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Principais elementos que

fomentam a
criminalidade no Brasil
Publicado por Rodolfo Agra
há 6 anos

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Muito se fala na criminalidade do Brasil,


mas dificilmente suas verdadeiras causas
são apontadas. A maioria culpa a desigual-
dade social, a falta de oportunidade, o de-
semprego, a falta de educação, a pobreza,
o capitalismo e até mesmo a própria socie-
dade. A grande mídia junto aos seus soció-
logos, “intelectuais” e “especialistas” abra-
çam fortemente essa tese e notoriamente
justificam o criminoso com base nelas. Di-
ficilmente se fala na impunidade ou nas
consequências que o desarmamento trou-
xe após a sua vigência.

Diferente de uma mídia tendenciosa, aqui


serão abordadas breves considerações so-
bre o desarmamento civil e a impunidade,
que foram fatores fundamentais em rela-
ção ao crescimento da violência no Brasil,
claro, a violência criminal, ou seja, aquela
que é utilizada para a prática de um delito,
pois nem toda violência é ruim, sendo as-
sim um equívoco generalizar o termo,
como explica o Prof. Bene Babosa.

O lobo e o cão pastor são semelhantes:


os dois são canídeos, os dois têm o cor-
po coberto por pelos, os dois têm dentes
afiados, os dois têm quatro patas, os
dois têm um rosnado ameaçador, os
dois têm a capacidade para a violência,
mas há uma enorme diferença entre o
lobo e o cão pastor. Apenas um deles
vai atacar o rebanho, enquanto o outro
usará toda a sua capacidade de violên-
cia também para defender o mesmo
rebanho. (BARBOSA, 2017)

De forma alguma se deve afirmas que o


problema do Brasil é exclusivamente a vio-
lência. Ao afirmar isso, como (por exem-
plo) a mídia, as autoridades e “especialis-
tas”, estamos pondo a culpa em qualquer
um que tenha a capacidade de violência.
De acordo com a generalização da palavra,
um criminoso que comete um crime bár-
baro e impiedoso está no mesmo patamar
que um pai de família quando age com vi-
olência para proteger si e sua família de
uma ação criminosa. Portanto, nem toda
violência é ruim, e a violência em geral
não é o problema do Brasil, tão pouco um
fator que contribui para o aumento da cri-
minalidade.

E quais são as verdadeiras causas da cri-


minalidade? Responder essa pergunta
pode parecer um tanto quanto óbvio para
alguns, entretanto é mais complicado do
que se imagina quando nos aprofundamos
no assunto. De princípio vamos analisar
brevemente as taxas de homicídios após a
promulgação do Estatuto do Desarma-
mento e em seguida falar sobre a Impuni-
dade, que sem dúvidas é um câncer que
está arraigado no Brasil.

I – Desarmamento Civil: É inegável


que o desarmamento é um dos principais
fatores que fomentam a prática de crimes
no Brasil. No ano de 2003, em pleno men-
salão o Estatuto do Desarmamento entrou
em vigor. A proposta da lei é acabar com a
circulação de armas de fogo e diminuir as
taxas de homicídios, fato que não ocorreu.

Na década de 1980 quase todos os cida-


dãos tinham suas armas de fogo e o porte
era apenas uma simples contravenção pe-
nal. Na época tínhamos uma taxa de 11,7
homicídios para cada 100 mil habitantes
(taxa considerada pacífica pela ONU), en-
tretanto a partir da década de 90 as com-
panhas e propostas de desarmamento ade-
ridas pelo Governo Federal foram respon-
sáveis por um grande impacto nas taxas de
homicídios e infelizmente o desarmamen-
to transformou-se em lei em 2003. Mesmo
com rejeição a essa lei restritiva no Refe-
rendo de 2005 onde 63, 94% (quase 60
milhões de eleitores) da população disse
não ao desarmamento, o Governo não res-
peitou a vontade do povo e atualmente es-
tamos pagando um alto preço pela retira-
da da nossa liberdade. O gráfico abaixo
deixa claro o impacto do Estatuto sobre a
criminalidade.

Fonte: ONG Movimento Viva Brasil.

Claramente observamos uma drástica ele-


vação nos números de homicídios no co-
meço das campanhas de desarmamento
nos tempos de 1990 e também em 2003
onde a lei passou a vigorar. Passamos de
11,7 homicídios para cada 100 mil habitan-
tes para 29 por 100 mil habitantes em
2012, e atualmente a taxa continua au-
mentando.

É possível observar na tabela complemen-


tar ao gráfico acima que não houve dimi-
nuições no número de assassinatos ao lon-
go do tempo, muito pelo contrário, em
2014 tivemos o recorde de homicídios. É
importante ressaltar que cerca de 70% de
todos os homicídios são cometidos por ar-
mas de fogo, e diante disso concluímos
que o Estatuto só foi eficaz em restringir e
burocratizar a circulação de armas legais
no País, não tendo sequer qualquer impac-
to sobre as armas ilegais em posse dos cri-
minosos, que são as principais responsá-
veis pelos homicídios no Brasil.

