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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A)


FEDERAL DA VARA DO TRABALHO OURINHOS/SP

ELISÂNGELA GOMES, brasileira, solteira, cozinheira,


portadora da Cédula de Identidade RG n SSP/SP, inscrita
o

no CPF/MF sob n , nascida em 24/05/1980, filha de,


o

residente à Rua, n – Bairro, na cidade de Ourinhos/SP,


o

CEP 19900-000, e-mail: ; assistida pelo Sindicato dos


Trabalhadores em Hotéis, Motéis, Apart Hotéis, Flats,
Restaurantes, Lanchonetes, Fast Food, Bares e
Similares de Marília, Ourinhos, Assis e Região; por
intermédio de seus advogados e bastantes procuradores
judiciais que a esta subscrevem (instrumento de mandato
em anexo), vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, com fulcro nos artigos 840 da CLT e 319 do
NCPC, propor a presente

RECLAMAÇÃOTRABALHISTA

em face de TIAGO Ltda, (Nome Fantasia:), pessoa jurídica


de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob n , o

estabelecida à Avenida, n – Jardim Paulista, na cidade de


o

Ourinhos/SP, CEP 19900-000; pelos motivos de fato e de


direito que a seguir passa a expor.

Fls.: 3

I – DO CONTRATO DE TRABALHO

A Reclamante foi contratada pela Reclamada em


20/04/2021 para o exercício da função de cozinheira,
mediante o recebimento da remuneração de R$ 1.527,00
(um mil quinhentos e vinte e sete reais), conforme CTPS
em anexo. O contrato de trabalho foi anotado em CTPS
apenas em 27/08/2021, de forma não retroativa.

Durante período contratual, a gerente Andréia, que é irmã do


proprietário Tiago, causou diversos transtornos à Reclamante, com
perseguições e ofensas no ambiente de trabalho.

No início do mês de Novembro/2021, a gerente Andréia


discutiu gravemente com a obreira, na frente dos demais
funcionários e, aos gritos, a insultou dizendo que a obreira
é muito lerda, de forma que precisa ser tratada aos
trancos, sendo necessário gritar para que entenda as
ordens.

Em ato contínuo, a Reclamante falou com a proprietária


Nayara (esposa do empregador Tiago), relatando o ocorrido,
bem como reprisando os acontecimentos anteriores que já
eram de seu
Fls.: 4

conhecimento; tendo a empregadora lhe dito que


conversaria com a gerente Andréia, prometendo que os
fatos não se repetiriam.

Contudo, nada mudou: a Reclamante continuou


trabalhando sob pressão, sendo alvo de intimidação, rigor
excessivo e ofensas por parte da gerente Andréia.

Em razão das situações excessivamente estressantes a que


foi submetida, a obreira ficou emocionalmente abalada,
passando a ter crises de ansiedade e pânico.

E, em 17/11/2021 acabou tendo uma crise dissociativa


conversiva (CID-10: F44) no ambiente de trabalho e foi
hospitalizada, pois em razão da forte pressão psicológica
sofrida, teve paralização do lado esquerdo do corpo,
conforme relatório emitido pela médica neurologista que a
acompanhou durante a internação (doc. anexo).

A Reclamante teve alta hospitalar em 22/11/2021,


contudo, o braço esquerdo permaneceu paralisado, e a
obreira foi encaminhada para tratamento fisioterápico e
psiquiátrico em razão da

limitação motora do membro superior esquerdo ocasionado


pela ansiedade generalizada (CID: 681.9 e F41.1).

Portanto, auferiu benefício previdenciário durante o período


de afastamento e recebeu alta médica para retornar ao
trabalho apenas em 11/07/2022, conforme Atestado de
Saúde Ocupacional (doc. anexo).

Tendo conversado com o empregador Tiago sobre o seu


retorno ao trabalho, o mesmo disse à Reclamante que ela
retornaria às mesmas funções, nas mesmas condições de
trabalho, inclusive, estaria sob a gerência da Andréia, de
forma que se a obreira não quisesse trabalhar com ela,
deveria pedir demissão.
Contudo, tamanho foi o abalo no sistema nervoso da
Reclamante, que a obreira tem verdadeiro pavor só de
pensar na possibilidade de reviver o trauma sofrido e
passa mal só de cogitar a hipótese de estar diante da
gerente Andréia e sofrer novamente os maus tratos
relatados.

