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Filósofa, escritora e ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro,

Aparecida Sueli Carneiro Jacoel nasceu em São Paulo em 1950. É Doutora em Filosofia
pela USP e fundadora do GELEDÉS – Instituto da Mulher Negra, sendo considerada uma
das mais relevantes pensadoras do feminismo negro no Brasil e das cotas raciais nas
universidades brasileiras. Tendo mais de 150 artigos publicados e 17 livros com
relação aos temas, entre eles Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil e Mulher, a
autora é apontada como porta voz de uma geração.

Sua obra é de grande relevância na vida cultural e social do país, tendo gerado
impactos nas ciências jurídicas, por perpassar a militância de raça e gênero, isso
lhe atribuiu prêmios como o Prêmio Itaú Cultural em 2017, Prêmio Direitos Humanos
da República Francesa e Prêmio Bertha Lutz (2003).

Em 1988, a autora fundou o GELEDÉS – Instituto da Mulher Negra, primeira


organização negra e feminista independente de São Paulo. Meses depois, foi
convidada para integrar o Conselho Nacional da Condição Feminina, em Brasília.
Criou o único programa brasileiro de orientação na área de saúde específico para
mulheres negras, onde semanalmente mais de trinta integrantes são atendidas por
psicólogos e assistentes sociais e participam de palestras sobre sexualidade,
contracepção, saúde física e mental na sede do Instituto.

Enquanto ativista lutou em São Paulo contra o regime cívico-empresarial-militar,


tendo sida fichada no DOPS (O Dops foi um braço da ditadura militar, compondo uma
rede integrada de repressão contra os chamados "inimigos do regime". Além de agir
como um órgão punitivo, também fichava as pessoas com a missão de identificar
suspeitos de conspirarem contra a ditadura.) e participado da organização de atos
bem como da fundação do Movimento Negro Unificado, em 1978.

Em 2009, Sueli Carneiro produziu o estudo “Mulheres negras e poder: um ensaio sobre
a ausência”, como forma de denúncia da hegemonia masculina e branca nas diferentes
esferas de poder. A autora não tratava apenas da ausência pela baixa representação,
falava sobre aquelas mulheres negras que, mesmo presentes na institucionalidade,
foram prejudicadas por questões advindas das discriminações de raça e de gênero.

Sueli Carneiro se vale do conceito de “epistemicídio”, cunhado pelo sociólogo


Boaventura de Souza Santos, para abordar a tentativa de apagamento dos saberes dos
povos colonizados, com ênfase nas mulheres negras, por serem parte do segmento mais
oprimido desses povos.

"É o fenômeno que ocorre pelo rebaixamento da auto-estima que o racismo e a


discriminação provocam no cotidiano escolar; pela negação aos negros da condição de
sujeitos de conhecimento, por meio da desvalorização, negação ou ocultamento das
contribuições do Continente Africano e da diáspora africana ao patrimônio cultural
da humanidade; pela imposição do embranquecimento cultural e pela produção do
fracasso e evasão escolar. A esses processos denominamos epistemicídio"

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