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Publicidade e Turismo em Cascais

Das origens aos nossos dias

Cadeira: História do Lazer e do Turismo

Profª Doutora: Maria Alexandre Lousada


Aluno: José Manuel Rodrigues da Silva nº 147557
Introdução

A publicidade é uma actividade que envolve a divulgação de uma marca, produto, ou


serviço pelos meios de comunicação disponíveis, por forma a atingir um determinado
publico, por forma a criar uma necessidade e levar esse publico a comprar e consumidor
o que se anuncia. Tem uma função de dar a conhecer um produto, o “estado da arte” em
relação a esse bem1. Hoje a publicidade abrange todas as actividades da vida actual e
está presente em todos os meios: revistas, jornais, televisão, internet, rádio, murais,
cartazes, pósteres, lembranças diversas, cinema e literatura. Esta variedade de meios
obriga a que publicitários estejam sempre atentos às tendências culturais e aos
comportamentos da sociedade, de forma a que os consumidores se identifiquem com o
produto anunciado.

Quanto ao turismo, nasce como uma actividade de lazer. A aristocracia tinha muito
tempo livre, que vai ocupar esse tempo livre com novas actividades que serão a base do
turismo; visitar determinadas cidades, ir para termas, escalar montanhas e banhos, ao
mesmo tempo que se viajava procurava-se também um “ar” mais saudável e uma quebra
da rotina. O turismo simultaneamente tornou-se numa prática social e cultural e
económica porque implica a viagem e vigileatura, para tal os destinos têm de garantir a
oferta de diversos serviços que assegurem uma boa estadia e conforto para os visitantes.

Apesar de já termos exemplos vindos dos finais do século XVIII, foi ao longo do século
XIX que se deu um aumento do tempo livre e das actividades de lazer em meio urbano
– entre o inicio da década de 1860 e meados do século XX que se assistiu no mundo
Ocidental a maior disponibilidade temporal, o que constituiu uma novidade, mas
também uma preocupação crescente sobre a forma de como irão ocupar esse tempo.
Com a invenção do fim-de-semana, e as diferentes formas de lazer, assistimos ao
declínio do lazer culto.

1
Lembramos os anúncios a automóveis de valor muito elevado que apesar de não ser dirigido a todo o
publico dá a conhecer esse produto, adiciona-lhe prestígio. O mesmo podemos dizer em relação a uma
região como Cascais, pois alguma da sua publicidade afirmava ser “um local eleito pela antiga
aristocracia” ou como o “porto de abrigo da realeza europeia”.

2
Vamos ver como a publicidade se foi adaptando e contribuindo para a promoção de
Cascais como destino turístico e as interacções entre estes dois elementos tão
importantes para a economia actual.

1. Contexto histórico

Cascais é uma vila sede de concelhos que pertence ao distrito de Lisboa, com
aproximadamente 210.000 habitantes.

Cascais era na Idade média uma pequena aldeia de pescadores e lavradores. Teve
atribuída Carta de Vila2 em 7 de Junho de 1364, pelo rei D. Pedro I, que a separava do
termo de Sintra3.

D. Manuel I concedeu a Cascais o seu primeiro Foral a 15 de Novembro de 1514, uma


vez que de 1364 a vila até então se regera pelo foral de Sintra.

Cascais Situa-se a poucos quilómetros da foz do Tejo pertence à Estremadura


portuguesa onde se incluem também, as povoações vizinhas de Sintra e Oeiras.

