Você está na página 1de 34

Formação

Constelação
Sistêmica
Familiar
MODULO V
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Ordens do amor entre pais e filhos

Gostaria de começar dizendo algo sobre as Ordens do Amor entre pais e filhos,
partindo da perspectiva do filho. Estas observações são tão fundamentais e óbvias que
eu hesito completamente em mencioná-las, mas não obstante são frequentemente
esquecidas.

Quando os pais dão a vida, agem de acordo com o mais profundo da sua
humanidade, e dão-se enquanto pais aos seus filhos exatamente como são. Pai e mãe,
consumando o seu amor um pelo outro, dão aos seus filhos tudo o que são.

Assim, a primeira das ordens do Amor é que filhos tomam a vida como ela
lhes é dada. Uma criança não pode deixar qualquer coisa de fora da vida que lhe é
dada. O Amor, para ter sucesso, requer que um filho aceite os pais tal como são, sem
medo e sem imaginar que poderia ter pais diferentes. Afinal de contas, pais diferentes
teriam filhos diferentes. Nossos pais são os únicos possíveis para nós. Imaginar que
qualquer outra coisa seja possível é uma ilusão. Aceitar a vida como ela é , essa é a
primeira ordem do amor entre pais e filhos Mas sinta o que se passa na alma quando
você imagina os filhos dizerem aos seus pais, “o que vocês me deram, primeiro, não foi
a coisa certa, e segundo, não foi suficiente”.

O que é que os filhos recebem dos seus pais quando sentem desta maneira?
Nada. E o que é que os pais recebem dos seus filhos? Também nada. Tais filhos não
podem separar-se dos seus pais. Suas acusações e pedidos amarram-nos aos seus
pais de modo que, embora estejam limitados a eles, não têm nenhum progenitor.
Sentem-se então vazios, necessitados e fracos.

Esta é a segunda Ordem do Amor, que os filhos tomem o que seus pais
lhes dão para além da vida como ela é.

A terceira Ordem do Amor entre pais e filhos é que respeitamos o que


pertence aos nossos pais pessoalmente, e permitimos que façam o que somente
eles, podem e devem fazer.

Quando filho se torna adulto, diz aos pais: "Recebi muito, e isso basta. Eu o levo
comigo em minha vida". Então ele se sente satisfeito e rico. E acrescenta: "O resto eu
mesmo faço". Também essa é uma bela frase. Ela nos torna independente.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

A quarta Ordem do Amor entre pais e filhos é que pais são grandes e os
filhos são pequenos. É apropriado que os filhos aceitem e os pais dêem. Porque os
filhos recebem tanto, têm necessidade de balancear a conta. Faze-nos sentir
incomodados quando aceitamos daqueles que amamos sem poder retribuir. Com os nossos
pais nunca podemos corrigir o desequilíbrio porque eles dão sempre mais do que nós podemos
retribuir.

PAPEL DA MÃE: SIGNIFICADO NA CONSTELAÇÃO FAMILIAR

“Toda relação começa com a mãe.” Esta frase dá o tom da importância da mãe
na vida de cada ser. A maioria dos problemas surge quando algo ocorreu neste
primeiro relacionamento, quando ele não se dá na plenitude.

A importância primordial do papel da mãe vem do fato de que foi ela quem
gerou a vida que pulsa em você. Se você respira agora, foi porque aquela mulher te
alimentou e sustentou por alguns meses suficientes para você chegar à vida. A vida
veio através dela em toda sua grandeza.

Além disso, aquelas que puderam, sobreviveram ou seguiram mais um tempo,


certamente alimentaram e cuidaram de você em suas necessidades básicas. Algumas
podem não ter conseguido dar continuidade nos cuidados posteriores, mas, ainda
assim, o lugar dela é de honra e respeito.

MÃE NARCISISTA

O termo narcisismo foi usado por muito tempo para se referir àquelas pessoas
vaidosas e egoístas. Mas só de uns anos para cá que vem sendo difundido no Brasil o
que de fato é o narcisismo enquanto Transtorno de Personalidade. Quem possui tal
padrão de personalidade manifesta uma série de características rígidas de
comportamento, mas as principais, com base no DSM-5 (Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais), são:

1. Grandiosidade: se consideram melhores, especiais e dignas de privilégio. São


extremamente críticas e desqualificam os outros para se sentirem superiores. Não
admitem seus erros ou fragilidades e não pedem desculpas;⠀
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

2. Falta de empatia: não consideram as necessidades e dores do outro e, portanto, não


se importam em machucar as pessoas. São péssimas ouvintes e têm muita
dificuldade em criar vínculos afetivos profundos;
3. Manipulação: fazem de tudo para conseguir o que querem e estar no controle das
relações: se fazem de vítima, mentem, distorcem fatos, culpam o outro por tudo que
dá errado;
4. Intolerância à crítica: podem ter explosões de raiva quando são contrariadas,
criticadas ou rejeitadas;
5. Eu personagem: se comportam de forma abusiva dentro de casa e fora de casa
podem ser muito sociáveis e generosas;
6. Ciúmes e inveja agudos: invejam o sucesso, a felicidade ou qualquer outra coisa que
elas não têm.

OS FILHOS DE MÃE NARCISISTA

Filhos de lares disfuncionais como este crescem com um forte sentimento de


desamparo aprendido, inadequação, culpa e baixa autoestima, pois são
constantemente criticados, invalidados, agredidos física, emocional e
psicologicamente.

As filhas mulheres costumam sofrer mais, pois são tratadas como bode expiatório,
culpabilizadas pelas emoções desagradáveis da mãe e por tudo que dá errado na
casa. Também são alvo da inveja e da competição desta mãe.

Já os filhos homens frequentemente são tratados como filhos dourados, com


predileção explícita. Neste contexto, eles são usados como troféus, para serem
exibidos aos outros e validar esta mãe como uma boa mãe para a sociedade. Ele
tampouco tem autonomia, pois a mãe o trata como uma extensão de si mesma,
projetando todas as suas próprias qualidades e suposta magnificência.

COMO SUPERAR AS MÃES NARCISISTAS?

O primeiro passo em direção à solução é dizer “sim” a essa mãe tal como ela é.
Isso não significa concordar com o seu comportamento abusivo e, sim, reconhecer
que ela possui um transtorno de personalidade (rígida e imutável), admitindo que ela
só pode ser assim e não tem como ser diferente.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Ver essa mãe como uma mulher comum, como ser humano imperfeito, vai te ajudar a
abrir mão das suas expectativas de que ela seja diferente do que é. Também vai
evitar que você continue voltando para esta relação com a expectativa irreal de
receber amor, afeto e respeito. Assim, entendendo que ela é espinho, você sabe que
a natureza do espinho é ferir.

CONTEXTO FAMILIAR

O segundo passo é buscar o contexto familiar, ou seja, entender a história de vida


da sua mãe e, principalmente, como foi seu relacionamento com seus pais na
primeira infância, quando provavelmente se originou o Transtorno de Personalidade
Narcisista, que tem um forte componente ambiental. Sem isso, é muito difícil
conseguir ressignificar sua relação com ela.

HONRAR E RESPEITAR A MÃE NARCISISTA

O último, mais importante e também o mais difícil passo é tomar essa mãe como
certa para você e incluí-la no coração. É nessa parte que as vítimas de mães
narcisistas costumam se revoltar e rejeitar a Constelação Familiar. “Como vou honrar
e amar quem me causou tanto dano?”

E aqui eu faço uma importante ressalva: tomar a mãe (honrá-la e respeitá-la) só é


possível depois de ter processado toda a dor e sofrimento acumulados ao longo de
anos dessa relação. É preciso primeiro fortalecer o Eu Adulto para então acolher
essa criança ou adolescente internos feridos.

É nosso Eu Adulto que consegue tomar a mãe, não nossas partes feridas.

