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• O racismo no Brasil é conformado por mais de três séculos de escravidão e por teorias racialistas que
fizeram parte da construção da identidade nacional. Após a abolição, a ausência do Estado na integração
da população negra por meio do fornecimento de condições materiais e políticas para sua participação em
uma sociedade livre garantiu a sobrevivência e ressignificação da mentalidade e prática escravocrata nas
estruturas da república.Segundo Joaquim Nabuco:
• "O nosso caráter, temperamento, a nossa moral acham-se terrivelmente afetados
pelas influências com que a escravidão passou 300 anos a permear a sociedade brasileira (...) enquanto
essa obra não estiver concluída, o abolicionismo terá sempre razão de ser".
• O racismo é o ato de discriminar, isto é, fazer distinção de uma pessoa ou grupo por associar suas
características físicas e étnicas a estigmas, estereótipos, preconceitos. Essa distinção implica um
tratamento diferenciado, que resulta em exclusão, segregação, opressão, acontecendo em diversos níveis,
como o espacial, cultural, social. Conforme definição do Artigo 1º do Estatuto da Igualdade Racial:
• “Discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou
preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular
ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e
liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da
vida pública ou privada”.
Entre 1501 e 1870, mais de 12,5 milhões de
africanos foram raptados, vendidos como
escravos e transportados para o continente
americano. Desses, 1 em cada 4 eram
enviados para o Brasil, cerca de 4,8 milhões
até a segunda metade do século XIX. Cerca
de 20%, 1,8 milhão de pessoas, não
chegaram ao destino – morreram de
escorbuto, varíola, sarampo, sífilis,
disenteria ou mesmo pela brutalidade dos
traficantes.
Alguns africanos suicidavam-
se pulando em alto-mar, e os
que sobreviviam à travessia,
que podia durar meses,
chegavam às novas terras
debilitados, subnutridos,
doentes, machucados e, por
vezes, cegos devido a
infecções oculares.
O registro de desembarque oficial de
escravizados no Brasil data de 1530,
quando a produção de cana-de-açúcar
começava a despontar. O auge do
tráfico negreiro no Brasil ocorreu entre
1800 e 1850. A maior parte dos negros
que aqui desembarcavam era
proveniente de Angola, Congo,
Moçambique e Golfo do Benim.
As condições precárias de
higiene, alimentação e descanso,
as jornadas exaustivas e os cruéis
castigos físicos a que eram
submetidos restringiam
a expectativa de vida dos
escravizados a uma média
de 25 anos.
1.2 Racismo estrutural no Brasil
• O racismo estrutural permeia todas as esferas da vida social, na cultura, nas instituições,
na política, no mercado de trabalho, na formação educacional. É o resultado secular de
um país assentado em bases escravocratas, influenciado por dogmas racialistas e que
não buscou integrar a população de ex-escravizados em seu sistema formal, relegando-os
à marginalidade e culpabilizando-os pelas consequências nefastas desse abandono
proposital. Pode parecer algo longínquo, mas a escravidão foi abolida há apenas 131
anos, e a desigualdade racial provocada por ela e pela transição incompleta para a
liberdade, posto que não proporcionou meios para a autonomia, são perceptíveis no
Brasil de hoje.O Estatuto da Igualdade Racial define desigualdade racial como :
• “toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens,
serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor,
descendência ou origem nacional ou étnica”.
•
1.3 Lei antirracismo no Brasil
• Desde a Proclamação da República, uma das primeiras medidas legais cuja
aplicabilidade poderia em tese enquadrar situações de racismo consta do
Código Penal Brasileiro, cujo Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940, no artigo 140, tipifica a injúria como crime.
• Nas modificações que sofreu posteriormente, ela passou a tipificar a injúria
racial. Em 3 de julho de 1951, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº 1.390,
que ficou conhecida como Lei Afonso Arinos, a qual criminalizava a
discriminação por raça ou cor.
• A Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956, em seu artigo 1º, tipifica como
“homicídio qualificado os casos em que haja intenção de matar grupo
nacional, étnico, racial ou religioso”, com pena de 12 a 30 anos de reclusão.
A incitação pública ao crime contra esses grupos também é criminalizada
no artigo 3º. Em 1990, na Lei nº 8.072, que dispõe sobre crimes hediondos,
o crime de genocídio previsto na Lei nº 2.889 é qualificado como tal.
O Estatuto da Igualdade Racial, além de atualizar e ampliar o alcance das leis antirracistas anteriores, tem uma
dimensão propositiva de embasar juridicamente políticas públicas direcionadas a diminuir as desigualdades raciais
no acesso a bens, serviços e oportunidades. Nesse escopo estão as ações afirmativas, como a Lei de Cotas, Lei nº
12.711/2012, que reserva vagas nos cursos de graduação das universidades federais para estudantes de escolas
públicas, negros, indígenas e quilombolas, e a Lei nº 12.990/14, que estabelece cotas para negros e pardos em
concursos federais. É importante ressaltar que, além da promulgação da legislação antirracista, é primordial que
haja a promoção de sua efetividade.
2.1 Racismo e o Preconceito dentro da Sociedade
• Agressão em shopping
• Também nesta sexta-feira foi registrado o
caso de agressão contra um jovem,
possivelmente por motivação racial, num
shopping na Ilha do Governador, no Rio de
Janeiro. O também entregador Matheus
Fernandes, de 18 anos, denunciou que foi
agredido e ameaçado por dois homens no
Ilha Plaza Shopping, nessa quinta (6),
quando foi trocar um relógio que havia
comprado para o Dia dos Pais. A mãe do
jovem não escondeu a revolta.
Desacato no Ceresp