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INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA

CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE


PRAÇAS

Disciplina: Relações raciais e de gênero

Carga horária: 30/h

Ementa: “CONCEITOS PRELIMINARES (raça, racismo, etnia, preconceito,

povos e comunidades tradicionais, discriminação racial, racismo institucional)

RELAÇÕES RACIAIS E SEGURANÇA PÚBLICA(contexto histórico, razões,

práticas, consequências) DIVERSIDADE E RESPEITO RELIGIOSO”.


O Xadrez das Cores

https://www.youtube.com/watch?v=NavkKM7w-cc
OBJETIVOS DA DISCIPINA

➢ Apresentar ao Policial Militar em formação uma visão ampla sobre o


seu papel em uma sociedade plural;

➢ Aproximar os policiais militares em formação de conceitos e


discussões fundamentais para a compreensão dos problemas sociais;

➢ Debater de forma crítica a relação dos policiais militares com a


comunidade em que está inserido;

➢ Fomentar a discussão sobre identidade étnico-racial e de gênero.


Fig.1 Fig.2
Fig.3 Fig.4
Fig.2
Fig.1
História do racismo no Brasil
➢ 1837 – Primeira lei de educação: negros não podem ir à

escola.

➢ 1850 - Lei Eusébio de Queirós;

➢ 1850 – Lei de terras: negros não podem ser proprietários;

➢ 1871 – Lei do Ventre Livre;

➢ 1885 – Lei do Sexagenário;

➢ 1888 – Lei Aurea;

➢ 1890 – Lei dos vadios e capoeiras;

➢ 1968 – Lei do Boi – (1ª lei de cotas! Escolas superiores de

Agricultura e Veterinária, mantidos pela União)


A Redenção de Cam" (1895), de Modesto Brocos
Lilia Moritz Schwarcz - Professora do Departamento de Antropologia da USP, ... e
autora de vários livros na área de antropologia e história.

https://www.youtube.com/watch?v=RS7OGC8fZBo
PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO

O preconceito decorre de uma opinião ou um conceito formado por


antecipação, geralmente com precipitação, destituído de análise mais profunda
ou conhecimento de determinado assunto, sem levar em consideração os
argumentos contrários e favoráveis, ou seja, sem a devida reflexão.

A discriminação pode ser considerada como uma consequência do


preconceito, podendo levar a negação dos direitos de uma pessoa com
base em critérios estabelecidos por conceitos pré-estabelecido.
Racismo:

“Racismo consiste em um fenômeno histórico cujo substrato ideológico


preconiza a hierarquização dos grupos humanos com base na etnicidade.
Diferenças culturais ou fenotípicas são utilizadas como justificações para
atribuir desníveis intelectuais e morais a grupos humanos específicos”.
Relatório do Comitê Nacional para a Preparação da Participação
Brasileira na III Conferência Mundial das Nações Unidas Contra o
Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata.

Racismo é uma forma sistemática de discriminação que tem a raça como


fundamento, e que se manifesta por meio de práticas conscientes ou
inconscientes que culminam em desvantagens ou privilégios para
indivíduos,a depender do grupo racial ao qual pertençam.

Almeida, Silvio Luiz 2019


ETNIA

Qualquer agregado de pessoas que podem ser identificadas


como pertencentes a um grupo; pessoas que possuem os
mesmos ancestrais, ou compartilham com as mesmas
crenças ou valores, mesma linguagem ou qualquer outro
traço social ou cultural.
A definição clássica de etnocentrismo é considerar a própria
cultura como superior ou, no limite, a única válida.
1988 – Nasce nossa ATUAL CONSTITUIÇÃO

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do


Brasil:

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,


cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações


internacionais pelos seguintes princípios:

V - igualdade entre os Estados;


VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos


desta Constituição;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado


o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa


nas entidades civis e militares de internação coletiva;

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,


sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
Racismo estrutural
Racismo estrutural