INCLUIR A MÃE NO CORAÇÃO

E por que é tão importante tomar a mãe narcisista como certa, segundo a
Constelação Familiar? Incluindo a mãe no coração e na consciência, você evitará
criar uma perigosa exclusão no seu sistema familiar, que só iria perpetuar esse
sofrimento através da repetição de padrões na família, pois um descendente
inevitavelmente irá imitar o comportamento da pessoa excluída, até que alguém do
sistema decida olhar isso com amor.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

RELAÇÃO ENTRE MÃES E PAIS, FILHAS OU FILHOS

“A mulher só se torna mulher com a mãe. O homem só se torna homem com o


pai.” Esta máxima da constelação costuma causar muitos questionamentos, contudo
nela há um movimento natural do ser. Mais uma vez, a compreensão vai além das
questões ideológicas.

É preciso nos voltarmos para o movimento essencial do ser. O feminino flui


através do feminino, assim como o masculino fluirá através do masculino.
Psicologicamente, todos contemos o masculino e o feminino em nós. E buscar este
equilíbrio é fundamental para bons relacionamentos.

O pai tem um papel importante de conexão com a criança no mundo externo,


social e profissional. Ele a leva para ver o mundo. Mas a menina precisa retornar para
a mãe após um tempo para seguir com o feminino fortalecido em suas raízes. O
menino deve seguir com o pai.

Quando este movimento não ocorre, ou seja, a menina prefere ficar com o papai
e o menino se recusa a ir com o pai ou volta para a mãe, ambos podem ficar frágeis
em suas relações afetivas posteriormente. Na constelação familiar, chamamos de
filhinha do papai e filhinho da mamãe.

Como descobrir a relação com sua mãe

Para saber se você tem problemas em tomar sua mãe, olhe a sua volta e
perceba se sua vida está travada em algum processo. O primeiro lugar onde visitamos
é sempre a relação com a mãe. Em seguida vamos ao pai e aos que estão excluídos
do sistema familiar. Segundo a lei do pertencimento, estamos ligados a todos os
nossos ancestrais por vínculos inconscientes e nada nem ninguém pode ser excluído
sem que o sistema sofra algum efeito. Assim, uma vida que não flui pode se relacionar
com algo fora de ordem ou excluído, mas se a postura diante dos pais está de acordo
com a ordem, a clareza para onde encontrar a solução fica maior diante dos desafios.

Se você tem muitas críticas e julgamentos contra sua mãe, isto pode se voltar
contra você caso também opte pela maternidade. Se você é mãe e os conflitos com
sua filha são grandes provavelmente há algo na sua relação com sua própria mãe que
precisa ser revisto.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Talvez queira ser uma mãe melhor e dar o que não teve. Parece uma intenção
nobre e claro que é possível fazer diferente, mas não por ser melhor que a mãe, mas
por ter mais recursos que ela mesma lhe propiciou. A geração anterior teve seus
próprios desafios e já trazem um legado. Reconhecer isto não é justificativa para ações
danosas, mas concordar com o passado para conseguir seguir em frente mais livre.

Problemas de confiança nas relações amorosas também podem ter origem em


dificuldades na relação com a mãe. Se quando criança sua mãe teve que se ausentar
por algum motivo, saúde, outra gravidez, ou mesmo morte, você pode ter registrado
um pequeno trauma da separação e isso trazer consequências em suas relações
afetivas e sociais. O caminho é o mesmo, tomá-la no coração com tudo que foi do jeito
que foi para seguir sua vida mais livre.

As mães (ou pais) adotivos exercem um papel importantíssimo e ao mesmo


tempo bem delicado. O êxito na adoção e na relação entre esta mãe e seus filhos e
acolher no coração a origem da criança independentemente de qualquer ocorrido.

Como superar as dores causadas pelas mães

Costumo dizer que precisamos separar as instâncias. Dentro da mulher mora


uma mãe e a relação que precisamos acertar é com esta. Afinal, a mulher traz sua
bagagem que já existia antes de você. Suas dores e feridas estão todas lá. Mas ela
deu à luz em algum momento e neste momento você tem a vida através desta mãe e
isso deve ser colocado em primeiro plano. Não precisa ficar em um ambiente aversivo,
com a tal mãe narcisista por exemplo, onde residem dores e mágoas. Pode se afastar,
se possível, mas no coração a mãe precisa ir com você. A mulher pode até ficar para
trás, mas a mãe que te gerou e alimentou precisa ser honrada.

O que ocorre é que as culpas são carregadas. Se você acusa a mãe no


coração, automaticamente age contra a lei da ordem e pode causar processos de
autossabotagem como expiação. As pessoas se vingam inconscientemente da mãe
sendo infelizes, assim podem justificar seu fracasso e continuar acusando a mãe. Não
traz bons efeitos para ninguém e quem mais perde é você mesma (o).
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

O passado não precisa definir quem você é. Você pode tirar a força que precisa
de todos os desafios que vivenciou ou olhar para o que lhe faltou no processo. Se você
acreditou que precisava carregar as dores da mamãe por amor a ela ou mesmo por
elas terem sido depositadas em você, está na hora de devolver a quem de direito.
Reconhecer que diante dela é pequena e que não pode carregar nada por ela. Este é
um movimento que é feito no coração, sem acusações, apenas concordância do que
foi para seguir livre.

Dependendo do tamanho do dano ou dor causadas, o processo deve ser feito


em um processo terapêutico por um profissional capacitado que irá acolher suas dores
e te ajudar a ressignificar. Uma constelação familiar com um profissional de sua
confiança também pode trazer a luz as questões envolvidas e lhe ajudar a liberar o que
te aprisiona.

O impacto do pai em nossa história

Segundo Corneau, fundamentado pelas ideias de Lacan, reafirma que o pai é o


primeiro outro que a criança encontra fora do ventre de sua mãe, sendo ele indistinto
para o recém-nascido, mas ao bloquear o desejo incestuoso, sua figura vai se
diferenciando, permitindo o nascimento da interioridade do filho e desfaz, assim, a
fusão entre o eu e o não eu, o pai encarna inicialmente a não mãe e dá forma a tudo
que não seja ela. A presença do pai é que poderá facilitar à criança a passagem do
mundo da família para o da sociedade. Será permitido o acesso à agressividade, à
afirmação de si, à capacidade de se defender e de explorar o ambiente. Este mesmo
autor acredita que as crianças que sentem o pai próximo e presente sentem-se mais
seguras em seus estudos, na escolha de uma profissão ou na tomada de iniciativas
pessoais.( Corneau,1991)

Nutrir ressentimentos pelos pais podem causar problemas em nossa vida


pessoal e profissional. Saiba como lidar para fazer escolhas mais livres.

Muitas vezes a infância e/ou adolescência não foi como nós idealizamos. Seja
por ausência de amor, afeto, cuidado, ou a presença de desafios maiores, como
traumas ou violência.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

É verdade que às vezes ambos os pais ou um deles tem responsabilidade sobre


todas essas questões que vivenciamos no passado. Mas quando você carrega todos
esses ressentimentos, feridas, e mágoas para a vida adulta, quem paga o preço é
você.

Para a visão sistêmica a relação com o pai tem grande importância seja na vida
pessoal ou profissional. Bert Hellinger, terapeuta alemão, percebeu que haviam três
leis que atuavam sobre os relacionamentos familiares.

Estas leis, do pertencimento, da ordem, ou do equilíbrio, atuam de forma a


interferir em todas as áreas de nossas vidas mesmo que não tenhamos conhecimento
das mesmas. Assim, se estamos em dissonância com alguma delas certamente algum
problema mais desafiante enfrentaremos no nosso caminho.

A importância do pai

A função paterna no início da vida do bebê relaciona-se com dar condições de


segurança, apoio e estabilidade para que aquele que desempenha a função materna
possa fazê-lo integralmente. O bebê, neste momento, é o reflexo do desejo dos seus
pais, desejo desconhecido, mas que aparentemente se tornou encarnado e vivo; é
um ser-para-si (ser para a mãe), carecendo ainda de um mundo pessoal. Ele é o
investimento narcísico daqueles que cuidam do bebê, e o reflexo deste investimento
libidinal e imaginário. Bebês lindos e mães extenuadas e descuidadas são, muitas
vezes, a cara e a coroa de uma mesma moeda. O bebê e a mãe, nesse sentido, são
indistinguíveis. Não existe alguma coisa como um bebê independente, destituído de
uma função materna que o acompanhe.

