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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA

COMARCA DE RECIFE - PE

MARCELINO LINS SOBRINHO, brasileiro, casado, inscrito no CPF n. 032.790.304-04, e


RG. sob n. 1.349.504 SDS/PE, residente e domiciliado na Rua Izabel de Goes, n. 369, Areias,
Recife/PE, (doc. 01), neste ato representado por suas advogadas ao final assinadas (doc. 02), com
escritório profissional na R. Padre Carapuceiro, n. 968, sala 1805, Boa Viagem, Recife/PE, CEP sob
o n. 51.020-280 (e-mail: louise@dvaadvogados.com | thays@dvaadvogados.com), com fundamento
nos termos do art. 5º, LXIX da CRFB/88 e da Lei nº 12.016/09, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA C/C DE LIMINAR

em face de ato praticado pelo INSTITUTO PREVIDENCIÁRIO DO MUNICÍPIO DE CATENDE,


pessoa jurídica de direito público com CNPJ:101861380001-80, com endereço na Praça Costa
Azevedo, s/n, centro, Catende - PE, CEP: 55400-00, 167 e o TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DE PERNAMBUCO, pessoal jurídica de direito público, com CNPJ: 11.435.633/0001-49,
com endereço na rua da Aurora, 885, Boa Vista, Recife, PE, pelos fundamentos fáticos e jurídicos a
seguir relatados.

DOS FATOS

Trata-se de Mandado de Segurança impetrado em face ao Instituto Previdenciário do


Município de Catende e o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, tendo em vista a
suspensão repentina, sem justificativas e ilegal da aposentadoria do ora impetrante, o senhor
Marcelino Lins Sobrinho.

O Autor foi aposentado pela câmara legislativa do Município de Catende no cargo de


contador, nível III, classe TA-30, sendo o último padrão de vencimentos à época. Tendo sido
acrescido aos seus proventos os valores correspondentes a 6 quinquênios, gratificação de
produtividade de 100%, gratificação de diploma de 5% e gratificação de função de 100%, conforme
acordão TC n. 5.584/98, em anexo.

No entanto, o seu benefício foi interrompido repentinamente em setembro do corrente ano,


sem qualquer justificativa ou embasamento para tal ato praticado, ficando o impetrado sem receber a
sua aposentadoria, até a presente data, que corresponde ao seu único rendimento financeiro para
financiar o seu sustento.

A paridade de vencimentos encontra-se prevista na constituição federal em seu art. 39, tendo
sido recepcionado pela lei orgânica municipal da demandada, em seu art. 89, §4º. Desta forma, os
proventos do servidor inativo, deve corresponder aos vencimentos do servidor ativo ocupante do
mesmo cargo.

É necessário observar que o caso em comento, se fundamenta no art.40 inciso III, C. da


CRFB/88. Pois bem, com a vasta documentação apresentada no processo, identifica-se com
facilidade que há decisão do Tribunal de contas do Estado, referendando tal posicionamento,
vejamos (doc. Xx):

Pois bem, a paridade e a integralidade foram extintas pela Emenda Constitucional 41/2003 e
reforma da previdência, mas servidores que ingressaram antes no serviço público tem direito.
Além disso, manteve-se a complementação de aposentadoria, com valor reduzido. Desta forma,
no presente caso, não ficou extinto para o Autor os seus direitos, ocorrendo a afastabilidade
das regras introduzidas pela emenda constitucional, tendo em vista o direito adquirido, tendo
cumprido todos os requisitos anteriores, sendo-lhe aplicado aplicada as regras da Emenda
Constitucional 47/2005 exige daqueles que entraram no serviço público até 16/12/1998:
Portanto, a integralidade consiste na percepção de proventos e pensão igual a totalidade da
remuneração do servidor no cargo efetivo em que se der a aposentadoria ou o falecimento, já a
paridade versa sobre a concessão dos aumentos e reajustes atribuídos aos servidores ativos aos
proventos e pensões.

