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Fundada em 1950
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LICENCIAMENTO VEJA 2 886 (ISSN 0100-7122), ano 57, nº 13. VEJA é uma publicação semanal da Editora Abril. Edições anteriores:
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CARTA AO LEITOR
MICHAEL DANTAS/AFP
EM PERIGO
A Amazônia: bioma
corre o risco de
chegar a um ponto
de colapso
UMA LUTA
PERMANENTE
NA VISITA ao Brasil realizada no começo da semana, o
presidente da França, Emmanuel Macron, fez questão de
colocar a Amazônia num patamar especial. Logo na chega-
da, foi a Belém, cidade que se prepara para sediar a COP30
em 2025. De lá, viajou de barco até a Ilha do Combu para
ver de perto um exemplo de produção orgânica de cacau. A
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RICARDO STUCKERT
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“É UM MOMENTO
SOMBRIO”
O sociólogo espanhol, pioneiro em estudar os
efeitos da internet, teme pelos estragos que o
mau uso da tecnologia provoque nas democracias
— mas ele tem esperança de tempos melhores
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“A dominação do Ocidente,
representado por Estados Unidos,
Reino Unido e União Europeia,
acabou. Hoje eles respondem por
apenas 20% da população
mundial e 40% do PIB.”
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IMAGEM DA SEMANA
AS MEIAS-VERDADES
DE VLADIMIR PUTIN
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Caio Saad
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“A MATURIDADE
TRAZ PAZ”
Com 2,3 milhões de
livros vendidos, a
autora de sucesso na
seara infantojuvenil
explica por que, aos
49 anos, resolveu
escrever sobre
questões da vida
adulta feminina pela
primeira vez em
novo trabalho
AUTOESTIMA
Thalita: obra pessoal
sobre amor e corpo
EDU RODRIGUES
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Raquel Carneiro
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DATAS
A REINVENÇÃO DO PIANO
IMAGNO/GETTY IMAGES
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O POETA DA PEDRA
O escultor californiano Richard Serra parecia trans-
portar para os século XX e XXI, o nosso tempo, a grandeza
de monumentos da Antiguidade ou das pedras místicas de
Stonehenge, na Inglaterra. A imensidão de suas obras, feitas
de círculos, elipses e rampas de aço e ferro, revela quão pe-
quenos somos diante da vastidão do mundo. Ele dizia que
seu trabalho exigia o “caminhar e olhar”, dada a grandeza
arquitetônica de peças que brotam como edifícios. No Bra-
sil, um de seus trabalhos, a escultura Echo, composta de
duas chapas de 18 metros de altura, pode ser vista no IMS
de São Paulo, na Avenida Paulista. Ele morreu em 26 de
março, aos 85 anos, de pneumonia, em Long Island, no es-
tado de Nova York. ƒ
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FERNANDO SCHÜLER
SUBMISSÃO
ELA FOI DEMITIDA por e-mail. “Pedimos que você deixe
sua posição, imediatamente”, dizia o texto. O trabalho era
voluntário. A demitida era Fran Itkoff, uma senhora de 90
anos, que há sessenta se dedicava à Sociedade Nacional de
Esclerose Múltipla (MS Society). O marido havia se tratado
lá, e ela também, além de ter recebido prêmios pelo seu tra-
balho. Não adiantou. Seu pecado foi ter se atrapalhado no
uso dos pronomes, conforme definido pela área DEI (“Di-
versidade, Equidade e Inclusão”) da instituição. “Não conse-
guia entender”, disse ela, “quais os termos podiam ou não
ser usados”. Resumindo: foi para a rua. “É irônico”, disse sua
filha, “porque eles se dizem inclusivos, mas excluem uma
mulher deficiente de 90 anos, voluntária há sessenta”.
O caso veio a público, causou comoção, muitos apoiado-
res da MS Society ameaçaram retirar suas doações, e a enti-
dade voltou atrás. Tem sido a regra. Se um caso como este
vem à tona, a fúria woke é contida. Ao menos por algum
tempo. Foi o que aconteceu nas universidades americanas,
nos episódios em torno do antissemitismo. Mas o problema
está criado. Pode haver um recuo aqui ou ali, mas a irradia-
ção da cultura woke, nas empresas, na imprensa, nas univer-
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“A fúria woke
nas empresas
e universidades é um
fato de nossa época”
operacionalizada com a ajuda de um disque-denúncia, em
que qualquer um podia registrar alguma “incorreção” de
um colega, anonimamente. No fim, surgiram “investiga-
ções”, e logo processos. Àquela altura, meu amigo achou que
o ambiente havia se tornado pesado demais. “Havia uma
raiva silenciosa”, diz ele, “mas ninguém dizia nada”, porque
pareceria uma “forma velada de preconceito”. No fim, ele foi
embora. Abriu uma startup.
Chama atenção a facilidade com que se pode transitar de
práticas de “inclusão” e palavras generosas para uma lógica
de controle e exclusão. Era o traço sombrio que Camus en-
contrava nas revoluções. Tema de seu O Homem Revoltado.
A ideia de que “toda convicção humana, levada a seu extre-
mo, tende a ferir seu impulso original”. A “diversidade” é re-
levante, mas logo faço uma restrição. Digo quais grupos ou
traços humanos são “diversos”. Distingo identidades positi-
vas, que devemos celebrar, e o “resto”, cuja alternativa é a
não expressão. Valendo o mesmo para as ideias, para o hu-
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SOBEDESCE
SOBE
ITAMARATY
O Ministério criticou em nota
as manobras do regime Maduro
contra a oposição na Venezuela,
problema grave que o governo Lula
vinha tentando ignorar.
VIAGRA
Um novo estudo indica que o remédio
é capaz também de reduzir em 60% o
risco de uma pessoa desenvolver
Alzheimer.
STF
Melhorou a imagem do Supremo junto
à população, fruto direto
do empenho no inquérito sobre
a tentativa de golpe. Segundo
o Datafolha, a reprovação
à Corte caiu dez pontos
desde dezembro.
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DESCE
GABIGOL
O artilheiro do Flamengo foi suspenso
por dois anos por fraude no exame
antidoping. Ainda cabe recurso
por parte do jogador.
