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POLÍCIA MILITAR DA BAHIA


COMANDO DE POLICIAMENTO DA REGIÃO LESTE
67ª COMPANHIA INDEPENDENTE DE POLICIA MILITAR

ASPECTOS JURÍDICOS DA ABORDAGEM POLICIAL

PMBA, uma Força a serviço do cidadão!

Por determinação do Ten Cel PM José Hildon Brandão Lobão, Comandante da 67ª CIPM, e com base

no Manual Básico de Abordagem Policial da Polícia Militar do Estado da Bahia, publicado no ano de 2018,

este material foi elaborado no sentido de servir de suporte para que os policiais militares da 67ª CIPM

possam desenvolver as atividades inerentes ao serviço da Operação Carnaval 2023, podendo servir-lhes

como meio de consulta e/ou de atualização de conhecimentos sobre aspectos jurídicos importantes e

inerentes à realização do policiamento ostensivo, particularmente no tocante à abordagem policial.

Inicialmente, é importante apresentar como está previsto na Constituição Federal de 1988 o exercício da

Segurança Pública pelos órgãos que integram o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), incluindo-se

aí a Polícia Militar, conforme se vê abaixo:

“Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade


de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio (...).
[...]

§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da

ordem pública (...)”

Depreende-se do texto constitucional supracitado que a preservação da ordem pública, proteção das

pessoas e do patrimônio, apesar de ser responsabilidade de todos, antes de tudo, é dever do Estado,

conforme preceito da Carta Magna brasileira, em seu artigo 144, dentro dessa vertente, a polícia ostensiva

possui importante papel na dissuasão e repressão imediata do delito. Por conta disso, para desempenhar essa

atividade, a polícia faz uso do dever-poder de polícia em virtude da necessidade de limitar direitos
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individuais, dentro da necessidade, proporcionalidade e eficácia, em benefício do interesse público. Extrai-se

como importante instrumento desse dever a abordagem policial.

Nesse contexto, essa atividade policial que impacta, momentaneamente e pontualmente, visando a

manutenção da ordem pública, é baseada na natureza de ato administrativo, com vistas a dar contornos de

legalidade nessa atuação. O agente de Segurança Pública deverá agir dentro da lei, sempre, alinhando o

propósito de tutelar a dignidade da pessoa humana.

Nessa ótica, para melhor entender esse embasamento jurídico, apresenta-se o QUADRO RESUMO,

abaixo, da legislação básica pertinente, em especial, à abordagem policial:

LEGISLAÇÃO ARTIGO TIPIFICAÇÃO DESCRIÇÃO

Ninguém será preso senão em flagrante delito


ou por ordem escrita e fundamentada de
Constituição Aspectos da
5º- LXI autoridade judiciária competente, salvo nos
Federal Prisão
casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei.

Proceder-se-á à busca pessoal quando houver


Busca Pessoal
Código de Processo fundada suspeita de que alguém oculte consigo,
240- §2º (Fundada
Penal por exemplo, arma proibida ou objetos
Suspeita)
relacionados à prática de infração penal.

Proceder-se-á à revista, quando houver


fundada suspeita de que alguém oculte consigo:
Código de Processo Abordagem a) Instrumento ou produto do crime; b)
181
Penal Militar Repressiva Elemento de prova), ou mesmo em decorrência
de uma prisão em flagrante ou resultante de
mandado judicial).

A busca pessoal independerá de mandado, no


caso de prisão ou quando houver fundada
suspeita de que a pessoa esteja na posse de
Código de Processo Busca Pessoal e
244 arma proibida ou de objetos ou papéis que
Penal Busca Domiciliar
constituam corpo de delito, ou quando a
medida for determinada no curso de busca
domiciliar.
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Recusar à autoridade, quando por esta,


Lei das justificadamente solicitados ou exigidos, dados
Contravenções 68 Recusa de dados ou indicações concernentes à própria
Penais identidade, estado, profissão, domicílio e
residência.

