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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DO

JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA XXXXXXXXXXXX –


ESTADO XXXXXXXXXXXXXXXX

EMENTA: URGENTE. PEDIDO DE


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO APÓS A EC 103/19.
REGRA DE TRANSIÇÃO DO ART. 20.
PEDÁGIO 100%. RECONHECIMENTO
DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO.
PRESUNÇÃO RECOLHIMENTO DA
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO
PERÍODO. ART. 30, INCISO I, ALÍNEA
“A”, DA LEI Nº 8.212/91 E ART. 34,
INCISO I, DA LEI Nº 8.213/91.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileira, casada,


desempregada, inscrita no CPF sob o nº XXXXXXXXXXXXXXXXX, portadora do RG sob o
nº XXXXXXXXXXXXX SESP/MT, nascida em XX/XX/XXXX, residente e domiciliada na
Rua XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, cidade, CEP XXXXXXXXXXX, por meio de seu(sua)
advogado(a) que ao final assina, conforme procuração acostada, vem, à presença de Vossa
Excelência, propor a presente:

AÇÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO


(REGRA DO PEDÁGIO DE 100% PREVISTA NO ART. 20, DA EC
103/19)
(com pedido de tutela antecipada)

em face de INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, que deverá ser citado na


pessoa de seu representante legal, com endereço na Rua XXXXXXXXXXXXXXXXX, n°
XXXXXXXXXXX, XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, pelos fundamentos de fato e de
direito que passa a expor.
I - PRELIMINARMENTE
I.a) Da renúncia aos valores excedentes à 60 salários mínimos para fins de alçada.

A parte autora renuncia ao valor excedente a 60 (sessenta) salários


mínimos na data do ajuizamento desta ação, considerando-se dentro deste limite todas as
prestações vencidas e doze parcelas vincendas, para fins de fixação da competência deste
Juizado Especial Federal, nos termos do art. 3º, § 3º, da Lei 9.099/1995 c/c arts. 1º, 3º e 17, da
Lei 10.259/2001.
Frisa-se que o valor da causa para efeito de alçada não se confunde
com o valor da condenação. Assim, o ajuizamento da ação em Juizado Especial Federal não
acarreta renúncia tácita aos valores da condenação que ultrapassam os 60 salários mínimos a
partir de um ano a contar da data do ajuizamento, incidindo juros e atualização monetária a
partir dos respectivos vencimentos.
(ATENÇÃO: além do tópico acima, relativo à renúncia do valor excedente ao teto do Juizado
Especial Federal, recomendamos que seja indicado CONCRETAMENTE o valor que se quer
renunciar, bem como a indicação de que esse valor excedente ao teto que se quer renunciar seja
retirado das PARCELAS VINCENDAS, nos termos do TEMA 1030, do STJ. A razão de se
indicar que, caso haja parcelas a serem renunciadas efetivamente, elas sejam extraídas não das
parcelas vencidas, mas sim das 12 parcelas vincendas, se deve ao fato de que haverá menor
prejuízo no calculo final dos atrasados. No calculo final dos atrasados, é possível passar do teto
dos juizados. A única questão é que, passando do teto dos Juizados, haverá a necessidade de
pagamento por precatório e não por RPV. Desse modo, pode ser vantajoso economicamente
manter as parcelas vencidas na data do ajuizamento – isto é, sem renunciá-las – uma vez que até
o trânsito em julgado elas sofrerão a incidência de juros e correção, aumentando o valor final do
quantum debeatur e, com isso, aumentado os seus honorários advocatícios).

I.b) Da gratuidade da justiça.

O art. 5º, da CF, LXXIV menciona que “o Estado prestará assistência


jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”.
Considerando que a parte autora atualmente não possui condições
financeiras de arcar com as despesas processuais, sem o prejuízo do próprio sustento e do
sustento de sua família, se encontrando em situação financeira desfavorável, e sendo notória a
sua miserabilidade perante a acepção jurídica, conforme declaração de hipossuficiência anexa a
esta inicial, requer os benefícios da Justiça Gratuita e da Assistência Judiciária, nos termos do
art. 98 do CPC/15.

I.c) Do prévio requerimento administrativo.

Em atendimento ao TEMA 350, da repercussão geral do Supremo


Tribunal Federal, informa a parte autora que ingressou com prévio pedido administrativo, o qual
foi indeferido, conforme carta de indeferimento que se junta em anexo a essa petição inicial.
A DER do NB XXXXXXXXXXX ocorreu em XX/XX/XX.

