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O Transtorno Opositivo

Desafiador é um
transtorno classificado
pelo DSM-5 (2013)
como integrante do
grupo de transtornos de
conduta
CASO 1
O estudo foi desenvolvido a partir do
acompanhamento do caso de uma paciente
atendida no Hospital Psiquiátrico Bezerra de
Menezes na cidade de São José do Rio Preto,
São Paulo.
Identificação:
• Nome: F.
• Idade: 5 anos
• Sexo: Feminino

Queixa Principal:
• F. não obedece a regras e limites impostos
pelos responsáveis; começa a tremer quando
quer algo de que gosta muito.
Histórico Familiar:
• Possui um irmão de 21 anos e uma irmã de 17 anos;
• Mãe tem 49 anos;
• Pai faleceu com 49 anos, há aproximadamente 1 ano;
• Pai teve morte violenta, foi morto a tiros por policiais;
Na hora do ocorrido F. não viu a cena, pois tinha sido levada para casa da vizinha,
porém escutou tudo.

Relação Familiar:
• F era muito mimada pelo pai: mesmo estando errada nunca era
repreendida; nas brigas de irmãos o pai sempre ia em defesa de F, ameaçando
bater nos outros; O pai fazia tudo que F. quisesse;
• Após a morte do pai, F.: não obedece a regras e limites impostos pelos
responsáveis; faz de conta que não escuta;
• F. gritava com a mãe.
Relação na Escola:
• F. não conseguia se relacionar com os colegas;
• Não interagia com os colegas na hora de fazer brincadeiras em grupo;
• F. não apresentava problemas de aprendizagem;
• Quando a professora pedia para fazer alguma atividade, F. fazia do jeito
que queria e não como solicitado;
• As atividades de casa não eram feitas por F. e sim pelos irmãos ou pela
mãe.
Observação Comportamental:
• F. quando queria algo começava a tremer;
• F. testa os limites dos adultos para conseguir o que deseja e as pessoas que a
cercam, para se “livrarem”, acabavam por fazer o que ela queria. Mas com o
tempo começaram a perceber que a falta de regras já ultrapassava o limite
suportável;
• F. mostrava comportamentos de manipulação, ou seja, querer controlar a
situação, e que tudo saísse da forma que queria para que todos os seus desejos
fossem realizados, atitude comum em casa, ou na escola;
• A mãe demonstrou claramente não conseguia dar limites a sua filha;
• F. demonstrava a falta que a função paterna lhe fazia.
Diagnóstico:
• Foi levantada a hipótese de o problema de F. ser o Transtorno de
Oposição Desafiante, principalmente porque ela demonstrou os
comportamentos de querer dominar e mostrar que poderia mandar.
Intervenções:

• Inicialmente através de orientações e treinamentos foi feito um remanejo de conduta


fundamental para que a mãe e as demais pessoas que rodeiam F. modificassem sua
forma de agir;
• Com F. foram utilizadas brincadeiras como: pintura com aquarela, desenhos, massa
de modelar, história infantis. Através destes métodos, quando necessários, foram
utilizados reforços, através de elogios, sorriso e atenção, quando F realizava um
comportamento desejável, e a punição, consistindo em retirar uma atividade que ela
gostava muito, como desenhar, ou também ignorar a sua atitude, mantendo a calma;
• Foram feitos contratos com F. e passou-se a trabalhar através de acordos, os limites.
Com estas regras F. foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria;
• Foi orientado a mãe que quando ocorressem os tremores, ela deveria fazer de conta
que não havia percebido nada.
Resultados:
• No tratamento foi fundamental que a mãe e as demais pessoas que
rodeiam a criança modificassem sua forma de agir;
• Confirmou-se que F. tinha plena capacidade de realizar as tarefas
sozinha.
• A mãe mencionou que F. estava cada vez melhor e que seus tremores
para chamar a atenção estavam diminuindo a cada dia.
CASO 2
• O estudo de caso foi desenvolvido a partir do acompanhamento de
um paciente atendido e acompanhado por uma neurologista na
cidade do Recife.
Identificação:
• Nome: M.V
• Idade: 9 anos
• Sexo: Masculino

Queixa principal:
• M.V não obedece às regras impostas pelos pais, professores ou
qualquer figura de autoridade. Quando esta recebendo alguma ordem
ele faz de conta que não esta ouvindo. Dificuldade de cumprir as
obrigações diárias. Grau intenso de Irritabilidade, partindo para a
agressão quando tem algum tipo de problema com amigos da escola.
Histórico familiar:
• M.V é filho único e reinou como primeiro neto por parte da família da mãe
durante 7 anos;
• Mãe tem 38 anos e pai 45 anos;
• Ambiente desarmônico na maioria das vezes entre os pais;