Deve ser ressaltado que foi extinto somente o regime de integralidade, mas a aposentadoria
com proventos integrais se mantém vigente: integralidade não se confunde com proventos integrais.
A aposentadoria com proventos integrais será concedida ao servidor que preencheu todos os
requisitos do art. 40, §1º, inciso III, alínea a, da CF/88, e corresponderá a média das contribuições
sem sofrer qualquer redução, enquanto na aposentadoria com proventos proporcionais será aplicado
redutor a média das contribuições, este consiste no número de anos de contribuição efetivamente
cumprido dividido pelos anos de contribuição exigidos para aposentar com proventos integrais.

Contudo, sob o argumento de não haver lei ou ato normativo específico que determine a
correção dos benefícios, o Estado já autorizou o reajuste, através de decisão do processo TC. N.
9530066-1, medida que se requer desde já.

Ocorre que, em 20 de setembro de 1996, através do acordão TC n. 2942/96, foi


considerado ilegal a aposentadoria de funcionário público, por motivo de erro de
fundamentação legal na portaria. Neste ato, por unanimidade em decisão TC. N. 9530066-1, os
conselheiros da 1ª câmara do Tribunal de contas do Estado, considerou ilegal a portaria de n.
24/95 de 02 de maio de 1995, do Presidente da Câmara de Catende, a qual aposentou o Sr.
Marcelino, contador nível III classe TA-30, por erro de fundamentação legal, tendo em vista
que o interessado deveria sair com os proventos proporcionais tendo estabelecido ainda efeito
retroativo à 02.05.1995, revogando as disposições em contrário. Previu que as disposições desta
Lei aplicar-se-ia aos inativos e aos pensionistas respectivos, com direito à paridade em seus
benefícios, nos termos da Constituição Federal.

É imprescindível ressaltar que o impetrante, através dos seus advogados, solicitou acesso
integral aos autos do processo administrativo através da plataforma do TCE/PE, que até o momento
não foi autorizado, assim como o Instituto de Aposentadorias de Catende que sequer responde as
solicitações enviadas. Dessa forma, não pode o impetrante ficar à mercê dos órgãos administrativos
em detalhar todo e qualquer ato realizado, não restando outra alternativa a não ser impetrar o
presente mandado de segurança.

O Autor aposentou-se no ano de 1996, fazendo jus aos reajustes posteriormente concedidos,
onde impetra a seguinte ação, para voltar a receber a aposentadoria suspensa de forma indevida, de
acordo com os fatos expostos a seguir.

DO DIREITO
DA APLICABILIDADE DO DIREITO ADQUIRIDO
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DEFERIDO TC N. 5.584/98
REQUERIMENTO - ENQUADRAMENTO E RECLASSIFICAÇÃO DE CARGOS

A Constituição Federal possuí importantes comandos aplicáveis à Administração Pública,


em especial aqueles referentes à gestão pública em si, formas de ingresso na carreira e regime
jurídico dos servidores públicos.

Dentre as disposições aplicáveis aos servidores públicos estão as regras previdenciárias das
três esferas governamentais.

Precisamente sobre os servidores públicos, a Constituição, decorrente da não revisão de seus


vencimentos pelo poder executivo, mesmo havendo decisão informando tal direito adquirido, nos
termos do art. 37, X, CRFB/88, (EC. N. 19/98), o qual estabeleceu a obrigação de revisão geral anual
a remuneração dos servidores públicos.

Como aludido anteriormente, o Autor, foi servidor público municipal da câmara de


vereadores do município de Catende, tendo cumprido com todos os requisitos necessário, no
momento de sua aposentadoria, fazendo jus ao direito adquirido à paridade com os reajustes
proporcionais aos servidores em atividade. É importante anda ressaltar à este juízo que a
parte demandada, desde a decisão em 20 de setembro de 1996, a qual concedeu e reconheceu o
direito adquirido do demandado, não procedeu com às revisões gerais e anuais para garantir o
poder econômico do Autor, tendo até hoje sido descumprido à decisão.