Assim, em razão do afastamento laboral da obreira ter sido


decorrente às condições de trabalho, e a fim de evitar
prejuízos maiores à sua saúde, a obreira considerou seu
contrato de trabalho rescindido de forma indireta no dia
12/07/2022; motivo pelo qual, propõe a presente
Reclamação Trabalhista, com fulcro no art. 840 da CLT, a
fim de que seja reconhecida a rescisão indireta do contrato
de trabalho, nos termos do art. 483, alíneas “a”, “b”, “c” e
“e”, e §3 , da CLT.
o

II – DA CAUSA DE PEDIR

a) Da rescisão indireta do contrato de trabalho

Conforme relatado anteriormente, a Reclamada deixou de


garantir as condições para o exercício das atividades
laborativas da Reclamante, visto que, mesmo ciente de
que a gerente do estabelecimento, Sra. Andréia, praticava
assédio moral contra a obreira, a empregadora nada fez
para conter os abusos e garantir a incolumidade moral,
emocional e psicológica da Reclamante.

Durante o período contratual, a obreira foi alvo de rigor


excessivo por parte da gerente Andréia, que a tratava aos
gritos, como forma de intimidação, inclusive tecendo
ofensas à pessoa da Reclamante na frente de outros
funcionários.

Ante às situações de extremo estresse, ocasionadas pela


gerente Andréia, a Reclamante teve o seu sistema nervoso
afetado, inicialmente através de crises de ansiedade e
pânico, culminando em uma crise dissociativa conversiva,
com paralização de membros, ocasionado por ansiedade
generalizada - CID: 681.9 e F41.1 e F44.

A obreira permaneceu afastada de suas atividades


laborativas no período de Novembro/2021 a Julho/2022,
auferindo benefício previdenciário, eis que foi necessário
longo tratamento fisioterápico e psiquiátrico, obtendo alta
médica somente em 11/07/2022, conforme Atestado de
Saúde Ocupacional (doc. anexo).

Ocorre que, sendo completamente inviável à obreira


retornar ao trabalho nas mesmas condições anteriores -
conforme o empregador lhe impôs - pois teme por sua
integridade mental, psicológica e emocional, a Reclamante
pleiteia o reconhecimento da rescisão indireta do contrato
de trabalho.

Têm-se que houveram descumprimentos contratuais e


legais por parte da Reclamada, eis que deixou de garantir
as condições de trabalho necessárias ao exercício das
atividades pela Reclamante.

Ressalte-se que a Reclamante considerou rescindido o


contrato de trabalho em 12/07/2022 apenas por não
suportar as situações acima mencionadas, especialmente o
assédio moral no ambiente de trabalho praticado pela
gerente Andréia. Aliás, se não fossem tais fatos, não
encerraria as suas atividades laborativas.

Desta forma, o reconhecimento da rescisão indireta do


contrato de trabalho é a medida que se impõe, nos termos do art. 483,

alíneas “a”, “b”, “c” e “e”, e §3 da CLT; devendo a


o

Reclamada pagar as verbas rescisórias da injusta


dispensa.

b) Do reconhecimento do vínculo empregatício


Período de 20/04/2021 a 26/08/2021

A Reclamante foi contratada pela Reclamada em


20/04/2021 para o exercício da função de cozinheira,
mediante o recebimento da remuneração mensal de R$
1.527,00 (um mil quinhentos e vinte e sete reais).

Apesar da prestação de serviços desde Abril/2021, a


Reclamante teve o contrato de trabalho anotado em CTPS
apenas em 27/08/2021, de forma não retroativa.
Cumpre destacar, entretanto, que apesar da ausência do
registro do contrato de trabalho no período de 20/04/2021
a 26/08/2021, a Reclamante manteve vínculo
empregatício com a Reclamada. Isto porque, laborou nos
moldes do art. 3 da CLT, uma vez que prestou serviços
o

com habitualidade, pessoalidade, subordinação e


onerosidade.

Assim, apesar da inexistência formal do registro do contrato


de trabalho no período supra mencionado, verifica-se que a
Reclamante laborou na condição de empregada
subordinada, fato que caracteriza o vínculo empregatício.

