juízes, promotores, defensores públicos), são exemplos de racismo no ambiente
judicial.

Na Constituição Federal do Brasil de 1988 diz em seu artigo 5: Todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito a vida, à igualdade, a
segurança e a propriedade (...)

Referências
AGÊNCIA FAPESP. Escalada de violência racial convive com racismo sistêmico, mais sutil e silencioso, dizem
especialistas. Disponível em: https://agencia.fapesp.br/escalada-de-violencia-racial-convive-com-racismo-sistemico-
mais-sutil-e-silencioso-dizem-especialistas/39853. Acessado em 18 out. de 2023.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidente da
República. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acessado em 18
out. de 2023.
Sistema Penal Brasileiro
O sistema de punição do governo brasileiro, é frequentemente criticado pela sua
desigualdade racial. Dados revelam que a maioria da população carcerária é negra
(isso não reflete necessariamente uma maior propensão ao crime, mas sim evidencia o
impacto do racismo no sistema de justiça criminal brasileiro).

Abordagens violentas e equivocadas, prisões ilegais e sentenças judiciais controversas


demonstram que o sistema de justiça brasileiro não é totalmente neutro em relação às
questões raciais.

O sistema de justiça criminal pode rotular injustamente grupos específicos como a


população negra, o que constribui para desigualdades no tratamento e na aplicação
das leis.

Referências

CRIMINOLOGIA, VIOLENCIA E CONTROLE SOCIAL. Disponivel em: criola.org.br/wp-


content/uploads/2023/07/Criminologia-violência-e-controle-social.pdf. Acessado em 19 out. de 2023.

https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-racismo-estrutural-no-sistema-penal-brasileiro/1380240351
Violência Policial
A violência policial é uma grande manifestação do racismo estrutural contra as
populações negras . Em dados mostram que 7 em cada 10 mortos ou feridos em
abordagens da polícia são negros.

Envolve o tratamento injusto ou violento direcionado a indivíduos com base em sua


raça, cor ou origem étnica por parte de policiais. Isso pode incluir o uso excessivo de
força, brutalidade policial e até homicídios, que são motivados pelo preconceito
racial. A violência policial racista é uma expressão do racismo situacional, onde o
sistema de justiça criminal tende a tratar as pessoas de maneira desigual com base em
sua raça, contribuindo para as desigualdades raciais na aplicação da lei e na sociedade
em geral.

“Historicamente, há uma consolidação de uma certa permissividade do abuso das


polícias pelo Poder Público”, explica o pesquisador do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, Dennis Pacheco.

Referências

AGÊNCIA BRASIL. Violência policial é expressão do racismo em diversas partes do mundo. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-03/violencia-policial-e-expressao-do-racismo-em-diversas-
partes-do-mundo. Acessado em 18 out. de 2023.

RACISMO E AS VIOLÊNCIAS POLICIAIS. Disponível em: https://lebresilresiste.org/racismo-e-as-


violenciaspoliciais/#:~:text=O%20perfil%20das%20v%C3%ADtimas%20mostra,particularmente%20visados%
20por%20esta%20viol%C3%AAncia. Acessado em 18 out. de 2023.
Conclusão
Após a pesquisa e a análise dos verbetes anteriores, podemos concluir que muito ainda
temos para evoluir para repreender a discriminação racial. Apesar das injustiças que a
população negra enfrenta em seu dia a dia, muitas vezes em meio ao sistema de justiça,
que deveria agir de forma imparcial, encontramos situações constrangedoras que
evidenciam um sistema preconceituoso e discriminatório.

O trabalho foi muito importante e permitiu desenvolver uma reflexão para o combate
da discriminação em todas as instâncias. Muitas vezes base da violência e disseminação
do ódio.

A busca por mais transparência nos processos e julgamentos deve ser incansável. Só
assim poderemos construir uma sociedade mais justa, respeitosa com equidade. E
quem sabe, dessa forma diminuir as estatísticas apresentadas ao longo do trabalho.

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