Ainda, cumpre-se lembrar que o Município de Catende ao não efetivar, tendo se omitido até
a presente data, os reajustes deferidos em decisão TC n. 2942/96, TC. N. 9530066-1, lhes causou
danos de cunho material.

Ressalta-se ainda que apesar do Autor, não ingressar nas novas regras estabelecidas pela EC.
41/2003, esta buscou desvincular os direitos dos servidores aposentados em relação aos servidores
em atividade, ou seja, suprimir a paridade plena entre aposentados e aqueles em atividade na
Administração Pública.

A paridade e isonomia foram tratadas no parágrafo único do art. 6° e no art. 7° da Emenda


41/2003. Ocorre que em 05 de julho de 2005 foi promulgada a Emenda Constitucional 47/2005 que
revogou o parágrafo único do art. 6° e ampliou o alcance do art. 7° da Emenda Constitucional
41/2003.

Art. 2° Aplica-se aos proventos de aposentadorias dos servidores públicos que se


aposentarem na forma do caput do art. 6° da Emenda Constitucional n° 41, de 2003, o
disposto no art. 7° da mesma Emenda.

Art. 5° Revoga-se o parágrafo único do art. 6° da Emenda Constitucional n° 41, de 2003.

Da interpretação literal, observa-se que foi ampliada a paridade plena prevista no art. 7° da
Emenda 41, para aqueles servidores que se aposentaram com base nas regras do art. 6° da emenda
41, não apenas àqueles servidores que já se encontravam aposentados ou tendo cumprido os
requisitos para tal em 30 de novembro de 1996.

Sobre o tema vejamos o que diz Antônio Gilberto Silvério in A Concessão de


Aposentadorias e Pensões no Serviço Público, 2 Ed., Editora IBRAP, Ribeirão Preto – SP, 2005,
pág. 170:

Dentre as possibilidades legais de formas de reajuste determinadas constitucionalmente,


tínhamos para esta regra o estabelecido no § único do art. 6° da Emenda reformadora de
2003, mas a Emenda Constitucional 47, de 05 de julho de 2005, revoga esse parágrafo único
do artigo denotado, para estabelecer como regra de reajuste para essa norma transitória, o
critério de paridade, segundo o art. 7° da Emenda 41/2003.

A regra de reajuste baseada na paridade ou paridade total, determina a extensão dos mesmos
índices e na mesma data, de reajuste concedidos aos ativos, para os inativos; isonomia na concessão
de qualquer vantagem entre ativos e aposentado e os reflexos em proventos, de eventual
reclassificação ou transformação de cargo, ocorridos na estrutura ativa.

Afirma José dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo, 15ª ed., Rio de
Janeiro, Lumen, 2006, p. 586, a propósito da revisão dos proventos conforme as regras da EC 41 e
da EC 47 que:

Quanto à revisão de proventos, dispunha o art. 6º, parágrafo único, da EC 41/2003, que
deveria ocorrer na mesma proporção e na mesma data em que se modificasse a remuneração
dos servidores em atividade, na forma da lei . A EC nº 47/2005, todavia, revogou o citado
art. 6º, parágrafo único, da EC 41/2003, e, em seu art. 2º, assegurou a esses servidores o
direito à revisão integral (ou regime de paridade): os proventos de aposentadoria e as
pensões revistos na mesma proporção e na mesma data em que se modificar a remuneração
dos servidores em atividade, sendo-lhes estendidos quaisquer benefícios ou vantagens
posteriormente concedidos àqueles servidores, ainda que decorrentes de transformação ou
reclassificação do cargo ou função que serviu de base para a aposentadoria ou pensão.
Passaram, então, tais servidores ao regime da paridade integral.

Em síntese, têm direito à paridade plena entre ativos e aposentados aqueles que em 31 de
dezembro já estavam aposentados ou tinham cumprido os requisitos para se aposentar, aqueles que
se aposentarem com idade e tempo de contribuição mínima e tenham 20 anos de serviço público, 10
anos de carreira e 5 no cargo.

