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Nome: V.
Sexo: Masculino
A queixa foi feita pela escola; afirmam que V. é distraído, não fica quieto, não presta atenção
nas aulas e inverte algumas letras. Sendo necessário investigar tal situação, os pais foram
orientados a levá-lo a um fonoaudiólogo que constatou que V. não apresenta problemas, e
posteriormente a um psicólogo para atendimento psicoterápico. O psicólogo, após ouvir o
relato dos pais, encaminhou V. para o Núcleo de Prática em Psicologia da PUCPR para a
realização de uma avaliação psicológica. Os pais relatam perceber que V. troca letras, fala
muito rápido e baixo, parecendo estar com vergonha.
Diante da queixa da escola, V foi encaminhado para o Núcleo de Prática em Psicologia (NPP)
da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e foi submetido à avaliação Psicopedagógica
para uma melhor compreensão dos processos de aprendizagem de V.
4. IDENTIFICAÇÃO DOS FENÔMENOS PSICOLÓGICOS:
Nível de atenção; nível de motivação; relações inter e intrapessoais (relações com amigos,
professores colegas de turma e família); nível de ansiedade; desenvolvimento emocional;
percepção, linguagem; nível de autocontrole inibitório; nível de agressividade; nível de
concentração; habilidades psicomotoras; atenção seletiva; resistência à distração;
compreensão verbal e não-verbal; memória operacional; raciocínio lógico; noção espacial.
Psicopedagógica.
Foram realizadas sessões lúdicas com os seguintes materiais: jogos lógicos, pedagógicos,
fantoches, carros miniaturas, jogo de tiro ao alvo, folhas sulfites, lápis preto e de cor,
canetinhas, revistas, gibis, livros de história, cola, tesoura etc. Jogou também UNO, pega
varetas e desenhou um carro.
Sujeitos envolvidos: V., pai, mãe, pedagoga, professores (de Ciências, História, Português e
Matemática).
V. começou a falar com 2 anos, e falava pouco (a primeira palavra foi “mamãe”); trocava
letras (C por S, D por T e B pelo P) e atualmente fala rápido e baixo, parece ter vergonha;
Com 9 meses de idade, V. caiu e bateu a cabeça com força, foi ao neurologista que não
atestou nenhum problema;
V. brigava muito com a mãe e com o irmão por causa de brincadeiras que V. fazia, pois
segundo a mãe eram sempre agressivas e estúpidas, mas atualmente V. e seu irmão se
relacionam bem;
V. foi ao fonoaudiólogo devido à troca de letras, mas foi constatado que ele não possui
nenhum problema.
Os pais relatam que a gestação de V. não foi desejada e a mãe ficou muito nervosa durante a
gravidez.
Segundo os pais, V. é uma criança amorosa e alegre, mas está sempre se intrometendo nas
conversas.
Diante das queixas apresentadas, as hipóteses levantadas para o caso de V, foram: Complexo
de inferioridade, pois V. apresenta um comportamento inseguro, tenso e receoso, ele evita
contato com seus sentimentos, e diz se sentir impotente; Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH), considerando o comportamento disperso, inquieto e desinteressado;
Discalculia, considerando a dificuldade de V em aprender a tabuada; Dislexia, considerando
que V ao desenvolver atividades de escrita realiza a troca de letras; Bullyng; V, não interage
nas aulas e ao se comunicar verbalmente fala em tom baixo e velocidade rápida, isso pode ser
resultado de dificuldade em suas relações com colegas e professores; Falta de motivação,
considerando que é possível perceber, através da queixa da escola e relato dos pais, que logo
após o ingresso de V. no Kumon ele apresentou imediatamente uma melhora na escrita e
comunicação, o que pode ser justificada por uma falta de motivação e atenção por parte da
escola. Durante o processo de avaliação, V. teve uma atitude tranquila, demonstrou interesse
e atenção na realização das tarefas solicitadas, o que explicaria a diferença de comportamento
de V. na avaliação e em casa ou na escola; Desestruturação familiar, durante a entrevista
para a elaboração do Brasão Familiar, em diversos momentos foi percebido que V. discutia
com a mãe e não havia muita imposição do pai na elaboração da atividade. A questão
financeira parece bastante pautada na relação familiar, bem como um possível afastamento
entre V. e os pais. Em um momento desta atividade, a mãe chorou e disse que gostaria que
fizessem mais coisas juntos, mas V. se queixou que chama a mãe para participar de
atividades que ele realiza no computador e ela nunca aceita, e que apesar de ela dizer não
saber mexer no computador V. se dispõe a ajudá-la. Ao serem questionados sobre o que
pensam do filho estar fazendo uma avaliação psicopedagógica, a mãe informa que acha
importante os pais ajudarem no que for preciso, mas que o pai já esta cansado de comparecer
ao NPP. Nestes pontos é possível perceber que estes comportamentos corroboram para a
hipótese de que as dificuldades de V., na realidade são decorrentes desta desestruturação na
família, o pai não demonstra muito interesse na participação da vida de V. e a mãe não
participa muito das atividades que V. realiza.