Com a conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques estas terras integram-se no Reino
de Portugal em 1147. Apesar da reconquista cristã mantiveram-se na zona muitas das
características na exploração da terra que os muçulmanos tinham vindo a realizar até
então. A manutenção de gentes com as suas propriedades, moçárabes, mas também
gente de origem moura que preferiram permanecer 4, eram de tal forma importantes, que
tiveram da parte do rei D. Afonso Henriques a promessa de protecção, tendo sido aos
2
“Dom Pedro, pela graça de Deus, rei de Portugal e do Algarve, a quantos esta carta virem faço saber
que os homens-bons de Cascais me enviaram dizer que fosse minha mercê de os fazer isentos da sujeição
de Sintra, cuja aldeia era, e lhes outorgasse que o dito logo de Cascais fosse vila por si e houvesse por si
jurisdição e juízes para fazer direito e justiça, e os outros oficiais que fossem compridoiros para bom
regimento desse lugar; e que eles dariam a mim em cada ano 200 libras mais, além daquilo que me
rendiam os meus direitos que eu havia do dito logo.
E eu, vendo o que me enviaram dizer e pedir, e tendo que é serviço de Deus e meu e guarda da minha
terra, porque aquele lugar está em aquela costa do mar, e querendo fazer graça e mercê aos moradores
do dito lugar de Cascais, tenho por bem e mando que o dito lugar de Cascais seja isento da sujeição de
Sintra cuja aldeia era, e que seja vila por si e que haja jurisdição do cível e do crime como hão as outras
vilas do meu senhorio que assim são isentas. E mando que elejam seus juízes para fazerem direito e
justiça, e façam seus oficiais segundo é costume de fazer nas outras vilas do dito meu senhorio. E eles
devem dar a mim em cada ano, daqui em diante, as ditas 200 libras, além do que eu i hei, Carta da Vila,
1364”
3
Vide https://issuu.com/agendacascais/docs/2014_arquivos_650anos_vila_cascais_
4
Na prática nas zonas limítrofes, a sua vida fora um caso ou outro iria manter-se exactamente na mesma,
para esta gente mudava apenas o senhor para quem trabalhavam.

3
mouros de Lisboa, Almada, Palmela e Alcácer do Sal, atribuído um foral para a defesa
dos seus direitos. Anos antes daquele que atribuiu à própria cidade de Lisboa 5. Tal
permitia não só a manutenção desta população, ajudando ao povoamento do território,
como também as culturas se mantiveram de forma a obter não só os proveitos devidos,
mas também manter o cultivo das terras e a actividade piscatória. A conquista
obviamente vai favorecer o povoamento dos territórios a sul do reino 6. Será um período
em que ser irá cuidar dos portos marítimos que garantissem a manutenção da população
e o escoamento das produções das regiões em volta7. A ideia era sustentar um comércio
marítimo em desenvolvimento ao mesmo tempo servindo como uma primeira defesa da
costa8.

Progressivamente a vila vai crescendo com a chegada de novos lavradores e pescadores


vindos de outras zonas do país, que transformam o porto de cascais num dos mais
importantes do país para o escoamento da produção das regiões vizinhas para a cidade
de Lisboa.

A vila e o termo continuam a sofrer as consequências do Terramoto de 1755, do qual


ainda não conseguiram recuperar totalmente9.

Vamos assistir a mudanças administrativas em 1759, quando se dá uma alteração nas


fronteiras do concelho. O antigo termo de Cascais incluía ainda uma pequena parte do
reguengo de Oeiras10, na área conhecida como o «reguengo de a par de Oeiras». Um
alvará de 11 de Agosto de 1759, define que a área conhecida como Bucicos 11 se vai

5
Vide Mattoso, José, Reis de Portugal - D. Afonso Henriques, 2ª edição, Círculo de Leitores e Centro de
estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, Temas e Debates, Maia, 2007, pág. 258.
6
Muita da população moura fugiu para se refugiar entre os seus, mas nesta zona é mais ou menos
consensual que se mantiveram muitos para quem a vida continuaria na mesma, apenas mudava o senhor a
quem pagar impostos. Com eram pessoas experientes e bons no seu ofício o rei tinha todo o interesse em
manter sob a sua alçada estas pessoas.
7
Paço de Arcos, em Oeiras, era nesta altura outro centro de escoamento destes produtos.
8
Sobre este assunto só será definitivamente com a construção da Defesa da Barra de Lisboa iniciada com
D. João IV, apesar da defesa da costa ser uma preocupação de todos os reis portugueses até então, até lá
estes locais serviam como primeiro aviso, caso agissem a tempo e não fossem atacados o que era
frequente, quer pela acção de mouros, mais tarde dos castelhanos e mesmo dos piratas, - que com o
advento dos Descobrimentos Portugueses assolavam a costa portuguesa com mais frequência em busca de
riquezas que eram transportadas por via marítima.
9
Podemos comprar este facto por fotografias do século XIX onde ainda podemos ver os feitos deste
desastre natural.
10
Neste mesmo ano de 1759 a 7 de Julho é concedido por D. José, o último foral atribuído em Portugal, o
de Oeiras, que irá proceder a pequenos arranjos administrativos entre os dois concelhos, que dará a ambos
o aspecto que hoje conhecemos.
11
Localizada na margem direita da ribeira da Lage, nos terrenos hoje ocupados pela adega e lagar do
Palácio dos Marqueses de Pombal e pelo estacionamento do Centro de Saúde de Oeiras, a vila de Bucicos
era sede de um pequeno território autónomo conhecido por Reguengo a par de Oeiras.

