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ESTUDO DE CASO – Processos de Avaliação Psicológica

1. IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA AVALIAÇÃO:

Nome: V.

Data de nascimento: 13/03/2002 – 12 anos

Sexo: Masculino

Escolaridade: 7º ano do ensino Fundamental

Escola: pública / estadual

2. MOTIVO DA AVALIAÇÃO COM INDICAÇÃO DO SOLICITANTE:

A queixa foi feita pela escola; afirmam que V. é distraído, não fica quieto, não presta atenção
nas aulas e inverte algumas letras. Sendo necessário investigar tal situação, os pais foram
orientados a levá-lo a um fonoaudiólogo que constatou que V. não apresenta problemas, e
posteriormente a um psicólogo para atendimento psicoterápico. O psicólogo, após ouvir o
relato dos pais, encaminhou V. para o Núcleo de Prática em Psicologia da PUCPR para a
realização de uma avaliação psicológica. Os pais relatam perceber que V. troca letras, fala
muito rápido e baixo, parecendo estar com vergonha.

3. DESCRIÇÃO DA DEMANDA (objetivo da avaliação):

A partir da queixa da escola, de que V apresentava comportamento disperso, não prestava


atenção nem parava quieto durante as aulas, não demonstrava interesse, não realizava as
tarefas de casa, não interagia. Os professores de matemática, português, ciências e história
relataram também que V, é um aluno rebelde, intrometido com desempenho fraco, mas que
gosta de desenhar, e que quando as provas possuem um caráter abstrato V, consegue notas
melhores.

Diante da queixa da escola, V foi encaminhado para o Núcleo de Prática em Psicologia (NPP)
da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e foi submetido à avaliação Psicopedagógica
para uma melhor compreensão dos processos de aprendizagem de V.
4. IDENTIFICAÇÃO DOS FENÔMENOS PSICOLÓGICOS:

Nível de atenção; nível de motivação; relações inter e intrapessoais (relações com amigos,
professores colegas de turma e família); nível de ansiedade; desenvolvimento emocional;
percepção, linguagem; nível de autocontrole inibitório; nível de agressividade; nível de
concentração; habilidades psicomotoras; atenção seletiva; resistência à distração;
compreensão verbal e não-verbal; memória operacional; raciocínio lógico; noção espacial.

5. TIPO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA:

Psicopedagógica.

6. CAMPO DE APLICAÇÃO E LOCAL:

Escolar; avaliação realizada em consultório.

7. DESCRIÇÃO DO PLANEJAMENTO TÉCNICO (N o de sessões, estratégias


utilizadas, sujeitos envolvidos no processo, dentre outros):

Foram feitas 12 sessões de 50 minutos cada;

Foram realizadas sessões lúdicas com os seguintes materiais: jogos lógicos, pedagógicos,
fantoches, carros miniaturas, jogo de tiro ao alvo, folhas sulfites, lápis preto e de cor,
canetinhas, revistas, gibis, livros de história, cola, tesoura etc. Jogou também UNO, pega
varetas e desenhou um carro.

As estratégias utilizadas foram: WISC IV; técnicas projetivas psicopedagógicas: planta da


casa, 4 momentos de um dia, planta da sala de aula, o dia do aniversário, família educativa,
fazendo o que mais gosto e par educativo; técnica das frases inacabadas: imagine por que;
teste psicológico: EFAC & EMAC (Escala feminina de autocontrole e escala masculina de
autocontrole); TAT (Teste de apercepção temática); Pranchas (com 20); TDE (Teste de
desempenho escolar); entrevista estruturada familiar: brasão familiar; e visita na escola.

Sujeitos envolvidos: V., pai, mãe, pedagoga, professores (de Ciências, História, Português e
Matemática).

8. REGISTRO DO HISTÓRICO DO CLIENTE:

V. começou a falar com 2 anos, e falava pouco (a primeira palavra foi “mamãe”); trocava
letras (C por S, D por T e B pelo P) e atualmente fala rápido e baixo, parece ter vergonha;
Com 9 meses de idade, V. caiu e bateu a cabeça com força, foi ao neurologista que não
atestou nenhum problema;

V. brigava muito com a mãe e com o irmão por causa de brincadeiras que V. fazia, pois
segundo a mãe eram sempre agressivas e estúpidas, mas atualmente V. e seu irmão se
relacionam bem;

V. foi ao fonoaudiólogo devido à troca de letras, mas foi constatado que ele não possui
nenhum problema.

Os pais relatam que a gestação de V. não foi desejada e a mãe ficou muito nervosa durante a
gravidez.

