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MODULO V
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Gostaria de começar dizendo algo sobre as Ordens do Amor entre pais e filhos,
partindo da perspectiva do filho. Estas observações são tão fundamentais e óbvias que
eu hesito completamente em mencioná-las, mas não obstante são frequentemente
esquecidas.
Quando os pais dão a vida, agem de acordo com o mais profundo da sua
humanidade, e dão-se enquanto pais aos seus filhos exatamente como são. Pai e mãe,
consumando o seu amor um pelo outro, dão aos seus filhos tudo o que são.
Assim, a primeira das ordens do Amor é que filhos tomam a vida como ela
lhes é dada. Uma criança não pode deixar qualquer coisa de fora da vida que lhe é
dada. O Amor, para ter sucesso, requer que um filho aceite os pais tal como são, sem
medo e sem imaginar que poderia ter pais diferentes. Afinal de contas, pais diferentes
teriam filhos diferentes. Nossos pais são os únicos possíveis para nós. Imaginar que
qualquer outra coisa seja possível é uma ilusão. Aceitar a vida como ela é , essa é a
primeira ordem do amor entre pais e filhos Mas sinta o que se passa na alma quando
você imagina os filhos dizerem aos seus pais, “o que vocês me deram, primeiro, não foi
a coisa certa, e segundo, não foi suficiente”.
O que é que os filhos recebem dos seus pais quando sentem desta maneira?
Nada. E o que é que os pais recebem dos seus filhos? Também nada. Tais filhos não
podem separar-se dos seus pais. Suas acusações e pedidos amarram-nos aos seus
pais de modo que, embora estejam limitados a eles, não têm nenhum progenitor.
Sentem-se então vazios, necessitados e fracos.
Esta é a segunda Ordem do Amor, que os filhos tomem o que seus pais
lhes dão para além da vida como ela é.
Quando filho se torna adulto, diz aos pais: "Recebi muito, e isso basta. Eu o levo
comigo em minha vida". Então ele se sente satisfeito e rico. E acrescenta: "O resto eu
mesmo faço". Também essa é uma bela frase. Ela nos torna independente.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
A quarta Ordem do Amor entre pais e filhos é que pais são grandes e os
filhos são pequenos. É apropriado que os filhos aceitem e os pais dêem. Porque os
filhos recebem tanto, têm necessidade de balancear a conta. Faze-nos sentir
incomodados quando aceitamos daqueles que amamos sem poder retribuir. Com os nossos
pais nunca podemos corrigir o desequilíbrio porque eles dão sempre mais do que nós podemos
retribuir.
“Toda relação começa com a mãe.” Esta frase dá o tom da importância da mãe
na vida de cada ser. A maioria dos problemas surge quando algo ocorreu neste
primeiro relacionamento, quando ele não se dá na plenitude.
A importância primordial do papel da mãe vem do fato de que foi ela quem
gerou a vida que pulsa em você. Se você respira agora, foi porque aquela mulher te
alimentou e sustentou por alguns meses suficientes para você chegar à vida. A vida
veio através dela em toda sua grandeza.
MÃE NARCISISTA
O termo narcisismo foi usado por muito tempo para se referir àquelas pessoas
vaidosas e egoístas. Mas só de uns anos para cá que vem sendo difundido no Brasil o
que de fato é o narcisismo enquanto Transtorno de Personalidade. Quem possui tal
padrão de personalidade manifesta uma série de características rígidas de
comportamento, mas as principais, com base no DSM-5 (Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais), são:
As filhas mulheres costumam sofrer mais, pois são tratadas como bode expiatório,
culpabilizadas pelas emoções desagradáveis da mãe e por tudo que dá errado na
casa. Também são alvo da inveja e da competição desta mãe.
O primeiro passo em direção à solução é dizer “sim” a essa mãe tal como ela é.
Isso não significa concordar com o seu comportamento abusivo e, sim, reconhecer
que ela possui um transtorno de personalidade (rígida e imutável), admitindo que ela
só pode ser assim e não tem como ser diferente.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Ver essa mãe como uma mulher comum, como ser humano imperfeito, vai te ajudar a
abrir mão das suas expectativas de que ela seja diferente do que é. Também vai
evitar que você continue voltando para esta relação com a expectativa irreal de
receber amor, afeto e respeito. Assim, entendendo que ela é espinho, você sabe que
a natureza do espinho é ferir.
