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Oficina de Pais e Mães

Conselho Nacional de Justiça


Material complementar I
do Módulo 4
C
omo proteger seu
filho da alienação
parental
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• Primeiro, evite cometer atos que configurem a alienação parental.
• Talvez você esteja tão desapontado e ferido com o fim de seu casamento, que
acredita que seu filho fica melhor sem seu ex e que deve mesmo odiá-lo.
• Mas lembre-se que quando as emoções estão fortes é difícil ver o que é melhor
para os filhos. E os filhos precisam do pai e da mãe.
• Coloque o bem-estar de seu filho acima de seu impulso de ferir seu/sua ex e
preserve-o de seus sentimentos negativos. Permita que ele tenha o benefício
de crescer com pai e mãe amorosos. Quando ele crescer, agradecerá!

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• Siga o plano de convivência familiar. Esforce-se para que seu filho conviva com
o pai e a mãe conforme estabelecido no regime de visitas. As crianças podem
não gostar desse conselho e dizer: “a vida é minha e eu resolvo se vou ver ou
não o meu pai”. Se você permitir que seu filho defina o regime de convivência,
você lhe dará muito controle. Ele pode então decidir o que quiser e quando
quiser. Ademais, uma vez que o filho tenha este controle, é difícil retomá-lo.
• Além disso, quando um pai ou uma mãe viola o sistema de convivência fixado
pelo juiz ou incentiva o filho a fazer o mesmo, ensina ao filho a mensagem de
que é permitido desobedecer a lei. Em vez disso, o filho deve aprender que
quando ele tem problema com alguém, deve lidar com o problema e não
simplesmente evitá-lo.

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• Não fale mal do pai ou da mãe de seu filho. Seu filho deve se sentir orgulhoso do
pai e da mãe. Quando ele ouve falar mal de um dos pais, ele fica envergonhado.
Se você acha que há algo negativo a falar com o filho sobre seu/sua ex, pense:
“como eu falaria sobre isso durante o casamento, para não estragar a imagem
que meu filho tem do pai ou da mãe?” Por exemplo, se o pai sempre chega
atrasado para pegar o filho nos dias de convivência, você pode falar para
seu filho: “seu pai está atrasado e isso acontece com várias pessoas. Isso não
significa que ele não te ame ou não ligue para você.”
• Cuidado com o tom de sua voz e seus gestos, para que eles representem
respeito pela outra pessoa. Por meio de suas palavras e seus gestos, seu filho
aprende a dizer o que você quer escutar.
• Deixe seu filho saber que além de reclamações você quer ouvir coisas boas
sobre o pai ou a mãe dele.
• E se você souber que seu/sua ex falou mal de você para seu filho, falar mal dele/
dela também não vai ajudar. Isso faz seu filho se sentir mal. Seu filho precisa ser
ajudado a elaborar o comentário negativo que ouviu de você. Por exemplo, se
seu filho te falar “mamãe/papai disse que nunca nos divertimos juntos”, você
pode dizer “mamãe/papai está enganada/o”. E lembre seu filho dos momentos
bons que vocês passaram juntos. Mostre-lhe fotos e vídeos dos momentos
bons juntos.

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• Deixe seu filho longe dos assuntos dos adultos. Não comente com ele o que
acontece no processo judicial.

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• Corrija falsas crenças. Arrume uma forma de ajudar seu filho a perceber a
realidade sem estresse. Por exemplo, se seu filho o acusar de que nunca fez
nada por ele, lembre-o de que fez coisas boas, sem acusar o pai ou a mãe que
falou o contrário. Mostre fotos e vídeos para provar o que você está falando.

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• Trate seu ex com cortesia e respeito nos lugares públicos e encoraje seu filho a
fazer o mesmo. Não ensine seu filho que é permitido desrespeitar as pessoas.
Os pais não precisam agir como se fossem melhores amigos, mas os filhos
precisam que os pais ajam de forma civilizada e educada um com o outro em
eventos públicos.

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• Mantenha a transição de seu filho entre a sua casa e a casa de seu ex durante
as o exercício do direito de convivência livre de estresse. Mover-se de uma casa
para outra pode ser difícil para o filho. Dizer tchau para um pai e oi para o outro,
sentir-se triste por estar longe de um pai e feliz por estar perto de outro, é
muito difícil. Você e seu ex devem ser educados quando se encontram nesses
momentos. Afinal, seu filho está te observando. Os pais erram quando brigam
nesse momento na frente dos filhos. O pai ou a mãe que recebe a criança não
precisa bombardeá-la com questões sobre o que ocorre na outra casa, isso faz
o filho sentir-se com raiva e aborrecido. Filhos não devem se sentir espionados
por um dos pais.

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• Não faça tempestade em copo de água. Se a mãe se esquecer de levar a touca
de natação ao torneio da escola, não é necessário que o pai faça um escândalo
na frente do filho dizendo-lhe que ela é uma péssima mãe. É normal as pessoas
se esquecerem de algo. E o treinador sempre pode arrumar uma outra touca!
Antes do divórcio, quando as pessoas esqueciam coisas, isso não precisava ser
um grande problema. E não precisa ser agora.

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• Ajude as pessoas a permanecerem neutras. Mantenha seus familiares e outras
pessoas importantes na vida de seu filho, como professores, fora de seu conflito.
Não os incentive a tomar partido. Seu filho precisa de pessoas ao redor dele
que o protejam de hostilidade e tensão.