Em razão de todo o exposto, requer o reconhecimento do


vínculo empregatício no período de 20/04/2021 a
26/08/2021, devendo, a Reclamada ser compelida a
lançar as anotações de retificação do contrato de trabalho
na CTPS da Reclamante, informar aos Órgãos

competentes e proceder o recolhimento dos valores


pertinentes ao FGTS, bem como dos demais encargos
trabalhistas, previdenciários e fiscais do período
suprimido.

c) Das verbas rescisórias, guias e multas da CLT

Em sendo reconhecida a rescisão indireta do contrato de


trabalho, deverá a Reclamada ser condenada ao
pagamento das verbas rescisórias da injusta dispensa, a
saber:
- Aviso prévio indenizado de 30 dias;
- 13 salário proporcional de 2021 (07/12 avos);
o

- Projeção do aviso prévio no 13 salário de 2022 (01/12 avos);


o

- Férias proporcionais de 2021/2022 (07/12 avos), acrescidas de


1/3;
- Projeção do aviso prévio nas férias de 2022/2023 +
1/3 (01/12 avos); - Multa de 40% sobre o total do
FGTS;
- Multa do artigo 477, § 8 , da CLT tendo em vista o não
o

pagamento das verbas rescisórias em tempo hábil.

Requer ainda, que a Reclamada seja compelida ao


pagamento das verbas incontroversas em primeira
audiência, sob pena de arcar com o acréscimo do artigo
467, da CLT.

Por fim, requer que a Reclamada seja condenada a fornecer


as guias TRCT e CD/SD, sob pena de multa diária em
valor não inferior a R$ 500,00 (quinhentos reais), pelo não
fornecimento dos formulários, sem prejuízo da confecção
de alvará substitutivo.

d) Dos depósitos fundiários

Prescreve o art. 15 da Lei 8.036/90 que o empregador


deverá realizar os depósitos fundiários na conta vinculada
do empregado no importe de 8% sobre a remuneração
paga mensalmente.

Durante o período contratual não anotado em CTPS, ou


seja, de 20/04/2021 a 26/08/2021, a Reclamada não
efetuou os depósitos do Fundo de Garantia na conta
vinculada da obreira. Desta forma, requer a condenação
da Reclamada no pagamento dos depósitos faltantes,
corrigidos e atualizados, apresentando os comprovantes
em juízo, sob pena de execução direta.

e) Das horas extras pelo labor além da jornada

Durante toda a prestação de serviços à Reclamada, a


Reclamante cumpriu jornada de trabalho de terça a
quinta-feira das 17h00 às 00h00, de sexta-feira e sábado
das 17h00 às 01h30, e aos domingos das 10h00 às
17h00, sem intervalo.

O Reclamante não gozava de intervalo para alimentação e


descanso, visto que, por imposição da Reclamada devia se
alimentar rapidamente e retornar às ocupações, não
podendo se ausentar do estabelecimento em nenhuma
hipótese durante a jornada de trabalho.

Diante da jornada acima prevista, e ante a hora noturna


reduzida, verifica-se que a Reclamante suportou jornadas
de trabalho superiores as legalmente fixadas. Isto porque,
a jornada realizada pela Reclamante extrapolava as 8 horas
diárias e 44 horas semanais, conforme estabelecido pela
Constituição Federal, em seu artigo 7 inciso XIII e artigo
o

58 da Consolidação das Leis do Trabalho.

E, apesar de trabalhar em jornada prorrogada, a


Reclamante não recebeu as horas extraordinárias
trabalhadas. Assim, em decorrência do labor em
sobretempo, faz jus ao recebimento das horas extras,
devidamente acrescidas do adicional de 100%, conforme
previsto na Cláusula 18 da CCT/2020-2022.

Por serem habituais, deverão as horas extras refletir no


DSR, aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13 salários e
os

nos depósitos fundiários acrescidos da multa de 40%.

f) Das horas extras do intervalo intrajornada

Conforme já mencionado, durante a prestação de serviços à


Reclamada, a Reclamante laborou de terça a quinta-feira
das 17h00 às 00h00, de sexta-feira e sábado das 17h00 às
01h30, e aos domingos das 10h00 às 17h00, sem intervalo
para alimentação e descanso, posto que, por imposição da
Reclamada, a obreira deveria se alimentar rapidamente, no
máximo em 15 minutos, e retornar às ocupações
habituais, sendo proibido se ausentar do estabelecimento
durante a jornada de trabalho.

Assim, requer a condenação da Reclamada a pagar à


Reclamante uma hora extra diária, pela não concessão do
intervalo para refeição e repouso, a serem acrescidas do
adicional de 100% (cem por cento) sobre a hora normal de
trabalho, previsto na Cláusula 18 da CCT/2020-2022.