CONTEXTO FAMILIAR
O último, mais importante e também o mais difícil passo é tomar essa mãe como
certa para você e incluí-la no coração. É nessa parte que as vítimas de mães
narcisistas costumam se revoltar e rejeitar a Constelação Familiar. “Como vou honrar
e amar quem me causou tanto dano?”
É nosso Eu Adulto que consegue tomar a mãe, não nossas partes feridas.
E por que é tão importante tomar a mãe narcisista como certa, segundo a
Constelação Familiar? Incluindo a mãe no coração e na consciência, você evitará
criar uma perigosa exclusão no seu sistema familiar, que só iria perpetuar esse
sofrimento através da repetição de padrões na família, pois um descendente
inevitavelmente irá imitar o comportamento da pessoa excluída, até que alguém do
sistema decida olhar isso com amor.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Quando este movimento não ocorre, ou seja, a menina prefere ficar com o papai
e o menino se recusa a ir com o pai ou volta para a mãe, ambos podem ficar frágeis
em suas relações afetivas posteriormente. Na constelação familiar, chamamos de
filhinha do papai e filhinho da mamãe.
Para saber se você tem problemas em tomar sua mãe, olhe a sua volta e
perceba se sua vida está travada em algum processo. O primeiro lugar onde visitamos
é sempre a relação com a mãe. Em seguida vamos ao pai e aos que estão excluídos
do sistema familiar. Segundo a lei do pertencimento, estamos ligados a todos os
nossos ancestrais por vínculos inconscientes e nada nem ninguém pode ser excluído
sem que o sistema sofra algum efeito. Assim, uma vida que não flui pode se relacionar
com algo fora de ordem ou excluído, mas se a postura diante dos pais está de acordo
com a ordem, a clareza para onde encontrar a solução fica maior diante dos desafios.
Se você tem muitas críticas e julgamentos contra sua mãe, isto pode se voltar
contra você caso também opte pela maternidade. Se você é mãe e os conflitos com
sua filha são grandes provavelmente há algo na sua relação com sua própria mãe que
precisa ser revisto.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Talvez queira ser uma mãe melhor e dar o que não teve. Parece uma intenção
nobre e claro que é possível fazer diferente, mas não por ser melhor que a mãe, mas
por ter mais recursos que ela mesma lhe propiciou. A geração anterior teve seus
próprios desafios e já trazem um legado. Reconhecer isto não é justificativa para ações
danosas, mas concordar com o passado para conseguir seguir em frente mais livre.
O passado não precisa definir quem você é. Você pode tirar a força que precisa
de todos os desafios que vivenciou ou olhar para o que lhe faltou no processo. Se você
acreditou que precisava carregar as dores da mamãe por amor a ela ou mesmo por
elas terem sido depositadas em você, está na hora de devolver a quem de direito.
Reconhecer que diante dela é pequena e que não pode carregar nada por ela. Este é
um movimento que é feito no coração, sem acusações, apenas concordância do que
foi para seguir livre.
Muitas vezes a infância e/ou adolescência não foi como nós idealizamos. Seja
por ausência de amor, afeto, cuidado, ou a presença de desafios maiores, como
traumas ou violência.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Para a visão sistêmica a relação com o pai tem grande importância seja na vida
pessoal ou profissional. Bert Hellinger, terapeuta alemão, percebeu que haviam três
leis que atuavam sobre os relacionamentos familiares.
A importância do pai
Mas, ao longo do crescimento do bebê, a função paterna passa a ser não mais
periférica, assumindo um posto de maior centralidade na vida da mãe (ou daquele que
representa a função materna) e, também, da criança. O cuidador do bebê precisa se
haver com os desenvolvimentos motores e, portanto, com uma maior preocupação
com o mundo, já que o bebê passa a adquirir paulatinamente maior autonomia. Mas
ainda não é, de fato, uma verdadeira autonomia; assim o “não” surge como a primeira
expressão nítida e fundamental da função paterna dirigida diretamente para o bebê.
