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Resumo

OS ANOS DOURADOS DO CAPITALISMO: UMA TENTATIVA DE HARMONIZAÇÃO


ENTRE AS CLASSES - Balanco e Pinto

1. Introdução
O texto busca analisar criticamente as transformações socioeconômicas ocorridas entre o final da
Segunda Guerra Mundial e o início da década de 1960, focando no padrão de acumulação capitalista
vigente durante esse período. A abordagem adotada é dialética e materialista histórica, buscando
compreender essas transformações como resultado das leis de movimento e reprodução do capital.

O objetivo principal é entender as dimensões do "real-concreto" dos anos dourados do capitalismo,


caracterizados pelo padrão de acumulação keynesiano-fordista e pelo controle social implementado
pelo Welfare State. O autor parte do pressuposto de que essas mudanças econômicas, culturais e
institucionais estão relacionadas ao combate à crise de dominação do capital nos anos 1930.

Argumenta-se que as transformações introduzidas nesse período, incluindo novos códigos


regulatórios, foram uma estratégia defensiva do capital para preservar sua hegemonia diante da
crescente oposição operária, especialmente após a Revolução Russa. Contrariando perspectivas que
vêem os anos dourados como uma harmonização entre as classes, o autor destaca que a contradição
entre capital e trabalho persistiu, sendo apenas disfarçada pela regulação do Welfare State.

O texto é estruturado em três seções. A segunda aborda a transição conflituosa do capitalismo


concorrencial para o monopolista, destacando a intensificação da contradição entre capital e trabalho e
o acirramento do embate intercapitalista. A terceira seção concentra-se nos anos dourados, marcados
pela implementação do compromisso keynesiano-fordista e pelo surgimento de uma nova forma de
controle social (Welfare State). A conclusão busca amarrar as ideias discutidas ao longo do texto.

2. Do capitalismo concorrencial ao monopolista: uma transição conflituosa.


O texto aborda a transição do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista no século
XIX. Destaca que a Grande Depressão, desencadeada pela crise agrária de 1872, moldou estratégias
de concentração e centralização do capital, consolidando a Grande Indústria como forma
predominante de acumulação. O final do século XIX testemunhou a ascensão da grande empresa
transnacional e o domínio do monopólio.

Nesse contexto, o texto explora a ascensão da Inglaterra como líder da Ordem Liberal Burguesa,
sustentada pelo livre-comércio, expansão ultramarina e desenvolvimento industrial e financeiro. O
poderio inglês foi consolidado pela liderança na primeira revolução industrial, a "revolução
financeira", a derrota de Napoleão e o controle monopolista dos meios de pagamento.

A segunda seção do texto aborda a transição do capitalismo concorrencial ao monopolista, destacando


a intensificação das contradições entre capital e trabalho e o acirramento do embate intercapitalista. A
terceira seção foca nos anos dourados do capitalismo, marcados pelo compromisso
keynesiano-fordista e pelo surgimento do Welfare State. O texto argumenta que essas transformações
foram uma estratégia defensiva do capital contra a ofensiva operária anti-sistêmica após a Revolução
Russa.
O autor critica as perspectivas que associam os anos dourados a uma nova sociabilidade capitalista
harmonizada, defendendo que a contradição entre capital e trabalho persistiu, disfarçada pela
regulação do Welfare State. A segunda seção discute a transição conflituosa para o capitalismo
monopolista, marcada pela incapacidade do modelo liberal de regular interesses socioeconômicos
desde a crise agrária de 1872.

O texto destaca que a crise de 1872 foi estrutural, relacionada à dinâmica do capitalismo e à transição
tecnológica. O surgimento do capital financeiro e sua interpenetração com a indústria foram
fundamentais, levando à autonomia relativa da esfera financeira. O avanço do movimento operário e a
Primeira Internacional refletem o aumento da consciência de classe.

A crise de 1929 é apresentada como estrutural, relacionada à dinâmica do capitalismo e à luta de


classes. O texto critica análises que negligenciam a importância da luta de classes na geração da crise.
A segunda crise estrutural, iniciada em 1929, resultou em deflação, crises bancárias, desvalorização
de moedas, ruptura do padrão-ouro e colapso da produção industrial, sendo mitigada pela Segunda
Guerra Mundial.

A crise de 1929 fortaleceu uma nova institucionalidade, marcada pelo Estado de Bem-Estar Social
(Welfare State) e planejamento, proporcionando uma harmonização temporária nas relações entre
capital e trabalho de 1945 a 1970. Em resumo, o texto explora as complexidades das mudanças
socioeconômicas, criticando análises que negligenciam a importância da luta de classes na dinâmica
do capitalismo.

3. Os anos dourados do capitalismo planejado: a busca da harmonia entre capital e trabalho


O texto aborda o período conhecido como "anos dourados do capitalismo planejado", destacando a
busca pela harmonia entre capital e trabalho após a crise de 1929 e a consolidação desse processo
após a Segunda Guerra Mundial. Vou continuar a análise do texto:

A Ordem Financeira de Bretton Woods e a Hegemonia dos EUA:


O autor destaca a importância do sistema monetário internacional de Bretton Woods, com o dólar
como moeda de circulação internacional, consolidando a posição privilegiada dos Estados Unidos.
Esse arranjo permitiu aos EUA impor suas deliberações sobre outros países e manter um controle
significativo sobre os fluxos de capitais, contribuindo para a estabilidade econômica.