Por serem habituais, deverão as horas extras refletir no


DSR, aviso prévio, férias mais um terço constitucional, 13 os

salários e nos depósitos fundiários acrescidos da multa de


40%.

g) Da folga dominical em dobro

Durante todo o contrato de trabalho a Reclamante sempre


trabalhou aos domingos, folgando apenas às segundas-feiras.
Não obstante, a Cláusula 41 da CCT/2020-2022 estabelece
que aos empregados que laboram aos domingos deverá ser
concedido ao menos um domingo por mês, em caso de não
concessão esse domingo deverá ser pago em dobro.

Assim sendo, requer a condenação das Reclamadas ao


pagamento de um domingo por mês, em dobro, em
decorrência da não concessão de no mínimo uma folga
dominical mensal ao Reclamante.

h) Dos danos morais em razão do assédio moral

Conforme já mencionado no item I e no tópico “a” do item


II desta exordial, a Reclamante foi vítima de assédio moral
no ambiente de trabalho por parte da gerente Andréia,
irmã do empregador Tiago.

Isto porque, durante período contratual, a gerente Andréia


causou diversos transtornos à Reclamante, tratando-a com
rigor excessivo, perseguindo-a e a ofendendo de forma
gratuita e injusta. Ao que parece, Excelência, o objetivo da
gerente era subjugar a Reclamante!

A Reclamante foi humilhada, sendo muitas vezes ofendida


na presença dos demais funcionários da Reclamada, fato
que era de conhecimento dos proprietários Tiago e Nayara,
que nada fizeram para conter o assédio moral que vinha
ocorrendo no estabelecimento.

No início do mês de Novembro/2021, a gerente Andréia


discutiu gravemente com a Reclamante, na frente dos
demais funcionários e, aos gritos, a insultou dizendo que a
obreira é muito lerda, de forma que precisa ser tratada aos
trancos, sendo necessário gritar para que entenda as
ordens.

Em razão de ter que trabalhar sob forte pressão, sendo alvo


de intimidação, rigor excessivo e ofensas por parte da
gerente Andréia, a Reclamante chegou a tal nível de
estresse que ficou emocionalmente abalada, vindo a ter
crises de ansiedade e pânico.

Mas não foi apenas isto! Em 17/11/2021 a Reclamante teve


uma crise dissociativa conversiva (CID-10: F44) no
ambiente de trabalho e precisou ser hospitalizada, pois em
razão do nervosismo suportado, teve paralização do lado
esquerdo do corpo, conforme relatório médico (doc. anexo).

Mesmo após a alta hospitalar, permaneceu afastada de


suas atividades laborativas, recebendo benefício
previdenciário, no período de Novembro/2021 a
Julho/2022, pois foi necessário se submeter a tratamento
fisioterápico e psiquiátrico, a fim de restabelecer os
movimentos de seu braço esquerdo, que ficou paralisado
após a crise ocorrida no ambiente de trabalho no dia
17/11/2022.

Com a alta médica para o retorno ao trabalho, ocorrida em


11/07/2022, a Reclamante conversou com o empregador
Tiago sobre o seu pavor em voltar a ter crises de
ansiedade e pânico, tendo o mesmo lhe dito que deveria
retornar às mesmas funções, nas mesmas condições de
trabalho, inclusive, estando sob a gerência da Andréia, de
forma que se a obreira não quisesse retornar ao trabalho,
deveria pedir demissão.

Ocorre que, sendo completamente inviável à obreira


retornar ao trabalho nas mesmas condições anteriores -
conforme o empregador lhe impôs - pois teme por sua
integridade mental e emocional e entra em desespero
quando se recorda das situações humilhantes a que foi
submetida.

Com isso, a obreira foi obrigada a pedir a rescisão do


contrato, uma vez que não suportaria trabalhar sob a
condição de extremo estresse e correr o risco de adoecer
novamente.

Veja, Excelência: houve notório e caracterizado abuso por


parte da preposta da Reclamada. Trata-se de gritante e
intolerável ato ilícito, violando os direitos da empregada,
provocando evidente constrangimento, humilhação, dor e
sofrimento. Tais fatos terminaram por subjugar a mais
fraca e hipossuficiente, pela força econômica decorrente
do poder diretivo patronal, indevida e ilegalmente
utilizado.

O abuso cometido pela preposta da Reclamada teve


repercussão na saúde mental, psíquica e emocional, bem
como na vida privada e na intimidade da empregada
ofendida, convergindo para a necessidade de condenação
a reparar os danos morais. Além disso, servirá como
modelo de caráter punitivo, pedagógico e preventivo.

Em suma, a obreira sofreu assédio moral no ambiente de


trabalho e merece ser indenizada pelos danos morais sofridos.