Ela tem a função de limitar os seus avanços no mundo que são feitos naturalmente,
mas de modo pouco cuidadoso.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
A função paterna, desse modo, separa a mãe da criança para incluí-la num
mundo mais amplo, o mundo do universo simbólico e da castração. A função paterna,
portanto, separa para incluir. E a função paterna melhor consegue fazer isso, quanto
mais valorizada é a cultura e a alteridade na mente da mãe; ou o quanto a função
paterna está interligada à função materna na sua vida mental.
Na visão sistêmica parte-se do pressuposto que a vida vêm através dos pais e
por este motivo eles merecem um lugar de respeito. O que ocorre depois disso, ou
seja, ao longo da infância e adolescência, não retira o lugar deles nem a grandeza da
vida que foi dada. Da mesma forma pela lei da ordem os pais chegam antes ao
sistema familiar e por isso diante deles somos pequenos. Isso quer dizer que devemos
honrá-los deste lugar independentemente do que eles falam, fazem ou demonstram.
A questão é que ficar remoendo aquilo que aconteceu no passado apenas nos
aprisiona a ele e nos impede de realmente entrar na vida adulta. Se você julga seu pai
por qualquer motivo é grande a chance de você se punir, autossabotar, ou fracassar
em alguma área de sua vida seja no trabalho ou nos relacionamentos. É muito comum
os fracassos sucessivos quando há uma grande crítica em relação ao pai. Muitos
homens não conseguem se afirmar profissionalmente pois estão aprisionados em
alguma questão do passado relacionada à seu pai ou a família paterna.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Para viver a vida com leveza de forma que tudo flua na nossa vida é necessário
uma postura diante do nosso sistema familiar principalmente em relação ao pai e a
mãe. Assim o custo pela mágoa do passado é muito alto. Muitas vezes num processo
inconsciente a pessoa continua levando uma vida difícil e problemática como uma
forma de Vingança apenas para não concordar com a lei da Ordem e não se
reconhecer pequeno diante do pai. O que foi feito no passado não será apagado, é
real. Mas a forma como você lida com ele é que conduz sua vida no agora e para o
futuro.
Será que vale mesmo a pena carregar todos estes ressentimentos? Sendo que
basta que você se reconheça como parte de um sistema familiar onde várias pessoas
vieram antes de você e a vida que você carrega passou através de todas elas até
chegar aonde você está. Quando você experimentar este lugar, o seu lugar certo no
seu sistema familiar, certamente sua vida fluirá. Os problemas e desafios podem
continuar, afinal você está vivo, mas a forma como você lidará com eles será bem mais
fluida e consciente.
Experimente esta postura sistêmica e veja a sua vida fluir melhor em todas as
áreas da sua vida.
Logo, é o pai quem ensinará o filho a ser do gênero masculino. Todo menino, de
modo aproximado, deve sofrer uma desconexão e diferenciação da mãe, para
experimentar uma identificação com o pai. Se nesse momento o pai está ausente ou é
inacessível e distante dos filhos, dificilmente adquirirão a noção da masculinidade.
Todos nós um dia já fomos crianças, mas muitas vezes não lembramos das
experiências que passamos quando éramos bebês ou até de experiências mais
profundas que passamos no útero da nossa mãe.
O fato é que todas as experiências que temos quando criança ficam guardadas
no nosso inconsciente, e este inconsciente acaba governando a nossa vida sem que a
gente perceba.
A nossa criança interior é essa parte nossa que guarda estas memórias antigas,
a guardiã do inconsciente. “Ela” somos nós também, congelados nos traumas.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Quando uma pessoa faz constelações familiares, seja qual for o problema dela
(afetivo, profissional ou existencial), ela traz uma “criança ferida”, há uma ferida no seu
Ser.
Essa criança pode ter passado por abandono, traumas, problemas emocionais
sérios. Falando sistemicamente, ela está fora das Ordens do Amor no sistema familiar.
Quando a criança interior sente que está incluída e em sua devida ordem hierárquica
(como filho),
está apta para tomar a força dos pais e com ela criar sua vida.
Então, o Ser brilha.
Baixa autoestima,
Imagem corporal distorcida,
Medo de críticas,
Resistência a mudanças,
Profundo medo de abandono nos relacionamentos.