Exportação de Capital e Reconstrução Pós-Guerra:


O texto destaca a estratégia dos Estados Unidos de exportação de capital, especialmente através do
Plano Marshall, para evitar a instabilidade socioeconômica na Europa após a Segunda Guerra. Essa
estratégia visava não apenas reconstruir a Europa, mas também expandir a influência das empresas
americanas. Isso, segundo o autor, contribuiu para a expansão do comércio e da produção mundial nas
décadas de 1950 e 1960.

O Modelo de Desenvolvimento Keynesiano:


O autor menciona a adoção do modelo de desenvolvimento de inspiração keynesiana nos Estados
Unidos, enfatizando o papel do Estado na regulação do ciclo econômico e na promoção da cultura do
consumo de massa. Esse modelo buscava integrar os trabalhadores aos processos decisórios da
produção, favorecendo o pleno emprego e a estabilidade econômica.

Compromisso Keynesiano-Fordista e Diferenças Regionais:


O compromisso keynesiano-fordista é apresentado como uma estratégia de harmonização entre capital
e trabalho, com concessões aos trabalhadores. O texto destaca as diferenças na implementação desse
compromisso entre os Estados Unidos e a Europa, com ênfase na racionalização fordista-taylorista nos
EUA e no "pacto social" na Europa. A coerção é apontada como mais prevalente nos países
periféricos, onde as condições eram diferentes.

Expansão Desigual e Hegemonia dos EUA:


O autor discute a expansão desigual do capitalismo, com os EUA liderando no início, seguidos pela
Europa e pelo Japão. Destaca que, quando essas regiões atingiram seus auges expansionistas, os EUA
já estavam em declínio relativo. A dinâmica mundial assegurou a continuidade da vitalidade dos
EUA, contribuindo para o sucesso econômico global e consolidando a ordem capitalista regulada.

Cooperação Antagônica e Hegemonia dos EUA:


O texto aponta para a cooperação antagônica entre os principais países capitalistas liderados pelos
EUA, destacando a importância do crescimento econômico para a segurança nacional e a manutenção
da ordem capitalista. A hegemonia dos EUA é exercida de forma dual, coercitiva e persuasiva,
visando garantir o sucesso econômico de aliados e concorrentes.

Expansão Mundial e Estratégias nos Países Periféricos:


O autor descreve as estratégias nos países periféricos, onde a coerção foi mais prevalente,
especialmente por meio de golpes militares e regimes ditatoriais, visando manter a ordem e a
acumulação. Destaca-se a utilização da "ajuda" estrangeira, muitas vezes dos EUA, para preservar
interesses econômicos e defender a posição central na economia mundial.

Essa análise mostra como o texto explora a interação complexa entre fatores econômicos, políticos e
sociais durante o período mencionado, destacando o papel dos Estados Unidos na configuração do
sistema capitalista global e na busca da harmonia entre capital e trabalho.

4. À guisa de conclusão
A análise apresentada destaca a evolução do sistema capitalista ao longo do século XX, com foco nas
transformações estruturais ocorridas desde a Segunda Guerra Mundial até a década de 1970.
Controle Internacional e Bretton Woods: Após a Segunda Guerra Mundial, os acordos de Bretton
Woods estabeleceram uma nova ordem econômica internacional, com o dólar assumindo um papel
central e instituições como FMI, Banco Mundial e GATT sendo criadas, sob influência dos EUA.

Regulação Econômica e Keynesianismo: Durante as décadas de ouro do pós-guerra, houve uma


mudança na condução econômica, com uma abordagem estatal planejada e keynesiana. O Estado
desempenhou um papel crucial na promoção da estabilidade econômica, controlando diretamente a
taxa de investimento e atuando como fonte de financiamento para o setor produtivo.

Redimensionamento do Estado: O Estado assumiu uma posição proeminente, não apenas como
regulador social, mas também como fonte fundamental de financiamento para o capital produtivo. As
reformas introduzidas, como o New Deal, remodelaram a estrutura de financiamento da economia,
com a criação de instituições públicas para apoiar o desenvolvimento econômico.

Dívida Pública e Acumulação: A dívida pública tornou-se um instrumento essencial para a


estabilidade cíclica e acumulação de capital. Durante as fases de prosperidade, a transferência de
riqueza para o Estado, por meio do endividamento público, foi aceita como um mecanismo favorável
aos capitais privados.
Reversão e Crise nos Anos 1970: No final da década de 1960, começaram a surgir sinais de reversão,
com a economia capitalista enfrentando uma inflexão na taxa de lucro e nos níveis de acumulação. A
crise subsequente trouxe consigo resultados sociais negativos, como aumento do desemprego.

Regulação Harmonicista e Coercitiva: O dispositivo regulatório, tanto harmonizador quanto


coercitivo, foi eficaz em reduzir as resistências dos trabalhadores à exploração. Isso permitiu a
retomada do processo de acumulação e a restauração dos níveis de lucratividade.

Conclusão:
Em síntese, a análise evidencia a dinâmica complexa do capitalismo no período abordado. A transição
para a conclusão pode destacar a importância desses eventos na compreensão das transformações
econômicas e sociais, ressaltando como o modelo regulatório internacional, a intervenção estatal e o
papel da dívida pública desempenharam funções cruciais. Além disso, a análise dos anos 1970 marca
o início de uma fase de desafios e questionamentos ao padrão de acumulação, apontando para a
necessidade de adaptações no sistema econômico global.

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