Mas, ao longo do crescimento do bebê, a função paterna passa a ser não mais
periférica, assumindo um posto de maior centralidade na vida da mãe (ou daquele que
representa a função materna) e, também, da criança. O cuidador do bebê precisa se
haver com os desenvolvimentos motores e, portanto, com uma maior preocupação
com o mundo, já que o bebê passa a adquirir paulatinamente maior autonomia. Mas
ainda não é, de fato, uma verdadeira autonomia; assim o “não” surge como a primeira
expressão nítida e fundamental da função paterna dirigida diretamente para o bebê.
Ela tem a função de limitar os seus avanços no mundo que são feitos naturalmente,
mas de modo pouco cuidadoso.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Portanto, a função paterna tem como objetivo apresentar o mundo para a


criança pequena, mas um mundo que se torne seguro para ela.

A função paterna, desse modo, separa a mãe da criança para incluí-la num
mundo mais amplo, o mundo do universo simbólico e da castração. A função paterna,
portanto, separa para incluir. E a função paterna melhor consegue fazer isso, quanto
mais valorizada é a cultura e a alteridade na mente da mãe; ou o quanto a função
paterna está interligada à função materna na sua vida mental.

Na visão sistêmica parte-se do pressuposto que a vida vêm através dos pais e
por este motivo eles merecem um lugar de respeito. O que ocorre depois disso, ou
seja, ao longo da infância e adolescência, não retira o lugar deles nem a grandeza da
vida que foi dada. Da mesma forma pela lei da ordem os pais chegam antes ao
sistema familiar e por isso diante deles somos pequenos. Isso quer dizer que devemos
honrá-los deste lugar independentemente do que eles falam, fazem ou demonstram.

O que ocorre então, é que se você mantém qualquer julgamento ou crítica a


respeito de seu pai, alguma consequência isso trará para sua vida. O pai pode ter sido
alcoolista, ter tido algum fracasso muito grande na vida, ter perdido todo o dinheiro, ter
sido muito rígido e autoritário, ou simplesmente não esteve presente no crescimento
dos filhos. Tudo isso pode gerar marcas na criança ou adolescente que certamente
leva essas dores para a vida adulta. Contudo o que é preciso lembrar é que o pai é um
homem que já existia antes que você viesse ao mundo, e com isso ele tem toda uma
história também em sua família de origem. E quando somos crianças ou adolescentes
não temos a força necessária para seguir o nosso próprio caminho. Mas ao entrarmos
na vida adulta precisamos seguir em frente reconhecendo que o pai deu tudo o que ele
podia mesmo que não fosse aquilo que você gostaria. É simplesmente lembrar que se
você está vivo é graças a ele.

A questão é que ficar remoendo aquilo que aconteceu no passado apenas nos
aprisiona a ele e nos impede de realmente entrar na vida adulta. Se você julga seu pai
por qualquer motivo é grande a chance de você se punir, autossabotar, ou fracassar
em alguma área de sua vida seja no trabalho ou nos relacionamentos. É muito comum
os fracassos sucessivos quando há uma grande crítica em relação ao pai. Muitos
homens não conseguem se afirmar profissionalmente pois estão aprisionados em
alguma questão do passado relacionada à seu pai ou a família paterna.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Da mesma maneira, para as mulheres além de afetar profissionalmente


também pode criar uma distância do masculino caso ela tenha alguma crítica ou
exigência em relação ao masculino da sua família.

Para viver a vida com leveza de forma que tudo flua na nossa vida é necessário
uma postura diante do nosso sistema familiar principalmente em relação ao pai e a
mãe. Assim o custo pela mágoa do passado é muito alto. Muitas vezes num processo
inconsciente a pessoa continua levando uma vida difícil e problemática como uma
forma de Vingança apenas para não concordar com a lei da Ordem e não se
reconhecer pequeno diante do pai. O que foi feito no passado não será apagado, é
real. Mas a forma como você lida com ele é que conduz sua vida no agora e para o
futuro.

Será que vale mesmo a pena carregar todos estes ressentimentos? Sendo que
basta que você se reconheça como parte de um sistema familiar onde várias pessoas
vieram antes de você e a vida que você carrega passou através de todas elas até
chegar aonde você está. Quando você experimentar este lugar, o seu lugar certo no
seu sistema familiar, certamente sua vida fluirá. Os problemas e desafios podem
continuar, afinal você está vivo, mas a forma como você lidará com eles será bem mais
fluida e consciente.

Não é importante se o seu cliente não tenha tido a oportunidade de conviver


com o seu pai. Pois para a visão sistêmica a convivência pouco importa. O mais
importante é ele reconhecer dentro do seu coração, na sua alma, que ele faz parte de
quem ele é, e portanto, está em nele, mesmo que de alguma forma ele não queira.

Experimente esta postura sistêmica e veja a sua vida fluir melhor em todas as
áreas da sua vida.

A autonomia, portanto, é a finalidade da realização satisfatória da função


paterna e materna na vida mental do filho. Os filhos, desse ponto de vista, podem ir
adiante, fazendo com que os pais se tornem menos importantes. Deixar ser
suplantado, tornado desimportante e poder orgulhar-se da autonomia do filho e da
possibilidade de ser desimportante é o último bastião da função paterna. Trata-se de
confiar que aquilo que foi transmitido poderá ser retransmitido nas futuras gerações;
decididamente a função paterna é uma função associada com o mundo da cultura.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Um filho é tanto algo profundamente pessoal quanto um ser que se transforma


em algo da cultura e do mundo. É um modo de presentear a cultura com nosso amor,
deixando o filho ser no mundo aquilo que ele está, por alguma razão, destinado a ser
além de nós.

A conexão entre mãe e filho durante a gestação e amamentação transforma a


mulher em um porto seguro. “A figura masculina, em contrapartida, provoca uma
ruptura nesse relacionamento.

Os meninos necessitam de modelos masculinos para se converterem em


homens. A partir dos sete anos, os meninos preferem a companhia de homens.
Quando se priva o jovem de um modelo adequado de masculinidade, a sua tendência
será a de exagerar nos estereótipos machistas, porque nunca recebeu a imagem justa
e equilibrada do que significa ser homem.

Logo, é o pai quem ensinará o filho a ser do gênero masculino. Todo menino, de
modo aproximado, deve sofrer uma desconexão e diferenciação da mãe, para
experimentar uma identificação com o pai. Se nesse momento o pai está ausente ou é
inacessível e distante dos filhos, dificilmente adquirirão a noção da masculinidade.

CRIANÇA INTERIOR: A VISÃO DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR

Todos nós um dia já fomos crianças, mas muitas vezes não lembramos das
experiências que passamos quando éramos bebês ou até de experiências mais
profundas que passamos no útero da nossa mãe.

Segundo Carl Gustav Jung, o pai da Psicologia Analítica, arquétipos são as


imagens mentais que guardamos em nosso inconsciente coletivo, que estão
enraizadas na parte mais profunda da mente humana e que se reflete em nossa forma
de ser e agir.

O fato é que todas as experiências que temos quando criança ficam guardadas
no nosso inconsciente, e este inconsciente acaba governando a nossa vida sem que a
gente perceba.

A nossa criança interior é essa parte nossa que guarda estas memórias antigas,
a guardiã do inconsciente. “Ela” somos nós também, congelados nos traumas.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Se reunir com a nossa criança interior, é se reconectar


com a fonte da criatividade.

Quando uma pessoa faz constelações familiares, seja qual for o problema dela
(afetivo, profissional ou existencial), ela traz uma “criança ferida”, há uma ferida no seu
Ser.

Essa criança pode ter passado por abandono, traumas, problemas emocionais
sérios. Falando sistemicamente, ela está fora das Ordens do Amor no sistema familiar.

Quando a criança interior sente que está incluída e em sua devida ordem hierárquica
(como filho),
está apta para tomar a força dos pais e com ela criar sua vida.
Então, o Ser brilha.

Esse é o processo que fazemos nas constelações familiares e que ensinamos


em nossos cursos de formação: ajudar as pessoas a se reconectar com sua criança
interior para que seu Ser, brilhe.