Segundo os pais, V. é uma criança amorosa e alegre, mas está sempre se intrometendo nas
conversas.

9. LEVANTAMENTO DE HIPÓTESE A PARTIR DAS INFORMAÇÕES


OBTIDAS COM A LEITURA DO CASO:

Diante das queixas apresentadas, as hipóteses levantadas para o caso de V, foram: Complexo
de inferioridade, pois V. apresenta um comportamento inseguro, tenso e receoso, ele evita
contato com seus sentimentos, e diz se sentir impotente; Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH), considerando o comportamento disperso, inquieto e desinteressado;
Discalculia, considerando a dificuldade de V em aprender a tabuada; Dislexia, considerando
que V ao desenvolver atividades de escrita realiza a troca de letras; Bullyng; V, não interage
nas aulas e ao se comunicar verbalmente fala em tom baixo e velocidade rápida, isso pode ser
resultado de dificuldade em suas relações com colegas e professores; Falta de motivação,
considerando que é possível perceber, através da queixa da escola e relato dos pais, que logo
após o ingresso de V. no Kumon ele apresentou imediatamente uma melhora na escrita e
comunicação, o que pode ser justificada por uma falta de motivação e atenção por parte da
escola. Durante o processo de avaliação, V. teve uma atitude tranquila, demonstrou interesse
e atenção na realização das tarefas solicitadas, o que explicaria a diferença de comportamento
de V. na avaliação e em casa ou na escola; Desestruturação familiar, durante a entrevista
para a elaboração do Brasão Familiar, em diversos momentos foi percebido que V. discutia
com a mãe e não havia muita imposição do pai na elaboração da atividade. A questão
financeira parece bastante pautada na relação familiar, bem como um possível afastamento
entre V. e os pais. Em um momento desta atividade, a mãe chorou e disse que gostaria que
fizessem mais coisas juntos, mas V. se queixou que chama a mãe para participar de
atividades que ele realiza no computador e ela nunca aceita, e que apesar de ela dizer não
saber mexer no computador V. se dispõe a ajudá-la. Ao serem questionados sobre o que
pensam do filho estar fazendo uma avaliação psicopedagógica, a mãe informa que acha
importante os pais ajudarem no que for preciso, mas que o pai já esta cansado de comparecer
ao NPP. Nestes pontos é possível perceber que estes comportamentos corroboram para a
hipótese de que as dificuldades de V., na realidade são decorrentes desta desestruturação na
família, o pai não demonstra muito interesse na participação da vida de V. e a mãe não
participa muito das atividades que V. realiza.

10. ELABORAÇÃO DE ENQUADRAMENTO TEÓRICO PARA


COMPROVAÇÃO OU NÃO DE HIPÓTESES LEVANTADAS.

 Complexo de inferioridade:

Adler afirma que a base para a neurose está no sentimento de inferioridade e que, a partir
desta, nasce uma distorção da vida emocional, em que o neurótico não consegue se
relacionar com os demais natural e espontaneamente. Quem tem o sentimento de
inferioridade ainda tenta constantemente compensar isso ao atingir metas tolas, além de
poder causar “deformidades de caráter”, como malícia, rancor ou crueldade para não se
sentir assim. (Oberst, Ibarz e León, 2004).

Pode-se aceitar que a neurose, a enfermidade psicológica, é consequência do sentimento


de inferioridade, de umas humilhações sofridas, de experiências negativas e
desesperançadas como, por exemplo, uma depressão por falta de amor, ansiedade por
excesso de mimos paternos, etc. (Oberst, Ibarz e León, 2004. p. 36).

Adler destacou três tipos de educação inadequada: a educação muito autoritária, na qual a
criança não chega a sentir-se aceito e apreciado, a educação muito consentidora e a
educação superprotetora. O sentimento de inferioridade pode se manifestar a partir desses
três tipos de educação, e a criança não aprende a superar sozinhos os obstáculos da vida,
além de não lutar para obter o que deseja (Oberst, Ibarz e León, 2004. p. 37-38).

 TDAH:
 Discalculia:

 Dislexia:

Segundo Silva (2009), a dislexia possui três classificações: fonológica,


“caracterizada por uma dificuldade na leitura oral de palavras pouco familiares”;
superficial, que significa “uma dificuldade na leitura relacionada a um problema visual”
(p. 472); e mista que apresenta problemas fonológicos e superficiais. Todos os tipos estão
associados a disfunções em algum dos lóbulos do cérebro.