MACONHA
Com base em dados de
434 000 pessoas, pesquisa da
Universidade da Califórnia em São
Francisco mostrou que o uso diário
da droga aumenta risco de infarto e
derrame.
CASAS BAHIA
As ações da tradicional
empresa de varejo despencaram
após anúncio de um prejuízo líquido
de 1 bilhão de reais
no quarto trimestre de 2023.
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VEJA ESSA
“Cara, é só o começo,
não ganhei nada ainda.”
ENDRICK, ao marcar seu primeiro gol pela seleção brasileira,
na vitória por 1 a 0 contra a Inglaterra, em Wembley
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“Fizemos os cálculos e
concluímos que valia a pena.”
VLADIMIR BRICHTA, ator, ao explicar por que ele e a
mulher, a atriz Adriana Esteves, não têm redes sociais
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“Isso é mentira.
Eu realmente
não quero fazer
da minha vida
um tabloide.”
GISELE
BÜNDCHEN,
ao negar
ter traído o
ex-marido,
o jogador de
futebol americano
Tom Brady. Ela hoje
namora o treinador
de jiu-jítsu
Joaquim
Valente
TODD OWYOUNG/NBC/GETTY IMAGES
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RADAR
ROBSON BONIN
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Línguas da floresta
MAYKE TOSCANO/SECOM-MT
O governo de Helder Bar-
balho, no Pará, vai capaci-
tar 16 000 trabalhadores
para a COP30. Eles recebe- TURISMO Helder:
rão aulas de inglês e espa- Pará vai capacitar 16 000
nhol e terão cursos sobre trabalhadores para a COP30
como receber visitantes.
Faca no pescoço
Legado Em campanha salarial,
Os cursos serão aplicados a 270 auditores fiscais do
motoristas de táxi e de apli- Ministério da Agricultura
cativos e a trabalhadores da ameaçam entregar seus
rede hoteleira e de bares e cargos de chefia para pres-
restaurantes da capital pa- sionar o governo. A coisa,
raense. “É um grande lega- no entanto, pode dar erra-
do da COP”, diz Helder. do. “Se fizerem isso, as de-
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BRASIL ESPECIAL
TÁ TUDO DOMINADO
A elucidação do caso Marielle Franco, que incrimina um
deputado, um conselheiro do TCE e um delegado,
escancara a presença do submundo do crime nas
entranhas do Estado, fruto da relação promíscua entre
políticos, milicianos e policiais
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U
ma pergunta ecoou por seis longos anos: quem
mandou matar a vereadora carioca Marielle Fran-
co? No domingo 24, dez dias depois do aniversá-
rio de sua execução a tiros junto do motorista An-
derson Gomes, em um carro no Centro do Rio de
Janeiro, a Polícia Federal (PF) finalmente apresentou res-
postas, e aos nomes dos supostos mandantes acrescentou
as motivações. É de virar o estômago, tanto pelos detalhes
do crime bárbaro quanto pela exposição sem disfarces, níti-
da e contundente, da promíscua relação entre bandidos, po-
liciais e autoridades que vigora no estado. Segundo a PF,
Marielle foi assassinada a mando de um deputado federal,
Chiquinho Brazão, e de um conselheiro do Tribunal de
Contas estadual, Domingos Brazão, irmãos acusados de ga-
nhar a vida explorando negócios ilícitos na Zona Oeste do
Rio, em conluio com nada menos que o chefe da Polícia Ci-
vil na época, Rivaldo Barbosa. Em público, ele confortava a
família e prometia rápida solução do caso, enquanto nos
bastidores agia para garantir a impunidade dos algozes.
A apuração dos investigadores sustenta que a vereadora
foi metralhada por tentar refrear o alcance dos tentáculos
da sinistra costura entre quem comete transgressões e quem
deveria combatê-las, entranhada no tecido social fluminen-
se. Os três mandantes estão presos, mas o sequestro do Es-
tado pela bandidagem é uma mancha que segue exalando
mau cheiro. “O caso não deixa dúvidas de que a corrupção
contamina todas as esferas”, disse a VEJA a companheira de
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REPRODUÇÃO
JOGO DE CENA Barbosa conforta
os pais de Marielle: participação no crime
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REPRODUÇÃO
ACUSADOS Irmãos Brazão: segundo a PF, tentativa de
Marielle de atrapalhar negócios teria motivado o assassinato
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RAFAEL MORAES
QUEM VÊ CARA... Rogério Andrade no Carnaval:
face glamourosa da bandidagem
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SOFIA CERQUEIRA
TECIDO URBANO Imóveis na Muzema:
milícia domina construções irregulares
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SUNSINGER/DEPOSIT PHOTOS/IMAGEPLUS
É POSSÍVEL Medellín: soma de esforços
reduziu criminalidade na Colômbia
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DESAFIO
AMAZÔNICO
Há avanços na preservação da floresta,
mas é preciso fazer muito mais — e os olhos do mundo
nunca estiveram tão voltados para o bioma, como
mostra a recente visita de Macron à região
VALMAR HUPSEL FILHO E LAÍSA DALL’AGNOL
RICARDO STUCKERT/PR
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FOCOS DE PREOCUPAÇÃO
Cinco pontos de atenção no maior
ecossistema do planeta
VIOLÊNCIA
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INDÍGENA S
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G ARIMPO ILEG AL
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INDICADORE S S OCIAIS
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DE SMATAMENTO
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POLÍCIA FEDERAL/DIVULGAÇÃO
RETOMADA Apreensão de madeiras: fiscalização
foi retomada com força após a mudança de governo
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RAPHAEL ALVES/EFE
