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ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA DE AIRÃES

DISCIPLINA DE HISTÓRIA A – 11ºAno


Direção Regional de
Educação do Norte
Professora – Cecília Barreto

Módulo 4 – A Europa nos séculos XVII e XVIII – sociedade, poder e dinâmicas coloniais

Unidade 4 – Construção da modernidade europeia

4.2. A Filosofia das Luzes (Página 132 a 141 do Manual);


Objectivos orientadores da Aprendizagem (Página nº 121 do Manual) / Conteúdos

1. Explicar a designação “iluminismo” dada ao pensamento da segunda metade do século


XVIII. (Página nº 132 do Manual)

O século XVIII é o século das Luzes ou do Iluminismo. Este conceito evoca, antes de mais, a luz
da Razão (inteligência, esclarecimento). O raciocínio humano seria o meio de atingir o progresso
em todos os campos (científico, social, político, moral). Por contraposição, os autores
identificavam, nesta época, a ignorância com as trevas: Galileu, nomeadamente, refere a
importância da linguagem matemática sem a qual “vagueia-se num labirinto; ás escuras”.

2.Esclarecer os pontos-chave do pensamento iluminista. (Página nº 132 à 137 do Manual)

A corrente filosófica iluminista acreditava (na esteira de John Locke, filósofo do século XVII) na
existência de um direito natural – um conjunto de direitos próprios da natureza humana (e,
como tal, naturais), nomeadamente:

-a igualdade entre todos os homens;

-a liberdade de todos os homens (em consequência da igualdade, “nenhum homem tem uma
autoridade natural sobre o seu semelhante”, escrevia Jean-Jacques Rousseau; porém, este
direito natural não previa a abolição das diferenças sociais);

-o direito à posse de bens (tendo em conta que o pensamento iluminista se identifica com os
anseios da burguesia em ascensão);

-o direito a um julgamento justo;

-o direito à liberdade de consciência (a moral era entendida como natural, independente da


crença religiosa).

O pensamento iluminista defendia, assim, que estes direitos eram universais, isto é, diziam
respeito a todos os seres humanos e, por isso, estavam acima das leis de cada Estado. Os Estados
deveriam, antes, usar o poder político coo meio de assegurar os direitos naturais do Homem e
de garantira sua felicidade.

Paralelamente, o Iluminismo pugnava pelo individualismo: cada individuo deveria ser valorizado
independentemente dos grupos em que se integrasse.

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3.Avaliar o seu carácter revolucionário. (Página nº 132 à 137 do Manual)

Destacam-se os seguintes pensadores iluministas pela sua perspectiva revolucionária de encarar


o homem e a sociedade:

-Jean-Jacques Rousseau defende a soberania (poder político) do povo. É o povo que, de livre
vontade, transfere o seu poder para os governantes mediante um pacto (ou contrato social).
Consegue, desta forma, respeitar a vontade da maioria sem perder a sua liberdade.

Em troca, os governantes têm de atuar com justiça, sob pena de serem depostos (obra de
referência: O Contrato Social).

-Montesquieu defende a doutrina da separação dos poderes (legislativo, executivo e judicial)


como garantia de liberdade dos cidadãos (obra de referência: O Espírito das Leis).

-Voltaire, entre outras contribuições importantes para o Iluminismo, advoga a tolerância


religiosa e a liberdade de consciência: a religião que criou, o deísmo, rejeita as religiões
instituídas, centrando-se na adoração a um Deus bom, justo e poderoso, criador do Universo
(obra de referência: Tratado sobre a Tolerância).

Estas ideias foram aplicadas na prática, nas revoluções liberais, sob a forma das constituições
políticas.

4.Distinguir os meios de difusão do pensamento das Luzes. (Página nº 138 à 139 do Manual)

O Iluminismo, apesar da oposição que sofreu na sociedade do seu tempo, foi-se difundindo
graças a alguns apoios importantes, como sejam:

-a admiração que alguns monarcas nutriam por estes novos ideais (Frederico II da Prússia, por
exemplo, acolheu Voltaire na corte quando este estava exilado);

-os salões, espaços privados da aristocracia que se abriam ao debate das novas propostas
filosóficas;

-os cafés, locais de aceso debate político-cultural e de apresentação de artistas;

-a Maçonaria, a sociedade secreta com origem na Inglaterra do século XVIII que pugnava pela
liberdade política e pelo progresso científico;

-o uso da língua francesa – conhecida dos intelectuais europeus – nas obras filosóficas editadas;

-a Enciclopédia publicada por Diderot e D`Alembert, que reunia em vários volumes os


conhecimentos mais avançados da época sobre a ciência e a técnica e dava voz às propostas
iluministas;

-os clubes privados, a imprensa e as academias, que faziam eco das novas propostas.

5.Relacionar o Iluminismo com a desagregação do Antigo Regime e a construção da


modernidade europeia. (Página nº 132 à 137 do Manual)

As ideias iluministas contribuíram para acabar com o Antigo Regime, pois:

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-A defesa do contrato social transforma o súbdito passivo e obediente em cidadão interventivo:
deste modo, e ao contrário do que acontecia no Antigo Regime, “um povo livre (…) tem chefes
e não senhores” – Rousseau.