Relação familiar:
• M.V por ser filho único e primeiro neto por parte da família da mãe foi muito
mimado durante 7 anos, até a chegada do primo. A família sempre fazia todas
as vontades do “príncipe” da casa;
• Hoje, com 9 anos e não sendo mais o único neto nem o centro das atenções,
M.V cria problemas familiares. Todas as vezes que M.V vai passar uns dias na
casa da avó que mora com a filha e a outra neta, ele cria problemas com essa
tia, gerando um stress familiar;
• Tem muitos problemas em casa para obedecer principalmente a mãe.
Relação com a escola:
• M.V tinha dificuldade de aceitar perder nos esportes ou qualquer
competição com os colegas;
• Não interage muito nas atividades de grupo como brincadeiras ou
atividades em sala de aula;
• M.V não apresenta problemas de aprendizagem;
• Possui dificuldades para fazer as atividades de casa passadas pela escola;
• Quando a professora passa as atividades em sala de aula M.V sempre
termina primeiro e depois fica incomodando os colegas;
• Tem problemas com a matéria de português, porque na escola anterior
teve algum atrito com a professora.
Observação comportamental:

• M.V quando quer algo e não consegue ele fica insistindo até que a pessoa
canse, perca a paciência e ceda;
• Quando não consegue fazer algo se frustra e chora dizendo que não é capaz;
• A mãe muitas vezes chora porque não consegue impor limites e regras ao
filho;
• M.V mostrava comportamento de manipulação; fazendo com que tudo saísse
do jeito que ele queria, essa atitude é comum para quem possui o TOD.
Diagnóstico:
•Foi solicitado um exame pela neuropediatra um exame chamado EEG
digital (método de monitoramento eletrofisiológico), utilizado para
registrar a atividade elétrica do cérebro para diagnostico de eventuais
anormalidade dessa atividade e foi feito também o mapeamento
cerebral(consiste em um procedimento adotado para diagnóstico de uma
série de enfermidades cerebrais), onde no resultado do exame descreve
que não há anormalidade, porém através do comportamento, de não
querer cumprir normas e regras, comportamento de vingança e
irritabilidade, da dificuldade de fazer atividades em grupo, insistir em
certas situações até que a pessoa faça realmente o que ele quer, com isso
foi levantado a hipótese de TOD.
Intervenções:
• Foi sugerido que os pais tivessem mais habilidades comportamentais como a
motivação, a mudança de comportamento dessa criança vem de terceiros,
em especial, os pais;
• Com o diagnóstico esclarecido, o Transtorno opositor, foi sugerido mudança
no comportamento das pessoas que os cercam como forma de intervenção;
• Iniciar com a psicoeducação (técnica que relaciona instrumentos psicológicos
e pedagógicos) sobre o modelo de tratamento como forma mais eficaz de
motivar a criança;
• Existe um trabalho feito em conjunto com a psicóloga clínica, psicóloga
escolar e professores;
• M.V toma a medicação que a neuropediatra passou chamada Risperidona.
Resultados:

• A mãe relata que com 3 meses seguindo os remédios e mudança na


forma de agir com M.V ele ainda não apresentou melhoras;
• Ela relatou que o filho tem pesadelos, acorda atordoado quase todas
as noites, tem diarréia e que pretende quando acabar a caixa do
medicamento falar com a médica para interromper o uso do
medicamento.
CASO 3
• Proposta da coordenação escolar de encaminhamento para um aluno
ao atendimento psicológico.
Identificação:
• Nome: P.
• Idade: 13 anos
• Sexo: Masculino