Deuschle e Cechella (2009) afirmam que a dislexia se origina no desenvolvimento


do cérebro, isto é, antes do nascimento e se caracteriza por má formação cerebral,
principalmente na área temporo-occipital, pode se manifestar aos 2 ou 3 anos e, somente
diagnosticado mais tardiamente se mais membros da família possuírem o mesmo
diagnóstico. “Caracteriza-se por um rendimento inferior ao esperado para a idade mental,
nível socioeconômico e grau de instrução escolar, e pode afetar os processos de
decodificação e compreensão leitora” (p. 196).

Observa-se, opostamente à hipótese de dislexia, que V. na síntese das técnicas


projetivas psicopedagógicas demonstrou um excelente desempenho na área de leitura; no
WISC IV, quanto aos processos mentais que envolvem compreensão verbal, V. apresenta
habilidade dentro do esperado para a idade, além de boa capacidade de fluência verbal e
processamento de linguagem. V. ainda consultou-se quando criança com um neurologista
e, mais recentemente, com um fonoaudiólogo, que confirmaram o fato de o mesmo não
haver problemas.

 Bullyng:

Outra hipótese levantada para o comportamento e as dificuldades apresentadas por


V. foi a possibilidade de estar sofrendo, em algum grau, bullyng na escola em que estuda.
O bullyng não é caracterizado apenas pela violência física, e também não é o equivalente
de “violência” ou de “agressividade”. Assim, este conceito pode ser entendido como um
tipo de “abuso de poder entre pares, de forma continuada e onde existe intencionalidade
de fazer mal” (PEREIRA e PINTO, 2001, p.18).
Alguns sintomas podem servir para a identificação do bullyng, entre as queixas
possíveis de se observar estão comportamentos de ansiedade, isolamento, baixo
rendimento escolar, baixa auto-estima, irritabilidade, queixas visuais, dificuldades de
aprendizagem, resistência para ir à escola, sonolência, entre outros. Devido à dificuldade
encontrada na falta de métodos que possam diagnosticar a existência do bullyng, se faz
necessária uma pesquisa aprofundada das relações da criança e/ou adolescente em seu
meio social, familiar e escolar. Desta forma, não basta o profissional basear-se apenas no
contexto da aprendizagem do aluno, mas também no contexto interpessoal, na análise das
habilidades sociais da criança e é de fundamental importância abordar estes assuntos,
questionar o aluno acerca de seus sentimentos em relação aos colegas, professores, escola,
amigo e familiares (NETO, 2007).

 Falta de Motivação:

Outra hipótese levantada está relacionada ao nível de motivação de V.,


considerando as dificuldades relatadas por V. e a partir dos instrumentos aplicados
durante o processo de avaliação.

Sobre a motivação na aprendizagem, é possível perceber que o interesse mantém a


atenção, no sentido de um valor que deseja. Comênio (1996), coloca sobre os ombros do
professor o encargo de manter os alunos interessados no que está sendo ensinado e
garante que se este tornar o ensino agradável e atrativo, não terá problemas com
indisciplina, mas a responsabilidade também é sua, se os tiver. Para isso, os professores
precisam aprender sempre. É possível garantir um processo de formação continuada de
qualidade para professores, se as estratégias pedagógicas utilizadas possibilitarem aos
professores uma vinculação ao seu processo de formação.

Para Barbosa apud Feijó (2009), a origem da motivação é o desejo de satisfação


de necessidades e um conjunto de fatores que determinam a conduta de um indivíduo,
gerados pelo fato de o ser humano ser um animal social por natureza. O autor lembra que
a palavra motivação vem do Latim “motivus”, que é uma coisa móvel, relativa a
movimento, algo que do movimento, que motiva, assim provocando novo ânimo, agindo
em busca de novos horizontes e novas conquistas. Já segundo Fita apud Feijó (1999,
p.77), “a motivação é um conjunto de variáveis que ativam a conduta e a orientam em
determinado sentido para poder alcançar um objetivo”, dessa forma, estabelecendo ações
que levam as pessoas a alcançarem seus objetivos.

Quando observamos o porquê das pessoas estarem motivadas, vemos que tem o
fator intrínseco, da vontade da pessoa e o extrínseco, ocasionado pelo meio externo para
com a pessoa. Assim, necessita-se criar expectativas em relação à aprendizagem, para que
os alunos sintam-se motivados, pois a motivação não depende apenas de vontade
individual, mas do sucesso que se pode alcançar se assim o fizer. Para isso, os professores
precisam vencer o cansaço e criar estratégias para motivar seus alunos. Os alunos que
apresentam dificuldades precisam ser ajudados por seus professores. Esse esforço dos
professores, segundo Almeida, Miranda e Guisande (2008), é trazido como um fator de
valorização, onde os alunos sentem-se valorizados e quando isto não ocorre, sentem-se
desvalorizados, consequentemente desmotivados e apresentam fracassos.