4
unir a outras áreas cascalenses para vir a formar a vila de Carcavelos, continuando, no
entanto, sobre a alçada da mesma donatária. Após a morte da última donatária de
Cascais e Carcavelos, em 1764, Carcavelos passa a integrar o concelho de Oeiras.

No ano de 1774 assiste-se à fundação da Real Fábrica de Lanifícios de Cascais 12. Nos
finais do século XVIII ganha fama o famoso vinho de Carcavelos, então também
conhecido como Lisbon Wine13. A sua produção espalhava-se não apenas pelas colinas
suaves ou lombos próximos do mar na zona de Carcavelos até Oeiras14.

Em 30 de Novembro de 1807, Cascais é ocupada pelas tropas de Junot, até 2 de


Setembro do ano seguinte na sequência da assinatura da Convenção de Sintra15.

Durante as lutas liberais a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz irá servir como prisão.
Onde foram detidos os opositores de D. Miguel, vindo a ter a infame alcunha de «o
Inferninho»16. Após o fim das lutas liberais vamos assistir a um período de decadência
acentuado causado quer pela extinção das ordens religiosas 17, quer pela retirada do
Regimento de Infantaria 19.

Em 1370, D. Fernando, cedeu o lugar de Cascais ao seu guarda-mor, Gomes Lourenço de Avelar, com a
delimitação precisa do seu termo. Acontece que nesta demarcação se encontravam terras que pertenciam
ao reguengo de Oeiras, nomeadamente o território que ficava entre a ribeira da Laje e a zona onde
actualmente encontramos Carcavelos. Nesta pequena parcela ganha o nome de Reguengo a par de Oeiras.
A sua autonomia manteve-se intacta até ao século XVIII. No seguimento dos interesses de Sebastião José
de Carvalho e Melo na unificação das suas terras em Oeiras é extinta a antiga vila de Bucicos, a 11 de
Agosto de 1759, substituída por Carcavelos. Em 1760, Sebastião José propõe e obtém a troca desta área
pela quinta de Montalvão nos Olivais. Dá-se assim a união, de um único senhor, no território original do
reguengo de Oeiras. A 9 de Abril de 1764, consuma-se a união dos dois territórios com a anexação do
termo de Carcavelos ao concelho de Oeiras.
Pelo decreto de 26 de Setembro de 1895, temos a extinção do concelho de Oeiras. Cascais passou,
também, a agregar as freguesias de Carcavelos, Carnaxide, Oeiras e S. Julião da Barra, mas a 13 de
Janeiro de 1898, o concelho de Oeiras é restaurado, a freguesia de Carcavelos por sua vez irá manter-se-ia
ligada a Cascais. in https://www.cascais.pt/junta-de-freguesia/freguesia-de-carcavelos-e-parede
12
Uma das muitas companhias fundadas pela política mercantilista do Marquês de Pombal, e que se
insere no período de uma década de grandes reformas do Marquês vide Mattoso, José (dir.), História de
Portugal – Antigo regime, 4º Volume, Editorial Estampa, Lisboa, 1998, pp. 83-86 e 418-419 e ainda
http://www.filorbis.pt/educar/histFormProf52.htm
13
Para que se pudesse fazer a comparação com os vinhos do Porto e da Madeira. Este vinho foi muito
exportado para Inglaterra.
14
Como acima vimos há contantes interacções entre estes dois concelhos. Por vezes confundem-se nas
zonas de fronteira, ainda hoje o vinho da Carcavelos continua a ser produzido entre ambas regiões, apesar
do terríveis efeitos da filoxera no século XIX provocaram no concelho de Oeiras.
15
Vide Mattoso, José (dir.), História de Portugal – Antigo regime, 5º Volume, Editorial Estampa, Lisboa,
1998, Pág. 36.
16
In https://www.cascais.pt/sites/default/files/anexos/gerais/cascais_650_anos_de_historia.pdf, pág. 41.
17
O Decreto de extinção das Ordens Religiosas elaborado Joaquim António de Aguiar, assinado por D.
Pedro IV, foi publicado em 30 de Maio de 1834. Costa, João Paulo Oliveira e, Episódios da Monarquia
Portuguesa, Círculo de Leitores, Maia, 2013, pp. 386-387.

