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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE MATO GROSSO

DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA


ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR COSTA VERDE
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS - 2016

Disciplina: Estudo da Instituição Policial


Docente: Adriana de Souza Metelo – Ten Cel PM
Discente: Lamonier de Figueiredo Sales – Cap PM

1 PREÂMBULO

SEQUESTRO DO ÔNIBUS 174

Em 12 de junho de 2000, durante quase quatro horas, o assaltante Sandro do


Nascimento manteve dez passageiros como reféns num ônibus da linha 174, no Rio de
Janeiro. Chegou a simular a morte de uma delas, a estudante Janaína Lopes, que foi obrigada
a permanecer deitada no chão do coletivo por mais de uma hora.
O desfecho foi trágico. O bandido desceu do ônibus usando a professora Geisa
Firmo Gonçalves como escudo. Naquele momento, o soldado do BOPE (Batalhão de
Operações Especiais da Polícia Militar) Marcelo de Oliveira Santos tentou matar o
sequestrador. As balas do policial, no entanto, atingiram apenas a refém, que levou ainda três
tiros disparados pelo assaltante e morreu. Sandro morreu asfixiado, no interior do camburão
em que era levado ao hospital Souza Aguiar. Os policiais militares – o capitão Ricardo de
Souza Soares e os soldados Flávio Durval Dias e Márcio Araújo David – foram acusados de
homicídio qualificado, mas, em dezembro de 2002, foram absolvidos, por quatro votos a três,
pelo IV Tribunal do Júri do Rio.
Sandro do Nascimento era um dos meninos sobreviventes da chacina da
Candelária, em 1993, e teve sua história contada em dois filmes: o documentário ônibus 174,
de José Padilha, e o filme de ficção Última Parada 174, de Bruno Barreto.
Fonte: GLOBO, Memória. Sequestro do ônibus 174. Disponível em:
<http://memoriaglobo.globo.com/programas/jornalismo/coberturas/sequestro-do-onibus-174/
sobre.htm>. Acesso em: 15 jun. 2016.

2 ANÁLISE DA OCORRÊNCIA

2.1 Oportunidade

No que diz respeito aos procedimentos adotados pela Polícia Militar do Rio de
Janeiro na condução da ocorrência foi possível constatar que ela foi inoportuna,
principalmente no momento final da negociação, quando o sequestrador saiu do ônibus
juntamente com a refém e o soldado do BOPE aproximou-se e realizou disparo em sua
direção. O disparo da arma veio a atingir a refém de raspão. Em sequência Sandro do
Nascimento efetuou 3 (três) disparos de arma de fogo contra a refém pelas costas. Assinala-se
que a decisão de aproximar e efetuar o disparo de arma foi precipitada, não era o momento
ideal e consequentemente tal conduta veio a motivar o criminoso a efetuar os disparos que
vieram a acarretar a morte da vítima. Era importante continuar com a negociação.

2.2 Propriedade

Embora tenha indícios de que os policiais militares tentaram adotar os


procedimentos adequados no início do gerenciamento da crise, o que foi evidenciado no
transcorrer do fato foi que a forma da condução da ocorrência foi inapropriada.
Em imagens da ocorrência que foi amplamente divulgada na mídia nacional à
época, foi possível identificar que o local não foi devidamente isolado, por algumas vezes
repórteres conseguiram aproximar-se do ônibus enquanto o criminoso ainda mantinha as
pessoas reféns dentro veículo.
Outra falha verificada e decisiva no insucesso da ocorrência que culminou com a
morte de uma das vítimas foi a utilização do procedimento inadequado ao contexto
apresentado, tendo em vista que o militar do BOPE se aproximou repentinamente do
sequestrador com uma submetralhadora e realizou disparo em sua direção, mas acabou
atingindo a refém. Neste aspecto, seria melhor a técnica da negociação e caso fosse ser
utilizado o disparo, seria necessário um atirador de precisão com distância razoável e com o
devido suporte de isolamento do local para realizar o tiro e neutralizar o criminoso, contudo a
ação adotada pelo policial foi de efetuar disparo contra o criminoso sem estar com
equipamento adequado e com as técnicas não condizentes com o caso. Posteriormente, Sandro
foi imobilizado pelos demais policias militares e levado para a viatura policial e lá foi morto
por asfixia. Diante do exposto, fica evidente que a ocorrência em comento situa-se no quadro
conforme demonstrado abaixo:

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