II – DOS FATOS
Na análise do processo administrativo, o INSS deixou de contabilizar
o período em que o segurado laborou para o empregador XXXXXXXXXXXXXXX, durante o
período de XX/XX/XXXX a XX/XX/XXXX, sob o argumento de que não houve contribuição
recolhida.
Ocorre, contudo, que a norma previdenciária é inequívoca quanto ao
reconhecimento de tempo contributivo na condição de empregado, ainda que inexista
recolhimento previdenciário. Nesse caso, basta a comprovação do vínculo de emprego no
período.
Por esse motivo, a parte autora vem postular o reconhecimento do
período de labor desconsiderado pelo INSS para fins de conceder-lhe o benefício de
aposentadoria por tempo de contribuição, seguindo a regra de transição do art. 20, da EC
103/2019 (pedágio de 100%).

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS.


II.a) Da regra de transição do art. 20 da EC 103/2019

Pela regra de transição prevista no art. 20, da EC 103/2019, fica


assegurado o direito à aposentadoria voluntária quando forem preenchidos, cumulativamente, os
seguintes requisitos:
I - 57 (cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e 60
(sessenta) anos de idade, se homem;
II - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e
cinco) anos de contribuição, se homem;
III - para os servidores públicos, 20 (vinte) anos de efetivo
exercício no serviço público e 5 (cinco) anos no cargo efetivo
em que se der a aposentadoria;
IV - período adicional de contribuição correspondente ao
tempo que, na data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional, faltaria para atingir o tempo mínimo de
contribuição referido no inciso II.
Essa é chamada regra do pedágio de 100%, a qual exige o acréscimo
do tempo correspondente ao que faltava para atingir o tempo mínimo de contribuição previsto
no inciso II. Ou seja, se faltassem apenas 3 anos para completar 30 anos de contribuição, a
segurada deveria contabilizar mais 6 anos para ter direito à aposentadoria por essa regra.
É de se notar que por essa regra há a exigência cumulada do requisito
etário, de modo que este não pode ser ignorado pelo segurado. Assim, além de cumprir o tempo
de contribuição mínimo exigido pela norma, deve completar 57 (cinquenta e sete) anos de idade,
se mulher, e 60 (sessenta) anos de idade, se homem.

II.b) Do requisito etário

Atento ao que disciplina a norma quanto ao preenchimento do


requisito etário, tem-se que a parte autora inequivocamente preenche a exigência da regra, vez
que possuía na DER 57 (cinquenta e sete) anos de idade (data de nascimento XX/XX/XXXX).

II.c) Do reconhecimento do vínculo de emprego para fins de tempo contribuição/carência


Em relação ao referido vínculo de emprego não houve contribuição
previdenciária recolhida, de modo que o labor foi prestado sem assinatura de carteira de
trabalho. Apesar disso, a proteção previdenciária do segurado empregado deve ser garantida,
vez que as contribuições do período são presumidas.
Para tanto, a requerente apresenta diversos documentos que
comprovam o labor prestado na condição de empregado para a empresa XXXXXXXXXXXXX,
durante o período de XX/XX/XXXX a XX/XX/XXXX:
i. Contrato de trabalho assinado pelo
empregador/empregado
ii. Recibos de pagamento de salário
iii. Sentença trabalhista homologatória de acordo
iv. Comprovantes de pagamento do acordo trabalhista
firmado
Assim, a teor do art. 30, inciso I, alínea “a”, da Lei nº 8.212/91 e do
art. 34, inciso I, da Lei nº 8.213/91, comprovada a existência de vínculo de emprego, a condição
de segurado é garantida, de modo que as contribuições previdenciárias do período gozam de
presunção de recolhimento.
Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras
importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas:

I - a empresa é obrigada a:

a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores


avulsos a seu serviço, descontando-as da respectiva remuneração;

________________________________

Art. 34. No cálculo do valor da renda mensal do benefício, inclusive o


decorrente de acidente do trabalho, serão computados:

I - para o segurado empregado, inclusive o doméstico, e o trabalhador


avulso, os salários de contribuição referentes aos meses de contribuições
devidas, ainda que não recolhidas pela empresa ou pelo empregador
doméstico, sem prejuízo da respectiva cobrança e da aplicação das
penalidades cabíveis, observado o disposto no § 5o do art. 29-A;

A partir da análise da documentação apresentada, torna-se


imprescindível o reconhecimento do vínculo empregatício, mesmo diante da ausência de
recolhimento de contribuições previdenciárias ao sistema previdenciário.
Nesse contexto, é necessário que o período de trabalho seja
devidamente computado para todos os fins, incluindo tempo de contribuição e carência, a fim de
garantir a justa garantia dos direitos previdenciários pertinentes.

