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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA DO

JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE


MANAUS/AMAZONAS

SONIA MARIA DA SILVA ZAMBRANO, brasileira, servidora pública, inscrita no RG n.,


CPF n., residente e domiciliada na Rua, n., CEP, representada por sua advogada que
esta subscreve (conforme instrumento de mandato anexo), vem respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, propor AÇÃO DE PAGAMENTO DE ABONO
PERMANÊNCIA em face do ESTADO DO AMAZONAS, pessoa jurídica de direito público
interno, CNPJ n. , na pessoa de seu representante legal, com sede na Procuradoria
Geral do Estado do Amazonas, localizada no endereço, CEP n., pelas razões de fato e
de direito a seguir expostas.

1. PRELIMINARMENTE

Da Gratuidade da Justiça

A Requerente pleiteia o deferimento da gratuidade da justiça, tendo em vista ser


hipossuficiente frente ao Requerido, não possuindo condições financeiras para arcar
com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e
de sua família.
Por tais razões, pleiteia-se os benefícios da gratuidade da justiça, assegurados pela
Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pelo artigo 98 e seguintes do Código de
Processo Civil.

2. DOS FATOS

A Requerente é Policial Civil, incluída na Corporação em , e transferida para a reserva


remunerada em , após ter cumprido anos, meses e dias de serviço, dos quais anos e
dias foram dedicados exclusivamente à PC-AM.

Contudo, mesmo preenchendo os requisitos para a aposentadoria voluntária, aos 30


anos de serviço, atingidos em meados de , a Requerente preferiu continuar na ativa,
motivo pelo qual teve direito ao recebimento do abono de permanência, equivalente
ao valor da sua contribuição previdenciária, conforme inteligência do artigo 40, § 19º,
da Constituição Federal.

Importa dizer, que durante todo o seu tempo de efetivo serviço, a Requerente
contribuiu para a previdência estadual, inclusive após ter completado 30 anos de
serviço até a data em que passou para a reserva remunerada.

Cumpre salientar que, em houve o reconhecimento do preenchimento dos requisitos


de aposentadoria, concluindo pela possibilidade de implementação do abono de
permanência a partir de , bem como o pagamento do retroativo (Janeiro/2019 até
Junho/2019), o que perfaz o valor de R$ 00.000,00.

De outra monta, no tocante à implementação do benefício em folha de pagamento, a


Requerente começou a receber seu abono a partir de Julho de 2019.

Ocorre que não houve o pagamento dos valores retroativos referentes aos meses de
Janeiro de 2019 a Junho de 2019, o que perfaz o valor não atualizado de R$ 00.000,00.

Colaciona-se para fins de ratificar o reconhecimento do Requerido, através de seus


órgãos, do direito da Requerente, porém pugna-se pela devida correção de tais
montantes, bem como inclusão dos meses remanescentes.

Diante da reiterada violação dos direitos da Requerente, recorre-se ao Judiciário para


sanar tais impropriedades.
Dessa forma, a Requerente postula a tutela jurisdicional em busca da indenização
pecuniária relativamente ao período das parcelas de abono de permanência não pagas
pelo Requerido, e ainda não atingidos pela prescrição quinquenal, devidamente
acrescida de correção monetária e juros legais desde quando devidas até o seu efetivo
pagamento, sob pena de enriquecimento ilícito do Requerido.

3. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Da Concessão do Abono de Permanência

Elucida-se, a priori, que o instituto de abono de permanência foi instituído pela


Emenda Constitucional Nº 41/03, sendo idealizado para servir como indenização
pecuniária equivalente à contribuição previdenciária descontada da remuneração do
servidor titular de cargo público efetivo, almejando tanto compensar o esforço do
servidor em permanecer em suas atividades, a despeito do preenchimento dos
requisitos da aposentadoria, quanto beneficiar a Administração ao permitir que conte
com servidor capacitado e experiente no cumprimento de seus deveres funcionais.

O fundamento jurídico do benefício em questão se encontra no art. 40, § 19, da Carta


Magna, inserido pela supracitada EC 41/2003, sendo devido aos servidores públicos
que completarem os requisitos para aposentadoria e permaneçam no serviço público
até o desligamento compulsório.

Conclui-se que, independentemente do fundamento a ser utilizado para deferimento


do benefício de abono de permanência, a Administração encontra-se em mora e deve,
além de efetuar concessão, indenizar o requerente com juros e correção monetária
pelas verbas recolhidas a título de contribuição previdenciária a partir da
implementação dos requisitos para sua aposentadoria.

Do Direito ao Abono de Permanência com Efeitos Retroativos

Conforme se depreende do tópico anterior, resta evidente o direito da requerente à


concessão de abono de permanência. Requer-se, por oportuno, que sejam efetuados
os cálculos e o pagamento retroativo dos valores devidos à data da implementação dos
requisitos necessários, tendo em vista posicionamento pacífico nos tribunais, em
especial do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas e do Supremo Tribunal Federal,
no sentido de que, ainda que não houvesse prévio requerimento administrativo,
remanesceria o dever da Administração em efetuar o pagamento a contar da data em
que a requerente passou a ser titular de tal direito, conforme decisões abaixo
acostadas:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. ABONO DE PERMANÊNCIA.