Portanto, aqueles que cumpriram os requisitos da EC 47/2005, também fazem jus à


paridade plena, caso do Autor, da presente demanda.

Considerando-se a autonomia política e administrativa dos Estados-Membros e dos


Municípios, é lícito a tais entes federativos normatizar a matéria, devendo-se observar que a Súmula
681 do STF estabelece que “É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de
servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária”.

Este já era o entendimento defendido doutrinariamente, conforme se denota da obra de


autoria de Eduardo Rocha Dias e José Leandro Monteiro de Macedo, Nova Previdência Social do
Servidor Público, 2ª ed., São Paulo, ed. Método, 2006, p. 141:

Verifica-se que o legislador reformador de 2003 extinguiu com o critério da paridade e não
estabeleceu nenhum outro critério objetivo em sua substituição. Apenas determinou a
diretriz, a ser seguida pelo legislador, da preservação permanente do valor real dos
benefícios. Os benefícios deverão ser periodicamente reajustados de modo a que mantenham
permanentemente o seu poder real de compra, conforme critérios definidos em lei. Nesta
matéria não cabe norma geral a cargo da União Federal, visto que os reajustes ocorrerão de
acordo com as realidades inflacionárias locais de cada ente federado.
Vale ressaltar, que a decisão que deferiu o direito adquirido do Autor, encontra respaldo
jurídico também no próprio Estatuto e Regime Jurídico dos Servidores da câmara de Catende (doc
xx), que em seus artigos art. 16, XV, art. 17, I,II,II, art. 24, § único, art. 18, I,II,III,IV, V,
VI,VII,VIII, art. 35, III, a, c, d, §3º, tratam da aposentadoria, vale colecionar:

Convém enfatizar que o Poder Judiciário já vem atualizando automaticamente os proventos


e pensões concedidos aos seus servidores com supedâneo no art. 40 da Constituição, bem como os
benefícios fundamentados no art. 2º da EC nº 41/03, conforme se verificou nos Processos
Administrativos nº 319.522/2004, do STF, PA nº 2.228/2004, do STJ, e no Processo Administrativo
nº 2005163229 do Conselho da Justiça Federal.

Neste último, fixou-se orientação para os Tribunais Regionais Federais acerca da aplicação,
aos inativos e pensionistas da Justiça Federal, do índice de reajuste dos benefícios da Previdência
Social.

Do PA nº 2005163229 do CJF extrai-se orientação a ser aplicada no âmbito da Justiça


Federal, assim sintetizada:

Em resumo: as aposentadorias e pensões concedidas a partir de 21.6.2004, com fundamento


legal no art. 40, § 1º, I, II, e III, da CF/88, com a redação dada pela EC 41/2003 e artigo 2º
da EC 41/2003, estarão sujeitas ao reajuste na mesma data em que se der o reajuste dos
benefícios do regime geral de previdência social, nos termos do art. 15 da Lei nº
10.887/2004 c/c artigo 40, § 3º, da CF/88, com a redação dada pela EC 41/2003, no que
couber, na forma estabelecida pelo Decreto nº 5.443/2005. (fl.16) Desse modo, restou
positivado que os reajustes concedidos aos beneficiários do regime geral de previdência
social aplicam-se, na mesma data da concessão, aos proventos de aposentadoria dos
servidores titulares de cargo efetivo de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, bem como aos
benefícios de pensão por morte aos dependentes dos servidores titulares de cargo efetivo e
dos aposentados dos mesmos entes, falecidos a partir da publicação da referida lei. (Lei nº
10.887/04) Nesse sentido, o então Secretário-Geral, após ouvidas a Secretaria de Recursos
Humanos e a Assessoria Especial (fls. 13/21 e 28/33), autorizou o reajuste de que trata o
citado Decreto (fl. 34) (Dec. Nº 5.443/05), decisão essa comunicada aos dirigentes de
recursos humanos dos Tribunais Regionais Federais (fls. 45/46). MEDINA, Damares.
Reajuste das aposentadorias e pensões dos servidores públicos, após a Emenda
Constitucional nº 41/03. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1616, 4 dez. 2007. Disponível
em: http://jus.com.br/artigos/10725.