5
Esta decadência será notada até que em 1867, Cascais ascendeu, à condição de praia da
Corte, quando a Rainha D. Maria Pia escolheu a vila para a prática dos banhos de mar18.

2. Séc. XIX – Cascais como o refúgio da Corte e da aristocracia

As referências aos primeiros banhos nesta região surgem-nos ainda do século XVIII. D.
José, que, em 1775 e 1776, fez ali tratamentos os famosos “banhos do Estoril”. Os
tratamentos decorriam nos meses de Verão, o rei ficava hospedado com a família na
quinta do marquês de Pombal, em Oeiras. Altura em que o Marquês de Pombal mandou
arranjar a estrada entre Oeiras e o Estoril para evitar causar mais desconforto ao
monarca.

A vila de Cascais virá a beneficiar muito com a reconstrução da estrada entre as duas
vilas, que ficou concluída em 1864. As obras nas estradas irão prolongar-se por mais
quatro anos com a ligação de Cascais a Sintra. Com estas duas vias será possível
deslocações mais simples e rápidas entre Lisboa, Cascais e Sintra, origina a moda de vir
tomar banhos a Cascais e consequentemente estabeleceu um triângulo turístico, que
ainda hoje é uma realidade, abrindo caminho para a actividade turística na vila de
Cascais.

Este facto e irá determinar o estabelecimento de uma nova tendência, que teve por base
o lazer, Cascais vai-se tornar num local procurado para banhos de mar, enquanto espaço
público. Para isso irá contribuir e muito a escolha da Rainha D. Maria Pia como local
privilegiado para a passagem sazonal dos seus períodos de férias com a Família Real.

As estadias da Família Real em Cascais para usufruir de umas férias à beira-mar para
usufruir de banhos marítimos, vai consolidar-se a partir de 1870. Para que tal fosse
possível procedeu-se à conversão da antiga casa do Governador da Cidadela num Paço.
A Corte passou a ter um lugar para se instalar em Cascais19.
18
A partir de Setembro o mar nesta zona é mais calmo, o que propiciava à prática dos banhos de mar,
como prática saudável e para a boa forma da saúde da pessoa.
19
Em condições consideradas como demasiado modestas para a qualidade real das pessoas da Família
Real, tal facto irá ser bastante criticado e aproveitado pela oposição republicana, que não perdoará quer os
gastos da Casa Real, quer as condições consideradas pouco dignas em que a Corte se instalava. - " Sem
qualquer conforto, as principais famílias de Portugal irão ocupar, entre Setembro e Outubro, modestas
casas de pescadores, de brancas paredes caiadas e soalhos gastos, onde destoavam certamente os
criados de libré, as carruagens sumptuosas e as preciosas baixelas trazidas dos palácios de Lisboa", diz

6
Em sequência desta preferência por parte da Família Real e do prestígio associado,
vamos assistir à chegada de mais gente, não só dos que serviam a Corte, é a altura que
as classes altas20 descobrem as maravilhas das férias junto ao mar. Mais do que um
passeio para uma ida até à praia, começaram as épocas dos banhos21.

Assim no reinado de D. Luís I, a Família Real passou a deslocar-se de Sintra para


Cascais em meados de Setembro, e no reinado de D. Carlos a 28 de Setembro, data em
que o rei e a rainha, D. Amélia, festejavam os respectivos aniversários, permanecendo
em Cascais até à abertura do Teatro de S. Carlos, em meados de Outubro22.

Cascais vai tornar-se no local privilegiado de encontro obrigatório, não só da Corte,


como da aristocracia portuguesa e estrangeira, de grandes homens de negócios e dos
mais representativos intelectuais dos séculos XIX e XX23.

Nesta época ir à praia, apanhar sol e banhar-se no mar não era entendido como um
momento de lazer, mas sim um acto terapêutico, para curar doenças. Portugal desde
cedo o adoptou, como vimos no exemplo de D. José, era uma recomendação terapêutica
que era já aconselhada desde os finais do século XVIII, que paulatinamente se foi
espalhando pelos países europeus num movimento liderado pela Inglaterra. Na altura os
médicos prescreviam o número e a duração dos banhos, em águas mais ou menos frias,
conforme a enfermidade que padecia o doente. O tratamento podia envolver formas

