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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB)

Instituto de Ciências Sociais – ICS


Estudos Latino Americanos – ELA
Ciências Sociais Latino Americanas 1

AYNA WILLIAM RIBEIRO SILVA


221028896

A CATEGORIA POLÍTICO-CULTURAL DA AMEFRICANIDADE


LÉLIA GONZALES

BRASÍLIA
2023
“A grandeza dos oceanos,
ondas que foram
profanadas, enraizadas
em minhas mechas encrespadas.
Que por muito tempo
odiadas, tomaram o
poder de volta para si,
em honra às ancestrais,
guerreiras desacorrentadas.
Com as raízes
fortificadas, suas
memórias serão
resgatadas, para que
possam continuar seu
cântico, e as pretas que
aqui ficaram, nunca se
esqueçam das memórias
deixadas do outro lado
do Atlântico.”

Ayna William
No decorrer do texto a autora Lélia Gonzales, dialogando com
outros escritores para desenvolver seu pensamento, evidencia
uma discordância de que a formação histórico-cultural
brasileira não foi concebida, como se imagina no inconsciente
social, exclusivamente por formações europeias, brancas, mas
sim por formações africanas cuja latinidade se afirma como
Améfrica Ladina, onde evidencia que a presença negra moldou
inclusive a língua, que se afastou de sua matriz europeia e
adquiriu uma identidade afro, amefricana, um “pretuguês”,
moldou estruturas religiosas e culturais por toda a Ámerica, e
todos os brasileiros, sem exceção são ladino-amefricanos.
Porém, não se reconhecem como tal, ainda supervalorizam a
raíz luso pelo processo de denegação, por mais que pertençam
a essa conjuntura construída por africanidades, buscam
afastar-se dela a todo custo, pois a dinâmica de dominação
colocou o branco como ideal, belo, correto, e o preto como
inferior, pária, porque se reconheceriam como algo que é tido
como negativo pelo dominador? Antes negar.
Na Ámerica o racismo se perpetuou e foi construído de duas
formas diferentes segundo a visão de Lélia, um explícito,
fomentado por monogenia e segregações violentas na
experiência dos Estados Unidos e África do Sul (Apertheid),
onde a população negra é posta à margem, mas em seus
espaços, em conjunto, conseguem desenvolver e reforçar uma
identidade racial coletiva para rebater a ameaça racista,
conseguem postular uma criação científica inovadora, pois eles
sabem o que sofrem e onde estão situados.
No caso brasileiro o racismo é disfarçado, estruturado por
políticas de miscigenação, mostrando que como o Brasil é
misturado, há uma democracia racial, onde negros e brancos
são iguais, por mais que o branco ainda esteja no topo,
“internalizando” sua superioridade. Isso gera uma alienação,
onde os negros não formam conjuntos entre si, pois a
identidade se dissolve, e o racismo paira de forma sutil, o que
dificulta o combate à opressão racial, pois não tem como
combater o que não tem nome.
O racismo latino-americano tem mecanismos muito
inteligentes, capaz de manter indígenas e negros na
subordinação, graças ao branqueamento, marginalizando as
produções científicas originadas neste espaço, aumentando o
dinamismo centro e periferia entre o imperialista (EUA) e o
subdesenvolvido, como é o caso de Frantz Fanon e Abdias
Nascimento, em que suas obras são mais reconhecidas no
exterior do que em seus países de origem. A amefricanidade é
para além de um contexto geográfico, é o reconhecimento de
uma intensa luta secular afrocentrada, que formou o continente
americano e foi uma fonte de resistência para se chegar no
patamar atual, sem esquecer a herança deixada do outro lado
do Atlântico, mas trazê-la para cá, e ir além.
Referências Bibliográficas:

GONZALES, Lélia. Por Um Feminismo Afro-Latino-Americano: A Categoria Político-

Cultural da Amefricanidade. Editora Zahar. 2020, p. 69-82.

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