Uma criança interior ferida nos causa

 Baixa autoestima,
 Imagem corporal distorcida,
 Medo de críticas,
 Resistência a mudanças,
 Profundo medo de abandono nos relacionamentos.

Essas vivências em nossa infância podem fazer com que nossas fantasias
infantis se tornem recorrentes e venham à tona em diferentes situações em nossa vida
adulta.

As fantasias da criança interior funcionam como professores que nos permitem


ver onde precisamos de cura. Onde precisamos honrar a parte de nós mesmos que
não conseguiu o que precisávamos, em uma fase muito importante de nosso
desenvolvimento.

As “verdades” que nos foram ditas


| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Em geral, a criança toma tudo que lhe é dito como verdade, principalmente se
essas falas são pronunciadas pelos, pais, professores, avós ou demais pessoas que a
criança entende como sendo importantes ou referência em suas vidas.

Acontece, porém, que nem todas as coisas que ouvimos nessa fase de nossas
vidas foram positivas e isso, infelizmente, pode ter nos deixado confusos, assustados e
até mesmo desconectados da nossa natureza infantil.

Alguns exemplos comuns dessas falas entendidas pela criança como “verdade”,
são:

 “Você é muito…” (chato, fraco, sério, barulhento, burro, etc.);


 “Você não é bom o suficiente em…” (matemática, esportes, fazer amigos, etc.);
 “Você não tem modos”;
 “Você deveria ser como…” (seu irmão, seu colega, seu primo);
 “Desse jeito, você nunca terá…” (amigos, emprego, um amor);
 “Foi culpa sua se eu…” (Gritei, te bati, fiquei zangado).

Sinais de que sua Criança Interior pode estar ferida

 Medo de receber críticas;


 Medo ou vergonha de se expressar em algumas situações;
 Tendência a esperar que outras pessoas falem primeiro para saber o que é “certo”
fazer ou dizer, ou de que forma se posicionar;
 Colocar-se em situações onde se tenta ajudar ou “salvar” alguém;
 Dificuldade em dizer “não”;
 Sentir-se responsável pelas emoções dos outros.

Esses são apenas alguns exemplos de como a criança interior ferida se


expressa.

O que ocorre na maioria das vezes é que não damos a devida atenção para
esses sinais. Nossa tendência é descartar ou invalidar essas emoções, como o pai ou
a mãe fizeram no passado. Dessa forma, mantemos o ciclo e nossa Criança Interior
permanece não sendo ouvida e se manifestando em momentos de nossa vida adulta
em que somos confrontados com experiências que nos remetem a alguma experiência
já vivida.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

O que a constelação pode fazer pela criança interior?

Primeiramente, observar como a criança está posicionada no seu sistema


familiar de origem.

A constelação também, na mesma sessão, trata de ver se o sistema familiar


facilita que essa criança se posicione em um lugar de mais força, de mais
empoderamento.

Se a pessoa consegue fazer uma constelação, onde recupere sua força, sua
criança interior vai sanando. Pode se sentir incluída e reconhecida. Não se sente maior
do que os pais; se sente menor, como filho.

Quando somos crianças sentimos o que acontece no nosso sistema familiar e,


por uma lealdade sistêmica, “fazemos pactos” com os membros da nossa família
tentando resolver as questões deles.

A nossa criança interior, por amor cego ao sistema familiar, muitas vezes se
identificará ou assumirá problemas para si para que as pessoas que ama na família
não sofram.

O que acontece é que nós crescemos como pessoas, só que não aprendemos a
crescer esta parte que ficou identificada. Daí resulta o que chamamos da criança
interior ferida.

CRIANÇA INTERNA FERIDA

Você é adulta, tem idade de adulto, muitos comportamentos de adulto para


várias questões, mas em outras ainda está congelada esperando que alguém tire você
da situação traumática que viveu. Só que isto não irá acontecer porque quando
crescemos, nós precisamos nos autorresponsabilizar e buscar na vida a solução
daquilo que nos faltou.

O cliente pode ter passado por traumas com pai, mãe, com separações,
mortes, e ainda estar buscando nas mesmas pessoas que te traumatizaram a solução
ou até mesmo projetando isto em futuros parceiros e no trabalho. Infelizmente, este
não é o caminho saudável da transformação.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Curar a criança interior ferida nada mais é do que olhar para sua história e
revisitar memórias de dor e emoções que foram abafadas, para que você as integre e
seja uma adulta mais completa em si mesma.

Quando abrimos uma constelação familiar, podemos acessar onde está nosso
“Eu adulto” e onde está nosso “Eu criança”. Conseguimos assim descobrir quando
ficamos com uma parte nossa paralisada na nossa história de vida e liberá-la.

Nossa criança normalmente viola as ordens do amor (Pertencimento, Hierarquia


e Equilíbrio), isto é, as leis sistêmicas, porque se coloca em um lugar de
autoimportância. Ela pensa que se sacrificando, sendo um herói cego, irá resolver os
problemas. Na verdade, esta postura não mudará os resultados da família e ainda faz
com que você carregue problemas que não são seus.

A questão é que a criança não tem capacidade de julgamento na hora em que


isto acontece. Ela realmente é tomada por este amor. Cabe a cada um de nós, ao
crescermos, buscarmos solucionar a nossa criança interior que tomou decisões por
uma lealdade sistêmica.

Acessando nossa Criança Interior

Existem muitas técnicas que nos ajudam a acessar nossa Criança Interior e
muitas emoções surgirão à medida que esse “contato” for acontecendo.

Seguem alguns exercícios que você pode usar para iniciar um processo de
resgate de sua Criança Interior:

Frases que você pode usar para iniciar o processo de cura de sua criança
interior:

Em um lugar tranquilo, respire profundamente, ponha a mão em seu coração,


conecte-se com sua criança interior através de memórias de sua infância. Permaneça
por alguns minutos acessando suas memórias infantis.

Caso seja difícil pra você lembrar-se de muitas situações da infância, você pode
fazer esse exercício olhando fotos sua quando criança.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Repita então as frases seguintes para sua criança interior:

 “Eu estou segura(o) sendo eu mesma(o)”;


 “Você está segura(o) agora”;
 “Está tudo bem sentir medo, eu estou aqui, entendo seus medos e protejo você”;
 “Você não precisa ser o que não é para agradar os outros e eu também não preciso
ser assim”;
 “Nossos pais são seres humanos feridos também, que podem ter, inconscientemente,
projetado seus traumas em nós. É importante perdoá-los”;
 “Eu te amo, eu me amo. Nós estamos seguras(os) agora.”

Celebre o nascimento de sua Criança Interior

Independente de como você foi recebido ao nascer, se você foi planejado ou


não, se seus pais celebraram ou não o seu nascimento, reserve um momento para
celebrar e dar as boas vindas a sua criança interior. Nesse momento, diga à sua
criança, tudo que diria a um bebê muito amado e esperado que tivesse acabado de
nascer.

Pense em tudo que você sempre quis ouvir de seus pais e diga a sua criança,
expresse o seu amor. Deixe que sua criança saiba o quanto ela é amada por você.

Brinque com sua Criança Interior

Você lembra do que gostava de brincar quando criança? Lembra seu desenho,
filme ou música preferida? Quando foi a última vez que você fez alguma dessas
atividades?

Vamos permitir que seu lado infantil venha à tona! Guarde um tempo para se
divertir! Assista aquele desenho que você adorava quando era criança, coma aquele
doce que você pedia sempre aos seus pais, pule, dance, cante…

Esses exercícios podem gerar muitas emoções, por isso não tenha pressa, faça
no seu tempo. Se necessário, pare, respire, reinicie em um outro dia.

Curar a jornada interior é um processo muitas vezes LONGO. É onde


aprendemos a ter paciência e aceitação por nós mesmos e por nossa história.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Equilíbrio entre Homem e Mulher sob o olhar da Constelação


Familiar de Bert Hellinger

Anima e animus

As palavras vêm do latim animare, que significa animar, avivar. Pois tanto a
anima quanto o animus se assemelham a espíritos e alma vivificadores para homens e
mulheres.