Margarida de Magalhães Ramalho na sua obra Estoril, a Vanguarda do Turismo. Mais sobre este assunto,
vide Lopes, Maria Antónia, Rainhas de Portugal - Rainhas que o Povo amou, Círculo de Leitores, Maia,
2011, pág. 225-228.
20
E não só, as férias junto ao mar se tornaram populares, primeiro nas classes mais elevadas e
progressivamente para toda a população. Este hábito paulatinamente foi-se enraizando nos portugueses.
Nos finais do século XIX, as diversas classes sociais não se misturavam. As classes mais baixas iam para
praias como as de Alcântara, Algés, ficando as praias do Estoril e Cascais destinadas à aristocracia e
burguesia endinheirada.
21
"Pelo simples facto da residência à beira-mar, o apetite aumenta, a digestão opera-se mais
regularmente e mais rapidamente, a respiração exerce-se com mais actividade, o sistema nervoso
sobreexcita-se." Na descrição de Ramalho Ortigão, na sua obra que obtivemos em formato digital:
Ortigão, Ramalho, As praias de Portugal, Livraria Universal, 1876, Porto, pág. 115-119.
22
Ramalho Ortigão confirma-nos a presença real, quando escreve: “Desde o meado de Setembro até ao
fim da estação, Cascaes torna-se o centro mais completo, o mais fino extracto da vida elegante de
Portugal
As senhoras aristocratas começam então a reunir-se no salão do club, onde se talham e se cosem os
fatinhos para as creanças pobres, que sua majestade a rainha distribue por sua própria mão aos
agraciados”. Op. Cit. Pág 81.
23
Como já demos o exemplo de Ramalho de Ortigão, entre outros, que na obra As Praias de Portugal que
acima citamos, faz alusão a Eça de Queiroz e do picnic realizaram na Boca do Inferno. Com alguma
ironia, diz-nos que onde antes os príncipes tinham corrido perigo de vida ele e Eça de Queiroz
refrescaram a sua garrafa de champanhe, sem qualquer perigo para a dita.

7
consideradas na época como quase radicais 24, como o salto de uma prancha de uma
embarcação qualquer, para a água ou mesmo beber copos com água do mar25.

A vila passou a debater-se com carências sérias ao nível do alojamento, que a contínua e
cada vez maior afluência de visitantes realçou.

Para fazer face à escassez de alojamentos dotados das condições exigidas pelos
vilegiaturistas, assistiu-se à edificação de novas habitações, algumas eram arrendadas a
famílias que para ali se deslocavam, outras foram sendo contruídas ao longo da costa até
Lisboa. Todo o litoral vai ser objecto da gradual atenção por parte de gente que irá
construir as suas casas e chalés26. Consequentemente vemos também o aparecimento
dos primeiros hotéis e pensões enquanto suporte do surto de vilegiatura, tempo de
repouso desfrutado na estação mais calma, que se apossou do litoral cascalense com a
chegada dos primeiros turistas.

Esta nova situação vai impor à Câmara Municipal de Cascais a procura de soluções para
os novos problemas que se levantavam. Assim foi forçada a reequacionar e as infra-
estruturas do concelho para situações como27:

 Preocupação com a climatologia e termalismo;


 O sistema de esgotos;
 Abastecimento de água;
 A recolha de lixos;
 A iluminação pública;
 Um plano de urbanização, rede viária e de transportes;
 Atractivos naturais como o clima e paisagísticos;
 Lazeres desportivos e culturais
 Uma nova orgânica do Turismo.

24
Atrevemo-nos a usamos um termo muito em voga nos nossos dias.
25
Conforme podemos confirma pela leitura da obra de Ramalho de Ortigão, opt cit, pp 115-119. Na pág.
43 da mesma obra recomendava inclusive que a somar à prática terapêutica, a instalação de escolas de
natação para as senhoras, devido aos efeitos positivos que esta prática tinha no bem-estar físico.
26
https://arquivodigital.cascais.pt/xarqweb/Result.aspx?id=83330&type=PCDhttps://
arquivodigital.cascais.pt/xarqweb/SearchResults.aspx?
search=20644&type=PCD&mode=2&page=4&res=0
27
vide: https://issuu.com/agendacascais/docs/2014_arquivos_650anos_vila_cascais_ , pág. 44.