Restringir e burocratizar o direito de auto-


defesa com uma arma de fogo passa muito
longe de ser uma solução para os crimes
violentos em qualquer sociedade. Nenhum
País do mundo teve sucesso com o desar-
mamento, muito pelo contrário, as taxas
de invasão de domicílios, homicídios, es-
tupros, roubos e latrocínios só aumenta-
ram. No caso do Brasil onde as leis são
frouxas, o mínimo que se poderia fazer era
trazer de volta o direito e a liberdade de o
povo se armar. Já que os criminosos não
temem as punições estatais, então eles têm
que temer pelo menos as suas vítimas.
Não estamos falando de justiça com as
próprias mãos, mas sim de autodefesa.

“Equilibrar as forças entre criminosos e


suas vítimas é o papel essencial das ar-
mas de fogo em poder do cidadão, cri-
ando no agressor a dúvida acerca da
confrontação. Não se trata, obviamen-
te, de substituir a ação punitiva estatal
pela reação. Legítima defesa não se
confunde com justiçamento e não tem o
objetivo de punir o agressor, mas pre-
servar a vítima. ” (Fabrício Rebelo)

II- Impunidade: Há inúmeros elemen-


tos intrínsecos neste tópico e listar todos
seria algo muito complexo e exaustivo, po-
rém iremos analisar quais são os princi-
pais que o constitui e que fomentam a cri-
minalidade.

Sem dúvidas a impunidade é a maior cau-


sa da criminalidade no País, a mais ampla
e complexa. O excesso de leis que temos
não é sinônimo de efetividade, muito pelo
contrário, o excesso de leis frouxas é a
causa da criminalidade. Já dizia o velho e
sábio ditado americano que sentenças fra-
cas fazem criminosos fortes.

Notoriamente há uma certa contradição


sobre a impunidade, principalmente por
parte da imprensa quando afirmam que o
Brasil prende muito. Se o Brasil prende
muito conclui-se então que o país não tem
problema com a falta de punição sobre os
agressores. Será essa tese verdadeira? Ve-
jamos.

O Brasil tem cerca de 600 mil presos. É a


quarta maior população carcerária do
mundo. Aos olhos do senso comum parece
um número assustador, mas é uma visão
completamente equivocada. Lembremos
que somos o quinto País mais populoso do
mundo e o número de presos é proporcio-
nal. Quando falamos em 600 mil detentos,
estão incluídos os que cumprem pena no
regime semiaberto e prisão domiciliar, ou
seja, pessoas que na prática não estão real-
mente presas.

Uma quantidade de 600 mil presos em


uma população de 200 milhões de habi-
tantes equivale a 0,3% da população do
País, e não é só isso, visto que há mais de
500 mil mandados de prisão, ou seja, mais
de 500 mil criminosos condenados pela
justiça estão em pleno gozo de liberdade
por omissão das autoridades. Conclui-se,
portanto, que o Brasil não prende muito.
O Brasil prende muito pouco.

É de extrema importância ressaltar tam-


bém que as prisões não têm como princi-
pal função a ressocialização de um crimi-
noso, como a grande mídia, os sociólogos e
os membros dos direitos humanos insis-
tem em afirmar com seus discursos huma-
nizadores. O principal objetivo da prisão é
retirar aquele indivíduo que representa
um risco a sociedade para evitar que mais
crimes se consumem; O segundo objetivo
a ser alcançado é a aplicação da pena so-
bre aquele criminoso como forma de repa-
ração ao dano causado a sociedade; E por
último, fazer com que aquele infrator sirva
de exemplo para que os demais cidadãos
não se distanciem da lei. A ressocialização
de um criminoso vem por simples e pura
vontade de mudar de vida e não voltar
mais ao mundo do crime, mas claro, a res-
socialização só é possível quando nas ca-
deias há o mínimo de condições para
aqueles que desejam se reabilitar, como
por exemplo o trabalho e o convívio com
os livros. Portanto, objetivo da apreensão
de um indivíduo que cometeu um crime
não é somente ressocializá-lo, mas puni-
lo.

E o que falar da reincidência? A reincidên-


cia é, indiscutivelmente a consequência da
impunidade. Como muitos dizem: a impu-
nidade é a mãe da reincidência. De acordo
com uma pesquisa elaborada pelo CNJ
(Conselho Nacional de Justiça) em 2009,
estima-se que taxa de reincidência no Bra-
sil é de aproximadamente 70% entre os
presidiários. Sete em cada dez presidiários
brasileiros voltam à cadeia, e na maioria
das vezes em consequência de crimes mais
graves do que os anteriores. Quando se
têm leis frágeis e ineficazes em sua aplica-
bilidade os criminosos não cumprem a
metade das suas penas, e essa sensação de
impunidade fomenta cada vez mais a prá-
tica de um crime.

