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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

CURSO DE DIREITO

MICHELLE KAYLA VIEIRA

TRABALHO DISCENTE EFETIVO 1

LONDRINA
2023
MICHELLE KAYLA VIEIRA

TRADALHO DISCENTE EFETIVO 1

Trabalho apresentado ao Curso de


Direito, da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, Campus
Londrina, como requisito a obtenção
da nota referente a matéria de
Seguridade Social.

Prof. Me. Paul Jürgen Kelter.

LONDRINA
2023
TAREFA PROPOSTA

Maria é portadora do vírus da AIDS (CID-10 Z-21) desde ao menos 18 de


junho de 2007 (data do diagnóstico documentado mais antigo). Na época
em que desenvolveu a doença trabalhava como “Servente” na Usina
Matrial do Sul, em Londrina, o que fazia desde 6 de julho de 2004
conforme informação da sua CTPS.
Por volta de outubro de 2008 o estado de saúde de Maria agravou-se em
razão das doenças oportunistas decorrentes baixa imunidade causada
pela AIDS, em especial a toxoplasmose cerebral e a tuberculose, quando
não mais teve condições de trabalhar, abandonando seu emprego e não
mais contribuindo até a presente data, jamais até agora havendo
pleiteado auxílio-doença ou à aposentadoria por invalidez.
Seu grave estado de saúde perdura até hoje, sempre oscilando momentos
de alguma melhora, com outros de grande agravamento.
Há um mês Maria procurou o INSS requerendo aposentadoria por
invalidez ou auxílio-doença, o que foi negado sob o fundamento de que,
embora fosse inegável a incapacidade para o trabalho, já não possuía
mais condição de segurada desde outubro de 2009.

Pergunta-se: À luz dos princípios constitucionais e doutrinários que


envolvem a previdência social, assim como de acordo com a
jurisprudência dos tribunais brasileiros, analise a questão acima
manifestando-se, de forma motivada, acerca da correção ou não da
decisão do INSS.
Com base nas informações, Maria tem direito a aposentadoria por
invalidez, posto que apresenta uma incapacidade permanente para o trabalho,
comprovada por perícia médica. Dessa forma, fundamentado no inciso II do art.
26 da Lei nº 8213/1991, a concessão de aposentadoria por invalidez independe
de carência nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença
profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-
se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas
em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social,
atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma,
deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade
e gravidade que mereçam tratamento particularizado.
Nesse contexto, o art. 151 da Lei nº 8.213/1991 apresenta um rol
taxativo de doenças em que a concessão de aposentadoria por invalidez não
depende de carência. Entre as doenças está a síndrome da deficiência
imunológica adquirida (aids) que Maria possui. Nesse sentido, pode-se
observar que para a concessão do benefício, é analisado o momento que se
adquiriu a incapacidade, e não o momento que a doença começou a se
desenvolver. Assim, Maria estaria assegurada pelo benefício enquanto
perdurar a incapacidade para o trabalho, nos termos do art. 42 da Lei nº
8.213/1991.
Outrossim, no ordenamento jurídico brasileiro, perdura o princípio da
imprescritibilidade, portanto, exclui a alegação que Maria havia perdido a
condição de segurada desde outubro de 2009. A propósito, há o julgado de
repercussão geral número 626.489 pelo Supremo Tribunal Federal, que
entendeu que “o direito fundamental ao benefício previdenciário pode ser
exercido a qualquer tempo, sem que se atribua qualquer consequência
negativa à inércia do beneficiário, reconhecendo que inexiste prazo
decadencial para a concessão inicial de benefício previdenciário”1.
Finalmente, como Maria é portadora do vírus da AIDS (CID-10 Z-21)
desde 18 de junho de 2007 de acordo com a data do diagnóstico documentado
mais antigo e em razão de seu estado de saúde agravado em 2008, tem-se a
conclusão de que a decisão do INSS é equivocada, suscetível de reforma.
Vejamos o seguinte julgado:
APELAÇÃO CÍVEL. PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ,
INCAPACIDADE LABORAL CONSTATADA POR PROVA PERICIAL,
QUANDO O AUTOR OSTENTAVA A QUALIDADE DE SEGURADO
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. ARTS. 26, II E 151 DA LEI 8.213/91.
CARÊNCIA. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. FUNCEF.
TERMO INICIAL. JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
POSSIBILIDADE: REQUISITOS PREENCHIDOS. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA. (5/6) 1. A antecipação de tutela é
concedida quando, existindo prova Inequívoca, se convença o Juiz da
verossimilhança da alegação e ocorrer fundado receio de dano
irreparável ou de difícil reparação ou ficar caracterizado abuso do
direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu (art. 273, I
ell, do CPC). 2. A teor do que dispõe o art. 26, Il c/c art. 151 da Lei
1
Disponível em: https://portal.stf.jus.br/jurisprudencia/sumariosumulas.asp?
base=30&sumula=2535. Acesso em 17 set. 2023.
8.213 /91, independe de carência a concessão de auxilio-doença e
aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao
Regime Geral de Previdência Social, for acometido de cardiopatia
grave, como na espécie. 3. Comprovada a qualidade de segurado do
autor e a invalidez por perícia médica oficial, ele tem direito ao
beneficio de aposentadoria por invalidez. 4. A complementação Ba
aposentadoria pela Fundação dos Economiários Federais - FUNCEF
requerida pelo autor, pela sua natureza suplementar, pressupõe a
concessão da aposentadoria pelo ente previdenciário, ora deferida
nos autos, sendo deferida, excepcionalmente, sua manutenção no
pólo passivo da demanda. 5. Deve a FUNCEF pagar ao autor a
diferença entre o valor pago pelo INSS a titulo de aposentadoria e os
valores contratuais que restarem apurados oportunamente. 6. Quanto
ao termo inicial do beneficio, este deve ser pago a partir da data do
laudo pericial, como determinado pela r. sentença, à mingua de
impugnação especifica da parte autora nesse sentido. 7. A correção
monetária e os juros devem incidir na forma do Manual de Cálculos
da Justiça Federal, 8. A verba honorária é devida em 10% (dez por
cento) sobre as parcelas vencidas até a data da prolação da sentença
de procedência do pedido ou até a data de prolação do acórdão, na
hipótese em que restar reformada sentença de improcedência
(Súmula 111 /STJ), em conformidade com o artigo 20, § 40, do CPC,
e a jurisprudência desta Corte 9 Nas causas ajuizadas perante a
Justiça Estadual, no exercicio da jurisdição federal (§ 3º do art. 109
da CF/88), o INSS está isento das custas somente quando lel
estadual especifica prevé a isenção, o que ocorre nos estados de
Minas Gerais, Goias, Rondônia e Mato Grosso. Em se tratando de
causas ajuizadas perante a Justiça Federal, o INSS está isento de
custas por força do art. 4, inc. 1, da Lei 9.289/96, abrangendo,
inclusive, as despesas com oficial de Justiça 10. Apelação e remessa
oficial parcialmente providas. Antecipação de tutela concedida.2

2
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=aposentadoria+invalidez+imprescritivel+aids

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