Você está na página 1de 79

REVOLUÇÃO FRANCESA

Características da França no século


XVIII
• A França do século XVIII foi marcada pelo apogeu do absolutismo, com o governo do
rei Luís XIV (1661-1715), o “Rei Sol”. Seu excessivo poder era exposto por meio de
ostentação e despesas da corte, com a construção de palácios e grandes festas, além
do prestígio externo, garantido por meio de guerras. Caberia, depois, aos herdeiros do
“Rei Sol” – Luís XV (1715-1774) e Luís XVI (1774-1793) – o ônus de administrar o custo
desse desperdício.
• A economia era dependente das condições agrárias. As manufaturas estavam
decadentes devido à perda de mercados após a derrota na Guerra dos Sete Anos(1756-
1763). Para piorar a situação, em 1786 foi assinado o Tratado de Éden, semelhante ao
“Methuen” português, em que a França vendia vinho em troca dos produtos
industriais ingleses. Os baixos preços prejudicaram a manufatura francesa.
• No aspecto social, a desigualdade oriunda do feudalismo ainda prevalecia. Os
representantes do Primeiro e do Segundo Estados (clero e nobreza), minoria da
população, desfrutavam de vários privilégios, como a isenção dos impostos. Cabia ao
Terceiro Estado (burguesia, trabalhadores urbanos e camponeses), em torno de
95% da população francesa, sustentar as despesas do governo.
O aspecto rural era predominante, pois cerca de 80% do povo era composto por
camponeses
Quem eram os sans-culottes?
Os trabalhadores urbanos mais
radicais ficaram conhecidos como
sans-culottes, uma massa formada
por artesãos, lojistas, funcionários
públicos, profissionais liberais e
assalariados.
O culotte era uma calça de luxo
usada pela nobreza. Os sans-culottes
seriam os “sem culotte”, ou seja, a
classe média ou os pobres que não
usavam essa peça de vestuário.
Causas gerais da revolução
• Abusos do absolutismo:
o rei Luís XVI seguiu a trajetória de
ostentação dos reis absolutistas franceses.
Era necessária uma fortuna para manter as
elevadas despesas, os gastos da Família
Real e sua corte, envolvendo palácios,
banquetes e pagamentos de pensões reais.
Além disso, o governo mantinha privilégios
sociais em um ambiente em que
predominava a falta de liberdade
Palácio de Versalhes
• Crise econômico-financeira: decorrente do
somatório de uma série de elementos. Os
principais foram:
• I. Os elevados gastos do governo, os custos das guerras
(Guerra dos Sete Anos e Guerra de Independência dos
Estados Unidos);
• II. a crise da produção agrária, provocada por problemas
climáticos (secas e geadas), que gerou o aumento dos
preços;
• III. a crise manufatureira, agravada pelo Tratado de
Éden;
• IV. o grave déficit público diante da queda das receitas e
das altas despesas.
•Desigualdade social:
a existência de privilégios do clero e da
nobreza
– que desfrutavam dos altos cargos
públicos e da isenção de impostos
– contrastava com a miséria e a fome da
maioria da população
• Interesses políticos do Terceiro Estado:
a maioria da população desejava
participar dos destinos da França.
Panfletos valorizavam a importância do
Terceiro Estado, como o texto a seguir, de
autoria do Abade Sieyes:
“O que é o Terceiro Estado? Tudo.
O que é que tem sido até agora na ordem
política? Nada.
O que é que pede? Tornar-se alguma
coisa.”
• Crise política: na medida em que a
situação econômica se agravava, o
reino vivia uma crise política,
marcada pela constante substituição
de ministros das finanças (Turgot,
Calonne, Brienne e Necker) e pela
incapacidade de convencer o clero e
a nobreza da importância do
pagamento de impostos
•Influência do Iluminismo: o Terceiro
Estado foi motivado pelos princípios
iluministas de liberdade, igualdade e
fraternidade.
Da Assembleia dos Notáveis à Assembleia
Constituinte
Diante da profunda crise econômico-financeira, o rei Luís XVI
convocou, em 1787, a Assembleia dos Notáveis, composta pelas
lideranças do clero e da nobreza.