8
Ao mesmo tempo que vai crescendo a oferta para a vigileatura, no concelho vão-se
construindo novos equipamentos e no sentido de fomentar as modalidades de lazer, bem
como inovações estruturais e viárias de fundo para melhor acolher os visitantes
nacionais e internacionais e que permitiriam ao mesmo tempo amenizar a vida dos
cascalenses cuja maioria era analfabeta, miserável e muito ligada ao sector primário,
como a agricultura e as pescas.

Uma das acções para garantir melhores condições de estadia, é inauguração em 1869 do
Teatro Gil Vicente28, será uma iniciativa promovida pelo comerciante de Lisboa Manuel
Rodrigues Lima, para que se pudesse proporcionar aos habitantes, mas sobretudo aos
veraneantes algum tipo de animação. Este teatro irá desenvolver nos cascalenses a
paixão pelo teatro, mais tarde, esse gosto vai resultar na formação de vários grupos de
teatro amador. Irão também florescer as associações, como por exemplo a Sociedade
Filarmónica Cascaense que nasce em 1886 29, a Associação de Socorros Mútuos Nossa
Senhora da Assunção de Cascais, o aparecimento do Casino da Praia em 1872 e o
Sporting Club de Cascais no ano de 1879, - o Sporting Club de Cascais 30 era uma
sociedade desportiva e recreativa. Situava-se nos terrenos da antiga Parada da Cidadela
e onde se reunia a nobreza. Entre os fundadores encontravam-se elementos da Casa Real
como o Rei D. Carlos, o Infante D. Afonso, além de muitos outros ligados à
aristocracia, aos negócios e às artes como: Ramalho Ortigão 31, Camilo Castelo Branco;
José Maria d’Almeida Teixeira de Queirós o pai de Eça de Queirós e o próprio de Eça
de Queirós. O desporto irá despontar nesta época em Cascais. Modalidades como provas
náuticas, natação, ténis, a equitação, e mesmo o futebol que no nosso país começava a
dar os primeiros pontapés, serão as preferidas e aquelas que se destacarão.

Relativamente a espaços de convívio não podemos deixar de referir a tauromaquia vista


aqui como uma ocupação ligada aos tempos livres e lazer. Em 1868 existia em Cascais
uma Comissão Tauromáquica Permanente, que se encarregou de edificar a primeira

28
Vide: http://www.e-cultura.sapo.pt/artigo/21329
29
vide: http://cm-cascais.pt/video/associacao-humanitaria-dos-bombeiros-voluntarios-de-cascais-medalha-
de-honra
30
Vide Fotos 4a/4b e 15.
31
Que a este propósito em Outubro de 1888 escreve que «O Sporting Club [...] deu ao lugar um arzinho
de civilização, que não deixa de surpreender um pouco numa praia nacional. Vários jogos de jardim
foram correctamente estabelecidos e são assiduamente frequentados.». In
https://www.cascais.pt/sporting-club-de-cascais e foto nº 15.

9
praça de touros em Cascais32, foi inaugurada a 20 de Setembro desse ano, em sessões
em que actuaram as grandes figuras desta arte na época. Em 1873 foi construída outra
junto ao chamado Passeio da Parada, que funcionou até 1879. Mais tarde é construído
outra praça no sítio do Rosário, este agora construído em alvenaria e com bancadas em
madeira com capacidade para sete mil e quinhentas pessoas. Inaugurada em 27 de
Setembro de 1894, contou com a presença da Família Real33.

As inovações tecnológicas34, também têm lugar, como a iluminação da Cidadela de


Cascais em 1878, pela altura do aniversário do Rei D. Carlos, e do passeio de Dª Maria
Pia em 189035, que será também o primeiro a possuir iluminação eléctrica em Portugal,
e em 13 de Setembro de 1900 estará funcionamento uma estação telefónica. A estas
seguir-se-ão muitas outras visando os domínios de âmbito recreativo, desportivo,
cultural e humanitário, bem como, mais hotéis, casinos. Teatros, clubes, jardins,
cinemas e campos de jogos36.

