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A tradição  

lascasiana, diz muito sobre a forma com que o ensino era


visto na época de Batolomé de Las Casas reflete a forma com que se ensina
historia até os dias de hoje. A ideia de domínio e exclusão ou substituição
das culturas a traves da dominação. Nos escritos de Las Casas, o
questionamento da dominação cultural, era feito primordialmente ela sua
forma e não pela dominação em si. Las Casas se dedicou a entender de que
forma poderia vencer a relutância dos índios, através da compreensão dos
mecanismos de sua resistência a catequização. Não lhes importava, no
entanto, sua cultura ou os aspectos fundadores desta sociedade. O que
importava era que as comunidades pudessem ser catequizadas e que
servissem as propósitos da igreja, dispensando a violência e a aniquilação
dos mesmos, substituindo tais métodos pelo seu domínio intelectual e
espiritual.
Como padre dominicano, vertente do catolicismo fundada na ideia de
espalhar a palavra de Cristo e promover a conversão ao cristianismo, Las
casas descrevia a dominação dos espanhóis de forma grotesca e
desgostosa. Las casa queria servos da igreja e não escravos. Também
descreve a vulnerabilidades dos indígenas ao domínio violento dos espanhóis
como relacionado a ausência de educação religiosa católica.
Eduardo Galeano, em se livro as veias abertas da américa latina, descreve a
historia da região, como uma extensiva exploração violenta e subjulgo do
latino americano aos interesses e cultura europeias, resultando em
destruição de suas raízes culturais e substituição das mesmas por estruturas
de origem europeia, sempre inferiorizados pela sua natureza de cópia e
perpetuamente atrasados em relação ao colonizador.
Essa ideia de apresenta como método em livros escolares, cuja premissa é
apresentar o processo de aculturação desses povos em uma postura
derrotista e inevitável. O trunfo sobre os povos “inferiores” aparece nos
manuais de história quase como um ato de misericórdia, que traria algum tipo
de redenção a esses povos.
Os laços culturais e econômicos sobrevivem em estruturas hierárquicas ate
os dias atuais, onde o subdesenvolvimento é uma marca muito distinta da
forma com que se foi ensinado esse tipo de submissão de um povo, cuja
passividade foi alicerçada através dos tempos pelas práticas imperialistas de
dominação, argumento que foi muito bem elaborado no já citado ‘as veias
abertas da américa latina’, de Eduardo Galeano.
A ideia de vencedores e vencidos não só é algo naturalizado, como
encoraja uma perspectiva onde a derrota dos negros e índios, representa a
inferioridade da cultura destes e dá para o aprendizado de historia um caráter
de reverencia para com o vitorioso conquistador, negando assim a história
dos povos, nesse caso, latinos de enxergar a sua própria historia como digna
de reconhecimento pelo que é e representa e não apenas como
reconhecimento de derrota. No entanto, o pensamento foi e ainda é muito
disseminado em quase todos os materiais analisados. Quando há valorização
e reconhecimento destas culturas, ainda há nas entrelinhas a vontade de se
parecer com os conquistadores, causando assim formação de uma
idealização de inferioridade para as culturas de origem indígenas e africanas
e olhando para os colonizadores com algum ar de reverencia que se abriga a
dar os vencidos. A castração da capacidade de se desenvolver pelos seus
próprios méritos é imbuída nessa mentalidade e se torna quase unanime, no
que diz respeito aos povos colonizados, perpetuando desta forma esta tão
falada passividade diante das forças subjugantes dessas culturas.
A busca de uma identidade que não esteja submetida a colonização
não é apenas uma forma diferente de revisitar a historia de formação das
américas. É uma forma de devolver a sua capacidade de pensar a si mesmo
sem as amarras das teorias derrotistas que selaram o destino de diversos
povos, como inferiores. Anular a importância dos eventos históricos não faz
parte do objetivo. Reavivar a perspectiva de si mesmo diante das mesmas
conquistas trazendo uma identidade própria não associada a derrota.
Conceitos como ancestralidade e raízes culturais tornam-se cada vez mais
em voga em um mundo onde as discussões se tornam mais diversas, saindo
das perspectivas unicamente tradicionalistas, como a lascasiana e outras.
Anula-las também não faz parte do objetivo, mas desgarrar-se delas como
única perspectiva comparativa.
A partir das visões colonizadoras, de opressão dos povos da américa,
junto daquelas que romantizam tanto os porquês de suas vitorias, com a
superioridade europeia, do homem branco detentor da razão e da divindade
necessária para purificar o novo mundo, ate a visão derrotista de
“necessidade” de dominação, nascem perspectivas mais modernas sobre a
formação dessa sociedade a partir dos grupos marginalizados, que não exclui
o imperialismo da equação, mas o desenvolve como uma voz que foi calada,
não extinta nem substituída. O mito dos vencedores e vencidos ainda
dominante no pensamento e nos textos escolares. A cultura das américas so
existe quando comparada a cultura europeia nos textos tradicionais, dando
como mortas, vozes que apenas não tiveram as mesmas condições de serem
ouvidas.
A historia dos livros didáticos como uma reconstrução de determinadas
perspectivas, precisa não ser deletada mas revista, como uma construção. A
quebra dos paradigmas clássicos, pode ser encarada com temeridade, mas
em um futuro próximo do estudo da historia e suas construções pode obter
perspectivas diversas que a enriqueçam em vez de reduzi-las a visão de
poucos privilegiados, onde os grupos de identifique e se encontrem naquilo
que os une e se identifique e se enxergue naquilo que os difere.

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