Você está na página 1de 6

AO SR(A).

GERENTE EXECUTIVO DA AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DE


                                                                                             
XXXXX, XXXXX, vem, por meio de seus procuradores, requerer a concessão de
APOSENTADORIA POR IDADE COM CONVERSÃO DE TEMPO DE ATIVIDADE
ESPECIAL,
pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos:
  
I – DOS FATOS
O Requerente, nascido em XXXXX, contando atualmente com XX anos de idade, filiou-se à
Previdência Social em XXXXX, sendo que até a presente data realizou diversas contribuições. A
tabela a seguir demonstra de forma objetiva estes períodos:
XXXXX
Portanto, conforme se depreende da tabela supra, o Requerente possui direito ao benefício de
aposentadoria por idade. É o que passa a expor e requerer. 
II – DO DIREITO
O benefício previdenciário de aposentadoria por idade está previsto na Constituição Federal, e
teve suas regras alteradas pela Emenda Constitucional n.º 103/2019.
Em casos onde o Segurado já era filiado ao RGPS antes da mudança do texto constitucional, e
preenche os requisitos inerentes à concessão do benefício após a sua vigência, aplicar-se-ão as
chamadas regras de transição.
 No que tange ao benefício ora requerido, perceba-se o teor do art. 18 da EC 103/2019:
Art. 18. O segurado de que trata o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituição Federal  filiado ao
Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional poderá aposentar-se quando preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I – 60 (sessenta) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem; e
 II – 15 (quinze) anos de contribuição, para ambos os sexos.
1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade de 60 (sessenta) anos da mulher, prevista no inciso I
do caput, será acrescida em 6 (seis) meses a cada ano, até atingir 62 (sessenta e dois) anos de
idade.
2º O valor da aposentadoria de que trata este artigo será apurado na forma da lei.
 Portanto, sendo o Segurado filiado ao RGPS desde XXXXX (antes da vigência da EC
103/2019), e tendo preenchido os requisitos inerentes à concessão do benefício de aposentadoria
por idade em XXXXX (após a vigência da EC 103/2019), faz jus a aplicação da regra de
transição transcrita acima.
Na presente data o Segurado conta com XX anos de idade, de forma que o requisito etário de 65
anos de idade foi preenchido em XXXXX.
DA CONVERSÃO DO TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM
Para aqueles trabalhadores que sucessivamente se submeteram a atividades sujeitas ao regime de
aposentadoria especial e comum, o § 1º do art. 201 da Constituição Federal estabelece a
contagem diferenciada do período de atividade especial.
A conversão do tempo de serviço especial em tempo de serviço comum é feita utilizando-se um
fator de conversão, pertinente à relação que existe entre o tempo de serviço especial exigido para
gozo de uma aposentadoria especial (15, 20 ou 25 anos) e o tempo de serviço comum. O Decreto
3.048/99 e o anexo XXVIII da IN 77/2015 trazem a tabela com os multiplicadores:
MULTIPLICADORES
TEMPO A CONVERTER
MULHER (PARA 30) HOMEM (PARA 35)