Nos dizeres do professor Yussef Said Cahali (O Dano Moral


– ed. Revista dos Tribunais), vejamos:

“O dano moral é a privação ou diminuição daqueles bens


que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a
paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade individual, a
integridade individual, a integridade física, a honra e os
demais sagrados afetos, classificando-se desse modo, em
dano que afeta a parte social do patrimônio moral (honra,
reputação, etc) e dano que molesta a parte afetiva do
patrimônio moral (dor, tristeza, saudade, etc), dano moral
que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial
(cicatriz deformante etc.) e dano moral puro (dor, tristeza,
etc.)”.

Com o advento da reforma trabalhista, o art. 223-A e


seguintes da CLT passou a tratar da ocorrência e tarifação
do dano moral, de maneira que, no caso telado, enquadra-
se no art. 223-C do texto consolidado.

Igualmente, consoante narrado os dizeres do professor


YUSSEF SAID CAHALI, a privação ou diminuição de bens
que tem valor precípuo a vida do homem, incluindo a
integridade física, ocorre o dano moral, nascendo o direito
a reparação do dano para o ofendido.

In casu, a Reclamante teve sua integridade moral


comprometida, lhe causando sérios constrangimentos e
sofrimento de ordem íntima.

Em que pese não haver no ordenamento jurídico diretrizes


para a fixação do quantum indenizatório, mister se faz que
V. Excelência leve em consideração a extensão do dano
experimentado pelo ofendido, repercussão do dano no seio
social, bem como o agente causador do dano.
Por estas razões, requer de V. Excelência, a condenação da
Reclamada ao pagamento de indenização por danos morais
no montante de 20 (vinte) vezes o salário da Reclamante,
nos termos do art. 223-G, §1 , inciso III da CLT.
o

i) Da multa razão do descumprimento da CCT

A Reclamada descumpriu as Cláusulas 18 e 41 da


CCT/2020-2022. Assim, deve ser condenada a pagar à
Reclamante, parte prejudicada, o valor equivalente a um
piso normativo da categoria, conforme previsão da
Cláusula 69 da CCT/2020-2022.

j) Da inversão do ônus da prova

É cediço que vige o Princípio da Aptidão da Prova, segundo


o qual, o ônus probandi é de quem possui condições de cumpri-
lo.

A inversão do ônus da prova é possível no processo do


trabalho por aplicação subsidiária do art. 6 , VIII do CDC,
o

desde que presentes os elementos de verossimilhança das


alegações, da hipossuficiência da parte e que os meios de
prova necessários estejam na posse do empregador.

Destarte, a Reclamante requer a inversão do ônus da prova


devido à sua hipossuficiência em face do poder econômico
da Reclamada e por esta se encontrar em posse de
documentos referentes ao contrato de trabalho, os quais
comprovam os fatos narrados, invocando, para tanto, a
aplicação dos artigos 396, 398, 399 e 400, todos do CPC,
admitidos em analogia nesta douta especializada.

Ademais, a apresentação dos documentos requeridos além


de ratificar os pleitos da Reclamante, serão essenciais para
se apurar os valores na fase de execução de sentença.

k) Dos honorários advocatícios sucumbenciais

Nos termos do art. 791-A da CLT, deverá a Reclamada ser


condenada ao pagamento dos honorários advocatícios de
sucumbência, no importe de 15% (quinze por cento) sobre
o valor da condenação.

l) Da justiça gratuita

A Reclamante não possui condições financeiras de arcar


com as custas processuais sem prejuízo do próprio
sustento e de sua família (§4 do art. 790, CLT).
o

Ademais, percebe remuneração mensal inferior a 40% do


teto da previdência social, preenchendo, portanto, os
requisitos para concessão do referido benefício. Assim
sendo, requer a concessão das benesses da gratuidade
judiciária prevista no art. 790, §3 da CLT.
o

III – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, reclama:

01- Reconhecimento da rescisão indireta do contrato de


trabalho por justa causa do empregador, considerando
encerrado o contrato de trabalho em 12/07/2022;
devendo a Reclamada arcar com o pagamento das verbas
rescisórias da injusta dispensa;

02- Reconhecimento do vínculo empregatício no período


não anotado em CTPS, ou seja, de 20/04/2021 a
26/08/2021, devendo a Reclamada ser compelida a
lançar as anotações de retificação do contrato de trabalho
na CTPS da Reclamante, informar aos Órgãos
competentes e proceder o recolhimento dos valores
pertinentes ao FGTS, bem como dos demais encargos
trabalhistas, previdenciários e fiscais do período
suprimido;

