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ROTEIRO TRABALHO INTERDISCIPLINAR

Grupo: Aline Oliveira, Ana Clara Gontijo, Ana Cláudia Duque, Isabella Lúcia, Giovanna
Nogueira, Rosália Caputo e Sâmilla Murta – turma 2DIB

2 – Pena de Morte e Redução da Criminalidade

TÓPICO 1: motivos pelos quais adotam a pena de morte

 Por que alguns países adotam a pena de morte?

 Eliminação de um indivíduo criminoso na sociedade, que representa


perigo ao convívio social:

As pessoas que defendem essa ideia, agem em desconformidade aos Direitos


Humanos, que são contrários a aplicação dessa pena, já que nessa vertente, a
vida humana deve ser respeitada em quaisquer circunstâncias. Os defensores
da pena de morte, acreditam que ao defender a existência de criminosos,
coloca-se em risco a vida das demais pessoas da sociedade. Defender a vida
de indivíduos como esses, corresponde ao sacrifício de inocentes.

 Evitaria a superlotação de presídios e a sociedade não precisaria pagar


pela manutenção de um criminoso:

Nesse aspecto, os defensores da pena de morte utilizam como argumento que


os custos de um indivíduo encarcerado são altamente onerosos aos cofres
públicos. Os custos são destinados a uma falida estrutura prisional, uma vez
que, este local não possibilita uma possível ressocialização do preso, o que
acaba por submetê-lo a condições desumanas.

 Seria uma forma de abolir o sistema prisional:


Devido a uma possível eliminação das prisões, seria necessária uma
reformulação do sistema prisional, já que por unanimidade dos especialistas do
Direito, o sistema carcerário não garante a ressocialização de seus presos, por
alimentar a criminalidade organizada. Portanto, os adeptos da pena de morte
consideram melhor eliminar esses indivíduos, do que os reinserir mais violentos
ao convívio social.
TÓPICO 2: Direito Penal simbólico e contexto internacional

 Introdução à pena de morte


 A pena de morte se instaurou nos primórdios da vida humana, onde
comunidades tribais primitivas a utilizavam a fim de vingar afrontas contra
famílias devido à ausência do cárcere. Contudo, com o desenvolvimento das
sociedades, as penas de reparação passaram a ser aplicadas contra as
infrações penais.

 Pena de morte no Brasil


 No período Colonial, adotava-se o regime da pena de morte para os crimes
comuns, tendo seu fim com a Constituição de 1891.
 Constituição de 1937: voltou a instituir a pena de morte para os casos de
crimes militares e contra a segurança do Estado.
 A lei de Segurança Nacional de 1969: durante o período de regime militar e
da instauração do AI-5, previu pena de morte para “inimigos do regime” que
matassem alguém ou atentassem contra o governo que vigorava.
 Atualmente: Constituição Federal de 1988 (artigo 5º, inciso XLVII), aboliu a
pena de morte para todos os crimes não militares, onde a única exceção
seria em caso de guerra declarada (artigo 84, inciso XIX).
 Signatário do Protocolo da Convenção Americana de Direitos Humanos Para
a Abolição da Pena de Morte

 A pena de morte e o direito penal simbólico


 No direito penal simbólico, o descompasso entre os efeitos que se pretendia
produzir e aqueles de fato produzidos, acaba por gerar leis que embora mais
severas, se tornam inócuas.
 Dessa forma, o que acontece no direito penal simbólico é que “embora o
legislador apresente uma suposta resposta de forma rápida, não há a
verificação da eficiência da possível norma” (MARTELLO, 2019, p. 21). O
mesmo é suscetível de acontecer com a acepção da pena de morte, já que
é possível inferir estatisticamente a ausência de resultados expressivos
como a redução da criminalidade nos países que a aderem.
 “Porque mais cruéis e talvez mais numerosas do que as violências produzidas
pelos delitos têm sido as produzidas pelas penas e porque, enquanto o delito
costuma ser uma violência ocasional e às vezes impulsiva e necessária, a
violência imposta por meio da pena é sempre programada, consciente,
organizada por muitos contra um” (FERRAJOLI, 2014, p. 355).
 A pena de morte no contexto internacional
 Em 2018, segundo a Anistia Internacional, os Estados Unidos se mantiveram
como o único país que adota a pena de morte nas Américas, ainda que com
redução nas execuções. Entretanto, 88,2% dos 67 renomados especialistas
entrevistados pela Universidade de Northwestern não admitem relações entre
a pena capital e a redução da criminalidade. É inegável, ademais, a taxa de
homicídio 2 a 4 vezes maior dos EUA, que retornou com tal punição em 1976,
em comparação aos países da Europa Ocidental que aboliram a prática.

TÓPICO 3: erro na condenação e desigualdade prisional

 A pena de morte e as prisões injustas de delitos inocentes


 No Brasil, como demonstra o documentário “Sem Pena”, muitas pessoas são
presas diariamente de forma injusta por falhas do sistema judiciário e do
processo de julgamento.
 Muitas vezes, como nos diz Zaffaroni, o público, com certo apoio da mídia,
não tolera que ao delito não siga o linchamento do sujeito considerado
prontamente culpado. Portanto, quando o erro acontece, não há como
reparar, pois a injustiça impacta o financeiro, o psicológico, o emocional e,
sobretudo, o social, uma vez que os condenados dificilmente são
ressocializados.
 Por fim, analisando os processos de prisões injustas no país, é possível
observar que, se a pena de morte fosse admita no Brasil, outras milhares de
pessoas teriam sido mortas também de forma injusta, pagando com a própria
vida um crime que não cometeu.

