Você está na página 1de 4

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0124803-18.2015.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : DANIELA ANACLETO ANDRADE

Recorrido(s) : IUNI EDUCACIONAL - UNIME SALVADOR

Origem : 8ª VSJE DO CONSUMIDOR (VESPERTINO)

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. BANCO. AÇÃO


INDENIZATÓRIA. NEGATIVA NA CONCESSÃO DE FINANCIAMENTO
DECORRENTE DE DESCUMPRIMENTO DO DEVER DA RÉ EM
PROCEDER À RETIRADA DO NOME DA PARTE AUTORA NOS
CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. FATO QUE FORA
DISCUTIDO NOUTRO PROCESSO, EM QUE RECONHECIDA A
ILEGITIMIDADE DA INSCRIÇÃO E CONDEDADA A PARTE RÉ PELOS
DANOS MORAIS IN RE IPSA. FATO SUBSEQUENTE NARRADO NOS
AUTOS QUE NÃO GUARDA RELAÇÃO DIRETA E IMEDIATA COM O
PREJUÍZO ALEGADO. AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado manejado contra sentença proferida pelo


Juízo de 1º grau que julgou improcedentes os pedidos contidos na exordial, por
entender o magistrado sentenciante que: “ Percebe-se que a parte autora não conseguiu
construir e demonstrar de maneira satisfatória o nexo de causalidade entre o fato/negativação
indevida e os específicos prejuízos sofridos cujo valor pretendia recuperar com a diferença de
financiamento. Não há como estabelecer relação de causa e efeito, sendo certo que outros
fatores podem ter interferido, ainda que em curto período de tempo.”
2. A parte recorrente pugna pela reforma da sentença , reiterando as razões
pelas quais entende ter ocorrido falha na prestação dos serviços, asseverando que
em processo anterior, em que discutida a ilegalidade da cobrança perpetrada pela
ré, que ocasionou a inclusão de seu nome nos cadastros de proteção ao crédito,
fora deferida liminar para retirada de seu nome bem como condenada a ré ao
pagamento de danos morais oriundos da indevida negativação. Que ainda assim,
dias após, quando foi buscar financiamento junto a instituição bancária, a parte
acionante não logrou êxito , sob o fundamento da existência de restrição em seu
nome, ainda não baixada, a partir de quando teve que esperar o lapso temporal de
04 ( quatro ) meses até que houvesse a baixa em definitivo da negativação, para
que pudesse contrair o financiamento, requerendo indenização pelos danos morais
sofridos, bem como requer indenização correspondente ao acréscimo do valor do
imóvel advindo de valorização, no montante de R$ 11.768,46 ( onze ml setecentos
e sessenta e oito reais e quarenta e seis centavos ).

1. A sentença vergastada não merece reforma. A demonstração do fato


básico para o acolhimento da pretensão é ônus do autor, segundo o entendimento
do art. 373, inciso I, do CPC, partindo daí a análise dos pressupostos da ocorrência
do dato gerador do direito que alega fazer jus.

2. Com efeito, a despeito das alegações da acionante, de tudo quanto exposto


nos autos, não houve a prova do nexo de causalidade entre o evento narrado e o
dano que alega a acionante ter sofrido, consistente no atraso na concessão do
financiamento, haja vista que a indenização concedida no processo anterior, com
fundamento na ilegitimidade da inscrição do nome da parte autora no cadastro de
proteção ao crédito, se revela suficiente para compensar o prejuízo presumido na
hipótese, consistente na restrição creditícia que o consumidor passa a sofrer , a
partir da inclusão de seu nome no cadastro de proteção ao crédito, incluindo ai
todas as hipóteses previsíveis em que haverá a negativa no fornecimento de
crédito , financiamento, ou toda e qualquer operação que dependa da análise de
risco e consulta aos cadastros pelas instituições financeiras.

3. Ademais, o fato de te havido a valorização do referido imóvel durante o período de


restrição não pode ser utilizado como fundamento para ressarcimento , não se
constituindo em dano direto e imediato decorrente da prática ilícita perpetrada pela
empresa demandada. Falta o elemento essencial da responsabilidade civil,
consistente no nexo de causalidade, sendo descabida a imputação pretendida em
relação a todo e qualquer evento que guarde relação mínima com o fato danoso,
no caso consistente na inclusão indevida do nome da parte autora nos cadastros
de proteção ao crédito, e que já fora objeto de decisão judicial em que prolatada
sentença condenatória.

4. Nestes termos, não se aplica ao caso a inversão do ônus da prova, sendo


dever processual da parte autora a prova do fato constitutivo de seu direito, nos
termos do art.373, inciso I do CPC, não apontando a parte autora nenhuma
conduta praticada pelo réu que tenha o condão de causar o dano que alega a parte
autora ter sofrido, sendo insuficiente para a formação da convicção desta julgadora
meras alegações, quando o contexto fático-probatório não se revela suficiente para
embasar a pretensão formulada.
5. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO E NEGAR-
LHE PROVIMENTO, para manter a sentença objurgada pelos próprios
fundamentos. Sem custas processuais e honorários advocatícios por ser a
parte beneficiária da justiça gratuita.

Salvador, Sala das Sessões, 13 de Abril de 2017.


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
6. Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0124803-18.2015.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : DANIELA ANACLETO ANDRADE

Recorrido(s) : IUNI EDUCACIONAL - UNIME


SALVADOR

Origem : 8ª VSJE DO CONSUMIDOR


(VESPERTINO)
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA
CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata
do julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios por ser a parte
beneficiária da justiça gratuita.

Salvador, Sala das Sessões, 13 de Abril de 2017.


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

Você também pode gostar