A busca em mulher será feita por outra mulher


Código de Processo Busca Pessoal
249 se não importar retardamento ou prejuízo da
Penal em Mulher
diligência.

Não será permitido o emprego da força, salvo a


Código de Processo Emprego da
284 indispensável no caso de resistência ou de
Penal Força
tentativa de fuga do preso.

Se houver, ainda que por parte de terceiros,


resistência à prisão em flagrante ou à
determinada por autoridade competente, o
Código de Processo Emprego da executor e as pessoas que o auxiliam poderão
292
Penal Força usar dos meios necessários para se defender ou
para vencer a resistência, do que tudo se
lavrará auto subscrito também por duas
testemunhas.

O emprego da força só é permitido quando


indispensável, no caso de desobediência,
resistência ou tentativa de fuga. Se houver
resistência da parte de terceiros, poderão ser
Código de Processo Emprego da
234 usados os meios necessários para vencê-la ou
Penal Militar Força
para defesa do executor e seus auxiliares,
inclusive a prisão do ofensor. De tudo se
lavrará auto subscrito pelo executor e por duas
testemunhas.

Só é lícito o uso de algemas em caso de


resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia,
por parte do preso ou de terceiros, justificada a
Súmula Vinculante Emprego de
xxxxxxxxxxxxx excepcionalidade por escrito, sob pena de
nº 11 do STF Algemas
responsabilidade disciplinar civil e penal do
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão
ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
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O adolescente a quem se atribua autoria de ato


infracional não poderá ser conduzido ou
Estatuto da Aspecto jurídico transportado em compartimento fechado de
Criança e do 178 relacionado ao veículo policial, em condições atentatórias à sua
Adolescente menor dignidade, ou que impliquem risco à sua
integridade física ou mental, sob pena de
responsabilidade.

Constitui abuso de autoridade qualquer


atentado a: liberdade de locomoção;
inviolabilidade do domicilio; sigilo da
correspondência; liberdade de consciência e de
Lei de Abuso de Abuso de crença; livre exercício do culto religioso;
xxxxxxxxxxxxx
Autoridade Autoridade liberdade de associação; direitos e garantias
asseguradas ao exercício de voto; direito de
reunião; incolumidade física do indivíduo;
direitos e garantias asseguradas ao exercício
profissional.

Constitui outros crimes de abuso de autoridade


como ordenar ou executar medida privativa da
liberdade individual, sem formalidades e com
abuso; submeter pessoa sob guarda ou custódia
Lei de Abuso de Abuso de
xxxxxxxxxxxxx a vexame ou a constrangimento não autorizado
Autoridade Autoridade
em lei e ato lesivo da honra ou patrimônio de
pessoa natural ou jurídica, quando praticado
com abuso ou desvio de poder, ou sem
competência legal.

Ademais, para fins didáticos, a abordagem policial está classificada em duas espécies: Repressiva e

Preventiva.

A Abordagem Policial Repressiva é aquela que resulta de prisão em flagrante delito ou por ordem

judicial, ou mesmo em decorrência de situação de “fundada suspeita”, à luz do que estabelece o art. 244, do

Código de Processo Penal (CPP):

“A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando

houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na pose de arma proibida ou

de objetos ou papeis que ou quando a medida for determinada no curso da

busca domiciliar”.
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Essa modalidade de abordagem, exceto no que diz respeito à noção de fundada suspeita, geralmente,

não causa grandes entreveros jurídicos, pois retrata uma situação em que há uma imperiosa necessidade de

atuação estatal.

A Abordagem Policial Preventiva é aquela que deriva do exercício do Poder de Polícia, cujo

conceito está disposto no art. 78 do Código Tributário Nacional (CTN):

“Considera-se poder de polícia a atividade da Administração Pública que,

limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de

ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à

segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do

mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou

autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à

propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.”

Esta, por sua vez, tem que ser entendida pela sociedade como uma atribuição da Polícia Ostensiva,

que tem caráter de atuação preventiva, no sentido de se utilizar dos meios disponíveis para dissuadir a

vontade de delinquir dos infratores da lei.

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