CRISE Assistência aos ianomâmis:
desastre humanitário é um vexame ao país
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VICTORIA BECHARA
EXEMPLO Nena: cacau sustentável
para a produção de chocolates orgânicos
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BRASIL POLÍTICA
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PLANO DE AÇÃO
Seis pontos encaminhados
em conjunto pelos sete
governadores do Sul
e do Sudeste
C O M B AT E À D E N G U E
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REFRESCO NO CAIXA
REFORMA TRIBUTÁRIA
MEIO AMBIENTE
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EMERGÊNCIA CLIMÁTICA
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COMPROMISSO
Lira: presidente da
Câmara prometeu
dar celeridade às
propostas levadas
pelos sete estados
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OBSTÁCULOS À
REFORMA TRIBUTÁRIA
Há risco considerável de temas
importantes ficarem para 2025
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“O crescimento
da desaprovação
de Lula nos últimos
meses reduz o capital
político do presidente”
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BRASIL GOVERNO
DRIBLANDO AS
ARMADILHAS
O ministro da Fazenda expande sua área de influência,
agrega funções de articulador político no Congresso e
empurra o PT para segundo plano DANIEL PEREIRA
EVARISTO SÁ/AFP
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APOSTA
Gleisi: bolão
MATEUS BONOMI/AGIF/AFP
para saber
até quando o
ministro fica
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NELSON ALMEIDA/AFP
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CRISTOVAM BUARQUE
TAREFA HISTÓRICA
Precisamos debater escolas e não prisões
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“A educação
de base é a principal
barreira a impedir
nosso avanço
civilizatório”
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BRASIL JUSTIÇA
O TRIBUNAL
DA HONRA
Se condenados pelo Supremo Tribunal Federal,
militares envolvidos em trama golpista ainda
passarão por um último e constrangedor julgamento
LARYSSA BORGES
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INSÍGNIAS AMEAÇADAS
Alguns dos militares que, segundo a Polícia Federal,
teriam se envolvido no plano para anular as eleições
e manter Bolsonaro no poder
PAULO SÉRGIO
O EX-MINISTRO DA DEFESA
ATUAVA NOS ATAQUES À
CREDIBILIDADE DAS URNAS
ELETRÔNICAS E TERIA REUNIDO
CHEFES MILITARES PARA
DISCUTIR DECRETO GOLPISTA
BRAG A NE T TO
EX-CANDIDATO A
VICE-PRESIDENTE, É APONTADO
PELA PF COMO UMA ESPÉCIE DE
INFLUENCIADOR QUE ATUAVA
PARA TENTAR CABALAR
APOIO DOS MILITARES
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AUGUSTO HELENO
EX-CHEFE DO GABINETE DE
SEGURANÇA INSTITUCIONAL,
O GENERAL DEFENDEU EM
REUNIÃO MINISTERIAL UMA
“VIRADA DE MESA” ANTES
DAS ELEIÇÕES DE 2022
ALMIR G ARNIER
EX-COMANDANTE DA MARINHA,
FOI CITADO PELOS ENTÃO CHEFES
DO EXÉRCITO E DA AERONÁUTICA
COMO MILITAR QUE TERIA
COLOCADO AS TROPAS À
DISPOSIÇÃO DE BOLSONARO
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York Times ter revelado que ele passou dois dias na embaixada
da Hungria, em Brasília, depois de ter tido o passaporte retido
por ordem da Justiça. Ele explicou que foi uma visita de cortesia.
Seus adversários vislumbraram um ensaio de fuga. O julgamen-
to do STM, caso ocorra, também será um marco.
Embora tenha caráter essencialmente reputacional, a perda
da patente por indignidade e incompatibilidade com o oficialato
é considerada um divisor de águas em uma carreira que se sus-
tenta em valores como obediência e disciplina. “Trata-se de de-
claração pública de que o ex-oficial foi desonroso, indecoroso,
antiético ou incapaz de observar a disciplina, garantir a lideran-
ça ou cumprir seu dever. Esse tipo de processo é gravíssimo pa-
ra um militar”, ressalta Fico, que diz não haver na história brasi-
leira registros de que generais, como os hoje investigados no Su-
premo, tenham sido ameaçados com tamanha reprimenda.
Pode-se supor que a punição do STM será automática de-
vido à gravidade de uma eventual condenação criminal dos
militares por tentativa de golpe de Estado. Não é tão objetivo
assim. O tribunal já considerou, por exemplo, que um tenente
do Exército sentenciado a seis anos de prisão e réu confesso
por homicídio poderia continuar na carreira porque agiu
“sob o domínio de violenta emoção” ao atirar três vezes con-
tra a esposa e matá-la. Ele cumpriu pena e depois voltou nor-
malmente ao trabalho. O precedente, acredita-se, dificilmen-
te seria replicado no caso de Bolsonaro e dos generais inves-
tigados. Nada, porém, pode ser considerado impossível nos
dias atuais. Honra é um artigo raro. ƒ
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BRASIL PARTIDOS
UM CORPO
NO CAMINHO
Investigação de assassinato que envolve um primo
do governador de Goiás se transforma em arma na
disputa pelo controle do União Brasil HUGO MARQUES
SIDNEY LINS JR./AGÊNCIA LIDERANÇA
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CRIME Fábio
Escobar: o
empresário foi
executado
após denunciar
caixa dois
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verno. O empresário, desde então, começou a receber se-
guidas ameaças de morte. Certo dia, Escobar recebeu uma
ligação e saiu para um encontro com um suposto “cliente”.
Era uma emboscada. No local combinado estavam dois ho-
mens encapuzados que dispararam quatro tiros. Na sema-
na passada, depois de quase três anos de investigação, o
Ministério Público denunciou os responsáveis pelo crime.
Entre os acusados, está um primo do governador.