Complexo de inferioridade:
Adler afirma que a base para a neurose está no sentimento de inferioridade e que, a partir
desta, nasce uma distorção da vida emocional, em que o neurótico não consegue se
relacionar com os demais natural e espontaneamente. Quem tem o sentimento de
inferioridade ainda tenta constantemente compensar isso ao atingir metas tolas, além de
poder causar “deformidades de caráter”, como malícia, rancor ou crueldade para não se
sentir assim. (Oberst, Ibarz e León, 2004).
Adler destacou três tipos de educação inadequada: a educação muito autoritária, na qual a
criança não chega a sentir-se aceito e apreciado, a educação muito consentidora e a
educação superprotetora. O sentimento de inferioridade pode se manifestar a partir desses
três tipos de educação, e a criança não aprende a superar sozinhos os obstáculos da vida,
além de não lutar para obter o que deseja (Oberst, Ibarz e León, 2004. p. 37-38).
TDAH:
Discalculia:
Dislexia:
Bullyng:
Falta de Motivação:
Quando observamos o porquê das pessoas estarem motivadas, vemos que tem o
fator intrínseco, da vontade da pessoa e o extrínseco, ocasionado pelo meio externo para
com a pessoa. Assim, necessita-se criar expectativas em relação à aprendizagem, para que
os alunos sintam-se motivados, pois a motivação não depende apenas de vontade
individual, mas do sucesso que se pode alcançar se assim o fizer. Para isso, os professores
precisam vencer o cansaço e criar estratégias para motivar seus alunos. Os alunos que
apresentam dificuldades precisam ser ajudados por seus professores. Esse esforço dos
professores, segundo Almeida, Miranda e Guisande (2008), é trazido como um fator de
valorização, onde os alunos sentem-se valorizados e quando isto não ocorre, sentem-se
desvalorizados, consequentemente desmotivados e apresentam fracassos.
Desestruturação familiar:
FALTA COMPLEMENTAR
V. afirmou que o que mais gosta é de dormir, pois é um momento sossegado e sua
mãe não exige que ele limpe a casa e lave a louça, V. relatou que a mãe cobra que tire notas
boas e que eles brigavam porque ela cobrava muito. V. relata pensar que como sua mãe tem
medo que ele reprove, acaba sendo muito exigente, e ela põe limites em sua rotina para que
ele limpe a casa e durma cedo. Observa-se também que o pai parece não apresentar
autoridade em diversas situações em relação à família. V. relatou que seu irmão algumas
vezes dorme em seu quarto quando briga com a esposa e que ele já se separou 5 vezes dela.
Foi possível observar durante a atividade realizada Brasão familiar, que V. e a mãe
discutiram sobre a opção de inserir no Brasão, dentro do coração, o irmão de V., pelo fato
dele não morar mais com a família. A mãe argumentou que ele possui sua própria família
agora e V. verbalizou que se fosse assim, a irmã também não deveria ser inserida no coração.
Ao final desta atividade, a mãe chorou e disse que gostaria que fizessem mais coisas juntos,
mas V. se queixou que chama a mãe para participar de atividades que ele realiza no
computador e ela nunca aceita, e que apesar de ela dizer não saber mexer no computador V.
se dispõe a ajudá-la. Ao serem questionados sobre o que pensam do filho estar fazendo uma
avaliação psicopedagógica, a mãe informa que acha importante que os pais ajudem no que for
preciso, mas que o pai já esta cansado de comparecer ao NPP.
A devolutiva será realizada em duas sessões, sendo a primeira sessão somente com os
pais onde os resultados serão expostos, bem como a proposta de intervenção. A segunda
devolutiva será realizada apenas com V., onde serão transmitidos os resultados, com o intuito
de proporcionar a V. uma oportunidade de compreender todos os processos que envolveram a
avaliação realizada pelo mesmo e expor suas ideias e opiniões sobre este processo realizado.
Será exposto a V. também a proposta de intervenção.
ANEXO 1
LAUDO PSICOLÓGICO
1. Identificação
Nome: V.
Data de nascimento: 13/03/2002 – 12 anos
Sexo: Masculino
Escolaridade: 7º ano do ensino Fundamental
Escola: pública / Estadual
Psicólogos relatores:
Interessados
Escola onde V. estuda;
Finalidade
Avaliação psicológica Psicopedagógica, com o objetivo de obter uma melhor compreensão
dos processos de aprendizagem de V. devido à queixa da escola.
2. Descrição da demanda
A partir da queixa da escola, de que V apresentava comportamento disperso, não prestava
atenção nem parava quieto durante as aulas, não demonstrava interesse, não realizava as
tarefas de casa, não interagia. Os professores de matemática, português, ciências e história
relataram também que V, é um aluno rebelde, intrometido com desempenho fraco, mas que
gosta de desenhar, e que quando as provas possuem um caráter abstrato V, consegue notas
melhores.
3. Procedimento
O Processo de Avaliação ocorreu em 12 sessões, com duração de 50 minutos cada;
Foram realizadas sessões lúdicas com os seguintes materiais: jogos lógicos, pedagógicos,
fantoches, carros miniaturas, jogo de tiro ao alvo, folhas sulfites, lápis preto e de cor,
canetinhas, revistas, gibis, livros de história, cola, tesoura etc. Jogou também UNO, pega
varetas e desenhou um carro.
4. Análise
5. Conclusão