Ora, se o Autor, possui todos os elementos estabelecidos para reajuste de benefício a


aposentadoria, conforme o que a Lei determina, deveria ser contemplada com o reajuste submetido a
categoria de servidores públicos ao qual pertence, conforme deferido em decisão pelo TCE. Sua
solicitação encontra total respaldo jurídico, porém não é automaticamente repassada aos
aposentados.

Portanto, outra não pode ser a medida a ser tomada, se não, a imediata concessão de
reajuste ao benefício percebido atualmente, conforme decisão do TCE: TC n. 2942/96, TC. N.
9530066-, por erro de fundamentação legal na portaria aplicada à aposentadoria do Autor,
tendo em vista que o interessado deveria sair com os proventos proporcionais tendo
estabelecido ainda efeito retroativo à 02.05.1995, revogando as disposições em contrário.

DA GARANTIA DA PARIDADE APÓS A DA EC Nº 41/2003

Em virtude dessa profunda alteração que foram editadas regras de transição para que os
servidores que ainda não tinham direito ao regime anterior pudessem gozar de aposentadoria com
integralidade e paridade quando preenchidos alguns requisitos.

O art. 3º e 7º, da EC nº 41/2003 garantiu a aplicação das regras de integralidade e paridade


aos servidores que já haviam preenchidos os requisitos para se aposentar e para aqueles que já
estavam em fruição do benefício.

O art. 3º, da Emenda Constitucional nº 47/2005, garantiu a fruição da aposentadoria com


integralidade e paridade aos servidores que ingressaram no serviço público até a data da publicação
da EC nº 20/1998, ou seja, até 16 de dezembro de 1998. O servidor, porém, deveria cumprir alguns
requisitos, quais sejam, se homem deve ter contribuído por 35 anos e, se mulher, por 30 anos; 25
anos de efetivo exercício no serviço público; 15 anos de carreira; 5 anos no cargo em que se der a
aposentadoria e idade resultante da redução, a partir das idades prevista no artigo 40, §1º, inciso III,
alínea a, da CR/88, de um ano de idade para cada ano de contribuição que exceder o mínimo
estipulado por este dispositivo.

Ressalta-se que o art. 6º da EC nº 41/2003 garantiu a integralidade e a paridade, para os


servidores que ingressaram no serviço público até a publicação desta Emenda. Para isso o servidor
deverá cumprir os seguintes requisitos: se homem, deve ter 60 anos idade e contribuído por 35 anos
e, se mulher, 55 anos de idade e 30 anos de contribuição, 20 anos de efetivo exercício no serviço
público; 10 anos de carreira e 5 anos de efetivo exercício no cargo em que se der a aposentadoria.

O que se verifica na extensão documentação apresentada ao processo que o Autor,


cumpriu efetivamente todos os requisitos necessários à época da concessão de sua
aposentadoria, a qual vigorava a regra do no art.40 inciso III, C, da CRFB/88, realmente
fazendo jus ao direito de paridade e reajustes aqui requeridos, em conformidade com o
princípio da legalidade da regra e do direito adquirido, previstos nos incisos II e XXXVI do
art. 5º da CRFB/88.

Desta forma deve o Autor ter incorporado aos seus proventos de aposentadoria os aumentos
concedidos aos servidores em atividade do município de Catende, de forma retroativa. É medida que
desde já se requer.

Ademais, a regra trazida no art. 37, X da CRFB/88, assegura aos servidores públicos o
direito à revisão de sua remuneração, a qual retrata um reajustamento genérico fundamentado na
perda de poder aquisitivo do servidor em decorrência da inflação.

Ora Excelência, esta revisão remuneratória constitui direito dos servidores e dever
inarredável por parte do Município. Ao permitir que o chefe do executivo, ou o legislativo incorresse
em inconstitucionalidade por sua omissão, visto que tem o dever legal de produzir juntamente com a
câmara legislativa, a lei disciplinadora da revisão.