O objetivo era debater uma reforma tributária (mudança no
sistema de impostos), apresentando a possibilidade de cobrar
taxas do Primeiro e do Segundo Estados. Deu-se então a
“revolta aristocrática”, ou seja, a resistência dessas duas
camadas sociais ao pagamento de impostos. O ministro Calonne
foi demitido, e assumiu Brienne, que também não conseguiu
realizar as reformas fiscais. Diante do impasse, em 1788 o rei
nomeou Necker e decidiu convocar os Estados-Gerais
para debater a crise.
Assembleia dos Notáveis
Os Estados-Gerais eram a reunião dos três
Estados (clero, nobreza e povo). Um encontro
desses não ocorria desde 1614. Nos primeiros
meses de 1789, os debates para a escolha dos
representantes permitiram a difusão dos ideais
iluministas. Em 5 de maio daquele ano, com a
presença do rei, foram abertos os Estados-
Gerais, em Versalhes (região próxima a Paris,
onde vivia a monarquia e sua corte)
Pintura de Auguste Couder mostrando a
abertura dos Estados Gerais, ca. 1838
O Terceiro Estado conseguiu autorização para eleger mais
representantes. Apesar de numericamente superior, no entanto, ele
não levava vantagem, pois o voto não era por representante, mas
por Estado, com base no sistema de voto tradicional dos Estados-
Gerais. Como cada Estado tinha direito a um voto, clero e nobreza,
que defendiam seus privilégios, somariam dois votos.
O impasse no sistema de votação gerou a revolta
dos membros do Terceiro Estado, que decidiram
afastar-se dos Estados-Gerais e escrever uma
Constituição para a França (episódio conhecido
como “juramento da sala do jogo da Péla”, de 20 de
junho de 1789).Recebendo elementos do clero e da
nobreza, os Estados-Gerais tornaram-se
Assembleia Nacional e, em seguida, Assembleia
Nacional Constituinte.
A Tomada da Bastilha – 14 de julho de 1789
Em 14 de julho de 1789, os
revoltosos conseguiram armas no
Arsenal dos Inválidos. Mas faltava a
munição. A informação de que havia
pólvora e chumbo na Bastilha,
prisão-símbolo do absolutismo,
levou uma multidão aos seus
portões. Horas depois, a fortaleza
foi invadida, reforçando belicamente
as forças do Terceiro Estado. A
Tomada da Bastilha simbolizou a
queda do absolutismo. A partir do
dia 14 de julho, o rei teria que
se submeter às decisões da
Assembleia.
A Tomada da Bastilha – 14 de julho de 1789
Em 14 de julho de 1789, os
revoltosos conseguiram armas no
Arsenal dos Inválidos. Mas faltava a
munição. A informação de que havia
pólvora e chumbo na Bastilha,
prisão-símbolo do absolutismo,
levou uma multidão aos seus
portões. Horas depois, a fortaleza
foi invadida, reforçando belicamente
as forças do Terceiro Estado. ***A
Tomada da Bastilha simbolizou a
queda do absolutismo. A partir do
dia 14 de julho, o rei teria que
se submeter às decisões da
Assembleia.
Estes são os artigos tratados na declaração original de 1789: 
Art.1.º Os Homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na
utilidade comum;
Art. 2.º A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do Homem.
Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão;
Art. 3.º O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhum corpo, nenhum indivíduo pode
exercer autoridade que dela não emane expressamente;
Art. 4.º A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos
naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o
gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei;
Art. 5.º A lei proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e
ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene;
Art. 6.º A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através
de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos
os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos,
segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos;
Art. 7.º Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as
formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser
punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário
torna-se culpado de resistência;
Art. 8.º A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão
por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada;
Art. 9.º Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o
rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei;
Art. 10.º Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que
sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei;
Art. 11.º A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem;
todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos
abusos desta liberdade nos termos previstos na lei;
Art. 12.º A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; esta força
é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada;
Art. 13.º Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável
uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas
possibilidades;
Art. 14.º Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da
necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de
lhe fixar a repartição, a colecta, a cobrança e a duração;
Art. 15.º A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração;
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a
separação dos poderes não tem Constituição;
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a
não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e
prévia indenização;
Decisões importantes da constituição de
1791
• O país passava a ser uma monarquia constitucional
• Os cidadãos foram divididos em passivos, que não possuíam renda para
votar nem ser votados, e ativos que poderiam ser votados.
• A soberania residia na nação e não no rei
• burguesia conseguiu enfraquecer a aristocracia, por intermédio da
abolição dos privilégios feudais e de medidas de secularização
(separação Igreja-Estado), como:
confisco e nacionalização dos bens do clero (02/11/1789): o governo tomou
propriedades da Igreja, usadas em garantia aos assignats (títulos
franceses) para reduzir o déficit público;
Constituição Civil do clero (12/07/1790): separou a Igreja do Estado,
exigindo que o clero assinasse a Constituição. Aqueles que não aceitaram
foram conhecidos como refratários. A França criou uma Igreja nacional,
separada do papa
A Era das Antecipações (1792-1794) –
a República Jacobina
Mudanças políticas
• a queda da Assembleia Legislativa;
• a substituição do voto censitário pelo sufrágio
universal masculino (votam homens maiores de
idade);
• a convocação de eleição para a uma nova
assembleia chamada de Convenção Nacional;
• a substituição da monarquia pela república
(proclamação da I República Francesa em
setembro de 1792)
A Convenção tinha a seguinte configuração política:
• Girondinos: sentados à direita, eram os conservadores
dos interesses da alta burguesia $$$, como a defesa da
liberdade e da propriedade. O principal líder era Brissot.
(setembro de 1792 a julho de 1793)
A Convenção tinha a seguinte configuração política:
• Girondinos: sentados à direita, eram os conservadores
dos interesses da alta burguesia, como a defesa da
liberdade e da propriedade. O principal líder era Brissot.
(setembro de 1792 a julho de 1793)
• Planície ou pântano: sentavam-se no centro e eram
burgueses considerados indecisos, que apoiavam medidas
de seu interesse.
A Convenção tinha a seguinte configuração política:
• Girondinos: sentados à direita, eram os conservadores
dos interesses da alta burguesia, como a defesa da
liberdade e da propriedade. O principal líder era Brissot.
• Planície ou pântano: sentavam-se no centro e eram
burgueses considerados indecisos, que apoiavam medidas
de seu interesse.
• Jacobinos ou montanha: sentados à esquerda, eram os
mais radicais, exigindo mudanças que beneficiassem a
pequena burguesia e os sans-culottes. Os principais
líderes eram Danton, Marat, Robespierre e Hebert
O radicalismo jacobino

