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ESTADO DE GOIÁS

MUNICÍPIO DE INHUMAS
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PARECER JURÍDICO

SOLICITANTE: FUNPRESI (Fundo de Previdência Social de Inhumas)

PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 6138/2021


ASSUNTO: Análise do Requerimento de licença prêmio não gozada da servidora Sarah
Machado de Freitas Severo, enquanto esteve investida do Cargo de Auxiliar de Serviços
Diversos Decreto nº 92 de 01/08/2006 (nomeação) e Decreto nº 212, de 01/08/2017
(exoneração).

I. DO RELATÓRIO

Trata-se de processo administrativo nº 6138/2021, no qual a servidora Sarah


Machado de Freitas Severo, atualmente investida no cargo de Professora, aprovada em
Concurso público, com data de admissão de 02/08/2017, através do Decreto nº 216 de
03/08/2017, lotada junto à Secretaria de Educação, requereu licença prêmio não gozada
pelo período de 2006/2011 e 2011/2016, referente a vínculo anterior com o município,
do Cargo de Auxiliar de Serviços Diversos (Decreto nº92 de 01/08/2006 (nomeação) e
Decreto nº 212, de 01/08/2017 (exoneração).

Os autos encontram-se instruídos, dentre outros, com: requerimento da


interessada; Documento contendo cópia da publicação de nomeação e exoneração da
interessada, documento contendo o período da licença prêmio não usufruída, documento
contendo o período de gozo de licença por interesse particular.

Segundo informações dos autos, a servidora não gozou de licença prêmio


enquanto esteve investida no Cargo de Auxiliar de Serviços Diversos, gozando tão somente,

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licença por interesse particular em 24/03/2011 a 22/03/2015, de acordo com a Portaria


154 de 14/04/211, retornando à sua função em 03/11/211 (Portaria 369, de 25/10/2011).

A Procuradoria Geral do Município, por sua vez, realizou a análise jurídica


sobre o assunto em voga, por meio do Parecer nº 363/2021, partindo da premissa de que
as licenças prêmios não gozadas, após o rompimento do vínculo, se extinguem juntamente
com a exoneração, motivo pela qual a servidora não teria direito a quaisquer status ou
vantagens relativas ao outro cargo ocupado, exceto para cômputo de tempo para
aposentadoria se devidamente averbado.

Nesse sentido, entende-se que a licença prêmio é oriunda do exercício do


cargo, e não a condição de servidor, motivo pelo qual extingui-se o direito de fruição, com a
exoneração.

O que adoto por seus próprios fundamentos.

No entanto, após informações da FUNPRESI constatou-se que a servidora


recebeu o seu acerto, por ocasião de sua exoneração, no entanto, não houve conversão da
licença prêmio em pecúnia, uma vez que é vedado pelo art. 188, parágrafo único da Lei
2.032/1990 (Estatuto do Servidor).

Por sua vez, como não poderia deixar de ser, o novo Estatuto resguardou os
direitos adquiridos relativos à licença-prêmio, de modo que os quinquênios implementados
para esse fim até a data da vigência da hodierna norma funcional se prestam à concessão
desse benefício, nos moldes da legislação revogada.

Resta pacificado em nossos tribunais, o entendimento de que estes blocos


de licença-prêmio devem ser indenizados. O argumento utilizado é o de que, em caso
contrário, estaríamos diante de hipótese de enriquecimento ilícito do Estado, que explora a

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força de trabalho do seu empregado, bem que não pode ser restituído.

Em que pese o referido entendimento, para que o servidor possa pleitear o


pagamento destes períodos, deve ele estar desligado do serviço público, seja por
aposentadoria, exoneração ou demissão. Após a inatividade, a propositura de ação se torna
viável para o percebimento em pecúnia dos períodos de licença-prêmio não gozados.

Corroborando esta posição, citamos decisão do Tribunal de Justiça do Rio


de Janeiro, nos seguintes termos:
Apelação cível. Conversão de licença prêmio não gozada em pecúnia.
Servidora pública aposentada. Sentença de procedência. Recurso do
Réu objetivando a reforma da sentença para que a indenização tenha
como base de cálculo a última remuneração da Autora, quando em
atividade, excluindo-se as parcelas transitórias que eventualmente
integrassem os seus vencimentos. Abono permanência e demais
gratificações que seriam pagas mesmo que o servidor efetivamente
gozasse a licença prêmio não ostentam caráter transitório. O cálculo
da verba indenizatória deve ter por base a remuneração percebida pela
Autora na data da passagem para a inatividade, excluídas apenas as
parcelas que não seriam devidas no caso de efetivo gozo da licença
prêmio. Precedentes desta Corte e do STJ. Recurso parcialmente
provido.

*************

APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDORA PÚBLICA ESTADUAL APOSENTADA.