Queixas:
• P. não faz o que é proposto pelos professores, repetiu duas vezes de
ano, se envolve em brigas dentro e fora da sala de aula, tem poucos
amigos, não gosta de se envolver com outras pessoas, prefere fazer tudo
sozinho.
Histórico Familiar:
• Segundo filho, filho do meio, entre os três filhos de sua mãe;
• Sua mãe foi diagnosticada com depressão pós-parto;
• Os avós maternos o tomaram como filho e, desta forma, a mãe ficou no
lugar de irmã, isentando-se de qualquer tipo de atividade materna, como
vinculação, cuidados básicos e amamentação;
• P. não chegou a conhecer seu pai;
• Aos 3 anos P. perdeu sua avó, que faleceu;
• Continuou a morar com o avô, ao qual nomeia de pai;
• A sua mãe sai de casa e vai viver outro relacionamento, onde tem outro filho;
• Seu avô passa a viver um novo relacionamento com uma mulher que não
aceita P.;
• Por forças das circunstâncias P. vai com sua irmã, morar com sua mãe, seu
outro irmão, seu padrasto e mais 3 filhos deste padrasto.
Relação Familiar:
• P. desde os 3 anos demonstrava agressividade para com a mãe, avós e
irmãos;
• Sua trajetória de infância foi marcada por abandonos,
comportamentos agressivos, envolvimentos em brigas, agressões
físicas e xingamentos.
• P. tem um relacionamento conturbado com seu padrasto;
• O relacionamento com os novos irmãos também é conturbado, com
brigas;
• Muitas vezes o padrasto agride P. fisicamente;
• P. costuma fugir de casa;
• P. costumar discutir e contrariar os adultos;
• Fica de castigo, mas assim que pode sai por conta própria.
Observação Comportamental:
• Se mostra bastante introspectivo;
• Evita o contato nos olhos;
• Senta na cadeira de cabeça baixa;
• Alega que as pessoas geralmente o incomodam, diz também
incomodar outras pessoas;
• Ao ser questionado, o nível de respostas evidencia um vocabulário
empobrecido, com respostas simplistas e resumidas;
• Segundo P. “Família é chata, eles só incomodam, quero ter minha casa
e morar sozinho”;
• Comportamento agressivo e impulsivo.
• Com frequência perde a calma, é sensível ou facilmente incomodado
e com frequência é raivoso e ressentido.
Diagnóstico:
• Das especificidades diagnósticas para TOD
de acordo com o DSM-V, quanto ao humor
raivoso, irritável, comportamento
questionador, desafiante ou de índole
vingativa o paciente preenche todos os
sintomas.
Intervenções:
• Inicialmente o tratamento terapêutico objetivou acolher o paciente e
suas queixas a partir de uma postura empática e assertiva pauta da
por uma escuta atenta e respeitosa;
• Estabelecimento da vinculação terapêutica;
• Com o decorrer da terapia P. será levado a identificação,
reconhecimento e responsabilidade de suas ações, bem como a
motivação para a mudança, psicoeducação e controle de
comportamentos agressivos e impulsivos através de reforços
positivos.
Prognóstico:

• Boa vinculação terapêutica;


• Motivação para mudanças;
• Iniciativas de mudança tomadas por P.;
• Mobilização do paciente quanto ao reforço positivo;
• Potencialidades do paciente reforçadas pela terapeuta e percebidas
por ele mesmo, a partir da descoberta guiada.
CASO 4
• Encaminhamento da coordenadora pedagógica para avaliação
médica.
Identificação:
• Nome: N.
• Idade: 9 anos
• Sexo: Masculino

Queixas:
• N. está apresentando rendimento acadêmico abaixo do esperado.
Histórico Familiar:
• Pais divorciados;
• Mora com a mãe e uma irmã mais nova.

Relação Familiar:
• Mãe se considera permissiva;
• Considera-o como o “reizinho” da casa;
• Quando tem algo negado ou é colocado algum tipo de limite, N. chora e grita
e sua mãe acaba cedendo;
• Relata que não consegue impor regras ou dar limites ao filho.
Relação na Escola:
• N. se opõe as regras, desafiando deliberadamente a autoridade de
suas professoras;
• N. não possui amigos na escola, pois sempre está envolvido em brigas
com os outros.

Observação Comportamental:
• N. é bastante impulsivo;
• Se mostra manipulador;
• Se enraivece quando contrariado.
Diagnóstico:

• Após investigação clínica com a família, a escola e a própria criança e


em conformidade as especificidades diagnósticas do DSM-V
diagnosticou-se o TOD.
Intervenções:
• Inicialmente foi indicado a procura de um psiquiatra infantil para
acompanhar N., onde o mesmo passou um medicamento para diminuição
dos sintomas de impulsividade e agressividade;
• A mãe foi orientada com informações psicoeducacionais sobre o diagnóstico
do filho, além de ter-lhe sido repassadas estratégias comportamentais para
que ela pudesse lidar com os sintomas opositivos e desafiadores;
• Para a escola foi repassada orientações e materiais psicoeducativos para
auxiliar no manejo dos sintomas em sala de aula e nos momentos de
intervalos;
• N. iniciou um processo terapêutico, onde foi-se realizado um contrato
comportamental entre o terapeuta e a criança, nele constava-se a aplicação
de um programa de reforço positivo e de punições brandas se as regras
fossem quebradas.
Resultados:
• Seis meses após o inicio das intervenções a mãe de N. relata uma
melhora significativa na criança;
• A interação familiar está melhor;
• A mãe afirma que a aplicação das técnicas comportamentais, das
regras e das rotinas estão beneficiando e favorecendo um
relacionamento mais saudável entre eles;
• O relato da coordenadora também relata melhoras significativas na
criança;
• As notas de N. melhoraram;
• N. passou a ter colegas de escola;
• Melhora no relacionamento com os professores e funcionários.
OBRIGADO!!

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