Carl Gustav Jung denominou o feminino presente na alma do homem


de anima e o masculino presente na alma da mulher de animus. No “Amor do espírito” ,
Bert Hellinger explica que para o anima e o animus se manterem nos limites, o filho
deve passar cedo para a esfera do pai e a filha retornar cedo à esfera da mãe.

Jung observou que no conteúdo inconsciente dos homens tem uma


contrapartida feminina (anima) que o ajuda a ver o que permaneceria no escuro. É a
anima que leva o homem a ter coragem de confrontar suas sombras buscando terapia,
por exemplo. No homem a anima desequilibrada suscita caprichos ilógicos e humores
intoxicantes. Ele se torna hiper sensível.

Estas contrapartidas em homens e mulheres também são responsáveis por


sermos fiéis à verdade interior. Sem elas a gente não consegue seguir o coração.

No inconsciente da mulher o Animus é sua contraparte masculina, que a ajuda


a ter discernimento e separar o joio do trigo. Na mulher os aspectos negativos são a
negação da subjetividade do outro fazendo projeções “objetivas”: atacam o homem e
amigos se baseando na sua subjetividade e não na alteridade. No caso da mulher, o
primeiro receptáculo do animus é a figura do pai, que terá sua imagem projetada sobre
o homem amado. Porém, do mesmo modo que a anima, o animus pode evoluir, o que
significa a integração do masculino na consciência da mulher (SILVEIRA, 1981).

O primeiro depósito do arquétipo do animus na mulher é o pai. Em seguida,


essa figura arquetípica é projetada em outros homens.

Quando a mulher idealiza suas questões no homem que ama, faz dele uma
figura masculina ideal, fazendo com que seja difícil o casal lidar com a rotina e conviver
com ela, ocasionando assim futuras decepções.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

A mulher quando controlada pelo complexo paterno, tem nele um referencial


masculino, e o animus presente nela é a demonstração desse complexo, possuindo
uma índole ferida. Caso essa relação paterna tenha sido traumática, a mulher terá
dificudade de se relacionar com outra figura masculinas posteriormente, ou até mesmo
com a figura arquetípica do animus ( CHAGAS CAMPOS, 2000).

O animus negativo na mulher suscita opiniões ilógicas. Ela se torna arrogante e


prepotente, mesmo que ela não queira transparecer isso. Ela fica cheia de opiniões
insensatas e obstinadas. Suas opiniões não exprimem o essencial, só conceitos vazios
e destituídos de sentido. É como se estivesse tomada por um juiz arbitrário, e tentar
convencê-la de que suas opiniões não possuem fundamento é apenas dar murro em
ponta de faca.

A ANIMA

A anima é o componente feminino que habita nos homens, é a visão do feminino que
carregam em si. Por ser a parte feminina no homem, a anima é hospitaleira, é
quem anuncia os conteúdos do inconsciente para o consciente. Quem determina a anima é
o Eros (amor), ao mesmo tempo em que no homem suas origens procedem do logos, que é
a razão. As imagens da anima nos sonhos masculinos podem ser de uma mãe, irmã, filha,
bruxa, imagens arquetípicas que podem ser projetadas na mulher, pois elas equivalem à
feminilidade que está inconsciente na psique do homem (JUNG, 2008).

Não há homem algum que seja, exclusivamente, masculino, não possuindo em


si, algum traço feminino. Nesse sentido, quando o homem escolhe uma mulher para
um relacionamento afetivo, essa escolha está implicada na imagem que corresponda à
sua própria feminilidade inconsciente, isto é, à mulher que corresponda a essa
projeção. Numa relação inconsciente, a anima e o animus vão projetar, um no outro, o
par ideal que se identifica com o que está internalizado com a figura masculina (pai) e
feminina (mãe), respectivamente, que ambos têm como referência primeira na vida de
cada um, e depositam nessa imagem o que esperam que cada um desenvolva
conforme as expectativas que foram criadas diante de tais projeções. Enquanto essa
relação ocorrer no inconsciente, ocorrerão também os conflitos, uma vez que não
tenham consciência de suas projeções (JUNG, 2008).
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

No homem o receptáculo da anima é a mãe, que irá determinar nas escolhas


amorosas do homem, pois ele examinará o que melhor se assemelha a essa imagem
da mãe. Não há um homem que seja por completo um ser masculino e nem mulher
completamente feminina, porém o homem adquire uma facilidade maior para reprimir
suas formas femininas. Esses traços femininos no homem são armazenados no
inconsciente (GOTO; KAMEI; FUJII; 2007).

Quando o homem perde o controle de sua anima, algumas atitudes costumam


aparecer, como: murmúrios, fragilidades nas atitudes, fofocas, conversas sem limites.
Dessa maneira, o home torna-se melodramático. Na mulher, quando há influência do
animus de forma negativa, ela acaba se tornando fria sentimentalmente, podendo ser
violenta e prepotente (PEREIRA, 2010).

Brigitte Champetier de Ribes refere que cada pessoa é o resultado de uma


fusão anterior, a fusão de seu pai com a sua mãe (parte masculina e parte feminina). E
toda pessoa encontra sua maior força na fusão interior do masculino com o feminino,
que acontece quando toma incondicionalmente, e em partes iguais, o pai e a mãe.

EMARANHADOS SISTÊMICOS ENTRE PAIS E FILHOS

Quando um filho insiste em sua exigência aos pais, não pode se tornar
independente, pois sua cobrança o prende a eles. Contudo, apesar dessa amarra, o
filho não tem os seus pais, nem os pais têm o filho. O que é próprio dos pais além do
que os pais são e dão, eles também têm coisas que conquistaram por merecimento ou
sofreram como perdas.Isso lhes pertence a título pessoal, e os filhos só participam
disso indiretamente. Os pais não podem nem devem dar aos filhos o que lhes pertence
pessoalmente, e os filhos não podem nem devem tomá-lo dos pais. Pois cada um é o
artífice da própria felicidade e da própria desgraça. Quando um filho se arroga o que é
um bem ou direito pessoal dos pais, sem realização própria e sem um destino e um
sofrimento pessoal, ele reivindica o que não tem e cujo preço não pagou. O dar e
tomar que serve à vida e à família se inverte quando um mais novo assume algo
pesado em lugar de um mais velho, por exemplo, quando um filho assume, por um dos
pais, uma culpa, uma doença, um destino, uma obrigação ou uma injustiça que foi
cometida contra ele.

Quando os pais querem tomar dos filhos, e os filhos querem dar aos pais o que
estes não tomaram dos próprios pais ou dos próprios parceiros.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Então os pais querem tomar, como se fossem filhos, e os filhos querem dar,
como se fossem pais. (FILHO PARENTAL).

Com isso, o dar e tomar, em vez de fluir de cima para baixo, tem de fluir de
baixo para cima, contra a força natural.

Quando um filho infringe a hierarquia do dar e tomar, ele se pune com


severidade, frequentemente com o fracasso e o declínio, muitas vezes financeiro, sem
tomar consciência da culpa e da conexão. Isto porque, como é por amor que ele
transgride a ordem ao dar ou tomar o que não lhe compete, não se dá conta da própria
arrogância e julga que está agindo bem. Porém, a ordem não se deixa suplantar pelo
amor. Pois o sentido de equilíbrio que atua na alma, anteriormente a qualquer amor,
leva a ordem do amor a fazer justiça e compensação, mesmo ao preço da felicidade e
da vida.

Por essa razão, a luta do amor contra a ordem está no início e no fim de toda
tragédia, e só existe um caminho para escapar disso: compreender a ordem e segui-la
com amor. Compreender a ordem é sabedoria, segui-la com amor é humildade.
Quando os filhos exigem, “vocês devem dar-me mais,” então os corações dos pais
fecham-se. Porque os filhos exigem, os pais não podem mais inundá-los
voluntariamente de amor. É tudo o que essas exigências conseguem, elas proíbem o
fluxo natural do amor. E os filhos exigindo, mesmo quando conseguem algo, não lhe
dão valor.

Quando os pais não liberam o filho para ir para a vida: esse filho se torna o
projeto de vida dos pais ou de um deles e não tem permissão para seguir sua vida,
pois se o fizer se sentirá de má consciência com o sistema de origem. Pais que jogam
as expectativas infantis deles nos filhos(Pais infantilizados que vivem doentes e na
depedência dos filhos). Filhos que por amor se une a um dos genitores entrando no
triangulo dramático: vítima, perpetudor e salvador.