Os jacobinos assumiram o poder e tomaram uma série de


medidas populares. As mais famosas foram as seguintes:
•a reforma agrária, que confiscou terras dos emigrados e da
Igreja e as vendeu a preços populares aos camponeses;
•a Lei do Máximo, que congelou os preços e os salários.
Além dessas, outras medidas tiveram grande repercussão,
como:
•a aprovação da Constituição de 1793, garantindo o sufrágio
universal masculino;
O radicalismo jacobino

Os jacobinos assumiram o poder e tomaram uma série de medidas


populares. As mais famosas foram as seguintes:
•a reforma agrária, que confiscou terras dos emigrados e da Igreja e as
vendeu a preços populares aos camponeses;
•a Lei do Máximo, que congelou os preços e os salários. Além dessas,
outras medidas tiveram grande repercussão, como:
•a aprovação da Constituição de 1793, garantindo o sufrágio universal
masculino;
•a abolição da escravidão nas colônias francesas;
•a criação do ensino público e gratuito;
•a criação de um novo calendário;
Era de base solar, composto
O calendário tinha características marcadamente
de doze meses de 30 dias anticlericais e baseava-se no ciclo da natureza.
(três semanas de dez dias,
denominadas décadas)
totalizando 360 dias. Os dias
de cada década eram
chamados primidi, duodi,
trididi, quartidi, quintidi,
sextidi, septidi, octidi, nonidi e
decadi. Para completar o
número de dias do ano, eram
acrescentados cinco dias (ou
seis, nos anos bissextos) no
fim do ano, de modo que este
ficasse alinhado ao ano
trópico (aproximadamente
365, 25 dias). O sexto dia
complementar, acrescentado
a cada quadriênio, era
consagrado à celebração da
república.
O dia era dividido em dez horas, que se
subdividiam em cem partes (como minutos),
as quais se subdividiam em mais cem
(como segundos). Essa subdivisão mínima
equivalia a 0,864 segundos. Dessa forma, a
conversão de, por exemplo, 14 horas 31
minutos 51 segundos, para o calendário
revolucionário, resultaria em 6 horas 5
minutos e 45 segundos. Cada hora do
calendário revolucionário equivalia a 2
horas e 24 minutos convencionais. A divisão
do dia em base decimal jamais foi usada na
prática, tendo sido abolida oficialmente em
1795.
O governo jacobino organizou os seguintes
comitês:
• Salvação pública: responsável pela administração
e defesa externa;
• Segurança Nacional: a cargo da defesa interna
(capturar e punir inimigos contrarrevolucionários).
• ***Durante esse governo, ocorreu o chamado
“Terror jacobino”, um período de extrema
violência exercida pelos jacobinos em reação às
forças contrarrevolucionárias
Maximilien de Robespierre
Quadro alegórico do Festival do Ser Supremo
A Era das Consolidações (1794-1799) –
o Diretório
A Constituição de 1795 foi aprovada, criando o Diretório,
composto por cinco membros da alta burguesia, cuja função
era governar a França. O Poder Legislativo se tornou
bicameral (Câmara dos Quinhentos e Câmara dos Anciãos).
O governo do Diretório foi marcado pela crise
econômica, pela corrupção e pela desordem política
(desorganização causada pela falta de sintonia entre os
membros do governo), gerando a insatisfação popular.
Internamente, ocorreram constantes ameaças de diversas
forças políticas, como a dos monarquistas de direita, e
a dos jacobinos de esquerda e de extrema esquerda,
simbolizada pela Conspiração dos Iguais, que defendeu a
igualdade social e foi liderada por Graco Babeuf
"A Liberdade Guiando o Povo", de Eugène Delacroix

