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COMARCA DE RECIFE - PE
DOS FATOS
A paridade de vencimentos encontra-se prevista na constituição federal em seu art. 39, tendo
sido recepcionado pela lei orgânica municipal da demandada, em seu art. 89, §4º. Desta forma, os
proventos do servidor inativo, deve corresponder aos vencimentos do servidor ativo ocupante do
mesmo cargo.
Pois bem, a paridade e a integralidade foram extintas pela Emenda Constitucional 41/2003 e
reforma da previdência, mas servidores que ingressaram antes no serviço público tem direito.
Além disso, manteve-se a complementação de aposentadoria, com valor reduzido. Desta forma,
no presente caso, não ficou extinto para o Autor os seus direitos, ocorrendo a afastabilidade
das regras introduzidas pela emenda constitucional, tendo em vista o direito adquirido, tendo
cumprido todos os requisitos anteriores, sendo-lhe aplicado aplicada as regras da Emenda
Constitucional 47/2005 exige daqueles que entraram no serviço público até 16/12/1998:
Portanto, a integralidade consiste na percepção de proventos e pensão igual a totalidade da
remuneração do servidor no cargo efetivo em que se der a aposentadoria ou o falecimento, já a
paridade versa sobre a concessão dos aumentos e reajustes atribuídos aos servidores ativos aos
proventos e pensões.
Deve ser ressaltado que foi extinto somente o regime de integralidade, mas a aposentadoria
com proventos integrais se mantém vigente: integralidade não se confunde com proventos integrais.
A aposentadoria com proventos integrais será concedida ao servidor que preencheu todos os
requisitos do art. 40, §1º, inciso III, alínea a, da CF/88, e corresponderá a média das contribuições
sem sofrer qualquer redução, enquanto na aposentadoria com proventos proporcionais será aplicado
redutor a média das contribuições, este consiste no número de anos de contribuição efetivamente
cumprido dividido pelos anos de contribuição exigidos para aposentar com proventos integrais.
Contudo, sob o argumento de não haver lei ou ato normativo específico que determine a
correção dos benefícios, o Estado já autorizou o reajuste, através de decisão do processo TC. N.
9530066-1, medida que se requer desde já.
É imprescindível ressaltar que o impetrante, através dos seus advogados, solicitou acesso
integral aos autos do processo administrativo através da plataforma do TCE/PE, que até o momento
não foi autorizado, assim como o Instituto de Aposentadorias de Catende que sequer responde as
solicitações enviadas. Dessa forma, não pode o impetrante ficar à mercê dos órgãos administrativos
em detalhar todo e qualquer ato realizado, não restando outra alternativa a não ser impetrar o
presente mandado de segurança.
O Autor aposentou-se no ano de 1996, fazendo jus aos reajustes posteriormente concedidos,
onde impetra a seguinte ação, para voltar a receber a aposentadoria suspensa de forma indevida, de
acordo com os fatos expostos a seguir.
DO DIREITO
DA APLICABILIDADE DO DIREITO ADQUIRIDO
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DEFERIDO TC N. 5.584/98
REQUERIMENTO - ENQUADRAMENTO E RECLASSIFICAÇÃO DE CARGOS
Dentre as disposições aplicáveis aos servidores públicos estão as regras previdenciárias das
três esferas governamentais.
Ainda, cumpre-se lembrar que o Município de Catende ao não efetivar, tendo se omitido até
a presente data, os reajustes deferidos em decisão TC n. 2942/96, TC. N. 9530066-1, lhes causou
danos de cunho material.
Ressalta-se ainda que apesar do Autor, não ingressar nas novas regras estabelecidas pela EC.
41/2003, esta buscou desvincular os direitos dos servidores aposentados em relação aos servidores
em atividade, ou seja, suprimir a paridade plena entre aposentados e aqueles em atividade na
Administração Pública.
Da interpretação literal, observa-se que foi ampliada a paridade plena prevista no art. 7° da
Emenda 41, para aqueles servidores que se aposentaram com base nas regras do art. 6° da emenda
41, não apenas àqueles servidores que já se encontravam aposentados ou tendo cumprido os
requisitos para tal em 30 de novembro de 1996.
A regra de reajuste baseada na paridade ou paridade total, determina a extensão dos mesmos
índices e na mesma data, de reajuste concedidos aos ativos, para os inativos; isonomia na concessão
de qualquer vantagem entre ativos e aposentado e os reflexos em proventos, de eventual
reclassificação ou transformação de cargo, ocorridos na estrutura ativa.