Ao se analisar o caso em comento, observa-se que a conduta do Município, em não criar a


lei regulamentadora com os ditames da constituição, não havendo previsões concretas acerca das
revisões periódicas. Ao se abster de um dever constitucional objetivo, o ente do Município de
Catende deu causa ao resultado, pois tinha obrigação de exercer a conduta indicada na CRFB/88,
tendo ferido regra geral máxima.

Ainda, importante frisar, que apesar de ser atribuído a autoridades da administração


discricionariedade nas suas condutas, estas sempre devem estar pautadas na legalidade e na
proporcionalidade, pois ao administrador, não é livre tornar uma conduta que fere regra
constitucional, e ainda, gere uma progressiva perda do poder aquisitivo, ferindo inclusive o princípio
da irredutibilidade dos vencimentos, eis que fora reconhecido pelo próprio tribunal de contas do
estado, à época.

Neste caso, a omissão do Município em seu processo legiferante para criação da norma
discutida em 1996, nem ao menos foi iniciado pelo poder executivo, quando este tinha
obrigação constitucional de fazer.

No que se refere à responsabilidade decorrente de mora legislativa, o STF, entende que deve
haver o controle de constitucionalidade, ao analisar o presente caso, deve ser levado em
consideração que mesmo após quase 10 anos da constituição federal em vigor, o Município, ora Réu
não efetivou a lei, e ainda assim, quando esta entrou em vigor através de portaria, foi declarada
inconstitucional. Sendo a mora o Município claramente demonstrada e injustificada a inercia do
órgão Municipal até a presente data, não ter implementado os ajustes necessários na aposentadoria
do demandante, infringindo inclusive decisão.

Deve, portanto, ser levado em consideração todo o exposto, e entender que se faz necessário
o ajuste da paridade e proporcionalidade da aposentadoria aqui requerida, tendo em vista o instituto
da estabilidade financeira e da existência de direito adquirido em decisão do TCE, ao reajuste de
gratificações incorporadas aos respectivos vencimentos e proventos, devendo ainda ser retroativo, a
data da portaria 02.05.1995.

DA MOROSIDADE DO MUNICÍPIO
DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO TCE

O Autor foi servidor público da casa legislativa do Município de Catende, tendo exercido
determinadas funções, inclusive de contador, no período de 1975 a 1996, tendo sido realizado o
requerimento para o órgão, tendo o último data de 08 de fevereiro de 2017, protocolo n. 14/2017,
conforme documentação em anexo (doc.xx), correção dos proventos percebidos em sua
aposentadoria, com base no piso adotado pela prefeitura municipal ora demandada, somando-se
ainda as gratificações de seis quinquênios , 30% , e a gratificação de diploma de 5%, tudo conforme
acordão do TCE N. 5.584/98, o qual até a presente data, continua sendo descumprido.

Ora Excelência, o Autor teve sua aposentadoria concedida em 1995, tendo passado por um
enquadramento conforme acordão mencionado acima, tendo sido ajustado em decisão que o cargo de
contador nível III, com proventos mensais proporcionais no valor de R$ 1.217,10.
No entanto, após decisão, só foi contemplado com o ajuste da aposentadoria no ano de 1998,
e até a presente data, só foi contemplado com apenas dois aumentos, com base na lei. 1.275 de 30 de
maio de 1996 e na lei 1.430 de 27 de julho de 2005. No entanto, houve outros ajustes os quais não
foi repassado para o autor, e já reconhecidos pela administração do Município, tendo parecer jurídico
favorável, inclusive com adequação de cargo vigente na nova legislação aplicada, vejamos:

Diante de todo o exposto, requer a aplicabilidade do art. 37, X da CRFB/88, para que vossa
Excelência determine ao setor de competente que se aplique a revisão anual dos anos 2013 em
diante, baseados no INPC, o qual melhor retrata a perda do poder aquisito.

AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO AO ATO ADMINISTRATIVO PRATICADO

O art. 50, da Lei 9784/99 que dispõe sobre os processos administrativos, prevê:

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com


indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção
pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou
discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação
de ato administrativo.

Ocorre que, diferentemente do previsto, a decisão ora impugnada foi tomada sem qualquer
embasamento ou motivação, deixando de relatar os fatos e motivos legais que ensejaram a repentina
suspensão da aposentadoria, tratando-se o referido caso de irregularidade do ato administrativo.

DA CONCESSÃO DA LIMINAR

Demonstrada a grave violação ao direito líquido e certo do Impetrante, evidencia-se,


consequentemente, a presença inconteste dos requisitos necessários à outorga da medida liminar,
disciplinados no artigo 7º, III, da Lei do Mandado de Segurança.

A probabilidade do direito se revela através de uma simples análise dos fatos, tendo em vista
o ato administrativo praticado sem qualquer fundamentação, com a suspensão ilegal da
aposentadoria do impetrante, sem qualquer embasamento para tanto ou sequer a simples permissão
de acesso aos autos do processo.

Já o perigo de dano é evidenciado, pois, há risco de ineficácia da medida final se a liminar


não for deferida, tendo em vista a urgência da situação, já que a aposentadoria do impetrante é o seu
único meio de sustento e foi abruptamente interrompido sem qualquer justificativa, sendo esta
quantia indispensável para a sua manutenção.

Assim, resta evidente os requisitos para a concessão da liminar, diante do ato


manifestamente ilegal da suspensão de aposentadoria, bem como o não cumprimento de decisão do
TCE sobre i ajuste de salário e cargo.

Por todo o exposto, a ação ora impugnada é arbitrária, ilegal e inconstitucional, tendo em
vista que em primeiro lugar não pode o impetrado suspender o benefício unilateralmente, sem
existência de um processo administrativo que o fundamente. Em segundo lugar, que existe decisão
do Tribunal de Contas, em anexo, a qual reconhece a aposentadoria bem como o ajuste salarial pela
paridade.

DOS PEDIDOS

ISSO POSTO, requer-se a Vossa Excelência que:

a) Defira a medida liminar pleiteada, para suspender o ato ilegal que suspendeu os vencimentos do
impetrado, determinando ao Chefe do Instituto de Previdência de Catende (regime próprio), que
reestabeleça imediatamente o pagamento do impetrante, desde a suspensão, setembro, com a
imediata restituição dos seus rendimentos, com fundamentos nos dispositivos constitucionais já
citados.

b) Recebimento do presente mandado de segurança, notificando-se as autoridades coautora, a fim de


que preste informações.

c) Intimação do representante do Ministério Público, para que se manifeste do feito.

d) Por fim, seja deferida a segurança, conforme requerido o presente, reconhecendo a decisão do
Tribunal de Contas, com o cargo de contador, nível III, classe TA-30, com correção dos proventos
percebidos em sua aposentadoria, com base no piso adotado pela prefeitura municipal ora
demandada, somando-se ainda as gratificações de seis quinquênios, 30%, e a gratificação de diploma
de 5%, tudo conforme acordão do TCE N. 5.584/98,

Em tempo, com base no art. 272, §5 do NCPC, sob pena de nulidade, que sejam todas as
futuras notificações e intimações referente a este feito realizadas exclusivamente em nome de
LOUISE DANTAS DE ANDRADE, advogada inscrita na OAB/PE sob o n. 30.392 e THAYS
MEIRELLY VALENÇA DE PAIVA, advogada inscrita na OAB/PE sob o n. 41.570, ambas com
endereço na Rua Padre Carapuceiro, n. 968, Torre Janete Costa, sl 1805, Boa Viagem, CEP
51020-280.

Dá-se a causa o valor de R$1.000,00 (mil reais)

Nestes termos,
P. deferimento.
Recife/PE, 20 de novembro de 2023.

Louise Dantas de Andrade Thays Meirelly V. de Paiva


OAB/PE 30.392 OAB/PE 41.570

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