Um aluno motivado encontra-se envolvido com o processo de aprendizagem,


buscando desenvolver habilidades para compreensão e domínio, através de buscas de
estratégias, desenvolvendo novas habilidades e principalmente orgulhando-se dos
resultados alcançados (Guimaraes, Boruchovitch apud Feijó 2009, p.45).

 Desestruturação familiar:

11. INTEGRAÇÃO DOS RESULTADOS (PENSAMENTO CLÍNICO) OBTIDOS


A PARTIR DOS INSTRUMENTOS E TÉCNICAS UTILIZADAS A PARTIR
DO ENQUADRAMENTO TEÓRICO – SEM PERDER DE VISTA A
DEMANDA PARA ELABORAÇÃO DA DISCUSSÃO DIAGNÓSTICA

Observando que no decorrer da técnica projetiva psicopedagógica, V. mostrou-se


receoso, tenso, com baixo senso crítico quando sua interação é exigida no contexto
escolar, introvertido e inibido, mostrando preocupar-se muito com o que seus colegas e
professores vão pensar sobre ele, por grande receio de passar por constrangimentos
sugerem que o sujeito possui traços de um Complexo de Inferioridade, pois, conforme
Oberst, Ibarz e León (2004) , quem possui um sentimento de inferioridade, não consegue
relacionar-se naturalmente e espontaneamente com quem está a sua volta. O sentimento
de inferioridade pode ser consequência de humilhações passadas ou situações em que lhe
causaram fortes sentimentos ruins. V. possui alguns amigos, mas em atividades escolares
mostra-se tenso e utiliza tom de voz baixo e fala muito rápido o que pode confirmar esse
sentimento de inferioridade.

Também considerando que V. apresenta uma queixa relacionada à aprendizagem e


demonstra, segundo relatam os professores e pais, comportamento disperso, inquieto e
desinteressado, pode indicar que V. manifesta um quadro de desmotivação escolar de
acordo com Feijó (2009) e conforme Comênio (1996): “coloca-se sobre os ombros do
professor o encargo de manter os alunos interessados no que está sendo ensinado” e seus
professores reclamam demasiadamente do paciente e a professora de português o chama
de “intrometido” e “desinteressado” mostrando falta de sigilo por parte do docente, logo
tais informações podem ser consideradas duvidosas, pois V. apresentou habilidades
psicológicas dentro da média, tem resistência à distração e atenção seletiva e apresenta
boa compreensão verbal e boa memória operacional, capacidade de planejamento e
flexibilidade mental nos testes WISC IV e Teste de desempenho escolar, sendo muito
interessado e persistente na realização dos mesmos. Considera-se que além dos valores
intrínsecos, os valores do indivíduo, sua vontade, os valores extrínsecos são tão
importantes quanto, onde o ambiente motiva o sujeito e quando bem motivado, o sujeito
busca desenvolver suas habilidades de compreensão e lógica, desenvolvendo novas
habilidade, o que comprova-se quando V iniciou o Kumon, melhorando
consideravelmente em suas atividades escolares, podendo estar sendo mais motivado no
instituto.

FALTA COMPLEMENTAR

12. ELABORAÇÃO DE SÍNTESE CONCLUSIVA DO PROCESSO DE


AVALIAÇÃO REALIZADO.

13. ESTABELECIMENTO DE PROPOSTA DE INTERVENÇÃO, COM


INDICAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES E DAS PROPOSTAS DE
INTERVENÇÃO.
Diante dos resultados obtidos a partir da avaliação psicopedagógica, conclui-se que V.
apresenta habilidade e capacidade de desenvolver atividades de raciocínio, lógica, memória,
comunicação, que V. tem resistência à distração e atenção seletiva e apresenta boa
compreensão verbal e boa memória operacional, capacidade de planejamento e flexibilidade
mental. Porém, V. apresentou dificuldades quanto às informações de conteúdo de educação
formal e mostrou-se inseguro, receoso e tenso quando é exigido interagir no contexto de
ensino. V. também demonstra inibição, introversão e não possuir senso crítico. V.

