Você está na página 1de 30

ÔNIBUS 174

Uma Análise com base na Disciplina de


Psicologia Jurídica
Grupo
Anna Célia Vieira de Carvalho
Edvaldo Travassos de Queiróz Coutinho
Filipe Raphael e Silva de Araújo
Karine de Kássia Dantas Xavier
Roseane Cruz Freire Rodrigues

Uma história depende do ponto de vista a partir
do qual começamos a conta-la...
Metodologia
1
O Caso
2
O Sujeito
✘ Sandro Barbosa do Nascimento – 21 anos;

✘ Analfabeto, Nunca trabalhou, Foragido;

✘ Pai desconhecido;

✘ Quando criança presenciou o assassinato da mãe a facadas;


✘ Aos 6 anos, decidiu sair dos cuidados da tia para viver na rua;
✘ Viver na Rua = Sobrevivência diária;
✘ Famintos de Existência e Reconhecimento Social;
✘ Para alguns são considerados “Os Lixos” da sociedade;
✘ Chacina da Candelária.
!
Chacina da Candelária
 Rio de Janeiro – 23 de Julho de 1993;  Pesquisas realizadas na época afirmaram que a
maioria da sociedade aprovava a ação daqueles
 Cerca de 70 crianças e adolescentes dormiam
policiais que resultou na morte daquelas crianças
próximo a igreja da Candelária quando foram
e adolescentes.
alvejadas por homens em dois veículos. 8
morreram;
 Após investigações descobriu-se que os homens
que executaram a chacina eram policiais
milicianos, que cometeram o ato devido aos
contanstes roubos e furtos que estavam sendo
cometidos contra transeutes e comerciantes da
região e também um ato de possível vingança por
conta de um confronto com aqueles menores
onde foram quebrados os vidros da viatura;

Dos sobreviventes da chacina da Candelária, 39 foram
assassinados posteriormente, outra parte se perdeu o contato e
outra sobrevivia em condições precárias.
Yvone Bezerra de Melo, a “Tia Yvonne” (2002)
3
O Sistema de Internação e
Prisional
✘ Quando ainda menor de idade, em um dos delitos cometidos, Sandro foi
setenciado a uma medida “sócio-educativa” de internação como forma de
oferecer a ele maior proteção, orientando-o para profissionalização,
documentação e reinserção no ambiente familiar;

✘ Relatos de espancamentos, regalias para quem tem dinheiro;

✘ Resultado = Sair mais revoltado.


✘ O sistema prisional surge com o objetivo de punior o crime e oferecer
àquele sujeito transgressor a oportunidade de ressocialização, reeducação
e reinserção profissional;

✘ Quando de maior Sandro foi preso por assalto e encaminhado a Prisão;

✘ Condições subhumanas, superlotação;

✘ Necessidade de formação de amizades dentro da prisão para própria


proteção;

✘ Ambiente motivacional para Rebeliões e Fugas.


4
A Polícia

Eu não o analisava psicologicamente , não era minha intenção. Eu
não parava para pensar se o comportamento dele poderia ser
psicótico, poderia ser esquizofrênico, podia ser de um drogado, eu
não levava isso em consideração imediatamente. Não levava,
sinceramente não levava.
André Batista, Capitão BOPE (2002)
✘ Utilização de Vocabulário Estigmatizante: “Marginal”, “Elemento”;

✘ Perfil da Polícia: O desempregado que não conseguiu inserção profissional e com


falta de oferta decide ser policial;

✘ Missão: Prender ou Matar “Marginal”;

✘ Relatos de Abordagens com Violência;

✘ Fragilidade da Segurança Pública;

✘ Falta de Equipamento Policial;

✘ Falta de Treinamento;

✘ Interferências políticas na operação.


5
A Mídia
✘ Objetivo: Obter Melhores Informações e Melhores Imagens;

✘ As câmeras permitiram Sandro ser visto ser o protagonista de expor seu


discurso e achar que por elas teria a proteção;

✘ A mídia, na época, tendenciou a tratar os fatos como um “caso”, um


“reality” em que a narrativa emocional e a cobertura de seus
desdobramentos exclui a reflexão sobre o contexto social que produz o
evento.
✘ Transformar os acontecimentos em “reality” é um exagero, ao fazer flashes ao
vivo a cada hora e dedicar a maior parte dos minutos dos telejornais diários a um
mesmo assunto tem-se a impressão de que a mídia quer reforçar a ideia de que
Sandro deveria ser o próximo a ser eliminado neste Big Brother as avessas. Se
tornou uma espécie de círculo ininterrupto de imagens acerca do mesmo fato.

Mídia Público Sandro


6
Reflexões
Sandro é o único culpado ou ele é um sintoma, uma resultância
social?
O poder constituído busca “bodes expiatórios” para culpar (ou
punir, quando pune), desviando a discussão da questão social para
o âmbito policial?
De 2000 para cá ainda continuamos a conviver naturalmente com
os “Sandros”, com as estigmatizações e as tragédias cotidianas?
As detenções cumprem com o seu objetivo de Ressocialização,
Reeducação e Reinserção Profissional? A sociedade como se
comporta com essa situação? E o ex-presidiário, quais as
oportunidades?
Houve evolução no preparo da nossa polícia?
A Mídia, Ajuda ou Atrapalha?
O Quanto evoluímos como Sociedade e em Compromisso Social?

A grande luta desses meninos é contra a
invisibilidade. Nós não somos ninguém e nada se
alguém não nos olha, não reconhece o nosso valor,
não preza a nossa existência, não devolve a nós
nossa imagem munida de algum brilho, de alguma
vitalidade, de algum reconhecimento (...) Alguns
tornam-se os invisíveis que eventualmente emergem
e tomam a cena nos confrontando com a violência
como forma de um grito desesperado, um grito
impotente.
Luiz Eduardo Soares (2002)
Referências
• ÔNIBUS 174. Direção: José Padilha. Rio de Janeiro: Paris Filmes, 2002. 133 min.
• ÚLTIMA Parada 174. Direção: Bruno Barreto. Rio de Janeiro: Paramount Pictures do Brasil,
2008. 100 min.
• COSTA, Ivone Freire. Polícia e sociedade: gestão de segurança pública, violência e controle
social. Salvador: EDUFBA, 2005.
• JOSÉ, Carolina Fagundes de São. A Espetacularização da Violência: uma análise sobre o
comportamento da mídia em situações de crise. Juiz de Fora: UFJF, 2009. Disponível em:
https://www.ufjf.br/facom/files/2013/04/CarolinaFagundes.pdf
• HOFFMANN, Marcos Erico. Psicologia, violência e Organizações prisionais. In: ROVINSKI,
S. L. R. e CRUZ, R M. Psicologia Jurídica: perspectivas teóricas e processos de intervenção
(Orgs.). São Paulo: Vetor Editora, 2009.
OBRIGADO!

Você também pode gostar