03- Pagamento das verbas rescisórias, a saber:

- Aviso prévio indenizado de 30 dias


--------------------------- R$ 1.527,00 - Férias
proporcionais de 2021/2022 (07/12 avos) + 1/3 -- R$
1.187,66 - Projeção do aviso prévio nas férias + 1/3
(01/12 avos) --- R$ 169,66
- 13 salário proporcional de 2021 (07/12) -------------------
o

R$ 890,75 - Projeção do aviso no 13 salário de 2022


o

(07/12) --------- R$ 127,25 - Multa de 40% sobre o total


do FGTS ------------------------- R$ 293,18 TOTAL
DEVIDO --------------------------------------------------- R$
4.195,50

- Multa do artigo 477, § 8 , da CLT


o

----------------------------- R$ 1.527,00 - Multa do artigo


467, da CLT ----------------------------------- R$ 2.097,75

- Fornecimento do TRCT e das guias CD/SD, sob pena de


multa diária e a expedição de alvará substitutivo pela
Secretaria da Vara.

04- FGTS não depositado ---------------------------------------- R$ 488,64

05- Horas extras pelo labor além da jornada, com o


adicional de 100% (R$ 694,09); e reflexos nas seguintes
verbas: DSR (R$ 115,70); aviso prévio (R$ 115,68); férias
acrescidas de 1/3 (R$ 77,12); gratificações natalinas (R$
57,84); depósitos fundiários e sua multa de 40% (R$
97,17); ---------------------------------------------------- R$
1.157,60

06- Horas extras do intervalo intrajornada, com o adicional


de 100% (R$ 2.082,27); e reflexos nas seguintes verbas:
DSR (R$ 347,11); aviso prévio indenizado (R$ 347,04); 13 os

salários (R$ 173,52); férias acrescidas de 1/3 (R$ 231,36);


FGTS e multa de 40% (R$ 291,52) --------
------------------------------------------------------------------------
R$ 3.472,82

07- Um domingo por mês em dobro ---------------------------- R$ 610,80

08- Danos morais ------------------------------------------- R$ 30.540,00

09- Multa normativa pelo descumprimento da Convenção


Coletiva de Trabalho de 2020/2022
------------------------------------------ R$ 1.808,72

10- Inversão do ônus da prova, a fim de que a Reclamada


seja compelida a apresentar os documentos referentes ao
período contratual os quais a obreira não tem acesso;
11- A condenação da Reclamada ao pagamento dos
honorários de sucumbência, no importe de 15% (quinze
por cento) sobre o valor da condenação
--------------------------------------------------------- R$
6.884,82

12- A concessão dos benefícios da Assistência Judiciária


Gratuita, tendo em vista que a Reclamante não possui
condições de arcar com as despesas do processo sem
prejuízo de seu sustento, conforme declaração anexa.

13- Que os valores atribuídos na petição inicial não


limitem a condenação referente aos pedidos deferidos, pois
tratam-se de mera estimativa, em atenção ao disposto no
art. 840, §§ 1 e 2 , da CLT, não estando o juízo vinculado
o o

nem servindo de teto na fase de liquidação.

IV – DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência, a notificação


da Reclamada, no endereço oferecido no preâmbulo da
presente, para comparecer à audiência a ser designada, e
apresentar defesa, sob pena de revelia e confissão.

Protesta pela produção de todos os meios de provas em


direito admitidos, sem exclusão de nenhuma,
especialmente a oitiva das testemunhas da Reclamante a
serem arroladas oportunamente, juntada de eventuais
documentos novos (artigo 435 do NCPC), além do
depoimento pessoal do representante legal da Reclamada
ou seu

preposto, sob pena de confissão quanto à matéria de fato,


nos termos da Súmula 74 do TST.

Requer seja a Reclamada compelida a trazer nos autos todo


e qualquer documento relativo à relação de emprego sob
pena de confissão nos termos do art. 400 do NCPC.

Como ou sem contestação, seja a presente reclamação


trabalhista julgada PROCEDENTE, condenando a
Reclamada ao pagamento das verbas discriminadas no
pedido, com acréscimo de correção monetária, juros de
mora sobre o capital corrigido, custas do processo e
honorários advocatícios.
Atribui-se à presente causa o valor de R$ 52.783,65
(cinquenta e dois mil setecentos e oitenta e três reais e
sessenta e cinco centavos).

Termos em que,
Pede deferimento!

Ourinhos/SP, 08 de agosto de 2022

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