Essas vivências em nossa infância podem fazer com que nossas fantasias
infantis se tornem recorrentes e venham à tona em diferentes situações em nossa vida
adulta.
Em geral, a criança toma tudo que lhe é dito como verdade, principalmente se
essas falas são pronunciadas pelos, pais, professores, avós ou demais pessoas que a
criança entende como sendo importantes ou referência em suas vidas.
Acontece, porém, que nem todas as coisas que ouvimos nessa fase de nossas
vidas foram positivas e isso, infelizmente, pode ter nos deixado confusos, assustados e
até mesmo desconectados da nossa natureza infantil.
Alguns exemplos comuns dessas falas entendidas pela criança como “verdade”,
são:
O que ocorre na maioria das vezes é que não damos a devida atenção para
esses sinais. Nossa tendência é descartar ou invalidar essas emoções, como o pai ou
a mãe fizeram no passado. Dessa forma, mantemos o ciclo e nossa Criança Interior
permanece não sendo ouvida e se manifestando em momentos de nossa vida adulta
em que somos confrontados com experiências que nos remetem a alguma experiência
já vivida.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Se a pessoa consegue fazer uma constelação, onde recupere sua força, sua
criança interior vai sanando. Pode se sentir incluída e reconhecida. Não se sente maior
do que os pais; se sente menor, como filho.
A nossa criança interior, por amor cego ao sistema familiar, muitas vezes se
identificará ou assumirá problemas para si para que as pessoas que ama na família
não sofram.
O que acontece é que nós crescemos como pessoas, só que não aprendemos a
crescer esta parte que ficou identificada. Daí resulta o que chamamos da criança
interior ferida.
O cliente pode ter passado por traumas com pai, mãe, com separações,
mortes, e ainda estar buscando nas mesmas pessoas que te traumatizaram a solução
ou até mesmo projetando isto em futuros parceiros e no trabalho. Infelizmente, este
não é o caminho saudável da transformação.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Curar a criança interior ferida nada mais é do que olhar para sua história e
revisitar memórias de dor e emoções que foram abafadas, para que você as integre e
seja uma adulta mais completa em si mesma.
Quando abrimos uma constelação familiar, podemos acessar onde está nosso
“Eu adulto” e onde está nosso “Eu criança”. Conseguimos assim descobrir quando
ficamos com uma parte nossa paralisada na nossa história de vida e liberá-la.
Existem muitas técnicas que nos ajudam a acessar nossa Criança Interior e
muitas emoções surgirão à medida que esse “contato” for acontecendo.
Seguem alguns exercícios que você pode usar para iniciar um processo de
resgate de sua Criança Interior:
Frases que você pode usar para iniciar o processo de cura de sua criança
interior:
Caso seja difícil pra você lembrar-se de muitas situações da infância, você pode
fazer esse exercício olhando fotos sua quando criança.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Pense em tudo que você sempre quis ouvir de seus pais e diga a sua criança,
expresse o seu amor. Deixe que sua criança saiba o quanto ela é amada por você.
Você lembra do que gostava de brincar quando criança? Lembra seu desenho,
filme ou música preferida? Quando foi a última vez que você fez alguma dessas
atividades?
Vamos permitir que seu lado infantil venha à tona! Guarde um tempo para se
divertir! Assista aquele desenho que você adorava quando era criança, coma aquele
doce que você pedia sempre aos seus pais, pule, dance, cante…
Esses exercícios podem gerar muitas emoções, por isso não tenha pressa, faça
no seu tempo. Se necessário, pare, respire, reinicie em um outro dia.
Anima e animus
As palavras vêm do latim animare, que significa animar, avivar. Pois tanto a
anima quanto o animus se assemelham a espíritos e alma vivificadores para homens e
mulheres.
Quando a mulher idealiza suas questões no homem que ama, faz dele uma
figura masculina ideal, fazendo com que seja difícil o casal lidar com a rotina e conviver
com ela, ocasionando assim futuras decepções.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
A ANIMA
A anima é o componente feminino que habita nos homens, é a visão do feminino que
carregam em si. Por ser a parte feminina no homem, a anima é hospitaleira, é
quem anuncia os conteúdos do inconsciente para o consciente. Quem determina a anima é
o Eros (amor), ao mesmo tempo em que no homem suas origens procedem do logos, que é
a razão. As imagens da anima nos sonhos masculinos podem ser de uma mãe, irmã, filha,
bruxa, imagens arquetípicas que podem ser projetadas na mulher, pois elas equivalem à
feminilidade que está inconsciente na psique do homem (JUNG, 2008).