Muitas vezes se envolvendo em dinâmicas de filhinho da mamãe e filhinha do


papai, tais dinâmicas poderá impedir os filhos de seguir para a vida, casar ter filhos,
pois o homem e mulher da vida desse filho é o pai ou a mãe. Se os pais têm doenças
que os impedem de ter cuidados consigo, com as finanças, com a saúde, o filho deve
fazer isso como filho, não deve fazer isso se sentindo maior que eles e sim menor.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Não devem fazer por dó, nem para aliviar, mas sim olhar com respeito para a
força que os pais têm para cuidar dos seus destinos, sem que os filhos se sintam
grandes, vendo o quanto a pessoa é forte e tem dignidade para poder receber
cuidados.

Não devem tratar do pai ou mãe como se fossem seus filhos, precisam manter
o respeito, não se sentido responsável ou querendo salvar a vida dos pais. Quando um
filho cuida muito dos pais e se intromete na vida deles, o melhor é parar, agradecer e
respeitar.

Esta atitude traz de volta a dignidade dos pais, assim volta à ordem da
hierarquia. Principais Emaranhamentos sistêmicos quando os filhos não respeitam as
ordens entre pais e filhos: Identificação inconsciente com antigos parceiros de um dos
pais que podem levar a sérios problemas de relacionamento materno e paterno Não
poder criar uma nova família. Estar amaranhada na família de origem. O que levam a
muitos rompimentos Sentir culpa inconsciente que pode gerar doenças. Dificuldades
no universo profissional. Depressão.

O amor cego

Os filhos são ilimitados no amor mas limitados na experiência de vida, de modo


que para eles é grande a tentação de comungar com a infelicidade dos pais. Se a mãe
está deprimida, os filhos se sentem tentados a imitá-la. Se o pai bebe demais, os filhos
se sentem pressionados a encontrar alguma maneira de igualá-lo no sofrimento, talvez
impedindo-se de vencer na vida. O amor maduro, porém, exige que as crianças
renunciem pouco a pouco ao amor cego da infância e aprendam a amar como adultos.
Em vez da repetição do que é prejudicial, o amor maduro quer que elas se livrem dos
embaraços familiares. E assim que elas preenchem as expectativas e esperanças mais
profundas de seus pais.

AMOR CEGO E AMOR QUE VÊ

Por trás da Lealdade atua um profundo Amor. Porém o Amor da Lealdade é um


amor infantil - é o amor que acredita que carregar o sofrimento trará alívio para o outro.
Como se pudéssemos dividir um destino ou tristeza dentro de uma família de forma a
minimiza-lo. Te convido agora a lembrar de quando você era criança e um familiar,
talvez a Mãe, ficou triste. O que você sentiu?
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Orou à Deus pedindo que Ele retirasse a tristeza da mãe e coloca-se em você?
Ou talvez tenha se dedicado ao familiar até ele melhorar, mesmo sendo uma criança.
O amor infantil crê ser todo poderoso, sente-se capaz de salvar a família, de fazer a
mãe feliz de novo.

Por isso é um Amor Cego. Já o Amor que Vê é o amor que caminha dentro das
possibilidades. Chama-se Amor que Vê por me convidar a olhar o amor do outro por
mim, ao invés de perder-me no amor que eu sinto. É um amor que me convida a
descobrir que o outro deseja que eu seja feliz, e que o sofrimento não pode ser em
vão. É o amor que me leva a fazer valer todo o esforço das gerações anteriores tendo
mais do que eles tiveram.

Uma mãe que muito cedo entrou em processo depressivo, ausentando-se da


vida, ainda muito antes do filho nascer devido a um trauma experienciado em sua
família de origem cria uma marca, um padrão de sofrimento que poderá originar nas
gerações posteriores sentimentos de querer morrer, de desejo de solidão, de
ausentar-se dos relacionamentos, de retirar-se da vida.

Isso pode acontecer por meio de atitudes extremas como: perdendo


documentos importantes necessários para retirar prêmios, perdendo horário de
compromissos raros (vôos internacionais, palestras, concursos, etc.), sofrendo
acidentes etc... O que fazer para tornar-se completo? Para libertar-se desta lealdade?
Para transformar essa Lealdade em felicidade? É necessário tornar-se consciente de
onde, quando e com quem o sofrimento foi originado, que uma dor não foi ainda
cuidada, que alguém ficou desamparado, à espera de amor, de atenção, de
acolhimento, de proteção, de segurança, de cuidados. Quando isso for observado é
essencial o admirar, o contemplar com compaixão e bondade, sem julgamento ,
percebendo tudo que ali houve, com discernimento. Marianne Franke-Gricksch
chama essa atitude de “dar um lugar no coração”

Repetições de padrões familiares e exclusões inconscientes

Mesmo querendo ser como os pais, os filhos temem o destino deles. Por isso,
exteriormente, podem rejeitar os pais e tentar ser diferentes, ainda que às ocultas
procurem imitá-los. Esses filhos, embora alardeiem suas diferenças, continuam a agir
inconscientemente como os pais e atraem ou repelem situações de vida em que
experimentam praticamente o mesmo que eles experimentaram.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Quando os filhos dizem aos pais: “Em nenhuma circunstância hei de ser como
vocês”, continuam a amá-los cegamente e estão atados a eles. A despeito de si
mesmos, empenham-se em seguir o exemplo paterno e tornam- se exatamente iguais.

Quando os filhos temem ser iguais aos pais, vivem a observá-los, pois têm de
aprender constantemente a não sêlo; não é de admirar, pois, que acabem sendo.
Lealdade inconsciente como forma de incluir:

Se um dos pais passar, direta ou indiretamente, esta mensagem ao filho: “Não


seja como seu pai/mãe”, a lealdade dele exigirá que ele se torne igual ao genitor
proibido. Texto extraído do livro A Simetria Oculta do Amor - Bert Hellinger Alguém
imita (destino, fracasso, vícios etc...) o comportamento de algum excluído do sistema.

Uma das descobertas mais importantes da Constelação Familiar é o fato de que


todos nós nos encontramos ligados aos destinos de nossas famílias das mais diversas
maneiras. Existe na família uma consciência comum e inconsciente, um profundo
movimento na alma, que não permite que alguém seja excluído, rejeitado ou
esquecido.

Quando acontece algo dessa espécie, mais tarde a pressão dessa consciência
coletiva escolhe alguém para representar o excluído. A pessoa em questão se sente
igual àquele que foi excluído. Ao invés da pessoa poder viver a própria vida, terá que
viver a vida de uma pessoa excluída, encontra-se emaranhada com um destino
estranho.

Para Hellinger, esta repetição é uma forma de identificação entre gerações que
tem uma grande utilidade ao sistema: garantir o pertencimento de todos.

Ao repetir, um membro mais jovem do sistema traz de volta a experiência


daquilo que em algum momento foi difícil para a família. Algo que talvez tenha
motivado a exclusão e daquele membro anterior.

Ao se deparar com a mesma situação, a família se vê “movida” a lidar com a


mesma dinâmica. É como se fosse uma segunda chance do sistema lidar com o que
ocorreu, porém, desta vez gerando um novo movimento, uma nova memória que irá
restaurar aquele que teve seu pertencimento negado.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

É uma segunda chance de lidar com a mesma situação, porém sem excluir,
pois, na vida e na natureza, tudo faz parte, tudo sem lugar, ninguém pode ser excluído,
todos fazem parte do todo.

“Dentre os dois tipos de consciência, a consciência coletiva inconsciente é,


evidentemente, a original, a arcaica. Por assim dizer, ela se originou antes que o
indivíduo pudesse se diferenciar e seguir uma consciência pessoal. É a consciência de
um grupo.

