Você está na página 1de 7

Direito Previdenciário

Tema 02: Aposentadoria por Incapacidade Permanente.

1. Códigos de concessão:

B92 – aposentadoria por incapacidade permanente por acidente de trabalho

B32 - aposentadoria por incapacidade permanente por invalidez previdenciária

CF. Art.109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

2. Cabimento:

a) previsão legislativa:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for
o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou
não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e
insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe
garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta
condição.
§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da
verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-
pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas
expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.
§ 2º A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao
filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá
direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade
sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou
lesão.

Obs: marco temporal do benefício e da legislação aplicável: DII – data de início da


incapacidade.

b) Incapacidade total e permanente.

Súmula 47 da TNU. Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para


o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do
segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez.

A questão da análise das condições socioeconômicas:


Sobre a questão, ampara-se no entendimento do Superior Tribunal de
Justiça de que mesmo tendo o laudo pericial concluído pela
incapacidade parcial para trabalho, é cabível a concessão
da aposentadoria por invalidez pela conjugação dos elementos do art.
42 da Lei 8.213/91 com os aspectos socioeconômicos, profissionais e
culturais do segurado. Precedentes: STJ, AgRg no AREsp 574.421/SP,
Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 14/11/2014;
STJ, AgRg no AREsp 35.668/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO,
SEXTA TURMA, julgado em 05/02/2015, DJe 20/02/2015

c) Impossibilidade de reabilitação profissional.

d) HIV

Súmula 78 da TNU. “Comprovado que o requerente de benefício é


portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições
pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a
incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização
social da doença”

e) Incapacidade preexistente

PREVIDENCIÁRIO E
CONSTITUCIONAL.RESTABELECIMENTO. AUXÍLIO-
DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.
INCAPACIDADE PARA O TRABALHO. DOENÇA
PREEXISTENTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO.
REQUISITOS NÃO ATENDIDOS. 1. Os requisitos indispensáveis
para a concessão do benefício previdenciário de
auxílio-doença/aposentadoria por invalidez são: a) a qualidade de
segurado; b) a carência de 12 (doze) contribuições mensais; c)
incapacidade para o trabalho ou atividade habitual por mais de 15 dias
ou, na hipótese da aposentadoria por invalidez, incapacidade
(permanente e total) para atividade laboral. 2. A doença ou lesão de
que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de
Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por
invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de
progressão ou agravamento dessa doença ou lesão (art. 42, §2º, da Lei
8.213/91). No mesmo sentido, a primeira parte do parágrafo único do
artigo 59 da Lei 8.213/91 afasta a possibilidade de concessão de
auxílio-doença. 3. Restando comprovado que a incapacidade para o
trabalho é preexistente à nova filiação do segurado ao Regime Geral
da Previdência Social, e que não ocorreu o agravamento após a
filiação, a parte autora não faz jus ao benefício postulado. 4. Apelação
não provida.

(AC 1005959-42.2020.4.01.9999, DESEMBARGADOR FEDERAL


FRANCISCO NEVES DA CUNHA, TRF1 - SEGUNDA TURMA,
PJe 09/07/2020 PAG.)
f) perícias periódicas:

Art. 101. O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por


invalidez e o pensionista inválido estão obrigados, sob pena de
suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da
Previdência Social, processo de reabilitação profissional por ela
prescrito e custeado, e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o
cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos. (Redação
dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 1o O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que