Quando um filho insiste em sua exigência aos pais, não pode se tornar
independente, pois sua cobrança o prende a eles. Contudo, apesar dessa amarra, o
filho não tem os seus pais, nem os pais têm o filho. O que é próprio dos pais além do
que os pais são e dão, eles também têm coisas que conquistaram por merecimento ou
sofreram como perdas.Isso lhes pertence a título pessoal, e os filhos só participam
disso indiretamente. Os pais não podem nem devem dar aos filhos o que lhes pertence
pessoalmente, e os filhos não podem nem devem tomá-lo dos pais. Pois cada um é o
artífice da própria felicidade e da própria desgraça. Quando um filho se arroga o que é
um bem ou direito pessoal dos pais, sem realização própria e sem um destino e um
sofrimento pessoal, ele reivindica o que não tem e cujo preço não pagou. O dar e
tomar que serve à vida e à família se inverte quando um mais novo assume algo
pesado em lugar de um mais velho, por exemplo, quando um filho assume, por um dos
pais, uma culpa, uma doença, um destino, uma obrigação ou uma injustiça que foi
cometida contra ele.
Quando os pais querem tomar dos filhos, e os filhos querem dar aos pais o que
estes não tomaram dos próprios pais ou dos próprios parceiros.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Então os pais querem tomar, como se fossem filhos, e os filhos querem dar,
como se fossem pais. (FILHO PARENTAL).
Com isso, o dar e tomar, em vez de fluir de cima para baixo, tem de fluir de
baixo para cima, contra a força natural.
Por essa razão, a luta do amor contra a ordem está no início e no fim de toda
tragédia, e só existe um caminho para escapar disso: compreender a ordem e segui-la
com amor. Compreender a ordem é sabedoria, segui-la com amor é humildade.
Quando os filhos exigem, “vocês devem dar-me mais,” então os corações dos pais
fecham-se. Porque os filhos exigem, os pais não podem mais inundá-los
voluntariamente de amor. É tudo o que essas exigências conseguem, elas proíbem o
fluxo natural do amor. E os filhos exigindo, mesmo quando conseguem algo, não lhe
dão valor.
Quando os pais não liberam o filho para ir para a vida: esse filho se torna o
projeto de vida dos pais ou de um deles e não tem permissão para seguir sua vida,
pois se o fizer se sentirá de má consciência com o sistema de origem. Pais que jogam
as expectativas infantis deles nos filhos(Pais infantilizados que vivem doentes e na
depedência dos filhos). Filhos que por amor se une a um dos genitores entrando no
triangulo dramático: vítima, perpetudor e salvador.
Não devem fazer por dó, nem para aliviar, mas sim olhar com respeito para a
força que os pais têm para cuidar dos seus destinos, sem que os filhos se sintam
grandes, vendo o quanto a pessoa é forte e tem dignidade para poder receber
cuidados.
Não devem tratar do pai ou mãe como se fossem seus filhos, precisam manter
o respeito, não se sentido responsável ou querendo salvar a vida dos pais. Quando um
filho cuida muito dos pais e se intromete na vida deles, o melhor é parar, agradecer e
respeitar.
Esta atitude traz de volta a dignidade dos pais, assim volta à ordem da
hierarquia. Principais Emaranhamentos sistêmicos quando os filhos não respeitam as
ordens entre pais e filhos: Identificação inconsciente com antigos parceiros de um dos
pais que podem levar a sérios problemas de relacionamento materno e paterno Não
poder criar uma nova família. Estar amaranhada na família de origem. O que levam a
muitos rompimentos Sentir culpa inconsciente que pode gerar doenças. Dificuldades
no universo profissional. Depressão.
O amor cego
Orou à Deus pedindo que Ele retirasse a tristeza da mãe e coloca-se em você?
Ou talvez tenha se dedicado ao familiar até ele melhorar, mesmo sendo uma criança.