https://arteeartistas.com.br/a-liberdade-guiando-o-povo-eugene-delacroix/
O barrete frígio ou barrete da liberdade é uma espécie de touca ou
carapuça, originariamente utilizada pelos moradores da Frígia. Foi
adotado, na cor vermelha, pelos republicanos franceses que lutaram
pela tomada da Bastilha em 1789, que culminou com a instalação da
primeira república francesa em 1792
Golpe do 18 Brumário
Foi o golpe que derrubou o Diretório, em 9 de
novembro de 1799, levando Napoleão Bonaparte
ao poder. Apoiado pela alta burguesia, contribuiu
para consolidar os ideais burgueses por meio da
chamada Era Napoleônica
Para facilitar o estudo, dividiu-se a
Era Napoleônica em três partes:
I. Consulado: 1799-1804;
II. Império: 1804-1814;
III. Cem Dias: 1815.
Henri-Nicolas Van Gorp. Data: 1803. Os três cônsules,
respectivamente, Cambacérès, Bonaparte, Lebrun. O primeiro e o
último substituíram os provisórios Sieyès e Ducos
***Características do Consulado
•Reforma econômica: criação do Banco da França (1800) e do franco
(moeda); controle da inflação; incentivo à agricultura e à indústria;
realização de obras públicas de infraestrutura, como portos e estradas,
visando facilitar o comércio.
•Reforma administrativa: centralização administrativa com a nomeação de
funcionários de confiança de Napoleão para os principais cargos públicos,
inclusive fortalecendo a arrecadação de impostos.
•Reforma educacional: o Estado passou a controlar a educação, criando
escolas primárias, secundárias (liceus) e superiores. O objetivo era formar
um corpo de cidadãos obedientes e funcionários prontos a servir ao
governo.
•Concordata de 1801: acordo entre o governo (Napoleão) e a Igreja (papa
Pio VI). O Estado passou a nomear os bispos em troca da proteção ao
clero e aceitação do catolicismo como religião da maioria dos franceses. É
importante observar que foi mantida a liberdade de culto.
***Código Civil Napoleônico
A principal medida desse período foi o
Código Civil Napoleônico. Inspirado no
Direito Romano, regulava as relações
sociais, garantindo as conquistas burguesas.
Seus princípios básicos foram:
•liberdade individual;
•igualdade jurídica;
•defesa da propriedade e do capital $$$$
(proibição de greves);
•matrimônio civil separado do religioso.
Uma das principais contribuições de Napoleão ao
mundo atual foi o seu Código Civil. Se hoje temos regras
claras que definem as relações na sociedade civil de
forma centralizada, é em virtude da ideia de Napoleão ter
tido êxito, conforme podemos verificar no texto abaixo,
do professor Arnoldo Wald, da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, que menciona a importância do
Código:“(...) Sua importância decorre não só da sua
sobrevivência, que é única na história do Direito, mas
também da inovação técnica e da revolução jurídica e
cultural que representou na história da civilização. (...)
Embora inspirado no Direito Romano, o Código francês
deu ao Direito Civil uma feição própria, definindo, com
clareza e precisão, as relações entre as pessoas físicas
e jurídicas, do mesmo modo que a Revolução Francesa
tinha reestruturado o Estado e dado ao cidadão as
garantias básicas na área do Direito Público, que até hoje
caracterizam a democracia.” Disponível em:
<www.conjur.com.br>.
Em suma, o Código Civil Napoleônico é uma das principais inspirações para o Direito dos séculos
posteriores. Temas como propriedade, contrato, responsabilidade civil, bem como o Direito de Família
e das Sucessões, presentes no código francês, acabaram sendo abarcados em grande parte das
constituições e códigos dos países capitalistas ocidentais. O Brasil não ficou de fora.
O governo do Império (1804-1814)

Um plebiscito (consulta popular) restaurou a monarquia, e


Bonaparte tornou-se Napoleão I. O objetivo era anular os
movimentos favoráveis à Dinastia dos Bourbons, família do
falecido rei Luís XVI. Napoleão, apesar de convidar o papa,
colocou a coroa em sua cabeça, demonstrando não se submeter
à Igreja.
https://segredosdeparis.com/coroacao-de-napoleao-ou-de-josefina/
Características do Império

•Guerras externas: vitória sobre a Terceira Coligação


(Inglaterra, Áustria, Rússia e Suécia), com destaque para o
apoio da Espanha e a derrota para a Inglaterra na batalha
naval de Trafalgar (almirante Nelson).
•Confederação do Reno: com o apoio dos príncipes alemães,
Napoleão dissolveu o Sacro Império Romano-Germânico
***Bloqueio Continental (1806)
Foi a proibição napoleônica do comércio europeu com a
Inglaterra. O objetivo era enfraquecer economicamente os
ingleses. Nesse contexto, venceu a Quarta e a Quinta
coligações (Inglaterra e Áustria), exigindo o respeito ao
bloqueio. Apesar disso, existiam resistências à política do
Bloqueio Continental, pois a Europa tinha uma base
agrária, sendo a economia europeia dependente do
comércio inglês.
As principais resistências foram:
•Espanha: diante de propostas inglesas, foi invadida por
Napoleão, que colocou seu irmão, José Napoleão, no poder
(1808).
•Portugal: aliado inglês, foi obrigado a deslocar a Família
Real de sua corte para o Brasil (1808), diante da invasão
francesa. Assinou a “convenção secreta” com a Inglaterra,
dando facilidades comerciais no Brasil em troca da proteção
da Marinha inglesa.
•Rússia: tinha aderido ao bloqueio na Paz de Tilsit (1807),
rompendo o acordo devido à grave crise financeira (1810).
Mapa do Bloqueio Continental (1806)
A Europa em 1812: apogeu do Império Napoleônico
Napoleão na Rússia
Derrota na Rússia
Para obrigar o czar Alexandre I, governante russo, a
respeitar o Bloqueio Continental, Napoleão decidiu
invadir a Rússia (1812). Com um exército de mais
de meio milhão de soldados, os franceses
acreditavam em rápida vitória. Incapaz de enfrentar os
inimigos, os russos usaram a tática de “terra arrasada”,
ou seja, destruição de abrigos e alimentos, seguida de
recuo da população para o interior
Napoleão deixando a Rússia
CARICATURA ATRIBUÍDA AO INGLÊS JAMES GILLRAY, QUE SATIRIZA O APETITE DOS DOIS
PAÍSES POR DOMÍNIOS.
Declínio napoleônico