DESNECESSIDADE DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. PAGAMENTO DEVIDO A PARTIR DE
PREENCHIMENTO DE REQUISITOS PARA APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA. 1.O abono de permanência
constitui vantagem pecuniária que deve ser pago mediante o preenchimento de requisitos do ART. 40, §
19,da Constituição Federal independendo de requerimento (grifo nosso), pois trata-se de uma
contraprestação ao servidor, um reembolso da contribuição previdenciária. 2. Recurso improvido. (TJ-
AM - APL: 07194853720128040001 AM 0719485-37.2012.8.04.0001, Relator: Sabino da Silva Marques,
Data de Julgamento: 15/02/2016, Primeira Câmara Cível, Data de Publicação: 16/02/2016)

O Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo avança no presente estudo ao elucidar que
a concessão de abono de permanência, nos moldes da Constituição Federal, é norma
de eficácia plena, de aplicabilidade direita e integral, não sendo facultado à
Administração condicionar seu deferimento à data do requerimento administrativo, in
verbis:

APELAÇÃO SERVIDOR PÚBLICO ABONO DE PERMANÊNCIA PAGAMENTO DEVIDO A PARTIR DA DATA EM


QUE PREENCHIDOS OS REQUISITOS PARA A APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA OU DA DATA DE ENTRADA
EM VIGOR DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 41/2003 DIREITO EXISTÊNCIA O direito ao recebimento do
benefício em questão decorre de normas constitucionais de eficácia plena, ou seja, que possuem
aplicabilidade direta, imediata e integral, não podendo a Administração limitar seu pagamento a partir
da data de apresentação do requerimento administrativo. Precedentes. Decisão reformada. Recurso
provido. (TJ-SP - APL: 00079967520098260053 SP 0007996-75.2009.8.26.0053, Relator: Rebouças de
Carvalho, Data de Julgamento: 18/12/2013, 9a Câmara de Direito Público, Data de Publicação:
19/12/2013)

No presente caso, evidencia-se de forma patente o dever da Administração em


assumir tal ônus e realizar o pagamento retroativo das verbas descontadas a título de
contribuição previdenciária desde o implemento dos requisitos para aposentadoria.

Destaca-se o posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria no sentido


de que no direito ao abono de permanência é retroativo ao preenchimento dos
requisitos da aposentadoria, sendo necessário o pagamento retroativo por parte da
Administração.

Tal como assentou a decisão agravada, observa-se que o acórdão proferido pelo Tribunal de origem está
alinhada com o entendimento do Supremo Tribunal Federal. Isso porque, uma vez preenchido os
requisitos para o recebimento do abono de permanência, esse direito não pode estar condicionado a
outra exigência. Dessa forma, o termo inicial para o recebimento do abono de permanência dá-se com o
preenchimento dos requisitos para a aposentadoria voluntária (grifo nosso). Nesse sentido, veja-se a
ementa do RE 310.159-AgR, julgado sob a relatoria do Ministro Gilmar Mendes: 'Recurso extraordinário.
Agravo regimental. 2. Aposentadoria. Direito adquirido quando preenchidos todos os requisitos. Súmula
359/STF. 3. Requerimento administrativo. Desnecessidade. Precedentes. 4. Agravo regimental a que se
dá parcial provimento, tão-somente, para afastar a retroação da data de início da aposentadoria (grifo
nosso).'"( ARE 825334 AgR, Relator Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, julgamento em
24.5.2016, DJe de 10.6.2016)
Para melhor visualização do magistrado, confecciona-se tabela ilustrativa, pendente de
correção e atualização, em que se discrimina: i) Os valores informados pela Secretaria
quanto ao abono de permanência do período de Janeiro de 2019 a Junho de 2019.

Tabela de Cálculos – Sem Atualização


Documento Período Valor
1. Memorial de Cálculo
Janeiro/2019 a Junho/2019
TOTAL: R$ 00.000,00
4. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Ante o exposto, REQUER:

a) A citação do Requerido por carta, para responder a demanda, caso queira;

b) A procedência total da ação para declarar/reconhecer o direito da Requerente ao


recebimento do retroativo do abono de permanência, com a consequente condenação
do Requerido ao pagamento das parcelas desde a data em que foram preenchidos os
requisitos, acrescidas de juros e correção monetária até o efetivo pagamento pelo
Requerido.

c) O julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, inciso I do NCPC,


porquanto a questão de mérito versa exclusivamente sobre matéria de direito;

d) A dispensa da designação de audiência de conciliação, por ser medida inócua e


contrária à celeridade processual do objeto desta demanda;

e) A concessão do benefício da Justiça Gratuita a Requerente;

f) A condenação do Requerido ao pagamento de honorários sucumbenciais em 20%


(vinte por cento), conforme dispõe o art. 85 do Código de Processo Civil.

g) Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direitos admitidos;


h) Por fim, que as futuras intimações e notificações sejam todas feitas em nome da
advogada subscrita.

Dá-se a causa o valor de R$ .

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Manaus, 12 de Setembro de 2023.

EVELIN LUANA SENA DA SILVA

OAB/AM 17.431

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