O amor infantil crê ser todo poderoso, sente-se capaz de salvar a família, de fazer a
mãe feliz de novo.
Por isso é um Amor Cego. Já o Amor que Vê é o amor que caminha dentro das
possibilidades. Chama-se Amor que Vê por me convidar a olhar o amor do outro por
mim, ao invés de perder-me no amor que eu sinto. É um amor que me convida a
descobrir que o outro deseja que eu seja feliz, e que o sofrimento não pode ser em
vão. É o amor que me leva a fazer valer todo o esforço das gerações anteriores tendo
mais do que eles tiveram.
Mesmo querendo ser como os pais, os filhos temem o destino deles. Por isso,
exteriormente, podem rejeitar os pais e tentar ser diferentes, ainda que às ocultas
procurem imitá-los. Esses filhos, embora alardeiem suas diferenças, continuam a agir
inconscientemente como os pais e atraem ou repelem situações de vida em que
experimentam praticamente o mesmo que eles experimentaram.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Quando os filhos dizem aos pais: “Em nenhuma circunstância hei de ser como
vocês”, continuam a amá-los cegamente e estão atados a eles. A despeito de si
mesmos, empenham-se em seguir o exemplo paterno e tornam- se exatamente iguais.
Quando os filhos temem ser iguais aos pais, vivem a observá-los, pois têm de
aprender constantemente a não sêlo; não é de admirar, pois, que acabem sendo.
Lealdade inconsciente como forma de incluir:
Quando acontece algo dessa espécie, mais tarde a pressão dessa consciência
coletiva escolhe alguém para representar o excluído. A pessoa em questão se sente
igual àquele que foi excluído. Ao invés da pessoa poder viver a própria vida, terá que
viver a vida de uma pessoa excluída, encontra-se emaranhada com um destino
estranho.
Para Hellinger, esta repetição é uma forma de identificação entre gerações que
tem uma grande utilidade ao sistema: garantir o pertencimento de todos.
É uma segunda chance de lidar com a mesma situação, porém sem excluir,
pois, na vida e na natureza, tudo faz parte, tudo sem lugar, ninguém pode ser excluído,
todos fazem parte do todo.
Esse grupo é mantido unido através de uma instância em comum, que zela para
que nessa coletividade sejam mantidas certas ordens, para que a violação dessas
ordens seja expiada e assim tenta anular a violação ou, pelo menos, que sejam
trazidos à memória aqueles que sofreram injustiça, fazendo com que seu destino seja
repetido por outros” Bert Hellinger
Bert Hellinger
O amor interrompido
Trauma é tudo aquilo que aconteceu cedo demais, rápido demais ou forte demais. Peter
Levine
Porém, para uma pessoa (ou criança) que ainda não estava preparada para
enfrentar certo acontecimento, como por exemplo uma ausência prolongada da mãe e
que fez surgir nela a sensação de abandono, isso se torna uma marca interna que
pode acompanhar todos os seu movimentos durante a vida, em relação à sua família,
seus relacionamentos, seu trabalho e a vida em si.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Através dos pais Hellinger fala que quando vivenciamos esta dinâmica do
movimento interrompido, a melhor forma que temos de buscar uma solução é através
de nossa mãe, porque é geralmente a ela que este movimento é dirigido. Ele orienta
como podemos restabelecer este contato quando houve um movimento interrompido:
“Com crianças pequenas a mãe ainda consegue isso facilmente.
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Ela toma o filho nos braços, aperta-o amorosamente contra si e o mantêm pelo
tempo necessário, até que esse amor, que tinha se transformado em raiva e tristeza,
flua de novo abertamente para ela.”
Com filhos adultos, Hellinger diz que também é possível uma mãe ajudar seu
filho, porém é necessário que se regrida em suas sensações e emoções à época onde
a interrupção do movimento aconteceu. Esta é uma sutileza que exige de ambos que
se permitam retornar a um momento que para a criança foi doloroso, e que ainda
reside no adulto que ele se tornou.