Segundo o MP, seis pessoas participaram do planeja-
mento e da execução do empresário, incluindo quatro poli-
ciais militares. Jorge Caiado, o primo do governador, foi
apontado como um dos mentores do crime. Os promotores
afirmam que ele, além do parentesco, atuou ativamente na
campanha eleitoral e tinha grande influência no governo,
sobretudo na área de Segurança Pública. Atingido pelas de-
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RADAR ECONÔMICO
VICTOR IRAJÁ
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MÃOS DE
TESOURA
Simone Tebet:
preocupação
com o aumento
das despesas
O JOGO NÃO
ESTÁ GANHO
Mesmo com arrecadação recorde no início do
ano, governo segue com dificuldade para
equilibrar as contas públicas. Nesse contexto,
chance de déficit zero continua distante
JULIANA ELIAS E PEDRO GIL
ANDRÉ BORGES/EFE
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N
o espaço de poucos dias, dois indicadores mos-
traram sinais contraditórios a respeito dos ru-
mos da economia brasileira. O primeiro deles
tratou da arrecadação federal. Nos dois primei-
ros meses do ano, ela somou 469 bilhões de
reais, o melhor desempenho para o período desde o iní-
cio da série histórica, em 1995. Como era de esperar, o
governo comemorou o resultado, atribuindo o número
positivo ao mercado de trabalho aquecido e a medidas
extraordinárias, como a taxação sobre fundos de investi-
mentos exclusivos dos ricos. Na sequência, contudo, a
realidade bateu à porta do país: em fevereiro, o déficit fe-
deral — ou seja, quanto o governo gastou a mais do que
arrecadou — foi de 58 bilhões de reais, o que também sig-
nificou um recorde, mas na direção oposta. Foi o pior nú-
mero já registrado para o mês. Portanto, contrariamente
ao que o governo tem defendido, o jogo econômico não
está ganho. Muito longe disso.
As projeções para o restante do ano são preocupantes.
Os gastos fixos, como os da Previdência, estão crescendo
acima do esperado, conforme revelado pela avaliação bi-
mestral do Orçamento feita pela equipe econômica. Além
disso, a expectativa agora é de que a arrecadação encerre
2024 com 31,5 bilhões de reais a menos do que o estima-
do no final do ano passado pela Lei Orçamentária Anual.
Com isso, a projeção de superávit de 9,1 bilhões de reais
nas contas públicas em 2024 foi revisada para um déficit
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ANDRÉ COELHO/FOLHAPRESS
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COFRES CHEIOS
A arrecadação federal no primeiro bimestre
(em bilhões de reais*)
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469
357
300
200
100
2015 2024
*Valores atualizados pela inflação Fonte: Receita Federal
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GIOVANNI BELLO/FOLHAPRESS
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NO VERMELHO
O saldo das contas públicas do governo central
(% em relação ao PIB)
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
2
0,5
0
-2
-0,4
-4
-2,1
-6
-8
-10
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MAÍLSON DA NÓBREGA
A PETROBRAS NÃO
PERTENCE A LULA
A lei proíbe o presidente de interferir
na gestão das estatais
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ECONOMIA IMÓVEIS
NICO DE PASQUALE/MOMENT/GETTY IMAGES
A CRISE DOS
ESCRITÓRIOS
Os Estados Unidos enfrentam mais um colapso
imobiliário, mas desta vez o problema está na alta
vacância dos edifícios corporativos. A culpa agora é do
home office CAMILA BARROS
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EM ALTA
O número de escritórios vazios nos
Estados Unidos não para de crescer
Taxa de vacância (em %)
20
19
18 18
Fonte: Moody´s
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PATRICK ROGERS/META
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preocupação com o
mercado imobiliário
corporativo não está
diretamente vinculada
à pessoa física neste
primeiro momento”,
afirma William Alves,
estrategista-chefe da
corretora Avenue, es-
pecializada no merca-
do americano. “Em
2008, milhares de fa-
AL DRAGO/BLOOMBERG/GETTY IMAGES
mílias perderam suas
casas, ou seja, o impac-
to foi muito visível.”
As altas taxas de
vacância de imóveis NOVA REALIDADE Jerome
corporativos não estão Powell: para o presidente do Fed, há
restritas ao mercado uma “mudança secular na economia”
americano. No centro
de Londres, na Inglaterra, a taxa de desocupação está em tor-
no de 10%, o dobro da média histórica, segundo levantamento
da consultoria JLL. Uma das saídas planejadas pelos donos
dos imóveis é convertê-los em prédios residenciais, mas o cus-
to para esse tipo de operação é tão elevado quanto incerto. En-
quanto uma solução não for encontrada, algumas das grandes
cidades do mundo estarão cheias de prédios vazios. ƒ
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INTERNACIONAL MONARQUIA
RACHADURAS
NO TRONO
O câncer da princesa Kate e do rei Charles III
expõe aos britânicos uma família real alquebrada.
A dúvida é se ela vai emergir das atribulações
enfraquecida ou mais resistente ainda
ERNESTO NEVES E AMANDA PÉCHY
REPRODUÇÃO
1|7
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E
m um inusitado vídeo de pouco mais de dois mi-
nutos, Catherine, a princesa de Gales e futura ra-
inha do Reino Unido, revelou aos súditos e ao
mundo que tem câncer e acaba de iniciar sessões
de quimioterapia. Semanas antes dela, o rei Char-
les III havia divulgado, por meio de um comunicado do
Palácio de Buckingham, que também sofre da doença e
está em tratamento. A sequência de más notícias sacudiu
os alicerces da monarquia britânica como poucas vezes se
viu nos tempos modernos — a última, com potência de
bomba nuclear, foi o fim trágico de Diana, aos 36 anos, ví-
tima de um acidente de carro, em 1997. Custou, mas o
trauma da morte da “princesa do povo” e da reação ini-
cialmente insensível da casa real foi superado sem exigir
grandes mudanças em seus modos e costumes. Desta vez,
porém, a máquina de moer omissões e apelos à privacida-
de das redes sociais operou uma transformação no mote
“nunca reclamar, nunca explicar”, ao qual Elizabeth II se
apegou ferrenhamente nos setenta anos de reinado. Expli-
car, pelo menos, foi — e será — preciso.
Faz sentido que a família real tenda a, diante de um pro-
blema, fechar-se em copas e esperar o burburinho passar, já
que a aura de indivíduos acima dos dramas comezinhos do
cotidiano está no cerne da sua preservação (leia a coluna de
Vilma Gryzinski). Mas o desaparecimento de Kate por dois
meses, em seguida a uma pouco explicada “cirurgia abdomi-
nal planejada”, desencadeou um frenesi de especulações ab-
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LEON KUEGELER/AFP
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DOUGLAS E. CURRAN/AFP
mãe dela teve dois tumores
removidos secretamente, e a
irmã, a princesa Margaret, PASSADO Diana: o baque
lutou para disfarçar os efeitos da sua morte, em 1997, na
de uma série de derrames. popularidade da rainha
A durona Elizabeth cul- Elizabeth foi superado
tivou a imagem de saúde de
ferro — as únicas doenças que teve e comentou foram Co-
vid-19 e “problemas de mobilidade” no fim da vida. As re-
velações agora, ainda que a conta-gotas, mostram um rei
e uma princesa enfraquecidos — mais plebeus, portanto.