Sugere-se a permanência de V. no Kumon, com o intuito de que ele continue a


desenvolver suas habilidades de aprendizagem. Pode-se sugerir que V. realize psicoterapia a
fim de desenvolver suas habilidades sociais e de comunicação e buscar a diminuição dos
comportamentos apresentados de insegurança, introversão e receio.

V. afirmou que o que mais gosta é de dormir, pois é um momento sossegado e sua
mãe não exige que ele limpe a casa e lave a louça, V. relatou que a mãe cobra que tire notas
boas e que eles brigavam porque ela cobrava muito. V. relata pensar que como sua mãe tem
medo que ele reprove, acaba sendo muito exigente, e ela põe limites em sua rotina para que
ele limpe a casa e durma cedo. Observa-se também que o pai parece não apresentar
autoridade em diversas situações em relação à família. V. relatou que seu irmão algumas
vezes dorme em seu quarto quando briga com a esposa e que ele já se separou 5 vezes dela.
Foi possível observar durante a atividade realizada Brasão familiar, que V. e a mãe
discutiram sobre a opção de inserir no Brasão, dentro do coração, o irmão de V., pelo fato
dele não morar mais com a família. A mãe argumentou que ele possui sua própria família
agora e V. verbalizou que se fosse assim, a irmã também não deveria ser inserida no coração.
Ao final desta atividade, a mãe chorou e disse que gostaria que fizessem mais coisas juntos,
mas V. se queixou que chama a mãe para participar de atividades que ele realiza no
computador e ela nunca aceita, e que apesar de ela dizer não saber mexer no computador V.
se dispõe a ajudá-la. Ao serem questionados sobre o que pensam do filho estar fazendo uma
avaliação psicopedagógica, a mãe informa que acha importante que os pais ajudem no que for
preciso, mas que o pai já esta cansado de comparecer ao NPP.

Sugere-se a realização de psicoterapia familiar, com o intuito de fortalecer os laços


familiares a auxiliar no desenvolvimento de estratégias de comunicação entre os membros da
família e atividades em que todos possam participar e expor suas opiniões.
14. ELABORAÇÃO DE DOCUMENTO RESULTANTE DA AVALIAÇÃO
REALIZADA.
Informações disponíveis no anexo 1.

15. ESCOLHA DA METODOLOGIA E PLANEJAMENTO PARA DEVOLUÇÃO


DO RESULTADO. ASPECTOS IMPORTANTES A SEREM ABORDADOS NA
DEVOLUTIVA E INDICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS E TÉCNICA A SER
UTILIZADA.

A devolutiva será realizada em duas sessões, sendo a primeira sessão somente com os
pais onde os resultados serão expostos, bem como a proposta de intervenção. A segunda
devolutiva será realizada apenas com V., onde serão transmitidos os resultados, com o intuito
de proporcionar a V. uma oportunidade de compreender todos os processos que envolveram a
avaliação realizada pelo mesmo e expor suas ideias e opiniões sobre este processo realizado.
Será exposto a V. também a proposta de intervenção.

16. LISTA DAS REFERÊNCIAS UTILIZADAS.

ALMEIDA, L. S.; MIRANDA, L.; GUISANDE, M. A.. Atribuições causais para o


sucesso e fracasso escolares. Estudos de Psicologia, Campinas, 25(2), p. 169-176, abril –
junho – 2008.

BRAGA, S. da SILVA; SCOZ, B. J. L.; MUNHOZ, M. L. P. Problemas de


aprendizagem e suas relações com a família. Rev. psicopedag. [online]. 2007, vol.24,
n.74, pp. 149-159. ISSN 0103-8486. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v24n74/v24n74a06.pdf>. Acesso em 18 Nov.
2015.

COMÉNIO, J A. Didáctica Magna. 4.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.


525 p.

DEUSCHLE, V. P.; CECHELLA, C. O déficit em consciência fonológica e sua relação


com a dislexia: diagnóstico e intervenção. Rev. CEFAC,  São Paulo ,  v. 11, supl. 2, p.
194-200,   2009 .  Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1516-18462009000600009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16
Nov. 2015.
NETO A. A. L. Bullying. Rev. oficial do Núcleo de estudos da saúde do adolescente.
Vol. 4, no. 3. Jul/Set 2007. p 51-56. Disponível em: <
http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=101>. Acesso em: 15 Nov.
2015.