 Desigualdade: extermínio de pobres e negros?


 Brasil, o país das desigualdades
o Nós somos o oitavo país com o maior índice de desigualdade social e
econômica do mundo. Segundo relatório de ONU (2010) as principais
causas da desigualdade social são: falta de acesso à educação de
qualidade; política fiscal injusta; baixos salários; dificuldade de acesso aos
serviços básicos: saúde, transporte público e saneamento básico.
o Decorrente, essencialmente, da má distribuição de renda, as
consequências da desigualdade social no Brasil são observadas pela:
favelização; pobreza; miséria; desemprego; desnutrição; marginalização;
violência.

 Quem são os presos no brasil? (relação e fontes - documentário “sem


pena”)
o Quando estratificado segundo a cor da pele, o levantamento mostra que
64% da população prisional é composta por pessoas negras.
o O Infopen mostra também que 40% dos encarcerados são formados por
presos provisórios.
o No total, há 45.989 mulheres presas no Brasil, de acordo com o Infopen.
o Em relação à faixa etária, o quadro é inverso ao sistema nacional: 17% é
formado por jovens entre 18 e 29 anos e metade por homens entre 35 e 45
anos. No tocante a raça e cor, observa-se que 73% são negros e 27% são
brancos

 Reinserção na sociedade (ressocialização)


o De acordo com o Conselho Nacional de Justiça 70% dos presos, depois de
soltos, retornam ao mundo do crime;
o Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 57% da população
brasileira em 2015 concordava com a frase “bandido bom é bandido morto”.

 O extermínio de negros e pobres: há uma pena de morte implícita:


o O Brasil optou por duas táticas de segurança em defesa social contra um
suposto inimigo penal: cadeia e caixão.
o No Brasil, o homicídio tem cor. Entre os brancos, da década de 1980 para
2012, os índices de vítimas se reduziram: era de 19.846 e foi para 14.846,
com uma queda de 24,8%.
o Em contrapartida, entre os negros, elevaram-se essas taxas, que eram de
29.656 e passaram para 41.127, com um crescimento de 38,7%. Por 100
mil negros, a taxa de homicídio era de 37,5% e saltou para 73% em 2002,
e para 146,5% em 2012. No período de 10 anos (2002-2012), ocorreu um
aumento de 100,7% (Brasil, 2014).
TÓPICO 4: a pena de morte e o direito à vida

 Relação entre a pena de morte e o direito fundamental à vida


 Valorização da vida para o Estado Brasileiro
o A vida é um direito que encontra intensa relevância no ordenamento jurídico
brasileiro. Conforme o caput do Artigo 5o da Constituição Federal (BRASIL,
1988), a sua inviolabilidade é assegurada sistematicamente: “Todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
o A partir dessa valorização, o inciso XLVII (BRASIL, 1988) do artigo
mencionado dispõe sobre a impossibilidade de uma pena de morte no
Brasil, ressaindo que a única exceção existente para essa pena seria em
caso de uma guerra declarada.

 Perspectivas no Direito à vida:


o Direito de estar vivo = Essa perspectiva relaciona-se com a literalidade da
inexistência de uma pena de morte, uma vez que essa pena pressuporia o
fim da vida.
o Direito de ter uma vida digna = Essa perspectiva se relaciona, não somente
com o fato da pena de morte por um fim à vida, mas também com o fato de
que uma possível pena de morte seria atribuída àqueles que não tiveram
uma vida digna, considerando-se uma análise social dos presidiários, que
são predominantemente pobres e negros.

 Relação da pena de morte com outras normas, como o Pacto de San José
de Costa Rica, as punições no direito penal para os crimes contra a vida.

 É de conhecimento geral que a pena de morte, embora não tão presente como
nas décadas anteriores, ainda faz parte da realidade de dezenas de países ao
redor do mundo. No Brasil, a pena de morte para crimes civis foi abolida a partir
da Constituição Republicana de 1889, embora tenha sido aplicada novamente
em alguns momentos da história brasileira, dessa forma, é importante
exemplificar algumas das legislações que permitiram a morte como pena de
algum crime, como por exemplo a Lei de Talião, que permitia que a vítima, seus
parentes ou até mesmo a comunidade se vingassem do transgressor
realizando contra esse a mesma ação que foi aplicada por ele contra a vítima,
ou seja, se foi cometido um assassinato, o culpado desse poderia ser
assassinado.
 Em 1969, foi celebrado o Pacto de San José de Costa Rica, o qual foi adotado
pela legislação brasileira, esse determinava em seu Artigo 4, inciso 3, referente
ao direito à vida, que “não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados
que a hajam abolido” (Pacto de San José de Costa Rica, 1969), ou seja, os
países que tivessem abolido a pena de morte não poderiam restituí-las. Logo,
no Brasil, por exemplo, onde esse tipo de pena é previsto apenas no Código
Penal Militar para crimes de guerra, a pena de morte não poderia voltar a ser
aplicada para crimes comuns.

Referências bibliográficas

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