“A doença aproxima a Coroa do povo, porque torna sua
existência tão humana e frágil quanto qualquer um de
nós”, avalia a historiadora especializada em nobreza Sue
Woolmans. O futuro dirá se a monarquia britânica sairá
maior ou menor desse momento aflitivo. ƒ
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VILMA GRYZINSKI
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GENTE
VALMIR MORATELLI
enrosco financeiro,
mas, sobre isso, não te-
ce comentários.
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RICARDO BORGES
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SORRINDO AMARELO
Governadora de Dakota do
Sul, a potencial candidata a
vice de Donald Trump,
KRISTI NOEM, 52 anos, é
também conhecida como a
“Barbie republicana” por
sempre aparecer produzi-
da nos palanques — vestida
com as cores da bandeira
americana, ostenta fartas
extensões de cílios e cabe-
los escovadíssimos. Os ho-
lofotes agora se voltaram
para seu novo sorriso, fru-
FACEBOOK @ GOVNOEM
to de um tratamento que
exibiu com riqueza de deta-
lhes nas redes. Daí desen-
cadeou-se uma inesperada contenda judicial: como o post soava
propaganda da clínica que fez a recauchutagem, paira sobre ela a
suspeita de não ter desembolsado um níquel sequer pela interven-
ção, o que seria ilegal. “Se Kristi pudesse provar com um recibo
básico que pagou o preço integral por esses serviços, ficaríamos
felizes em retirar o caso”, cutucou a advogada Lauren Wolfe, da
ONG que encabeça a ação. ƒ
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GERAL SAÚDE
EM RITMO
DE ENGORDA
Mesmo com avanços da medicina, a obesidade
continua a crescer pelo mundo, inflando um problema
de saúde pública que precisa ser contido com
mudanças de hábito e na qualidade da alimentação
PAULA FELIX
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N
ão há mais um único país, em qualquer canto do
planeta, que não sofra com o ganho de peso e suas
consequências ao bem-estar físico e mental. A
pandemia de obesidade não discrimina continen-
te, gênero, faixa etária e classe social. E só avança.
Dados recém-apresentados pelo Atlas Mundial da Obesida-
de encorpam o alerta: o excesso de peso poderá atingir 50%
da população global em 2030. Pior: metade das crianças es-
tará com índice de massa corporal (IMC) elevado em ques-
tão de uma década. Ainda que tenhamos à mão um novo le-
que de medicamentos e procedimentos para deter os quilos
extras, o problema continua a surgir e a ser alimentado des-
de cedo, na infância, e o cenário é ainda mais preocupante
em nações de baixa e média renda, como o Brasil.
A explosão da obesidade pelo mundo ocorre em meio a
uma profusão, na última década, de estudos que acusam
uma relação entre a doença crônica (sim, doença!) e uma
dieta exagerada em alimentos ultraprocessados, os indus-
trializados tão palatáveis que costumam exceder nas taxas
de açúcar, sódio e gordura. Quando se soma a essa oferta
calórica o sedentarismo, tem-se a receita para o ganho de
peso e a série de enfermidades provocadas por ele — rol que
envolve de problemas cardiovasculares e diabetes a desor-
dens articulares e câncer. Há uma bomba armada, a amea-
çar vidas e os cofres dos sistemas de saúde.
A equação de comer menos e se mexer mais, fórmula
simples e inteligente para combater a obesidade, parece
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EVITE, SEMPRE
QUE POSSÍVEL, ALIMENTOS
ULTRAPROCESSADOS
PRATIQUE AO MENOS
150 MINUTOS DE ATIVIDADE
MODERADA OU 75 MINUTOS DE
ATIVIDADE INTENSA POR SEMANA
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LIMITE O USO DE
TELAS E O “TEMPO
SENTADO”
FAÇA ACOMPANHAMENTOS
REGULARES COM
PROFISSIONAIS DE SAÚDE
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ISTOCK/GETTY IMAGES
EFEITO OZEMPIC Tratamento com canetas:
indicação médica é fundamental
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PESO EM ESCALADA
Índices de adultos e crianças com sobrepeso
e obesidade estão em alta e devem continuar
crescendo (no mundo)
3,3
BILHÕES
3500
ADULTOS
3000
2,2
BILHÕES
2500
2000
1500
CRIANÇAS E
ADOLESCENTES 770
1000 430 (5 a 19 anos) MILHÕES
MILHÕES
500
38%
É O PERCENTUAL DE CRIANÇAS COM PESO ELEVADO
E QUE PODEM APRESENTAR ALGUMA COMPLICAÇÃO,
COMO PRESSÃO ALTA OU DIABETES, NO BRASIL EM
2035. EM 2020, O ÍNDICE ERA DE 18%
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GERAL HISTÓRIA
SALTO PARA A
MODERNIDADE
Ao completar 150 anos, o impressionismo, movimento
que elevou a arte a outro patamar, ganha uma
espetacular exposição em Paris que reconstrói uma
época de alta ebulição AMANDA PÉCHY
IMAGNO/GETTY IMAGES
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GERAL SOCIEDADE
ERROU NA DOSE
A radical experiência de descriminalização de drogas
no Oregon, nos EUA, mostra que, sem estímulo ao
tratamento, os efeitos deixam de ser positivos
DUDA MONTEIRO DE BARROS
PATRICK T. FALLON/AFP
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ISTOCK/GETTY IMAGES
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GERAL COMPORTAMENTO
GERAÇÃO LETRADA
Os jovens que não saem do smartphone retomam hábito
de leitura impulsionados pelas dicas de influenciadores
de literatura e por bibliotecas mais agradáveis
MARÍLIA MONITCHELE
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PÁGINA VIRADA
Pesquisa revela que adolescentes e jovens
adultos leem mais, hoje, do que a turma veterana
(em porcentagem dos entrevistados*)
11-1 3 AN O S
81%
1 8-24
59%
3 0-39
53%
5 0 -69
38%
*Amostra: 8 076 pessoas
Fontes: Instituto Pró-Livro/Itaú Cultural/Ibope
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Os clubes de livros
ma is t rad iciona is
também sentem a tra-
ção. Na TAG, mais de
60% da base de assi-
nantes é de jovens.