não tenham retornado à atividade estarão isentos do exame de que
trata o caput deste artigo: (Redação dada pela lei nº 13.457, de
2017)
I - após completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade e
quando decorridos quinze anos da data da concessão da aposentadoria
por invalidez ou do auxílio-doença que a precedeu; ou (Incluído pela
lei nº 13.457, de 2017) (Vide Medida Provisória nº 871, de 2019)
II - após completarem sessenta anos de idade. (Incluído pela lei
nº 13.457, de 2017)
§ 2o A isenção de que trata o § 1 o não se aplica quando o exame
tem as seguintes finalidades: (Incluído pela Lei nº 13.063, de
2014)
I - verificar a necessidade de assistência permanente de outra
pessoa para a concessão do acréscimo de 25% (vinte e cinco por
cento) sobre o valor do benefício, conforme dispõe o art.
45; (Incluído pela Lei nº 13.063, de 2014)
II - verificar a recuperação da capacidade de trabalho, mediante
solicitação do aposentado ou pensionista que se julgar apto;
(Incluído pela Lei nº 13.063, de 2014)
III - subsidiar autoridade judiciária na concessão de curatela,
conforme dispõe o art. 110. (Incluído pela Lei nº 13.063, de
2014)
§ 4o A perícia de que trata este artigo terá acesso aos
prontuários médicos do periciado no Sistema Único de Saúde (SUS),
desde que haja a prévia anuência do periciado e seja garantido o sigilo
sobre os dados dele. (Incluído pela lei nº 13.457, de 2017)
§ 5o É assegurado o atendimento domiciliar e hospitalar pela
perícia médica e social do INSS ao segurado com dificuldades de
locomoção, quando seu deslocamento, em razão de sua limitação
funcional e de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus
desproporcional e indevido, nos termos do regulamento. (Incluído
pela lei nº 13.457, de 2017)

Obs: revisão administrativa e violação à coisa julgada ou não ¿

3. Carência:
Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de
Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência,
ressalvado o disposto no art. 26:
I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze)
contribuições mensais;
Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de
acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do
trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao
RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas
em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social,
atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma,
deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira
especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado;
Art. 151. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no
inciso II do art. 26, independe de carência a concessão de auxílio-
doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-
se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa,
hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave,
neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante,
cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose
anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget
(osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida
(aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da
medicina especializada.

4. Renda mensal inicial:


a) antes da reforma:
Art. 44. A aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de
acidente do trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a
100% (cem por cento) do salário-de-benefício, observado o disposto
na Seção III, especialmente no art. 33 desta Lei.

b) após a reforma:
b1) para homens: 60 % da média aritmética de 100 % dos salários-de-contribuição,
com acréscimo de 2% para cada ano que ultrapassar os 20 anos de contribuição,
podendo superar os 100%.
b.2) para mulheres: a 60 % da média aritmética de 100 % dos salários-de-contribuição,
com acréscimo de 2% para cada ano que ultrapassar os 18 anos de contribuição,
podendo superar os 100%.

5. Adicional de 25 %.

Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que


necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de
25% (vinte e cinco por cento).
Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo:
a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite
máximo legal;
b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for
reajustado;
c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao
valor da pensão.

6. Divergências jurisprudenciais mais relevantes:

a) Aposentadoria por invalidez e mandato eletivo.

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA


POR INVALIDEZ.
CUMULAÇÃO COM SUBSÍDIO DECORRENTE DO EXERCÍCIO
DE MANDATO ELETIVO.
VEREADOR. POSSIBILIDADE.
1. Cinge-se a controvérsia em estabelecer a possibilidade de
recebimento de benefício por invalidez, com relação a período em que
o segurado permaneceu no exercício de mandato eletivo.
2. A Corte de origem decidiu a questão em acordo com a
jurisprudência do STJ de que não há óbice à cumulação da
aposentadoria por invalidez com subsídio decorrente do exercício de
mandato eletivo, pois o agente político não mantém vínculo
profissional com a Administração Pública, exercendo
temporariamente um munus público. Logo, a incapacidade para o
exercício da atividade profissional não significa necessariamente
invalidez para os atos da vida política.
3. Recurso Especial não conhecido.
(REsp 1786643/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 21/02/2019, DJe 11/03/2019)

b) Conversão de aposentadoria por invalidez em aposentadoria por idade ou


tempo de contribuição.