Enfraquecido, Napoleão foi derrotado na Batalha


das Nações, ou de Leipzig (1813), pela Sexta
Coligação (Inglaterra, Rússia, Áustria, Prússia e
Suécia). Em 1814, a França foi invadida. Napoleão
renunciou e assinou o Tratado de Fontainebleau,
sendo exilado com as pessoas de sua confiança, na
Ilha de Elba (Mar Mediterrâneo). A monarquia foi
restaurada com Luís XVIII, da Dinastia Bourbon.
CARICATURA DE 1814 QUE SATIRIZA E CELEBRA A DERROTA DE NAPOLEÃO PARA A 6ª COALIZÃO, NA
QUAL ESTE IMPERADOR FOI ENVIADO PARA A ILHA DE ELBA. POUCO TEMPO DEPOIS, ELE FOI CAPAZ
DE FUGIR DA ILHA E REALIZAR SUA ÚLTIMA TENTATIVA DE RETOMAR O PODER.
Os Cem Dias (1815)

Menos de um ano depois, Napoleão voltou à França,


aclamado pelo povo e pelos soldados. O rei Luís
XVIII teve que fugir. As forças antifrancesas, porém,
reorganizaram-se. O exército napoleônico atacou e
foi derrotado pela Sétima Coligação, na Batalha de
Waterloo (18 de junho de 1815), na Bélgica
Primeiro Império
Francês, sob o
comando do
Imperador Napoleão
(72 000 homens).

Sétima Coligação que


incluíam uma força
britânica liderada pelo
Duque de Wellington, e
uma força prussiana
comandada por Gebhard
Leberecht von Blücher
(118 000 homens).
Ilha de Santa Helena

A derrota em Waterloo pôs um ponto final nas


conquistas, nos projetos e nas elucubrações de
Napoleão Bonaparte. O imperador teve que abdicar
mais uma vez e, mais uma vez, exilar-se. Dessa
vez, na ilha de Santa Helena, onde morreria em
1821 aos 51 anos.
Caricatura alemã representando a carreira de
Napoleão, da infância à derrota em Waterloo e ao
exílio. Na "Lenda Napoleônica", ele foi transformado
em um mártir que morreu solitário em Santa
Helena. Uma preocupação constante de Napoleão
Bonaparte foi a construção de sua imagem pública.
Enquanto esteve no poder (1799-1815), ele
estruturou uma complexa máquina de propaganda.
Do homem da paz ao deus da guerra, do herói
revolucionário à vítima dos contrarrevolucionários,
comparando-se a Carlos Magno ou a Aníbal,
modificava sua figura pública de acordo com as
necessidades do momento. Seus opositores, por
sua vez, buscaram desfigurá-lo com o mesmo
empenho.
***Consequências da Era
Napoleônica
O início do século XIX, marcado pela Era Napoleônica, é
fundamental para a compreensão do mundo contemporâneo.
Entre as principais consequências dessa época, podemos citar:
•Contribuiu para a crise final do Antigo Regime;
•difundiu os ideais do liberalismo e do nacionalismo, base das
revoluções liberais de 1820, 1830 e 1848;
•contribuiu para a consolidação do capitalismo;
•incentivou os movimentos de independência das Américas;
•serviu de incentivo à Doutrina Monroe, base do imperialismo
norte-americano sobre as Américas.
CASA ONDE NAPOLEÃO PASSOU SEUS
ÚLTIMOS DIAS, NA ILHA DE SANTA HELENA.

Você também pode gostar