Não por acaso, a em-
presa criou um apli-
cativo que funciona
aos moldes de uma
rede social, incenti-
vando trocas e dis-
cussões em torno dos
livros enviados pelos
TIKTOK @OTIAGOVALENTE
correios. A ágora di-
gital ajuda a entender
o perfil do público “CLUBE DO LIVRO”
consumidor. “Num O “booktoker” Tiago Valente:
modelo de clube, não 500 000 seguidores
precisamos vender o
livro, precisamos enviar livros que as pessoas gostem. Is-
so nos obriga a conhecer muito bem o gosto do nosso lei-
tor”, diz Gustavo Lambert, diretor da TAG.
A guerra educativa está longe de ser vencida, mas as
ferramentas atreladas aos celulares transformam uma
experiência individual em prática coletiva de leitura. Não
é pouca coisa. ƒ
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PRIMEIRA PESSOA
DIVULGAÇÃO
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NUNCA PENSEI
EM DESISTIR
Luana Ozemela, vice-presidente de impacto do iFood,
diz que o racismo sempre esteve presente em sua vida
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GERAL ESPORTE
MAMÃES NO PÓDIO
O respeito à maternidade de atletas de alto
rendimento, em várias modalidades, começa
a se espalhar e serve de gatilho para políticas
públicas e empresariais LUIZ PAULO SOUZA
INSTAGRAM @ CRATEANDKIDS
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manas de licença-materni-
dade remunerada para as
atletas. É estrada que tinha
sido pavimentada, em
2018, pela velocista ameri-
cana Allyson Felix, que viu
o valor do seu contrato
com a Nike cair em 70%
depois de sair da materni-
dade. O episódio estimu-
lou uma louvável mudança
nas políticas da empresa
de material esportivo.
MANILA COMUNICAÇÃO
Necessária e urgente, a
onda de reforma também
chegou ao Brasil. Uma lei ATIVISMO Ágatha, do vôlei
federal de 2023 garantiu de praia: luta por garantias
remuneração e proteção de proteção e remuneração
para bolsistas de alto de-
sempenho em fase de gestação ou lactação. “Em alguns
esportes, contudo, ainda falta apoio logístico sobre a con-
dução da gestação”, diz Ágatha Bednarczuk, medalha de
ouro do mundial de vôlei de praia em 2015, mãe de Kahe-
na, de 1 ano e meio. Mas melhorou, não há dúvida. Em
2016, Sheilla Castro, bicampeã olímpica de vôlei, decidiu
ser mãe. Ao anunciar os planos de maternidade, um clube
que negociava seu passe desistiu imediatamente. “Nem
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GERAL GASTRONOMIA
INSTAGRAM @RISTORANTELACAMPANA
INSTAGRAM @RISTORANTELACAMPANA
1518 O interior simples do
endereço no centro histórico
de Roma (à esq.): típicas
receitas da cozinha italiana
PALADAR ANCESTRAL
O restaurante romano La Campana, do século XVI,
alimenta sua campanha para ser considerado
o mais antigo do mundo J.A. DIAS LOPES, de Roma
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INSTAGRAM @RESTAURANTE_BOTIN
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ca Romana, um conjunto
de 24 poemas compostos
no retorno da sua viagem à
Itália, que durou de 1786 a
1788. Citou inclusive uma
funcionária pela qual teria PRISCAS ERAS
se apaixonado. Também fi- O pintor barroco Caravaggio
zeram do La Campana pon- (1571-1610): freguês fiel
to de encontro figuras mais
recentes do mundo das artes, como os cineastas Federico
Fellini e Pier Paolo Pasolini, assim como o ator Alberto Sor-
di. A cantora de óperas Maria Callas transformava a mesa
do almoço ou do jantar em escritório informal para fechar
contratos de apresentações.
A briga entre o La Campana e o madrilenho Sobrino de
Botín promete ir longe, ainda, a fogo brando — mas a riqueza
de aventuras do endereço de Roma autoriza uma constata-
ção em torno de sua primazia: se non è vero, è ben trovato. ƒ
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GERAL ESTILO
NA CRISTA DA ONDA
Em forma de cortininha sobre os olhos ou
curta e reta ao estilo Cleópatra, a franja —
tão infantil — triunfa como tendência
moderna e funcional SIMONE BLANES
RTFINSTAGRAM @MELLISBOA ASHOK KUMAR/TAS24/GETTY IMAGES
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— basta lembrar de
Elizabeth Taylor e sua
memorável representa-
ção da rainha egípcia
no cinema, em 1963.
Na década de 1920, a
franjinha à la Cleópa-
tra, aliás, servira de
símbolo feminista,
dando origem ao corte
à la garçon (“rapazi-
À LA RAINHA DO
EGITO Zendaya, do
jeito que os jovens
gostam: tal qual
Cleópatra
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LUCILIA DINIZ
PÁSCOA, SUBSTANTIVO
FEMININO
As lendas e reviravoltas que fizeram da lebre um coelho
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CULTURA TELEVISÃO
JASON LAVERIS/APPLE +
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J
ohn Sugar se encaixa no padrão perfeito do galã ame-
ricano. Bonito, charmoso, inteligente e misterioso, o
personagem interpretado pelo irlandês Colin Farrell é
um detetive particular especializado em encontrar
pessoas desaparecidas. Seu serviço também inclui
uma discrição monástica, fazendo dele um favorito dos rica-
ços, de membros da máfia a megaprodutores de Hollywood
— e é desse último substrato que sai o cliente principal da
minissérie Sugar, que estreia na sexta-feira 5, na Apple TV+.
Quando a neta de um famoso cineasta some, o araponga vip
é contratado e dá início a uma peregrinação por Los Ange-
les — de ambientes glamourosos ao submundo da miséria.