Afirma José dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo, 15ª ed., Rio de
Janeiro, Lumen, 2006, p. 586, a propósito da revisão dos proventos conforme as regras da EC 41 e
da EC 47 que:
Quanto à revisão de proventos, dispunha o art. 6º, parágrafo único, da EC 41/2003, que
deveria ocorrer na mesma proporção e na mesma data em que se modificasse a remuneração
dos servidores em atividade, na forma da lei . A EC nº 47/2005, todavia, revogou o citado
art. 6º, parágrafo único, da EC 41/2003, e, em seu art. 2º, assegurou a esses servidores o
direito à revisão integral (ou regime de paridade): os proventos de aposentadoria e as
pensões revistos na mesma proporção e na mesma data em que se modificar a remuneração
dos servidores em atividade, sendo-lhes estendidos quaisquer benefícios ou vantagens
posteriormente concedidos àqueles servidores, ainda que decorrentes de transformação ou
reclassificação do cargo ou função que serviu de base para a aposentadoria ou pensão.
Passaram, então, tais servidores ao regime da paridade integral.
Em síntese, têm direito à paridade plena entre ativos e aposentados aqueles que em 31 de
dezembro já estavam aposentados ou tinham cumprido os requisitos para se aposentar, aqueles que
se aposentarem com idade e tempo de contribuição mínima e tenham 20 anos de serviço público, 10
anos de carreira e 5 no cargo.
Verifica-se que o legislador reformador de 2003 extinguiu com o critério da paridade e não
estabeleceu nenhum outro critério objetivo em sua substituição. Apenas determinou a
diretriz, a ser seguida pelo legislador, da preservação permanente do valor real dos
benefícios. Os benefícios deverão ser periodicamente reajustados de modo a que mantenham
permanentemente o seu poder real de compra, conforme critérios definidos em lei. Nesta
matéria não cabe norma geral a cargo da União Federal, visto que os reajustes ocorrerão de
acordo com as realidades inflacionárias locais de cada ente federado.
Vale ressaltar, que a decisão que deferiu o direito adquirido do Autor, encontra respaldo
jurídico também no próprio Estatuto e Regime Jurídico dos Servidores da câmara de Catende (doc
xx), que em seus artigos art. 16, XV, art. 17, I,II,II, art. 24, § único, art. 18, I,II,III,IV, V,
VI,VII,VIII, art. 35, III, a, c, d, §3º, tratam da aposentadoria, vale colecionar:
Neste último, fixou-se orientação para os Tribunais Regionais Federais acerca da aplicação,
aos inativos e pensionistas da Justiça Federal, do índice de reajuste dos benefícios da Previdência
Social.
Portanto, outra não pode ser a medida a ser tomada, se não, a imediata concessão de
reajuste ao benefício percebido atualmente, conforme decisão do TCE: TC n. 2942/96, TC. N.
9530066-, por erro de fundamentação legal na portaria aplicada à aposentadoria do Autor,
tendo em vista que o interessado deveria sair com os proventos proporcionais tendo
estabelecido ainda efeito retroativo à 02.05.1995, revogando as disposições em contrário.
Em virtude dessa profunda alteração que foram editadas regras de transição para que os
servidores que ainda não tinham direito ao regime anterior pudessem gozar de aposentadoria com
integralidade e paridade quando preenchidos alguns requisitos.
Desta forma deve o Autor ter incorporado aos seus proventos de aposentadoria os aumentos
concedidos aos servidores em atividade do município de Catende, de forma retroativa. É medida que
desde já se requer.
Ademais, a regra trazida no art. 37, X da CRFB/88, assegura aos servidores públicos o
direito à revisão de sua remuneração, a qual retrata um reajustamento genérico fundamentado na
perda de poder aquisitivo do servidor em decorrência da inflação.
Ora Excelência, esta revisão remuneratória constitui direito dos servidores e dever
inarredável por parte do Município. Ao permitir que o chefe do executivo, ou o legislativo incorresse
em inconstitucionalidade por sua omissão, visto que tem o dever legal de produzir juntamente com a
câmara legislativa, a lei disciplinadora da revisão.
Neste caso, a omissão do Município em seu processo legiferante para criação da norma
discutida em 1996, nem ao menos foi iniciado pelo poder executivo, quando este tinha
obrigação constitucional de fazer.
No que se refere à responsabilidade decorrente de mora legislativa, o STF, entende que deve
haver o controle de constitucionalidade, ao analisar o presente caso, deve ser levado em
consideração que mesmo após quase 10 anos da constituição federal em vigor, o Município, ora Réu
não efetivou a lei, e ainda assim, quando esta entrou em vigor através de portaria, foi declarada
inconstitucional. Sendo a mora o Município claramente demonstrada e injustificada a inercia do
órgão Municipal até a presente data, não ter implementado os ajustes necessários na aposentadoria
do demandante, infringindo inclusive decisão.
