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A cultura negra se torna, junto com tradições indígenas, o que há de mais belo, singular e
criativo no que há de expressão popular no Brasil. E pensando ainda como pensou Darcy
Ribeiro, surge a figura naturalmente artística do mulato: capaz de participar socialmente dos
espaços urbanos como os negros africanos nunca foram permitidos, o mulato colhe as
inspirações das gerações pretas mas também aproveita a cultura erudita que antes era
exclusiva dos brancos, florescendo como figuras relevantíssimas da cultura nacional: Machado
de Assis, Aleijadinho, Cruz e Sousa, Rui Barbosa, José Maurício. “Posto entre os dois mundos
conflitantes - o do negro, que ele rechaça, e o do branco, que o rejeita -, o mulato se humaniza
no drama de ser dois, que é o de ser ninguém” (pág. 223).
“Prevalece, em todo o Brasil, uma expectativa assimilacionista,
que leva os brasileiros a supor e desejar que os negros
desapareçam pela branquização progressiva. Ocorre,
efetivamente, uma morenização dos brasileiros, mas ela se faz
tanto pela branquização dos pretos, como pela negrização dos
brancos. (RIBEIRO, 1995, pág. 224)
Se o povo negro foi explorado e subjugado, nunca foi por fraqueza, inferioridade intelectual
ou disposição biológica para isso; sua resposta à opressão sempre foi de resistência, por meio
da música, das revoltas, da arte, da pegada cultural implantada firmemente em todos os
continentes, com o hip-hop, o reggaeton, o samba, o rap, a música eletrônica, a luta por direitos
humanos. A revolta vista na Índia, que obrigou a Inglaterra à dar um passo para trás frente aos
brados vitoriosos de milhares de pretos, as revoltas poderosíssimas que eclodiram pela
américa central, os gritos daqueles que nunca pararam de resistir contra a figura colonizadora
branca europeia - esta, completamente apavorada pela possibilidade dos braços negros que
construíram suas casas, suas ruas, suas plantações e suas economias, se unirem contra as
armas de fogos em grandes massas, prontos para subjugar o império opressor e suas garras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RIBEIRO, Darcy, 1922. O povo brasileiro: evolução e o sentido do Brasil. São Paulo.
Companhia das Letras, 1995.
Darcy Ribeiro e o povo brasileiro (terra.com.br)
“A Rota do Escravo - A Alma da Resistência”, via ONU Brasil. (113) A Rota do Escravo - A
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