Em determinado momento, Farrell, com seu terno ali-
nhado, em um conversível de luxo, embrenha-se no centro,
onde os sem-teto se acumulam em barracas nas calçadas. A
cena que expõe o lado pobre da cidade americana não esta-
va no roteiro, mas foi adicionada por insistência do brasilei-
ro Fernando Meirelles, diretor de cinco dos oito episódios.
Ao ser convidado para colaborar na produção, o cineasta
alugou, desavisado, um apartamento naquela mesma região,
onde descobriu uma vasta população em situação de rua.
“Deve ter umas 30 000 pessoas ali vivendo em barracas”,
disse Meirelles a VEJA, chutando o número por baixo: na
verdade, em 2023, a população sem teto da cidade foi esti-
mada em 75 000 pessoas.
Essa visão ampla, que conecta o indivíduo ao meio onde
vive e, consequentemente, às suas mazelas sociais, é uma
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JASON LAVERIS/APPLE +
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HOPPER STONE/SMPSP/HBO
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CULTURA CINEMA
LUCRO MONSTRUOSO
No filme Godzilla e Kong: O Novo Império, as duas
criaturas pop unem força contra novo inimigo — um
embate cheio de ação e nonsense que ensina como se
faz uma mina de ouro das telas
WARNER BROS.
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Raquel Carneiro
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CULTURA ENTRETENIMENTO
A BATALHA
DAS VOZES
O uso da inteligência artificial para dublar filmes,
games e séries com fidelidade espantosa
provoca reação nos profissionais do ramo — mas
é um avanço inevitável FELIPE BRANCO CRUZ
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DIVULGAÇÃO
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CULTURA MÚSICA
CLÁSSICO MINEIRO
Documentário resgata a história do Clube da
Esquina, grupo liderado por Milton Nascimento e Lô
Borges que inovou a MPB nos anos 1970 com sua
alquimia musical ousada FELIPE BRANCO CRUZ
JUVENAL PEREIRA
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DIVULGAÇÃO
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WALCYR CARRASCO
FÁBRICA DE ROSTOS
A obsessão em rejuvenescer
criou feições pasteurizadas
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TELEVISÃO
STEVE! (MARTIN) (disponível na Apple TV+)
Quando tinha apenas 10 anos, Steve Martin começou a traba-
lhar como vendedor de jornais na Disneylândia, em Anah-
eim, Califórnia. Por ali, o garoto descobriu uma vocação para
mágico, antes de se converter completamente à comédia. Ho-
je, aos 78 anos e com um currículo extenso de filmes e séries,
o ator revisita com carinho os altos e baixos de sua carreira
nesse documentário tocante. Com imagens de arquivo raras
pinceladas de sua vida pessoal e muitos depoimentos de ami-
gos famosos, colegas de trabalho e do próprio protagonista, a
série em dois episódios mostra do início difícil como come-
diante de stand-up à parceria com Martin Short na série Only
Murders in The Building, do Star+, seu sucesso mais recente,
enquanto o americano reflete sobre as escolhas que o levaram
a se tornar uma figura carismática de Hollywood.
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CINEMA
DOMINGO À NOITE (Estreia na quinta-feira 4)
Aos 75 anos, Margot (Marieta Severo) é uma atriz
respeitada. Casada com Antônio (Zé Carlos Machado)
desde a juventude, ela se equilibra entre a atuação e os
cuidados com o marido, um escritor com Alzheimer. Ao
enfrentar dificuldades para gravar uma cena, Margot
descobre que também é portadora da doença, e precisa
correr contra o tempo para finalizar seu último filme —
e, ainda, se reconectar com os filhos. Melancólico e
sensível na medida certa, o longa nacional acompanha o
casal de idosos na tentativa de manter a dignidade no fim
da vida e reconstruir laços enquanto ainda há memórias
a serem cultivadas.
O2 PLAY
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DISCO
BRIGHT FUTURE,
de Adrianne Lenker
(disponível nas plataformas de streaming)
Com prestígio na cena musical indie graças à atuação como
cantora e guitarrista da banda Big Thief, a americana
Adrianne Lenker também lapida sua marca própria em car-
reira solo no folk desde 2014. Os efeitos desses dez anos de
diligência ficam claros em Bright Future. Gravado ao vivo, o
disco recupera a rusticidade do gênero e celebra o minima-
lismo na gravação — formato que acentua a nostalgia das le-
tras, que vão da serenata a um amor perdido de Sadness as
a Gift ao lamento sobre o meio ambiente de Donut Seam. ƒ
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INÊS 249
OS MAIS VENDIDOS
FICÇÃO
1 é assim Que aCaba
Colleen Hoover [3 | 132#] GALERA RECORD
2 a biblioteCa Da meia-noite
Matt Haig [4 | 90#] BERTRAND BRASIL
4 o aVesso Da Pele
Jeferson Tenório [10 | 4#] COMPANHIA DAS LETRAS
5 imPeRfeitos
Christina Lauren [0 | 21#] FARO EDITORIAL
8 tuDo é Rio
Carla Madeira [1 | 78#] RECORD
9 a PaCiente silenCiosa
Alex Michaelides [7 | 31#] RECORD
10 VésPeRa
Carla Madeira [8 | 3#] RECORD
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NÃO FICÇÃO