-A teoria da separação dos poderes acaba com o poder arbitrário exercido no Antigo regime.

-A ideia de tolerância religiosa conduz à separação entre a Igreja e o Estado, presente nos
regimes liberais.

-A teoria do direito natural leva a que os iluministas condenem todas as formas de desrespeito
pelos direitos humanos (tortura, pena de morte, escravatura,…), contribuindo para alterar a
legislação sobre a justiça em vários países.

6.Reconhecer, no despotismo iluminado, a fusão do pensamento iluminista com os princípios


do absolutismo régio. (Página nº 142 do Manual)

O despotismo iluminado foi a forma de poder real praticada no século XVIII em várias regiões da
Europa, nomeadamente:

-na Prússia, com Frederico II;

-na Áustria, com José II;

-na Rússia, com Catarina II;

-na Suécia, com Gustavo III;

-em Portugal, com D. José I.

Sob o despotismo iluminado ou esclarecido, o rei tinha o poder absoluto (era um déspota), mas
justificava a sua autoridade através do pensamento iluminista. O rei, iluminado pela razão e
apoiado pelos filósofos iluministas, propunha-se reorganizar o reino para o bem público e o
progresso.

Este regime permitiu, por um lado, reforço do poder que os monarcas pretendiam e, por outro
lado, a aplicação prática dos princípios iluministas desejada pelos filósofos.

4.3. Portugal – o projeto pombalino de inspiração iluminista (Página 142 à 155 do


Manual);

Objectivos orientadores da Aprendizagem (Página nº 121 do Manual) / Conteúdos

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1.Integrar as medidas do Marquês de Pombal nos padrões do pensamento setecentista.
(Página nº 142 à 152 do Manual)

Na lógica do despotismo iluminado do século XVIII, o Marquês de Pombal, enquanto Secretário


de Estado do rei D. José I, levou a cabo a reforma do reino em diversas áreas, em todas
trabalhando para o reforço do poder régio e o controlo das classes privilegiadas.

a) Instituições de centralização do poder:

-o Erário Régio, que centralizava a recepção das receitas públicas e a sua redistribuição por todas
as despesas;

-a Intendência-Geral da Polícia, criada no âmbito da reforma judicial que uniformizou a justiça


em termos territoriais (submetendo o direito local ao direito nacional) e sociais (retirando à
nobreza e ao clero antigos privilégios;

-a Real Mesa Censória, organismo do Estado que retirava a função de censura da alçada da

b) Principais episódios da repressão exercida sobre o clero e a nobreza:

-o suplício dos Távoras (família da alta nobreza, opositora a Pombal, que foi executada por
suspeita – infundada, pelo que se pôde apurar no reinado de D. Maria I – de tentativa de
regicídio);

-a expulsão da Companhia de Jesus, de Portugal e das suas colónias (pois os Jesuítas controlavam
a missionação e o ensino).

c) Ação urbanística: a reconstrução da cidade de Lisboa após o sismo de 1 de Novembro de 1755,


entregue aos engenheiros da Maia e Eugénio dos Santos, foi orientada de acordo com o
racionalismo iluminista da época. Este ditou as seguintes características:

-traçado geométrico;

-ruas largas e rectilíneas;

-subordinação dos projetos particulares à unidade do conjunto (subordinando toda a sociedade


a um mesmo projeto);

-sentido prático (evidenciado, por exemplo, no sistema da “gaiola”, antissísmico),

-valorização da burguesia (transformação do Terreiro do Paço em Praça do Comércio).

d) Reforma do ensino: os estrangeirados (portugueses que, vivendo no estrangeiro, traziam para


Portugal as ideias iluministas) foram acolhidos pelo Marquês de Pombal. Ribeiro Sanches, Luís
António Verney e Martinho de Mendonça foram alguns dos estrangeirados que mais
influenciaram a reforma do ensino. Esta pautou-se pelas seguintes medidas:

-criação do Real Colégio dos Nobres (para preparação dos filhos da nobreza de acordo com as
novas concepções pedagógicas);

-criação da Aula do Comércio para os filhos dos burgueses;

-fundação das Escolas Menores, entre elas, as de ler, escrever e contar, que eram oficiais e
gratuitas;

-Instituição de várias classes de Latim, Grego, Filosofia, Retórica, para preparação para a
Universidade;

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-reforma da Universidade de Coimbra (preparada pela Junta da Providência Literária e custeada
por um imposto denominado Subsídio Literário), a qual foi dotada de novos estatutos que
introduziram as faculdades de Matemática e Filosofia, bem como do suporte de um laboratório
de Física, de um jardim botânico e de um observatório astronómico; por seu turno, a faculdade
de Medicina adquiriu um caráter mais prático.

Este novo ensino era alargado a um conjunto ais vasto a população e aberto às novas ideais da
ciência experimental, de acordo com a Filosofia das Luzes; além disso, servia o propósito de
preparar uma elite culta, de apoio à governação, colmatando a ausência dos jesuítas.

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