Esse grupo é mantido unido através de uma instância em comum, que zela para
que nessa coletividade sejam mantidas certas ordens, para que a violação dessas
ordens seja expiada e assim tenta anular a violação ou, pelo menos, que sejam
trazidos à memória aqueles que sofreram injustiça, fazendo com que seu destino seja
repetido por outros” Bert Hellinger

A solução é a mesma que antes: O que esteve excluído é incluído, recebendo


um lugar na alma de cada um e na família. Somente assim aqueles que antes se
encontravam emaranhados estarão livres. É uma grande conquista da constelação
familiar que as dificuldades para as quais não tivemos qualquer compreensão, até
então, de repente passem a fazer sentido e que, quando assumirmos tal fato,
encontremos uma boa solução para nós e para os outros.

Bert Hellinger

O amor interrompido

Trauma é tudo aquilo que aconteceu cedo demais, rápido demais ou forte demais. Peter
Levine

Porém, para uma pessoa (ou criança) que ainda não estava preparada para
enfrentar certo acontecimento, como por exemplo uma ausência prolongada da mãe e
que fez surgir nela a sensação de abandono, isso se torna uma marca interna que
pode acompanhar todos os seu movimentos durante a vida, em relação à sua família,
seus relacionamentos, seu trabalho e a vida em si.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

O que são movimentos interrompidos? Quando crianças, nosso foco maior de


segurança são os nossos pais. Nós precisamos deles e da segurança que eles nos
proporcionam para experimentar o mundo que nos cerca.

Quando vivenciamos algum perigo, ainda na infância, a primeira coisa que


procuramos é o olhar e a presença de nossos pais, e em especial, nossa mãe. Neste
encontro e nesta presença, aquilo que nos dá medo perde força, e seguimos nosso
crescimento aproveitando da segurança que eles nos oferecem.

Movimentos interrompidos “acontecem” quando buscamos esta segurança e


não encontramos, seja por uma ausência momentânea ou prolongada, por um mal
entendido ou por um abandono de fato. Nestas situações nós, enquanto
crianças,temos a sensação de estarmos sozinhos, sem nosso porto de segurança.
Sentimos que estamos correndo risco de vida. E isto gera um forte impacto em nosso
inconsciente.

A dinâmica que atua neste momento é de uma forte desconfiança da criança


em relação aos pais. E como mecanismo de defesa contra esse sentimento, ela
impede que novos movimentos de confiança sejam feitos em relação à eles. Uma
decisão inconsciente, que Bert chama de movimento interrompido. Quando alguém
que tenha sofrido a interrupção de um movimento precoce vai ao encontro de outra
pessoa, digamos, de um parceiro, a lembrança daquela interrupção torna a aflorar,
mesmo que apenas como memória corporal inconsciente. Então a pessoa torna a
interromper o movimento, no mesmo ponto em que o interrompeu da primeira vez.”
Bert Hellinger, no livro “Ordens do amor.”

A citação acima explica um dos principais exemplos de como nossas


experiências na infância acabam por influenciar toda nossa vida, quando não nos
dispomos a olhar para elas e buscar uma reconciliação com o que atua em nós.

Através dos pais Hellinger fala que quando vivenciamos esta dinâmica do
movimento interrompido, a melhor forma que temos de buscar uma solução é através
de nossa mãe, porque é geralmente a ela que este movimento é dirigido. Ele orienta
como podemos restabelecer este contato quando houve um movimento interrompido:
“Com crianças pequenas a mãe ainda consegue isso facilmente.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Ela toma o filho nos braços, aperta-o amorosamente contra si e o mantêm pelo
tempo necessário, até que esse amor, que tinha se transformado em raiva e tristeza,
flua de novo abertamente para ela.”

Com filhos adultos, Hellinger diz que também é possível uma mãe ajudar seu
filho, porém é necessário que se regrida em suas sensações e emoções à época onde
a interrupção do movimento aconteceu. Esta é uma sutileza que exige de ambos que
se permitam retornar a um momento que para a criança foi doloroso, e que ainda
reside no adulto que ele se tornou.

CONSEQUÊNCIAS NO CLIENTE DO MOVIMENTO INTERROMPIDO

Mais tarde quando essas crianças querem ir em direção a alguém, por exemplo, a
um parceiro, seu corpo se lembra do trauma da separação precoce. Então se detêm
internamente em seu movimento em direção a ele. Ao invés de se dirigirem ao
parceiro, ficam esperando que ele venha em sua direção. Quando ele realmente se
aproxima, frequentemente têm dificuldade de suportar sua aproximação. Rejeitam-no
de uma ou de outra forma, ao invés de receberem-no felizes e tomá-lo. Sofrem com
isso e mesmo assim só podem se abrir para ele hesitantes e, quando fazem isso,
muitas vezes o fazem só por um curto espaço de tempo. Algo parecido ocorre em
relação ao seu próprio filho. Algumas vezes também suportam com dificuldade a sua
proximidade.

Às vezes, o filho já adulto interrompe seu movimento para os pais porque os despreza ou os
reprova, pois tem a impressão de ser melhor ou de querer ser melhor, ou porque espera deles mais
do que podem dar. Nestes casos, o movimento deve ser precedido por uma reverência. Esta
reverência corresponde, em primeiro lugar, a uma evolução interior.

Mas dá mais força se é visível e audível. Isso pode ser feito num grupo de apoio no qual “o
filho” posiciona a sua família de origem, se inclina perante os representantes dos seus pais até tocar
o chão, com as palmas das mãos para cima, e permanece nesta posição até o momento em que é
capaz de dizer a um deles ou aos dois: “Eu honro vocês”. Às vezes acrescenta: “Sinto muito”, “Eu
não sabia”, “Senti muita falta de vocês” ou, simplesmente, “Por favor”. O CONSTELADOR pode
ajudar na deste movimento interrompido na dinâmica de bonecos através de uma meditação guiada,
levando o cliente a se imaginar indo em direção a esta mãe.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Filhinha do papai e filhinho da mamãe

Portanto, as ordens do amor entre o homem e a mulher envolvem também uma renúncia que
já começa na infância. Pois o filho, para tornar-se um homem, precisa renunciar à primeira mulher
em sua vida, que é a sua mãe. E a filha, para torna-se uma mulher, precisa também renunciar ao
primeiro homem de sua vida, o seu pai. Por essa razão, o filho precisa passar cedo da esfera da
mãe para a do pai. E a filha, precisa retornar cedo da esfera do pai para a da mãe.

A filha precisa ir para a esfera do pai, onde ela aprenderá sobre coragem, sexualidade,
projetos e vida, porém precisa voltar cedo para a esfera de influência da mãe.

É com a mãe que a filha aprende a amar e respeitar o homem. Já o filho precisa sair cedo da
esfera da mãe, ir para o campo do pai e permanecer lá. É no campo do pai, vinculado a sua
linhagem masculina que o homem aprende a ser homem, ganha força e aprende a amar, respeitar e
proteger a sua mulher.

E é a mãe quem libera os filhos para o pai e isso deve ser feito de coração, de alma. Um
movimento feito apenas no plano físico não terá efeito algum, por isso a mãe deve conceder o(a)
filho(a) ao pai, rompendo o cordão umbilical, apenas desta forma estes filhos terão sucesso na vida
e serão capazes de construir suas próprias famílias.

Quando o filho permanece sendo o filhinho da mamãe certamente não conseguirá


estabelecer um relacionamento saudável com sua esposa, e nem tão pouco irá respeita-la, pois
neste caso já tem a sua mulher, a mãe. Logo ele terá muitas namoradinhas e nenhuma mulher, será
o eterno adolescente, não respeitará nenhuma mulher, já tem a sua para respeitar.

Da mesma forma a filhinha do papai também não conseguirá estabelecer um relacionamento


saudável com um homem enquanto permanecer a filhinha do papai. Aqui haverá muitas discussões,
problemas de sexualidade e por ai segue.

Ambos estarão brincando de casamento. Bert Hellinger diz que casamento é algo para gente
grande, gente adulta, gente que reconhece e aceita seu lugar, gente que deixou pai e mãe para trás,
gente que está disposta a assumir 50% de tudo que acontecer entre ambos. Permanecendo na
esfera da mãe, frequentemente o filho só chega a ser um eterno adolescente e queridinho das
mulheres, mas não um homem.

