Você está na página 1de 4

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0112702-12.2016.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BANCO BRADESCO S.A.

Recorrido(s) : ROSANA SOUSA DA SILVA QUEIROS

Origem : 18ª VSJE DO CONSUMIDOR (VESPERTINO)


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. CARTÃO DE CRÉDITO. COBRANÇA


INDEVIDA. ACORDO EFETUADO PARA QUITAÇÃO DE SALDO DEVEDOR. RÉ
QUE CONTINUOU A EFETUAR COBRANÇAS APÓS A QUITAÇÃO.
DECLARAÇÃO DA INEXIGIBILIDADE DA DÍVIDA. FALHA NA PRESTAÇÃO
DOS SERVIÇOS. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. INEXISTÊNCIA DE
NEGATIVAÇÃO DO NOME DA PARTE AUTORA. FATO QUE ENSEJOU MEROS
ABORRECIMENTOS DECORRENTES DA COBRANÇA, INSUFICENTES, DE
PER SI, PARA GERAR A VIOLAÇÃO A DIREITOS DA PERSONALIDADE.
EXCLUSÃO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.
1. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou
procedente o pedido, nestes termos: “Ante o exposto, com fulcro no art. 487, I, do
CPC, JULGO PROCEDENTE EM PARTE, os pedidos formulado na exordial, para
determinar que o réu reconheça como completamente adimplida e quitada a dívida
de R$ 3.289,12 (três mil duzentos e oitenta e nove reais e doze centavos), vencida
em 08/07/2016, para nada mais cobrar; condenando, ainda, o acionado a indenizar a
parte autora, pelos danos morais causados, na quantia de R$ 2.000,00 (dois mil
reais), corrigida monetariamente pelo INPC e acrescido dos juros moratórios de 1%
ao mês a partir da condenação...”

2. Alega a parte autora que vinha sendo indevidamente cobrada por parcelas de
dívida do cartão de crédito que já haviam sido quitadas, relativas aos meses de
maio, junho e julho de 2016, pagas de uma só vez, no valor de R$ 3.289,12 (três
mil duzentos e oitenta e nove reais e doze centavos). Requereu a declaração de
inexigibilidade da dívida, bem como indenização pelos danos morais sofridos.
3. O recorrente busca a reforma da sentença, aduzindo, em síntese, que não houve a prática
de ato ilícito, que tão log houve a comunicação pela parte autora acerca da cobrança
indevida, adotou as medidas pertinentes para evitar prejuízos; que não há que se falar em
danos morais na espécie, diante da ausência de seus requisitos ensejadores, sendo mister a
improcedência dos pedidos; em caráter eventual, pugna pela redução do quantum.

4. . Em que pese o quanto alegado pelo réu, não consta dos autos a prova de
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora. A versão autoral,
por seu turno, além de dotada de verossimilhança, está embasada por elementos
de prova que fortalecem a tese apresentada. Com efeito, a autora colaciona aos
autos comprovante de pagamento datado de 08/07/2016, no valor de R$ 3.289,12
(três mil duzentos e oitenta e nove reais e doze centavos), conforme
documento anexado no evento 01 do projudi. Junta também boletos de
cobrança relativos ao mês de agosto de 2016, no valor de R$ 905,01
( novecentos e cinco reais e um centavo).

5. Dos documentos colacionados aos autos depreende-se a veracidade das


afirmaçãos da parte acionante, que foram corroboradas com as provas
anexadas, em cotejo com as alegações formuladas pela ré. Esta por seu turno
não logrou êxito em demonstrar a legalidade da consituição da dívida após a
realização do pagamento da fatura.

6. Mister portanto seja declaração de inexigibilidade da dívida, como procedeu


o magistrado sentenciante, nada havendo que reparar na sentença no tocante a
este ponto.
7. No concernente ao pleito indenizatório pelos supostos danos morais sofridos,
tenho que não há nos autos provas acerca da lesão a direitos subjetivos, mas tão
somente meras cobranças, insuficientes, de per si, para embasar um édito
condenatório. Vale observar que a parte autora não alega que sofrera negativação
de seu nome nos cadastros de proteção ao crédito, e nem colaciona aos autos o
comprovante de negativação, de modo que não restara demonstrado o dano moral
oriundo da cobrança indevida e nem há provas acerca de constrangimentos
sofridos, ainda que seja reconhecido o transtorno causado pelo excesso na
cobrança efetuada na fatura do mês seguinte, o que todavia não trouxe maiores
conseqüências para a parte acionante, como já delineado.
. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO INTERPOSTO E
DOU-LHE PROVIMENTO, para reformar a sentença, excluindo o capítulo
atinente aos danos morais, mantendo-a no mais pelos seus devidos termos.
Sem custas processuais e honorários advocatícios, pelo êxito da parte no
recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 20 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0112702-12.2016.8.05.0001


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BANCO BRADESCO S.A.

Recorrido(s) : ROSANA SOUSA DA SILVA QUEIROS

Origem : 18ª VSJE DO CONSUMIDOR (VESPERTINO)


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA
MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME, de acordo
com a ata do julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios, pelo êxito da
parte no recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 20 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

Você também pode gostar