Não poderíamos deixar de lado as ideolo-


gias do politicamente correto. Quando al-
gum criminoso comete um ato ilícito, a
mídia, os sociólogos e os direitos humanos
simplesmente justificam essa ação com a
falta de oportunidades, com a desigualda-
de social, com a ausência de educação e
com o desenvolvimento econômico. O úni-
co que não é culpado pelo delito é o pró-
prio criminoso, e isso é inegável. Condi-
ções econômicas ou de falta de escolarida-
de não é justificativa para entrar no mun-
do do crime, é apenas uma questão de es-
colha entre o caminho mais fácil e o cami-
nho mais difícil (Escola, Universidade, tra-
balho, etc.)

Embora seja uma tese polêmica, ela é


comprovável. Segundo os estudos do Índi-
ce Firjan de Desenvolvimento Municipal
(IFDM) o Nordeste foi a região que mais
se desenvolveu entre o ano de 2000 e
2010. A conclusão da pesquisa leva em
conta dados de emprego, renda, educação
e saúde. Há regiões ainda em que a desi-
gualdade permanece, mas o fato é que jus-
tificar um crime com fatores sociais e
econômicos é um equívoco.

Mesmo sendo a região que mais se desen-


volveu nos últimos anos, o Nordeste é a
região mais perigosa do Brasil, como
apontam os dados do Ministério da Saúde
em relação aos homicídios.

Fonte: Ministério da Saúde.

Desse modo, o problema da criminalidade


no Brasil não está diretamente ligado a
questões sociais e econômicas, e mesmo
que fosse, qual seria a justificativa sobre
os crimes cometidos por pessoas de classe
alta, que mesmo com salários altos e mui-
tos benefícios ainda sim cometem crimes
de estelionato, gestão fraudulenta, corrup-
ção e tráfico de drogas? O maior exemplo
que podemos observar atualmente é a cor-
rupção política. Portanto, o que se diferen-
cia é apenas o tipo de crime.

Fica claro que todos os crimes são con-


sequência da impunidade. Nosso sistema
está completamente infectado, nossas leis
estão cada vez mais flexíveis e a investiga-
ção dos crimes não têm eficácia. Para se
ter uma ideia do quão deficiente é o nosso
sistema punitivo, basta olhar o número de
esclarecimentos dos homicídios. Somos
um dos países que mais matam no mundo
e as taxas de mortes violentas só aumen-
tam, como observamos no início deste ma-
terial. São aproximadamente 60 mil homi-
cídios por ano, os quais cerca de 5% a 8%
são esclarecidos. Isso significa que os au-
tores de 55 mil homicídios por ano não são
sequer identificados pelas autoridades, e
os que foram não cumprem a metade das
suas penas.

Portanto, foi possível identificar quais são


as principais causas que fomentam cada
vez mais a criminalidade no Brasil, claro,
há outras, mas aqui estão incluídas as
mais relevantes. O desarmamento civil
indiscutivelmente trouxe como con-
sequências o aumento dos crimes violen-
tos, fato que deixa óbvio que quem saiu
prejudicado foi apenas o cidadão, que difi-
cilmente pode possuir uma arma de fogo
para se defender das ações criminosas. Por
outro lado, os criminosos estão cada vez
mais armados, com armas exclusivas das
forças do exército, ou até mais poderosas.

A impunidade, diferente do desarmamen-


to civil é o mais amplo e problemático de
todos os fatores que contribuem para o
aumento dos crimes, visto que dentro dela
está a reincidência, ideologias do politica-
mente correto, justificativas para vitimizar
as ações do criminoso, o sistema prisional
brasileiro, as leis cada vez mais frouxas e a
falta de esclarecimento dos crimes violen-
tos. Mudar esse cenário caótico, devasta-
dor e criminoso não depende apenas das
autoridades, mas de nós quando formos
escolher através do voto quem irá nos re-
presentar.

“Na verdade, nós não somos mais uma


sociedade, somos um bando. Porque
não há ordem, não há mais respeito,
não há mais decência”. (Dr. Enéas Car-
neiro)

Referências

Nordeste é região que mais se desen-


volve no país, aponta índice Firjan;
Norte é a mais atrasada.
Disponível:https://noticias.uol.com.-
br/cotidiano/ultimas-notici-
as/2012/12/03/nordesteeregiao-que-
mais-se-dese...

Cadeia não é assistência técnica de


gente. Disponível: http://www.cadami-
nuto.com.br/noti-
cia/297649/2017/01/06/cadeia-naoeas-
sistencia-tecnica-de-gente

Juristas estimulam em 70% a reinci-


dência nos presídios brasileiros. Dis-
ponível em: http://noticias.r7.com/cida-
des/juristas-estimam-em-70areinciden-
cia-nos-presidios-brasileiros-21012...

Verdades e mentiras. O Brasil não


prende demais; ao contrário, prende
de menos. Disponível: https://oglobo.-
globo.com/opiniao/verdades-mentiras-
21270779

Mesa Redonda - O Caos na Seguran-


ça Pública - Bene Barbosa. Disponível:
Youtube.

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