OBERST, U, IBARZ, V, LEÓN, R. La Psicologia Individual de Alfred Adler y la


Psicosíntesis de Olivér Brachfeld. Revista de Neuro-Psiquiatría 2004; 67: 31-44

PEREIRA, B. O.; PINTO, A. P. A escola e a criança em risco: intervir para prevenir. 1.


ed. Porto: Asa, 2001. 255 p.

SILVA, S. S. L. Conhecendo a dislexia e a importância da equipe interdisciplinar no


processo de diagnóstico. Rev. psicopedag.,  São Paulo ,  v. 26, n. 81,   2009 .  
Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862009000300014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em  16  Nov.  2015.

ANEXO 1

LAUDO PSICOLÓGICO
1. Identificação
Nome: V.
Data de nascimento: 13/03/2002 – 12 anos
Sexo: Masculino
Escolaridade: 7º ano do ensino Fundamental
Escola: pública / Estadual

Psicólogos relatores:

Interessados
Escola onde V. estuda;

Finalidade
Avaliação psicológica Psicopedagógica, com o objetivo de obter uma melhor compreensão
dos processos de aprendizagem de V. devido à queixa da escola.
2. Descrição da demanda
A partir da queixa da escola, de que V apresentava comportamento disperso, não prestava
atenção nem parava quieto durante as aulas, não demonstrava interesse, não realizava as
tarefas de casa, não interagia. Os professores de matemática, português, ciências e história
relataram também que V, é um aluno rebelde, intrometido com desempenho fraco, mas que
gosta de desenhar, e que quando as provas possuem um caráter abstrato V, consegue notas
melhores.

3. Procedimento
O Processo de Avaliação ocorreu em 12 sessões, com duração de 50 minutos cada;

Foram realizadas sessões lúdicas com os seguintes materiais: jogos lógicos, pedagógicos,
fantoches, carros miniaturas, jogo de tiro ao alvo, folhas sulfites, lápis preto e de cor,
canetinhas, revistas, gibis, livros de história, cola, tesoura etc. Jogou também UNO, pega
varetas e desenhou um carro.

As estratégias utilizadas foram: WISC IV; técnicas projetivas psicopedagógicas: planta da


casa, 4 momentos de um dia, planta da sala de aula, o dia do aniversário, família educativa,
fazendo o que mais gosto e par educativo; técnica das frases inacabadas: imagine por que;
teste psicológico: EFAC & EMAC (Escala feminina de autocontrole e escala masculina de
autocontrole); TAT (Teste de apercepção temática); Pranchas (com 20); TDE (Teste de
desempenho escolar); entrevista estruturada familiar: brasão familiar, onde os pais estiveram
presentes e participaram da atividade; anamnese e visita na escola.

4. Análise
5. Conclusão

Diante dos resultados obtidos a partir da avaliação psicopedagógica, conclui-se que V.


apresenta habilidade e capacidade de desenvolver atividades de raciocínio, lógica,
memória, comunicação, que V. tem resistência à distração e atenção seletiva e apresenta
boa compreensão verbal e boa memória operacional, capacidade de planejamento e
flexibilidade mental. Porém, V. apresentou dificuldades quanto às informações de
conteúdo de educação formal e mostrou-se inseguro e receoso quando é exigido interagir
no contexto de ensino.
De acordo com testes realizados, verificou-se que V. normalmente apresenta-se tenso e
receoso, bem como inibido e introvertido quando exigida sua participação em atividades
escolares. Observa-se que este demonstra se sentir diminuído em relação aos demais
colegas e professores, fala muito rápido e baixo quando abordado. Sugere-se que V.
realize psicoterapia para desenvolvimento de suas habilidades sociais, para desenvolver
sua comunicação em público e para ajudar na resolução destes sentimentos de auto
inferiorização.
V. manifesta falta de motivação em suas atividades escolares, demonstra pouca aspiração
para ir à escola e de acordo com Comênio (1996): coloca-se sobre os ombros do professor
o encargo de manter os alunos interessados no que está sendo ensinado, logo sugere-se
que seja realizado um trabalho com afinco com os professores da instituição escolar,
visando desenvolver e aprimorar suas técnicas de ensino. Sugere-se também, por meio
deste documento, que V. permaneça em suas atividades no Kumon, visando continuar a
desenvolver e melhorar suas capacidades em raciocínio, lógica e língua portuguesa como
vem sendo desenvolvido.
(......Desestrutura familiar, falar sucintamente sobre.....) Sugere-se que tanto V.
juntamente com sua família realizem psicoterapia familiar, com o intuito de fortalecer os
laços familiares a auxiliar no desenvolvimento de estratégias de comunicação entre os
membros da família.

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