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO


RESCISÓRIA. ERRO DE FATO E VIOLAÇÃO LITERAL DE
DISPOSIÇÃO DE LEI. ART. 485, V E IX, DO CPC.
CONVERSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ EM
APOSENTADORIA POR IDADE.
POSSIBILIDADE NA VIGÊNCIA DA LEI N. 5.890/73.
1. Acórdão rescindendo fundado nas seguintes assertivas: a) rege-se a
aposentadoria pela lei vigente à data da respectiva concessão; b) o
autor teve concedida a aposentadoria por invalidez durante a vigência
da Lei n. 5.890/73; c) entretanto, somente veio a atingir a idade
necessária à conversão pleiteada durante a vigência do novo
regramento instituído pela Lei n. 8.213/91.
2. O erro de fato, na espécie, é evidente, dependendo a sua
comprovação de simples aferição da data de nascimento do autor,
constante da cópia do documento de identidade.
3. A literalidade da norma invocada (art. 8º, § 2º, da Lei n.
5.890/73) não permite outra interpretação, senão a de que é automática
a conversão da aposentadoria por invalidez em aposentadoria por
idade, tão logo completados os 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
homem.
4. Pedido da ação rescisória procedente.
(AR 2.281/RN, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/10/2014, DJe 04/12/2014)

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CONVERSÃO DA


APOSENTADORIA POR INVALIDEZ EM APOSENTADORIA
POR IDADE. REQUISITO ETÁRIO PREENCHIDO NA
VIGÊNCIA DA LEI 8.213/1991. DESCABIMENTO. CÔMPUTO
DO TEMPO PARA FINS DE CARÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE
CONTRIBUIÇÃO EM PERÍODO INTERCALADO.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL
NÃO PROVIDO.
1. A Lei 8.213/1991 não contemplou a conversão de aposentadoria por
invalidez em aposentadoria por idade.
2. É possível a consideração dos períodos em que o segurado esteve
em gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez como
carência para a concessão de aposentadoria por idade, se intercalados
com períodos contributivos.
3. Na hipótese dos autos, como não houve retorno do segurado ao
exercício de atividade remunerada, não é possível a utilização do
tempo respectivo.
4. Recurso especial não provido.
(REsp 1422081/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/04/2014, DJe
02/05/2014)

c) Fixação da DII e da DIB:

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA


ESPECIAL E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
ACIDENTÁRIA. CUMULAÇÃO. DEFINIÇÃO DA LEI
APLICÁVEL. DATA DO ACIDENTE.
1. Na concessão do benefício previdenciário, a lei a ser observada é a
vigente ao tempo do fato que lhe determinou a incidência, da qual
decorreu a sua juridicização e conseqüente produção do direito
subjetivo à percepção do benefício.
Precedentes da 3ª Seção.
2. Para se decidir a possibilidade de cumulação da aposentadoria
especial com a aposentadoria por invalidez acidentária, deve-se levar
em consideração a lei vigente ao tempo do acidente causa da
incapacidade para o trabalho, incidindo, como incide, nas hipóteses de
doença profissional ou do trabalho, a norma inserta no artigo 23 da
Lei 8.213/91. Incidência analógica da Súmula nº 359 do STF.
3. Em se tratando de incapacidade resultante de doença do trabalho e
inexistindo nos autos qualquer notícia da data do início da
incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o
dia da segregação compulsória, impõe-se a fixação do dia do acidente
na data em que foi realizado o diagnóstico, assim considerada a data
da juntada do laudo pericial em juízo.
4. Elaborado que foi o laudo pericial, já na vigência da Lei nº
8.213/91, não há como se pretender cumular a aposentadoria especial
com a aposentadoria por invalidez acidentária, em face do disposto no
artigo 124 da Lei nº 8.213/91.
5. Recurso conhecido e improvido.
(REsp 55.540/SP, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO,
SEXTA TURMA, julgado em 06/03/2003, DJ 24/03/2003, p. 290)

Súmula 576 do STJ: Ausente requerimento administrativo no INSS,


o termo inicial para a implantação da aposentadoria por invalidez
concedida judicialmente será a data da citação válida.

Você também pode gostar