II.d) Do somatório do tempo de contribuição

Somando-se o tempo de contribuição reconhecido pelo INSS no


processo administrativo (NB XXXXXXXXXXX) com o tempo de contribuição a ser
reconhecido nesta demanda, tem-se o total de XX anos, XX meses e XX dias de tempo de
contribuição na DER.
Confira no resumo do cálculo abaixo:
Tempo de Período do Tempo de Tempo de Tempo de
contribuição benefício por contribuição contribuição contribuição
reconhecido incapacidade até 13/11/2019 necessário na DER
pelo INSS (XX/XX/XXXX a (Pedágio
XX/XX/XXXX) 100%)

XX anos, XX XX anos, XX 27 anos 06 (seis) anos XX anos, XX


meses e XX meses e XX dias meses e XX
dias dias

Pela regra do art. 20, da EC 103/2019, possuindo a parte autora 27


anos de tempo de contribuição em 13/11/2019, bastaria cumprir 06 (seis) anos de tempo de
contribuição, sendo 03 (três) anos utilizáveis para atingir 30 (trinta) anos (inciso II) e 03 (três)
anos de pedágio (100% do tempo restante até atingir 30 anos). Ou seja, necessário comprovar
33 (trinta e três) de tempo de contribuição.
Conforme o cálculo que se apresenta, a parte autora implementou o
tempo de contribuição necessário para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição
em XX/XX/XXXX, condições estas presentes na DER do benefício requerido.
Sendo assim, preenchidos os requisitos de idade e de tempo de
contribuição cumulativamente, não resta dúvida quanto ao direito à concessão do benefício de
aposentadoria por tempo de contribuição, nos termos da regra de transição do art. 20, da EC
103/2019 (pedágio de 100%).

II.e) Da tutela de urgência.

O novo Código de Processo Civil estabelece em seu art. 300 que “A


tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.
No caso em tela, visa-se a concessão de benefício previdenciário de
aposentadoria por tempo de contribuição, revelando o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo, vez que se trata de benefício de caráter alimentar.
A probabilidade do direito, por sua vez resta demonstrada, uma vez
que o INSS deixou de computar como tempo de contribuição o período de vínculo de emprego
comprovado pelo segurado, não obstante inexista recolhimento de contribuição previdenciária
no CNIS.
Desse modo, é imperioso que sejam antecipados os efeitos da tutela,
através do deferimento, in limine litis, para concessão do benefício de aposentadoria por tempo
de contribuição requerida, eis que evidenciados os requisitos necessários a tal medida.
Caso não seja possível a antecipação da tutela inaudita altera pars,
pugna-se pela concessão da antecipação de tutela em sede de sentença.
III – DOS PEDIDOS.

Isto posto, com base nos fatos e fundamentos jurídicos acima


expostos, requer à V.Exa., o quanto segue:
a) concessão da GRATUIDADE DA JUSTIÇA, tendo em vista que a parte autora é
hipossuficiente financeira, nos termos da Lei 1.060/50, bem como art. 98, do Código de
Processo Civil;
b) a CITAÇÃO do INSS, para que, querendo, apresente sua defesa;
c) a concessão de TUTELA ANTECIPADA, eis que estão presentes o fumus boni iuris e
o periculum in mora, tendo em vista, especialmente, tratar-se de verba de caráter
alimentar;
d) a confirmação da antecipação da tutela com a condenação do INSS na obrigação de
conceder o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, nos termos do
art. 20, da EC 103/2019 (pedágio de 100%), desde a DER, em XX/XX/XXXX,
reconhecendo o período XX/XX/XXXX a XX/XX/XXXX para todos os fins
previdenciários;
e) a condenação do INSS na obrigação de pagar consistente no direito de a parte autora
receber as parcelas atrasadas referentes ao benef ício concedido nos termos do item
anterior, compreendidas desde a DER at é a data da efetiva implantação , acrescidos de
juros e correção monetária, respeitada a prescrição quinquenal na forma da Súmula 85,
do STJ.
Pugna pela produção de todos os meios de prova legalmente
admitidos, especialmente prova documental, pericial e testemunhal (testemunhas que serão
arroladas oportunamente), com fundamento no art. 370, do CPC.
Informa, por fim, que a parte autora está disposta a realizar
conciliação/mediação, a ser analisada conforme proposta eventualmente apresentada pela
autarquia previdenciária.
Dá-se à causa o valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais),
conforme cálculos anexos.
Nestes termos,
Pede deferimento.
XXXXXXXXXXX, XXXX de XXXXXXXXXXX, de 202X.
_______________________________
OAB XXXXXXX/XX

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