E persistindo na esfera do pai, a filha muitas vezes só se torna uma eterna adolescente e uma
namoradinha dos homens, mas não uma mulher.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Quando um “filhinho da mamãe” se casa com uma “filhinha do papai”, ele frequentemente
busca uma substituta para a sua mãe e a encontra na mulher.

Por sua vez, a mulher, busca um substituto para o seu pai e o encontra no marido. Quando,
porém, um filho ligado ao pai se casa com uma filha ligada à mãe, eles têm mais chances de
formarem um casal bem sucedido.

De resto, o filho ligado ao pai costuma dar-se bem com o sogro e a filha ligada à mãe
geralmente se dá bem com a sogra.

Ao contrário, o filho ligado a mãe frequentemente se relaciona melhor com a sogra do que
com o sogro e a filha ligada ao pai, melhor com o sogro do que com a sogra.( Bert Hellinger-
Histórias de Amor ).

Quando o pai fere o feminino na filha

Um pai sedutor, que não olha para esposa, ou compete com ela, ou está bravo/magoado com
ela, pode fazer a menina acreditar que é melhor do que a mãe como mulher. A filhinha do papai tem
o ferimento da inflação do ego, que tira o seu poder e contato com a sua fonte feminina, a mãe.
Nascemos na esfera da mãe e fazemos o caminho para o pai desde o 1º passo.

Pai e a mãe devem promover isso.

O primeiro amor do homem é a mãe, o primeiro amor da mulher é o pai (de acordo com
Freud), porém é preciso renunciar a este amor para que possamos viver o amor adulto, o amor entre
um homem e uma mulher. As lealdades invisíveis que impactam as filhinhas do papai e os filhinhos
da mamãe: Onde estou e qual é o meu “lugar” de força? Reconhecer o nosso próprio lugar e nos
apossarmos dele nos traz força e brilho para nos reconciliarmos nas distintas esferas de
relacionamentos.

Essa reconciliação é uma parte muito importante para o nosso ser estar na vida, pois a
depender, poderemos experienciar muitos conflitos que impactam diretamente na nossa qualidade
de presença na vida. Se não olharmos de forma consciente, desde uma perspectiva mais alta,
permaneceremos…, como posso dizer, “perdidos”, “retrógrados” retardatários no nosso caminho
evolutivo.

Na visão de Bert Hellinger, existem três movimentos essenciais de amadurecimento da vida


dos filhos. Em uma primeira instância, ambos, filho e filha pertencem na esfera da mãe até os 7 anos
de idade, depois, vão para a esfera do pai.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

O filho dali, tomando a força e energia masculina, deve ir para o mundo alto e belo, e a filha
deve retornar à esfera da mãe para então tomar a força e energia feminina.

Se, por algum motivo, esses movimentos forem interrompidos, o filho homem permanece na
esfera da mãe e vai se tornar um “filhinho da mamãe”, terá menos simpatia e compreensão em
relação às mulheres, de certo modo, sua alma já está preenchida por esse feminino e quando está
dentro da esfera do pai, ele poderá olhar para a mulher e entender a diferença e completude.

Do mesmo modo, a filha mulher, se ela permanecer dentro da esfera do pai, terá menos
simpatia e compreensão em relação aos homens, se tornará “a filhinha do papai”.

O pai é o “príncipe” e ela é a “princesinha do papai”. O filhinho da mamãe e filhinha do papai


poderá até se casar, mas terá problemas constantemente, pois sua alma não está livre para um
novo relacionamento, visto que esta preso lá atrás, preso a mãe ou ao pai.

No caso destas dinâmicas descritas uma das leis sistêmicas está sendo desobedecida, a lei
da ordem ou hierarquia.

Nela precisamos ser pequenos diante de ambos os pais respeitando a prioridade de chegada
no sistema e reverenciando a vida que veio através deles. Os filhinhos da mamãe e filhinhas do
papai geralmente estão grandes diante de um deles.

Assim, não há leveza e em alguma área da vida algo não irá bem. Os pais podem reforçar
estas dinâmicas nos filhos, que quando criança não possuem muitas defesas.

Os filhos ficam entre os pais com esta postura. Mas ao se tornarem adultos cabe a cada um
voltar ao seu lugar. Bert Hellinger descreve um exercício simples para esta dinâmica:

Quem percebe que é uma filhinha do papai, olha para o seu pai e lhe diz, piscando o olho:
“Sou apenas a sua filha. Para outro papel, sou pequena demais”. A mesma coisa faz o filhinho da
mamãe com sua mãe. Olha para ela e lhe diz:

“Sou apenas o seu filho. Para outro papel, sou pequeno demais”. Curiosamente, isso é um
alívio para todos, inclusive para os pais.( Livro: Um lugar para os excluídos, 2006).
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

Referências Bibliográficas:

Bion, W. R. (1991). O Aprender com a Experiência. Rio de Janeiro: Imago (Trabalho Original
publicado em 1962).

Brigitte Champetier de Ribes Disponível em http://www.insconsfa.com/art_la_pareja_0214.php.

CHAGAS, M. I. O. ; CAMPOS, T. C. P. O complexo paterno na psique feminina e a sua influência


nos relacionamentos heterossexuais numa perspectiva da psicologia analítica. Bol. inic. cient.
psicol;1(1):7989, jan. dez. 2000.

CORNEAU G. Pai ausente filho carente. Trad. Jahn L. São Paulo: Brasiliense;1991.

GOTO, T. A; KAMEI, H; FUJII, S. A influência dos tipos psicológicos no relacionamento de casal.


Psicol. Argum. V.25. n. 48. p. 27-38. Jan/Mar. Curitiba. 2007.

HELLINGER, Bert.Ordens da ajuda / Bert Heliinger; tradução de Tsuyuko Jinno-Spelter — Patos de


Minas: Atman, 2005.

HELLINGER, Bert.O Amor do Espírito na Hellinger Sciencia /Bert Hellinger; tradução Filipa Richter,
Lorena Richter, Tsuyuko Jinno-Spelter. Patos de Minas: Atman, 2009. 216 p. HELLINGER,sophie. A
própria felicidade:Fundamentos para a Constelação Familiar-volume 2;Tradução Beatriz
Rose.Brasília:trampolim,2019.

J. DOBSON, Bringing up boys, ed. Tyndale, 2001, pág.58.

JUNG, Emma, O Eu e o Inconsciente. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

KAST, Verena. Pais e filhas – Mães e filhos: caminhos para a auto-identidade a partir dos complexos
materno e paterno. São Paulo: Edições Loyola, 1997.

PEREIRA, L. F. Anima e animus: um olhar sobre seus reflexos na psique e relacionamentos. 2010.

SILVEIRA, N. Jung: vida e obra. 7 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
| LEIDIANE NOGUEIRA - F o r m a ç ã o e m c o n s t e l a ç ã o F a m i l i a r

ANOTAÇÕES E DÚVIDAS:
06 | LEIDIANE NOGUEIRA - GUIA DE ATENDIMENTO SISTÊMICO

• mais Quem olha para você?


• Para quem você olha?
• Você olha para seus objetivos?
• Esses objetivos são seus ou de outra pessoa?
• Quem está mais próximo da vida/futuro ou da morte/passado?
• Quem está excluído do sistema?
• Quem cuida de quem?
• Quem é a pessoa mais importante para você?
• Você está Adulto ou Infantil?
• Você olha para a Família de Origem ou para a Atual?
• De quem você está mais próximo?
• O que precisa mudar para você alcançar seus objetivos?
• O que seria o ideal para você?
• O que você Sente, Pensa e o que dá vontade de Fazer?
• Onde está sua criança?

07 | LEIDIANE NOGUEIRA - GUIA DE ATENDIMENTO


SISTÊMICO
LEIDIANE NOGUEIRA - GUIA DE ATENDI MENTO SISTÊMICO LEIDIANE NOGUEIRA - GUIA DE ATENDIN LEIDIANE NOGUEIRA - GUIA DE ATENDIMENTO SISTÊMICO METO - 34 -

É PROIBIDA REPODUÇÃO DESTE CONTEÚDO SEM


AUTORIZAÇÃO PRÉVIA
LEIDIANE NOGUEIRA
PROFESSORA E CONSTELADORA FAMILIAR
@dadorproamor

31988782749

Você também pode gostar