LICENÇAS PRÊMIO NÃO GOZADAS. CONVERSÃO EM PECÚNIA -
POSSIBILIDADE. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA, PARA CONDENAR O
RÉU AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO RELATIVA A DUAS LICENÇAS
PRÊMIO NÃO GOZADAS. APELO DO RÉU QUE SE RESTRINGE A
REQUERER QUE A CONDENAÇÃO 3 ENGLOBE SOMENTE UM PERÍODO
DE LICENÇA PRÊMIO NÃO GOZADA E QUE A BASE DE CÁLCULO DA

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INDENIZAÇÃO SEJA O VALOR DO ÚLTIMO VENCIMENTO DA APELADA


QUANDO EM ATIVIDADE. TEOR DO ART. 129, §1º, DO DECRETOLEI
2.479/79. ELEMENTOS CONSTANTES NOS AUTOS QUE REVELAM QUE
A APELADA NÃO COMPLETOU O PERÍODO AQUISITIVO PARA GOZAR
DO BENEFÍCIO, RELATIVAMENTE AO SEGUNDO PERÍODO PLEITEADO,
CONSIDERANDO-SE SEU AFASTAMENTO POR PRAZO SUPERIOR A 90
DIAS PARA TRATAMENTO DE SAÚDE, NO RESPECTIVO QUINQUÊNIO.
CÁLCULO DA INDENIZAÇÃO QUE DEVE TER COMO BASE OS
VENCIMENTOS PERCEBIDOS PELA DEMANDANTE NA DATA DA
PASSAGEM PARA A INATIVIDADE, POIS O DIREITO DE CONVERSÃO DO
PERÍODO DE LICENÇA PRÊMIO NÃO GOZADA EM PECÚNIA SURGIU NO
MOMENTO DA APOSENTADORIA. PRECEDENTES. JUROS E CORREÇÃO
MONETÁRIA. NOVA REDAÇÃO DO ART. 1º-F, DA LEI 9494/97,
ALTERADO PELA LEI 11.960/2009. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
RECURSO PROVIDO, NA FORMA DO ART. 557, §1º-A, CPC. (0174384-
51.2011.8.19.0001 - APELAÇÃO - DES. FERNANDO CERQUEIRA -
Julgamento: 17/04/2013 - DECIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL)

**********

Apelação cível. Administrativo. Servidora pública estadual inativa.


Pedido de conversão de licenças-prêmio não gozadas em pecúnia.
Sentença que julgou o pedido 5 procedente. Alegação de prescrição
afastada, uma vez que o início do prazo prescricional somente
começou a fluir da data da aposentadoria da apelada, quando não
mais poderia usufruir o seu direito, sendo, portanto, este o momento
da lesão ao direito. Possibilidade de conversão em pecúnia de
licenças-prêmio não gozadas. Vedação ao enriquecimento sem causa
da Administração Pública e responsabilidade civil do Estado.
Entendimento pacificado no STF e no STJ. O valor a ser pago deve ser
o da última remuneração da autora antes da aposentadoria, em
fevereiro de 2006, pois o direito da apelada em conversão de seus
períodos de licença especial não gozados em pecúnia surgiu no
momento da aposentaria. Reforma da sentença quanto à fixação dos

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juros de mora, eis que possível a aplicação imediata às ações em curso


da Lei 11.960/09, que veio alterar a redação do artigo 1º-F da Lei
9.494/97. Reforma também para determinar a isenção do Estado do
pagamento das custas processuais, de acordo com o inciso IX do art.
17 da Lei Estadual nº. 3.350/99. Honorários advocatícios mantidos no
percentual de 10% sobre o valor da condenação, eis que a regra do
artigo 20, § 4º, do CPC não implica que os honorários advocatícios
devam ser, obrigatoriamente, arbitrados em montante inferior a dez
por cento sobre o valor da condenação, cabendo ao juiz fixá-los
segundo sua apreciação equitativa. Parcial reforma da sentença,
apenas para determinar a incidência da nova redação do art.1º-F da
Lei 9.494/97 na fixação dos juros moratórios, bem como para isentar
o Estado do pagamento de custas processuais. Recurso parcialmente
provido, na forma do 6 § 1º-A do art. 557 do CPC. (0000941-
25.2009.8.19.0035 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO - DES. NANCI
MAHFUZ - Julgamento: 19/12/2012 - DECIMA SEGUNDA CÂMARA
CÍVEL)

Eis, abaixo, mais alguns precedentes sobre o tema:


 Ag Rg no Ag nº 834.159/SC
 Apelação Cível nº 990.10. 148768-3
 AgRg no Ag nº 350.379/MG
 AgRg no Ag nº 398.091/DF
 REsp nº 248.672/SP
 Agr.Reg. no Agr.Instr. nº 928.359/SP
 Agr.Reg. no Agr.Instr. nº 1.113.091/SP

II. CONCLUSÕES

Do exposto, constata-se que os pareceres jurídicos são atos administrativos


meramente enunciativos, constituindo uma opinião que não cria nem extingue direitos,
sendo um “expediente” praticado pela assessoria jurídica de enquadramento dos fatos sob
o prisma legal de sua ótica, dentro de uma certa coerência.

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Por outro lado, não se quer dizer que ao parecerista é dado agir de forma
negligente. O que se afirma, ao contrário, é que a pessoa responsável pela veiculação de tal
ato emitirá um juízo acerca da matéria sob apreciação, cujos fundamentos arrolados como
base de sua opinio terão por base as mais variadas fontes (Lei, doutrina, jurisprudência dos
Tribunais, Decisões dos Tribunais de Contas e principalmente a supremacia do interesse
público) que, inevitavelmente, em alguns pontos, não comungarão de uma opinião comum.

Desta forma, pela análise do caso em comento, observa-se que a


interessada tem direito à conversão da licença prêmio em pecúnia, no que referente ao
período de 2011 a 2016. O que opina pela inclusão deste.

Na oportunidade, cite-se que a análise aqui formulada não tem por fim se
imiscuir em questões de ordem técnica, financeira e orçamentária inerentes ao
procedimento, limitando-se o emissor deste ato opinativo a avaliar apenas o seu aspecto
jurídico-formal.

É o parecer. Salvo melhor juízo.

Inhumas-GO, 12 de maio de 2022.

JULIO CESAR MEIRELLES EVELYN FERREIRA DE MENDONÇA


OAB-GO 16.800 OAB-PA 15.002

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