DE 15 ANOS 2,00 2,33

DE 20 ANOS 1,50 1,75

DE 25 ANOS 1,20 1,40


É importante ressaltar que a comprovação da atividade especial até 28 de abril de 1995 era feita
com o enquadramento por atividade profissional (situação em que havia presunção de submissão
a agentes nocivos) ou por agente nocivo, cuja comprovação demandava preenchimento pela
empresa de formulários SB40 ou DSS8030, indicando qual o agente nocivo a que estava
submetido.
Todavia, a partir de 05 março de 1997, com a vigência do Decreto nº 2.172/97, passou-se a
exigir, para fins de reconhecimento de tempo de serviço especial, a comprovação da efetiva
sujeição da segurada a agentes agressivos por meio de laudo técnico, ou por meio de perícia
técnica.
Quanto ao pedido de conversão de atividade especial em comum do Enquadramento por
Categoria Profissional também imposta na IN 77/2015 INSS/PRES:
Art. 269. Para enquadramento de atividade exercida em condição especial por categoria
profissional o segurado deverá comprovar o exercício de função ou atividade profissional até 28
de abril de 1995, véspera da publicação da Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, arroladas nos
seguintes anexos legais:
 I - quadro anexo ao Decretos nº 53.831, de 25 de março de 1964, a partir do código 2.0.0
(Ocupações); e
II - Anexo II do Decreto nº 83.080, de 1979.
 Parágrafo único. Serão consideradas as atividades e os agentes arrolados em outros atos
administrativos, decretos ou leis previdenciárias que determinem o enquadramento por atividade
para fins de caracterização de atividades exercida em condições especiais.
No ponto, a Emenda Constitucional nº 103/2019 garantiu o direito à conversão de tempo especial
em tempo comum, aos segurados que comprovarem tempo de efetivo exercício de atividade
sujeita a condições especiais que efetivamente prejudiquem a saúde, desde que cumprido até a
data da entrada em vigor da Emenda, a saber, 13/11/2019. Veja-se a redação do art. 25, §2º, da
EC 103/2019:
Art. 25. Será assegurada a contagem de tempo de contribuição fictício no Regime Geral de
Previdência Social decorrente de hipóteses descritas na legislação vigente até a data de entrada
em vigor desta Emenda Constitucional para fins de concessão de aposentadoria, observando-se, a
partir da sua entrada em vigor, o disposto no § 14 do art. 201 da Constituição Federal.
(...) § 2º Será reconhecida a conversão de tempo especial em comum, na forma prevista na Lei nº
8.213, de 24 de julho de 1991, ao segurado do Regime Geral de Previdência Social que
comprovar tempo de efetivo exercício de atividade sujeita a condições especiais que
efetivamente prejudiquem a saúde, cumprido até a data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional, vedada a conversão para o tempo cumprido após esta data.
No caso em comento, verifica-se que o Requerente desempenhou atividades laborativas nas
funções de XXXXX, durante boa parte da sua carreira profissional, com exposição a agentes
nocivos à sua saúde a integridade física até o dia XXXXX, ou seja, em momento anterior à
aprovação da Reforma da Previdência.
No ponto, insta ressaltar que a Emenda Constitucional 103/2019 não faz qualquer ressalva
quanto à possibilidade de conversão de tempo especial em comum para o preenchimento do
requisito temporal da nova aposentadoria por idade. Com efeito, o art. 18 da Emenda refere
apenas a necessidade de que o Segurado possua 15 anos de tempo de contribuição, não fazendo
qualquer referência sequer à necessidade de carência.
Assim, uma vez que o legislador não se preocupou em restringir a possibilidade de cômputo de
período especial para a concessão de aposentadoria por idade, utilizando-se do princípio da
estrita legalidade, previsto no art. 37, da Constituição Federal, faz-se indispensável o
reconhecimento da conversão dos períodos XXXXX de atividade especial em comum, conforme
se demonstrará a seguir. 
DA COMPROVAÇÃO DA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES NOCIVOS – CASO CONCRETO
Considerando a evolução a respeito do conjunto probatório para o reconhecimento das atividades
especiais, passa-se à análise da comprovação dos agentes nocivos presentes em todos os períodos
contributivos requeridos.
Períodos: XXXXX a XXXXX 
Empresas: XXXXX  
Cargos: XXXXX  
Para comprovação da atividade especial, a Requerente apresenta formulário PPP emitido pela
empresa empregadora. Veja-se:
XXXXX  
O documento registra a exposição ao agente nocivo ruído em níveis superiores ao limite previsto.
