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Título: Discurso critico na america latina(o).
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CÂNONE/CONTRA-CÂNONE:
NEM AQUELE QUE É O MESMO
NEM ESTE QUE É O OUTRO
2 Lúcia Miguel Pereira em seu artigo "As mulheres na literatura brasileira", publicado na
revista Anhembi 49, v.XVII, dez. 1954, tece comentários sobre o número pequeno de escritoras
mencionadas na monumental História da literatura brasileira de Silvio Romero, publicada em
1882 e reeditada, com revisões, em 1902. A crítica se pergunta: "Mas quem sabe se poderá
acusar de uma tal ou qual misoginia literária o grande crítico que foi Silvio Romero? Se deixa
de citar até Júlia Lopes de Almeida e Carmen Dolores, suas contemporâneas, muitas outras,
mais antigas, há de ter omitido..." (p.18). Em outro momento, comentando uma afirmação
de H.Heine, poeta alemão, Lúcia Miguel Pereira deixa entrever uma visão amarga: "E nada
prova melhor quando somos toleradas como intrusas na literatura do que o supremo elogio
feito a um trabalho feminino: consiste em dizer-se que até parece escrito por homem" (p.24).
3 In: ANAIS do II Congresso da ABRALIC, v.l. Belo Horizonte, 1991, p.623.
4 Ver: "Bloom contra-ataca", Caderno Mais, Folha de São Paulo, 6 de agosto de 1995,4-7, texto
de Arthur Nestrovski, seguido de uma entrevista com Harold Bloom; "A guerra do Cânone
ocidental", de João Almino, Caderno Mais, Folha de São Paulo, 13 de agosto de 1995; "A lista de
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Bloom" de Jason Tércio, Jonwl do Brasil, 23 áe setembro de 1995, Caderno de Sábado, p.5;
"Polêmica americana" de Wilson Martins, Jornal do Brasil, 7 de outubro de 1995, Caderno de
Sábado, p.4. Além de não compreender a base política dos ataques ao "politicamente correto"
(ataques que partem de uma ultra-direita conservadora que sempre deteve o monopólio
sobre a discussão de valores culturais), este crítico não demonstra o mínimo conhecimento
sobre as condições históricas e político-culturais que levaram a uma revisão do cânone da
literatura norte-americana, limitando-se a repetir o rótulo dado por Bloom aos revisionistas,
isto é "escola do ressentimento".
5 Os críticos e homens de letras são os seguintes: Wilson Martins, Celso Furtado, Alfredo Bosí,
João Ubaldo Ribeiro, Roberto Campos, José Paulo Paes, Ferreira Gullar, Francisco Iglesias e
Roberto da Mata.
6 Conforme observaram Fernando Ortiz, que utilizou o conceito de transculturação, Nestor
Garcia Canclini, que desenvolveu o conceito de hibridação em seu Culturas híbridas: estratégias
para entrar e sair da modernidade. México: Gijalbo, 1989.
RITA TEREZINHA SCHMIDT 119