Mais tarde quando essas crianças querem ir em direção a alguém, por exemplo, a
um parceiro, seu corpo se lembra do trauma da separação precoce. Então se detêm
internamente em seu movimento em direção a ele. Ao invés de se dirigirem ao
parceiro, ficam esperando que ele venha em sua direção. Quando ele realmente se
aproxima, frequentemente têm dificuldade de suportar sua aproximação. Rejeitam-no
de uma ou de outra forma, ao invés de receberem-no felizes e tomá-lo. Sofrem com
isso e mesmo assim só podem se abrir para ele hesitantes e, quando fazem isso,
muitas vezes o fazem só por um curto espaço de tempo. Algo parecido ocorre em
relação ao seu próprio filho. Algumas vezes também suportam com dificuldade a sua
proximidade.
Às vezes, o filho já adulto interrompe seu movimento para os pais porque os despreza ou os
reprova, pois tem a impressão de ser melhor ou de querer ser melhor, ou porque espera deles mais
do que podem dar. Nestes casos, o movimento deve ser precedido por uma reverência. Esta
reverência corresponde, em primeiro lugar, a uma evolução interior.
Mas dá mais força se é visível e audível. Isso pode ser feito num grupo de apoio no qual “o
filho” posiciona a sua família de origem, se inclina perante os representantes dos seus pais até tocar
o chão, com as palmas das mãos para cima, e permanece nesta posição até o momento em que é
capaz de dizer a um deles ou aos dois: “Eu honro vocês”. Às vezes acrescenta: “Sinto muito”, “Eu
não sabia”, “Senti muita falta de vocês” ou, simplesmente, “Por favor”. O CONSTELADOR pode
ajudar na deste movimento interrompido na dinâmica de bonecos através de uma meditação guiada,
levando o cliente a se imaginar indo em direção a esta mãe.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Portanto, as ordens do amor entre o homem e a mulher envolvem também uma renúncia que
já começa na infância. Pois o filho, para tornar-se um homem, precisa renunciar à primeira mulher
em sua vida, que é a sua mãe. E a filha, para torna-se uma mulher, precisa também renunciar ao
primeiro homem de sua vida, o seu pai. Por essa razão, o filho precisa passar cedo da esfera da
mãe para a do pai. E a filha, precisa retornar cedo da esfera do pai para a da mãe.
A filha precisa ir para a esfera do pai, onde ela aprenderá sobre coragem, sexualidade,
projetos e vida, porém precisa voltar cedo para a esfera de influência da mãe.
É com a mãe que a filha aprende a amar e respeitar o homem. Já o filho precisa sair cedo da
esfera da mãe, ir para o campo do pai e permanecer lá. É no campo do pai, vinculado a sua
linhagem masculina que o homem aprende a ser homem, ganha força e aprende a amar, respeitar e
proteger a sua mulher.
E é a mãe quem libera os filhos para o pai e isso deve ser feito de coração, de alma. Um
movimento feito apenas no plano físico não terá efeito algum, por isso a mãe deve conceder o(a)
filho(a) ao pai, rompendo o cordão umbilical, apenas desta forma estes filhos terão sucesso na vida
e serão capazes de construir suas próprias famílias.
Ambos estarão brincando de casamento. Bert Hellinger diz que casamento é algo para gente
grande, gente adulta, gente que reconhece e aceita seu lugar, gente que deixou pai e mãe para trás,
gente que está disposta a assumir 50% de tudo que acontecer entre ambos. Permanecendo na
esfera da mãe, frequentemente o filho só chega a ser um eterno adolescente e queridinho das
mulheres, mas não um homem.
E persistindo na esfera do pai, a filha muitas vezes só se torna uma eterna adolescente e uma
namoradinha dos homens, mas não uma mulher.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r
Quando um “filhinho da mamãe” se casa com uma “filhinha do papai”, ele frequentemente
busca uma substituta para a sua mãe e a encontra na mulher.
Por sua vez, a mulher, busca um substituto para o seu pai e o encontra no marido. Quando,
porém, um filho ligado ao pai se casa com uma filha ligada à mãe, eles têm mais chances de
formarem um casal bem sucedido.
De resto, o filho ligado ao pai costuma dar-se bem com o sogro e a filha ligada à mãe
geralmente se dá bem com a sogra.
Ao contrário, o filho ligado a mãe frequentemente se relaciona melhor com a sogra do que
com o sogro e a filha ligada ao pai, melhor com o sogro do que com a sogra.( Bert Hellinger-
Histórias de Amor ).