Segue ainda em anexo o Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) da
empresa, o qual confirma os registros do PPP e, além disso, traz a informação de que foi
utilizada metodologia de aferição de ruído estabelecida na Norma de Higiene Ocupacional 01
(NHO-01) da FUNDACENTRO. 
XXXXX 
Destaca-se que, em consonância com o do Decreto 3.048/1999, a própria Instrução Normativa nº
77/2015 do INSS adota a referida metodologia como padrão:
Art. 280. A exposição ocupacional a ruído dará ensejo a caracterização de atividade exercida em
condições especiais quando os níveis de pressão sonora estiverem acima de oitenta dB (A),
noventa dB (A) ou 85 (oitenta e cinco) dB (A), conforme o caso, observado o seguinte:
[...]
b) as metodologias e os procedimentos definidos nas NHO-01 da FUNDACENTRO.
Pelo exposto, deve ser reconhecida a atividade especial conforme enquadramento previstos nos
códigos 1.1.6 do Decreto 53.831/64 (ruído), 2.0.1 do Decreto 2.172/97 (ruído) e 2.0.1 do Decreto
3.048/99 (ruído). 
DA REAFIRMAÇÃO DA DER PARA DATA POSTERIOR AO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO E DEVER DO INSS DE CONCEDER O MELHOR BENEFÍCIO E
EXCLUIR CONTRIBUIÇÕES PREJUDICIAIS AO SEGURADO
Na remota eventualidade de não serem reconhecidos todos os períodos postulados,  requer seja
reafirmada a DER para o momento em que o Requerente adquirir direito a aposentadoria
especial, concedendo-se o benefício a partir da data da aquisição do  direito, nos termos do art.
690 da IN 77/2015:
Art. 690. Se durante a análise do requerimento for verificado que na DER o segurado não
satisfazia os requisitos para o reconhecimento do direito, mas que os implementou em momento
posterior, deverá o servidor informar ao interessado sobre a possibilidade de reafirmação da
DER, exigindo-se para sua efetivação a expressa concordância por escrito.
 Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se a todas as situações que resultem em benefício
mais vantajoso ao interessado.
Por outro lado, vale ressaltar que o §6º do art. 26 da EC nº 103/2019 (Reforma da Previdência)
possibilitou a exclusão de contribuições que impliquem em redução do valor do benefício do
segurado:
6º Poderão ser excluídas da média as contribuições que resultem em redução do valor do
benefício, desde que mantido o tempo mínimo de contribuição exigido, vedada a utilização do
tempo excluído para qualquer finalidade, inclusive para o acréscimo a que se referem os §§ 2º e
5º, para a averbação em outro regime previdenciário ou para a obtenção dos proventos de
inatividade das atividades de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal. 
Assim, considerando o dever do INSS conceder o melhor benefício a qual o segurado fizer jus
(art. 687, IN 77/2015), deverão ser excluídas as contribuições que resultem em prejuízo ao
segurado, no momento em quando fizer jus a benefício mais vantajoso com a exclusão de
contribuições.
III – REQUERIMENTOS
ANTE O EXPOSTO, requer:
O recebimento e o deferimento do requerimento;
A produção de todos os meios de prova em direito admitidos. Em caso de necessidade de dilação
probatória, requer seja aberto prazo para cumprimento das exigências pertinentes;
A realização de Justificação Administrativa para complementação e ratificação das provas do
desempenho das atividades especiais desenvolvidas;
O reconhecimento de todos os períodos contributivos;
O reconhecimento da especialidade dos seguintes períodos contributivos: XXXXX;  
A conversão do tempo de serviço especial em comum dos períodos em que o Sr. XXXXX
desenvolveu atividades consideradas especiais, conforme autoriza o art. 256 da IN 77/2015
INSS/PRES;
A concessão do benefício de APOSENTADORIA POR IDADE, a partir da data do agendamento
do requerimento administrativo (XXXXX).
Subsidiariamente, caso não seja reconhecido tempo suficiente para a concessão do benefício até
a DER, requer o cômputo dos períodos posteriores, e a concessão de aposentadoria por idade,
com a reafirmação da DER para a data em que a segurada preencheu os requisitos para a
concessão do benefício, conforme art. 690 da IN 77/2015.
Não sendo reconhecido o direito de aposentadoria para o Sr. XXXXX, que imediatamente seja
agendada cópia do processo administrativo deste benefício, devendo correr o prazo recursal
somente após a entrega da cópia do processo. Requer que agendamentos sejam informados para
o procurador no momento do indeferimento do pedido.
 
Nesses Termos;
Pede Deferimento.
XX de XXX de XXXX.
XXXXX
 

Você também pode gostar