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Nós, D. Fernando, pela graça de Deus rei de Portugal e do Algarve, [...] desejamos [...]
que cada um viva seguro e regrado, com direito e justiça; para isto fizemos nossas
Cortes, nas quais foram juntos os infantes nossos irmãos e bispos e abades e prelados e
condes e priores e mestres das ordens das cavalarias e ricos-homens e fidalgos e
também muitos e mui bons cidadãos das cidades e vilas, os quais mandámos vir a estas
Cortes para termos acordo e conselho [sobre como] corrigir e melhorar o estado dos
Reinos e para nos dizerem os agravos [praticados] por nós, pelos nossos oficiais ou por
outros poderosos. [...]
E nós [...], tendo conselho com os da nossa corte e com letrados e entendidos,
respondemos em cada artigo.
1.º – Pedem-nos que, daqui em diante, o rei não faça guerra nem moeda nem outra coisa
que possa causar dano à nossa terra, salvo com o conselho dos cidadãos e naturais [...].
Respondemos que queremos chegar a acordo convosco sobre isto. [...]
4.º – Dizem que mandamos comprar vinhos e outras mercadorias e que não as
mandamos pagar [...], o que não é próprio de rei. E pediam-nos que mandássemos pagar
o que comprámos, e que daqui em diante fizéssemos o mesmo. [...]
13.º – Dizem que os grandes homens da nossa terra, cavaleiros e fidalgos e corregedores
[...] mandam comprar mercadorias. E as mandam vender, o que não pertence a tais
pessoas fazer. E que por esta razão tiram o mantimento a mercadores e a outras pessoas.
[...]
22.º – Dizem que a nossa terra é prejudicada porque, quando temos guerra [...], obrigam
os cidadãos e seus lavradores ao serviço militar e ficam as terras despovoadas e
danificadas. [...] E pediam-nos [...] que tais pessoas sejam dispensadas desse serviço
[...].
24.º – Dizem que os reis nossos antepassados, vendo que os clérigos se apoderavam de
muitas terras que compravam, em prejuízo dos nossos direitos e dano dos nossos povos,
proibiram que o fizessem [...]. E que agora eles procedem em engano da lei [...].
Respondemos e mandamos que se respeite a dita lei [de desamortização].
44.º – Dizem que, em muitos lugares, clérigos e fidalgos compram e vendem
mercadorias, e não toleram a ingerência dos almotacés [...], nem querem pagar sisas,
alegando que são privilegiados e ameaçando com excomunhões. [...] Respondemos e
mandamos que as nossas justiças lho não consintam. [...]
51.º – Dizem que alguns lavradores e guardadores de gado [...] fizeram-se mercadores e
almocreves, e deixaram de lavrar e criar. Pediam-nos que mandássemos que cada um
conservasse o seu ofício [...], como foi mandado por nosso pai [...].
54.º – Pedem-nos que se regulem os altos salários exigidos pelos camponeses [...], de
modo a que tenham mantimento e os lavradores possam ter quem os sirva [...].
95.º – E porque também os reis nossos antepassados costumavam fazer as suas Cortes
muito raramente, sendo a emenda do mal feita muito tarde, [...] pediam-nos que
ordenássemos nossas Cortes de três em três anos.
1. As Cortes eram assembleias que
(A) aconselhavam o rei em assuntos como a guerra e a desvalorização da moeda.
(B) deliberavam acerca de assuntos como a justiça e a cobrança de impostos.
(C) reuniam em Lisboa sempre que necessário, por iniciativa da Cúria Régia.
(D) reuniam em Lisboa periodicamente, por iniciativa dos representantes dos concelhos.
GRUPO II
D. João I, pela graça de Deus rei de Portugal e do Algarve, a vós juízes e concelho e
homens-bons do julgado de Lafões, saúde.
Sabei que os moradores do burgo de Vouzela nos mandaram dizer que el-rei D. Dinis,
nosso bisavô [...], querendo fazer graça e mercê aos moradores do dito lugar, lhes dera e
outorgara privilégio em que ele mandava que houvesse no dito lugar uma feira franca
em cada ano e outorgara certos privilégios àqueles que à dita feira viessem [...]. [No
entanto,] por causa das guerras e da grande crise e pobreza que se seguiram, há muito
tempo que não se realizava a dita feira nem dela se tirava proveito. E mandaram-nos
pedir por mercê que lhes outorgássemos a dita feira.
E nós, vendo o que nos disseram e pediram e querendo fazer-lhes graça e mercê,
porquanto o dito lugar de Vouzela é o melhor e o mais honrado lugar desse julgado, por
ser mais povoado e porque é ponto de passagem de muita gente, temos por bem e
outorgamos que possam aí fazer a dita feira em cada ano, no primeiro dia de agosto, a
qual mandamos que dure oito dias; e que a dita feira e aqueles que a ela vierem tenham
os privilégios, as liberdades e as isenções que têm as feiras francas de Viseu, de
Trancoso e da Guarda, que se fazem por dias certos em cada ano.
E, para a dita feira ser melhor e mais honrada e os que a ela vierem acharem onde
colocar as tendas para as suas mercadorias, mandamos-vos que, com os bens desse
concelho, mandeis aí fazer, no rossio, ao lado do paço do concelho que mandámos
fazer, dois bons alpendres grandes, um numa parte e outro na outra parte da praça, em
que se vendam as ditas mercadorias. E também nos foi dito que se pode fazer no dito
rossio um chafariz, para os animais beberem, que pode ser abastecido com a água de um
rio que aí existe e que é do concelho.
E, para a dita feira ser mais honrada e para aqueles que a ela vierem terem, perto de si,
onde dar água aos seus animais, mandamos que façais o dito chafariz e que sejam
abertos canais para ter abundância de água. E, se não houver bens e rendas do concelho
para que isto se possa fazer, mandamos-vos e permitimos que lanceis para isso
contribuições extraordinárias sobre todos os moradores desse julgado, do mesmo modo
que nós vos mandámos fazer para a construção do paço do concelho.
4. Nos séculos XIII e XIV, a política régia de criação de concelhos tinha por objetivo
(A) o controlo e a averiguação do estado dos bens do rei e dos bens da Coroa.
(B) o incremento dos impostos senhoriais sobre as comunidades dependentes.
(C) o povoamento e o desenvolvimento económico de regiões do interior.
(D) o fortalecimento das relações hierárquicas de vassalidade entre a nobreza
GRUPO III
1. O «muito bom serviço» (linha 25) prestado pela Ordem de Santiago referia-se
(A) à abertura de escolas e do Estudo Geral para a formação da nobreza de corte.
(B) à participação na Reconquista e à defesa das terras recuperadas aos muçulmanos.
(C) ao cumprimento de corveias e ao pagamento de impostos ao poder central.
(D) à nomeação de magistrados concelhios e à aprovação de posturas municipais.
2. O senhorio confirmado por esta «carta de doação» (linha 5) de D. Afonso III à Ordem
de Santiago denominava-se
(A) concelho.
(B) honra.
(C) couto.
(D) reguengo.