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• 10. Mães e pais alienados devem passar tempo com as pessoas que lhes tratam
bem. Se você é uma mãe ou um pai alienado, quando estiver com seu filho,
esteja com pessoas que te tratem bem. Se seu filho vir os primos, tios, amigos,
agindo com respeito e admiração, ele poderá pensar que talvez você não seja
tão ruim como ele pensou. Quando ele te vir através dos olhos das pessoas que
gostam de você, ele também poderá ver coisas boas em você.

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• Ajude seu filho a perceber que os pais fazem coisas de forma diferente. Alguns
são mais rígidos, outros mais flexíveis, alguns ajudam os filhos com a lição de
casa, outros procuram incentivá-los a fazerem a lição sozinhos. Não dê ao seu
filho a chance de desrespeitar o pai ou a mãe, dizendo-lhe que a sua forma de
pensar é melhor que a forma de pensar do outro.

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• Se você é alienador ou alienado, procure um terapeuta ou um psicólogo. Ele
poderá ajudá-lo a descobrir meios de acabar com a alienação. Preste atenção no
seu filho e procure aconselhamento para ele. Crianças sofrem silenciosamente,
e cabe aos pais protegê-las.

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• Procure um advogado. É importante inteirar-se das leis e dos passos a serem
tomados para garantir o direito de conviver com seu filho. Seu advogado
pode esclarecê-lo a respeito dos seus direitos e dos caminhos possíveis para
satisfazê-los, inclusive através da mediação, como veremos mais adiante.

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• Tente controlar a raiva e ficar calmo, mantendo o controle de seu
comportamento. O diálogo poderá ser a melhor opção.

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• 15. Deixe de lado as críticas. Não critique seu filho quando ele te convidar
para a briga. É importante lembrar que estar em um relacionamento é mais
importante do que ter razão. É difícil ser desrespeitado pelo próprio filho.
Alguns pais perdem a cabeça e brigam com os filhos. Se você exagerou ou
perdeu a cabeça com seu filho, peça-lhe desculpas. Pode ser difícil fazer isso,
pois se sente desrespeitado, injustiçado, mas é importante que perceba o seu
erro e se responsabilize por ele. Lembre-se: as pessoas são maiores que seus
erros.

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• Tente conversar com o alienador (aquele que pratica a alienação), demonstrando
para ele os prejuízos que seu filho poderá sofrer, caso seja afastado do seu
convívio. Se isso não funcionar, procure um advogado para garantir a sua
convivência com seu filho.

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• Quando estiver com seu filho, procure praticar atividades positivas e relembre
os bons momentos que tiveram juntos.

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• Cumpra todas as suas obrigações parentais.

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• Não aceite tudo o que lhe for imposto, achando que vai poupar a criança do
sofrimento. Isso só tornará as coisas piores e ainda prejudicará o seu filho. Se
a mãe ou o pai alienador não respeitar as decisões judiciais, incluindo dias e
horários de visita, comunique imediatamente ao juiz. Quanto mais cedo você
informar sobre as violações de decisões judiciais, menor o risco do problema se
tornar permanente e irreversível.

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• Não culpe seu filho, não foi ele quem criou essa situação. Seu filho precisa
desesperadamente do seu amor e carinho e ele é tão vítima da situação quanto
você. Mesmo que ele seja agressivo, pense na frase de Marshall Rosenberg: “a
violência é uma resposta trágica às necessidades não atendidas”. A violência de
seu filho pode ser um grito de socorro.
• Quando estiver com seu filho, não o trate como uma visita. Ele tem que se sentir
em casa, como parte integrante da sua família e do seu convívio social.
• Quando estiver com seu filho, dedique-se a ele. Tente não ser apenas aquele
que dá presentes, pois o seu filho quer e precisa mais que isso. Aproveite
o tempo com seu filho para desenvolver atividades caseiras como jogar
bola, brincadeiras, jogos ou mesmo assistir televisão juntos e, se possível, o
introduza na sua rotina diária. Lembre-se, sempre, que atenção e carinho são
fundamentais.

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• Não desista facilmente, mas sim persevere nos seus esforços para manter bom
contato com seu filho. A rejeição constante de seu filho pode ser humilhante e
desmoralizante, mas por vezes a persistência, com a ajuda de um profissional,
leva ao sucesso. A mãe ou o pai alienado se sente devastado quando o filho o
rejeita. Ninguém está preparado para ser rejeitado pelo próprio filho. Alguns
sentem que não tem alternativa além de se afastar. Mas, infelizmente, quando
isso acontece, o filho se sente efetivamente abandonado pelo pai ou pela mãe.
E então o filho pensa que talvez aquele pai ou mãe não mereça mesmo o seu
amor.
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• E quando a mãe ou o pai alienado se afasta do filho, o filho também ficará bravo
com ele/ela, quando descobrir a verdade, achando que ele/ela deveria ter se
esforçado mais para manter o relacionamento. Ele pode pensar: “Como você
pode ter permitido que o relacionamento acabasse? Você não teria deixado
de me levar ao médico quando eu estava doente, você não teria deixado de
me levar à escola? Você nem teria me deixado passear de carro sem cinto de
segurança. Como você pôde deixar a cargo de uma criança uma decisão tão
importante como cortar o relacionamento com o pai ou a mãe?”

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