Deve, portanto, ser levado em consideração todo o exposto, e entender que se faz necessário
o ajuste da paridade e proporcionalidade da aposentadoria aqui requerida, tendo em vista o instituto
da estabilidade financeira e da existência de direito adquirido em decisão do TCE, ao reajuste de
gratificações incorporadas aos respectivos vencimentos e proventos, devendo ainda ser retroativo, a
data da portaria 02.05.1995.
DA MOROSIDADE DO MUNICÍPIO
DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO TCE
O Autor foi servidor público da casa legislativa do Município de Catende, tendo exercido
determinadas funções, inclusive de contador, no período de 1975 a 1996, tendo sido realizado o
requerimento para o órgão, tendo o último data de 08 de fevereiro de 2017, protocolo n. 14/2017,
conforme documentação em anexo (doc.xx), correção dos proventos percebidos em sua
aposentadoria, com base no piso adotado pela prefeitura municipal ora demandada, somando-se
ainda as gratificações de seis quinquênios , 30% , e a gratificação de diploma de 5%, tudo conforme
acordão do TCE N. 5.584/98, o qual até a presente data, continua sendo descumprido.
Ora Excelência, o Autor teve sua aposentadoria concedida em 1995, tendo passado por um
enquadramento conforme acordão mencionado acima, tendo sido ajustado em decisão que o cargo de
contador nível III, com proventos mensais proporcionais no valor de R$ 1.217,10.
No entanto, após decisão, só foi contemplado com o ajuste da aposentadoria no ano de 1998,
e até a presente data, só foi contemplado com apenas dois aumentos, com base na lei. 1.275 de 30 de
maio de 1996 e na lei 1.430 de 27 de julho de 2005. No entanto, houve outros ajustes os quais não
foi repassado para o autor, e já reconhecidos pela administração do Município, tendo parecer jurídico
favorável, inclusive com adequação de cargo vigente na nova legislação aplicada, vejamos:
Diante de todo o exposto, requer a aplicabilidade do art. 37, X da CRFB/88, para que vossa
Excelência determine ao setor de competente que se aplique a revisão anual dos anos 2013 em
diante, baseados no INPC, o qual melhor retrata a perda do poder aquisito.
O art. 50, da Lei 9784/99 que dispõe sobre os processos administrativos, prevê:
Ocorre que, diferentemente do previsto, a decisão ora impugnada foi tomada sem qualquer
embasamento ou motivação, deixando de relatar os fatos e motivos legais que ensejaram a repentina
suspensão da aposentadoria, tratando-se o referido caso de irregularidade do ato administrativo.
DA CONCESSÃO DA LIMINAR
A probabilidade do direito se revela através de uma simples análise dos fatos, tendo em vista
o ato administrativo praticado sem qualquer fundamentação, com a suspensão ilegal da
aposentadoria do impetrante, sem qualquer embasamento para tanto ou sequer a simples permissão
de acesso aos autos do processo.
Por todo o exposto, a ação ora impugnada é arbitrária, ilegal e inconstitucional, tendo em
vista que em primeiro lugar não pode o impetrado suspender o benefício unilateralmente, sem
existência de um processo administrativo que o fundamente. Em segundo lugar, que existe decisão
do Tribunal de Contas, em anexo, a qual reconhece a aposentadoria bem como o ajuste salarial pela
paridade.
DOS PEDIDOS
a) Defira a medida liminar pleiteada, para suspender o ato ilegal que suspendeu os vencimentos do
impetrado, determinando ao Chefe do Instituto de Previdência de Catende (regime próprio), que
reestabeleça imediatamente o pagamento do impetrante, desde a suspensão, setembro, com a
imediata restituição dos seus rendimentos, com fundamentos nos dispositivos constitucionais já
citados.
d) Por fim, seja deferida a segurança, conforme requerido o presente, reconhecendo a decisão do
Tribunal de Contas, com o cargo de contador, nível III, classe TA-30, com correção dos proventos
percebidos em sua aposentadoria, com base no piso adotado pela prefeitura municipal ora
demandada, somando-se ainda as gratificações de seis quinquênios, 30%, e a gratificação de diploma
de 5%, tudo conforme acordão do TCE N. 5.584/98,
Em tempo, com base no art. 272, §5 do NCPC, sob pena de nulidade, que sejam todas as
futuras notificações e intimações referente a este feito realizadas exclusivamente em nome de
LOUISE DANTAS DE ANDRADE, advogada inscrita na OAB/PE sob o n. 30.392 e THAYS
MEIRELLY VALENÇA DE PAIVA, advogada inscrita na OAB/PE sob o n. 41.570, ambas com
endereço na Rua Padre Carapuceiro, n. 968, Torre Janete Costa, sl 1805, Boa Viagem, CEP
51020-280.
Nestes termos,
P. deferimento.
Recife/PE, 20 de novembro de 2023.