O racismo estrutural mantém uma linha tênue e, muitas


vezes, de difícil percepção entre negros e brancos. Ele exclui,
mas não se mostra como excludente. O racismo estrutural
está tão preso às estruturas de nossa sociedade que passa
desapercebido pela maioria das pessoas.
Fonte: Agência Senado

As estatísticas não deixam dúvidas. O Brasil é, sim, um país racista. As posições


subalternas da sociedade são, na maioria, ocupadas por negros e indígenas. Eles
são as vítimas preferenciais da pobreza e da violência. Os brancos, no extremo
oposto, dominam o topo da pirâmide social. Trata-se de uma realidade que
começou a ser construída nos primórdios da colonização europeia, quando
foram instituídas a escravidão indígena e a negra. Os indígenas deixariam de
ser escravos oficialmente na década de 1750, na Colônia. Os negros, em 1888,
no Império. Ambos os grupos conseguiram sair da escravidão, mas não
puderam ingressar na cidadania plena. Libertos do cativeiro, não ganharam
terra, trabalho ou educação. Privados historicamente desses instrumentos
básicos de ascensão social, os negros e os indígenas até hoje não concorrem
em condições de igualdade com os brancos. Veja, a seguir, estatísticas do
racismo que compõe as estruturas da sociedade brasileira.

https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2020/01/racismo-em-pauta-2014-racismo-estrutural-mantem-negros-e-indigenas-a-
margem-da-sociedade Acessado em 10/04/2022
O racismo em números
Fonte: Agência Senado
O racismo em números
Fonte: Agência Senado
O racismo em números
Fonte: Agência Senado
O racismo em números
Fonte: Agência Senado
O racismo em números
Fonte: Agência Senado
O racismo em números
Fonte: Agência Senado
O racismo em números
Fonte: Agência Senado
O racismo em números
Fonte: Agência Senado
O racismo em números
Fonte: Agência Senado
O racismo em números
Fonte: Agência Senado
O racismo em números
Fonte: Agência Senado
81% veem racismo no Brasil, mas só 34% admitem preconceito contra
negros.

Os dados mostram que continua válida a frase cunhada


pelo sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995) nos anos
1960: “O brasileiro não evita, mas tem vergonha de ter
preconceito”.

O levantamento resultou no livro “Racismo Cordial”.


ATIVIDADE TEÓRICO PRÁTICA

A guarnição comandada pelo (a) Sgt PM Atitude, patrulhava o bairro da


Barra cidade de Salvador. Em um dado momento, foi acionada por um
rapaz alegando o seguinte: “ Senhor, o segurança daquela loja ali na frete
está impedindo uma jovem negra trajando uniforme de uma escola
particular de sair do estabelecimento comercial, alegando que a mesma
roubou um caderno, embora ela já tenha exibido a nota fiscal”.
Ao chegar na loja, Atitude recebe a informação de que a garota esta com
dois cadernos e a nota só registra um e que a mesma alega ter comprado o
caderno que estava na mochila na semana passada.

Como o (a) Sgt PM Você procederia nessa situação?


PENSE UM POUCO MAIS!

Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença


nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando
a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade
de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma
diferença que não produza, alimente ou reproduza as
desigualdades.

Boaventura de Souza Santos


PENSE UM POUCO MAIS!

Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença


nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando
a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade
de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma
diferença que não produza, alimente ou reproduza as
desigualdades.

Boaventura de Souza Santos


RAÇA; UM CONCEITO POLÍTICO

➢Se apresenta de forma complexa.

➢Foi difundido a partir de características biológicas.

➢No Brasil é camuflado pelo mito da democracia racial.

➢Racismo reverso
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição
da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Centro Gráfico, 1988.
DE ALMEIDA, Silvio Luiz. O que é racismo
estrutural?. Belo Horizonte: Letramento, 2019.
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA (MJ). Relatório do
Comitê Nacional para a Preparação da
Participação Brasileira na III Conferência Mundial
das Nações Unidas Contra o Racismo,
Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância
Correlata. Ministério da Justiça. Brasília:
MJ/SEDH, 2001.

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