Um pai sedutor, que não olha para esposa, ou compete com ela, ou está bravo/magoado com
ela, pode fazer a menina acreditar que é melhor do que a mãe como mulher. A filhinha do papai tem
o ferimento da inflação do ego, que tira o seu poder e contato com a sua fonte feminina, a mãe.
Nascemos na esfera da mãe e fazemos o caminho para o pai desde o 1º passo.
O primeiro amor do homem é a mãe, o primeiro amor da mulher é o pai (de acordo com
Freud), porém é preciso renunciar a este amor para que possamos viver o amor adulto, o amor entre
um homem e uma mulher. As lealdades invisíveis que impactam as filhinhas do papai e os filhinhos
da mamãe: Onde estou e qual é o meu “lugar” de força? Reconhecer o nosso próprio lugar e nos
apossarmos dele nos traz força e brilho para nos reconciliarmos nas distintas esferas de
relacionamentos.
Essa reconciliação é uma parte muito importante para o nosso ser estar na vida, pois a
depender, poderemos experienciar muitos conflitos que impactam diretamente na nossa qualidade
de presença na vida. Se não olharmos de forma consciente, desde uma perspectiva mais alta,
permaneceremos…, como posso dizer, “perdidos”, “retrógrados” retardatários no nosso caminho
evolutivo.
O filho dali, tomando a força e energia masculina, deve ir para o mundo alto e belo, e a filha
deve retornar à esfera da mãe para então tomar a força e energia feminina.
Se, por algum motivo, esses movimentos forem interrompidos, o filho homem permanece na
esfera da mãe e vai se tornar um “filhinho da mamãe”, terá menos simpatia e compreensão em
relação às mulheres, de certo modo, sua alma já está preenchida por esse feminino e quando está
dentro da esfera do pai, ele poderá olhar para a mulher e entender a diferença e completude.
Do mesmo modo, a filha mulher, se ela permanecer dentro da esfera do pai, terá menos
simpatia e compreensão em relação aos homens, se tornará “a filhinha do papai”.
No caso destas dinâmicas descritas uma das leis sistêmicas está sendo desobedecida, a lei
da ordem ou hierarquia.
Nela precisamos ser pequenos diante de ambos os pais respeitando a prioridade de chegada
no sistema e reverenciando a vida que veio através deles. Os filhinhos da mamãe e filhinhas do
papai geralmente estão grandes diante de um deles.
Assim, não há leveza e em alguma área da vida algo não irá bem. Os pais podem reforçar
estas dinâmicas nos filhos, que quando criança não possuem muitas defesas.
Os filhos ficam entre os pais com esta postura. Mas ao se tornarem adultos cabe a cada um
voltar ao seu lugar. Bert Hellinger descreve um exercício simples para esta dinâmica:
Quem percebe que é uma filhinha do papai, olha para o seu pai e lhe diz, piscando o olho:
“Sou apenas a sua filha. Para outro papel, sou pequena demais”. A mesma coisa faz o filhinho da
mamãe com sua mãe. Olha para ela e lhe diz:
“Sou apenas o seu filho. Para outro papel, sou pequeno demais”. Curiosamente, isso é um
alívio para todos, inclusive para os pais.( Livro: Um lugar para os excluídos, 2006).
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Referências Bibliográficas:
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publicado em 1962).
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HELLINGER, Bert.O Amor do Espírito na Hellinger Sciencia /Bert Hellinger; tradução Filipa Richter,
Lorena Richter, Tsuyuko Jinno-Spelter. Patos de Minas: Atman, 2009. 216 p. HELLINGER,sophie. A
própria felicidade:Fundamentos para a Constelação Familiar-volume 2;Tradução Beatriz
Rose.Brasília:trampolim,2019.
KAST, Verena. Pais e filhas – Mães e filhos: caminhos para a auto-identidade a partir dos complexos
materno e paterno. São Paulo: Edições Loyola, 1997.
PEREIRA, L. F. Anima e animus: um olhar sobre seus reflexos na psique e relacionamentos. 2010.
SILVEIRA, N. Jung: vida e obra. 7 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
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06 | LEIDIANE NOGUEIRA - GUIA DE ATENDIMENTO SISTÊMICO
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