1 em busCa De mim
Viola Davis [1 | 72#] BEST SELLER
3 nação DoPamina
Dra. Anna Lembke [0 | 35#] VESTÍGIO
4 o animal soCial
Joshua Aronson [0 | 1] GOYA
6 o PRínCiPe
Nicolau Maquiavel [0 | 37#] VÁRIAS EDITORAS
7 meDitações
Marco Aurélio [0 | 43#] VÁRIAS EDITORAS
9 a CaDa Passo
Anderson Birman [0 | 3#] CITADEL
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INÊS 249
AUTOAJUDA E ESOTERISMO
1 Café Com Deus Pai 2024
Junior Rostirola [1 | 14#] VÉLOS
2 Hábitos atômiCos
James Clear [3 | 41#] ALTA BOOKS
4 a PsiCologia finanCeiRa
Morgan Housel [0 | 27#] HARPERCOLLINS BRASIL
6 essenCialismo
Greg McKeown [2 | 36#] SEXTANTE/GMT
6|8
INÊS 249
INFANTOJUVENIL
1 o PeQueno PRínCiPe
Antoine de Saint-Exupéry [3 | 411#] VÁRIAS EDITORAS
3 Kit HoPeless
Colleen Hoover [2 | 8#] GALERA RECORD
4 noVembRo, 9
Colleen Hoover [4 | 45#] GALERA RECORD
5 emoCionáRio
Cristina Núñez Pereira [10 | 9#] SEXTANTE
7 amênDoas
Won-pyung Sohn [6 | 20#] ROCCO
8 CoRaline
Neil Gaiman [0 | 70#] Intrínseca
10 DiáRio De um banana
Jeff Kinney [0 | 24#] VR
7|8
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Pesquisa: Bookinfo / Fontes: Aracaju: Escariz, Balneário Camboriú: Curitiba, Barra Bonita:
Real Peruíbe, Barueri: Travessa, Belém: Leitura, SBS, Travessia, Belo Horizonte:
Disal, Jenipapo, Leitura, Livraria da Rua, SBS, Vozes, Bento Gonçalves: Santos,
Betim: Leitura, Blumenau: Curitiba, Brasília: Disal, Leitura, Livraria da Vila, SBS,
Vozes, Cabedelo: Leitura, Cachoeirinha: Santos, Campina Grande: Leitura, Campinas:
Disal, Leitura, Livraria da Vila, Loyola, Senhor Livreiro, Vozes, Campo Grande:
Leitura, Campos do Jordão: História sem Fim, Campos dos Goytacazes: Leitura, Canoas:
Mania de Ler, Santos, Capão da Canoa: Santos, Caruaru: Leitura, Cascavel: A Página,
Colombo: A Página, Confins: Leitura, Contagem: Leitura, Cotia: Prime, Um Livro,
Criciúma: Curitiba, Cuiabá: Vozes, Curitiba: A Página, Curitiba, Disal, Evangelizar,
Livraria da Vila, SBS, Vozes, Florianópolis: Curitiba, Catarinense, Fortaleza:
Evangelizar, Leitura, Vozes, Foz do Iguaçu: A Página, Frederico Westphalen: Vitrola,
Garopaba: Livraria Navegar, Goiânia: Leitura, Palavrear, SBS, Governador Valadares:
Leitura, Gramado: Mania de Ler, Guaíba: Santos, Guarapuava: A Página, Guarulhos:
Disal, Leitura, Livraria da Vila, SBS, Ipatinga: Leitura, Itajaí: Curitiba, Jaú: Casa
Vamos Ler, João Pessoa: Leitura, Joinville: A Página, Curitiba, Juiz de Fora: Leitura,
Vozes, Jundiaí: Leitura, Limeira: Livruz, Lins: Koinonia, Londrina: A Página, Curitiba,
Livraria da Vila, Macapá: Leitura, Maceió: Leitura, Livro Presente, Maringá: Curitiba,
Mogi das Cruzes: A Eólica Book Bar, Leitura, Natal: Leitura, Niterói: Blooks, Palmas:
Leitura, Paranaguá: A Página, Pelotas: Vanguarda, Petrópolis: Vozes, Poços de Caldas:
Livruz, Ponta Grossa: Curitiba, Porto Alegre: A Página, Cameron, Disal, Leitura,
Macun Livraria e Café, Mania de Ler, Santos, SBS, Taverna, Porto Velho: Leitura,
Recife: Disal, Leitura, SBS, Vozes, Ribeirão Preto: Disal, Livraria da Vila, Rio Claro:
Livruz, Rio de Janeiro: Blooks, Disal, Janela, Leitura, Leonardo da Vinci,
Odontomedi, SBS, Rio Grande: Vanguarda, Salvador: Disal, Escariz, LDM, Leitura,
SBS, Santa Maria: Santos, Santana de Parnaíba: Leitura, Santo André: Disal, Leitura,
Santos: Loyola, São Bernardo do Campo: Leitura, São Caetano do Sul: Disal, Livraria da
Vila, São João de Meriti: Leitura, São José: A Página, Curitiba, São José do Rio Preto:
Leitura, São José dos Campos: Amo Ler, Curitiba, Leitura, São José dos Pinhais: Curitiba,
São Luís: Hélio Books, Leitura,
São Paulo: A Página, B307, Círculo, Cult Café Livro Música, Curitiba, Disal, Dois
Pontos, Drummond, Essência, HiperLivros, Leitura, Livraria
da Tarde, Livraria da Vila, Loyola, Megafauna, Nobel Brooklin, Santuário, SBS,
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INÊS 249
JOSÉ CASADO
SIMBIOSE NEFASTA
MANHÃ DE OUTONO, sete anos atrás. Cinco homens
sentaram-se para almoçar no 16º andar da sede do Tribunal
de Contas, na Praça da República, recanto de ladroagens no
Centro do Rio. A sexta cadeira ficou vaga, notaram os gar-
çons que tudo veem, tudo sabem e, quase sempre, nada con-
tam. A ausência de José Mauricio Nolasco agravou a tensão
à mesa, mas deu mais espaço para Domingos Brazão, Mar-
co Antonio Alencar, Aloysio Neves, José Gomes Graciosa e
Jonas Lopes de Carvalho Jr.
Dono de dois terços dos votos no TCE, o quinteto era sus-
peito de corrupção em contratos com empreiteiras e forne-
cedores de comida aos presídios do estado do Rio. “Quinto
do Ouro”, anunciava o título do inquérito, numa irônica re-
missão à parte (20%) cobrada pela Coroa portuguesa sobre
a mineração de ouro no Brasil Colônia.
Carvalho comentou sobre a apreensão de Nolasco, o au-
sente ex-presidente do tribunal:
— Ele pode acabar fazendo uma delação...
O conselheiro Brazão retrucou, fria e pausadamente:
— Se fizer isso, morre. Começo por um neto, depois um
filho. Faço ele sofrer muito, e, no fim, ele morre.
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