Como tudo nasce de uma necessidade 37, um dos grande princípios da economia,
inicialmente devido ao aumento da procura de estadia no concelho a que se vai juntar a
necessidade em fazer anunciar às pessoas que existem determinados serviços para
satisfazer essa mesma procura. De início, era uma oferta que atendia ao estatuto social –
como há uma gradual ascensão social de se pode observar de Lisboa para Cascais, pois
as classes mais altas escolhiam esta vila para se instalarem. Numa pertinente observação
feita por Ramalho de Ortigão na obra já citada em As Praias de Portugal -, a oferta
tinha em vista as classes sociais que procuravam o concelho para as suas férias ou
ocupação de tempos livres38.
32
Mais uma vez Ramalho de Ortigão que como um nosso “correspondente” directo da época confirma-
nos na sua obra também a existência de uma praça de touros na localidade. Op. Cit. Pág. 80.
33
Vide foto 4b. Neste local será edificada a Monumental de Cascais foi inaugurada em 15 de Agosto de
1963 a última Praça de Touros de Cascais. Esta será demolida em 2004 sem qualquer planos de volta a
ser edificado mais alguns edifício no concelho dedicado à tauromaquia.
34
Ao analisar-nos o progresso na publicidade e no turismo, as inovações tecnológicas seguem a par e
passo, estas são aproveitadas no sentido de melhorar a forma de potenciar a oferta e a publicidade ao
produto que se quer promover. Há aqui uma relação íntima entre as três vertentes.
35
Vide fotografia de 1900 https://arquivodigital.cascais.pt/xarqweb/Result.aspx?id=83359&type=PCD
36
Vide https://issuu.com/agendacascais/docs/2014_arquivos_650anos_vila_cascais_ , pág. 47, e também
a foto nº 4, do anexo a este trabalho.
37
Lembramos aqui as lições sobre economia do Prof. Doutor Soares Martínez, em: Martínez, Soares,
Economia Política, 3ª Edição, Livraria Almedina, Coimbra, 1989, pp. 2-4.
38
Como também podemos confirmar pelo relato de Alberto Pimentel na sua obra “Manhãs de Cascaes”
de 1893, as pessoas das classes sociais mais altas procuravam espaços de sociabilização, onde poderiam
estar umas com as outras, aqui vistos como espaços identitários de um determinado estatuto ou classe,
com formas de comportamento social próprias, visto que, como já fizemos alusão e a leitura destes textos
contemporâneos da época que analisamos nos comprovam.

10
Por outro lado, a grande inovação no concelho vai dever-se ao caminho-de-ferro 39, cuja
inauguração acontece em 1889, e vai permitir uma grande redução no tempo de duração
da viagem a partir de Lisboa. Consequentemente, vai contribuir para o desenvolvimento
de toda a costa do Estoril. Será uma das razões por que no final do século XIX, as férias
junto ao mar se vão tornar tão populares. É um processo que lentamente se iniciou em
primeiro ligar nas classes mais elevadas e progressivamente alarga-se a toda a
população40. Em consequência disso assistimos aos anúncios aos estabelecimentos que
eram direccionados para esse mercado emergente, como foi o caso das casas para
arrendamento, casinos, pensões e hotéis.

Por sua vez os clubes além de locais de convívio disponibilizavam ao mesmo tempo
várias actividades e funcionavam muitas vezes como restaurantes, sala de baile de jogos
e também como salas de espectáculos. Após a época balnear alguns destes clubes
fechavam, reiniciando a sua actividade na época seguinte.

O famoso Casino da Praia foi contruído em 1873, sobre a muralha e onde antes se
encontravam armazéns e um espaço que pertencia ao ministério da Guerra. Foi o Juiz de
Paz José Joaquim de Freitas quem adquiriu os espaços e mandou contruir ali o edifício
do casino, cujo funcionamento era orientado para os veraneantes que também incluía
como sabemos a Família Real e a corte. O Casino da Praia era considerado o mais
distinto e elegante, onde se reunia a elite social de Cascais. Com acima fizemos alusão
este era um dos estabelecimentos que funcionava de forma sazonal. Abria no meio do
mês de Agosto e funcionava até ao mês de Outubro. Funcionava à tarde e à noite,
realizando todo o tipo de eventos associados a este tipo de espaços. Na época o conceito
de casino não tinha o mesmo sentido actual. Aplicava-se então aos estabelecimentos de
âmbito recreativo e privado, nos quais, podiam-se realizar diversas actividades de lazer,
tais como leitura, a organização de bailes, casamentos, jantares – cujas ementas eram
escritas em francês -, concertos, e também um local onde se jogava41.

39
Temos a propósito dos Caminhos de Ferro, podemos dizer que o primeiro êxito editorial de uma
publicação dedicada às viagens e ao Turismo em Portugal é a Gazeta dos Caminhos de Ferro publicada
desde 1888 – vide fotos 31ªa e 31b -, na qual se destacavam rubricas como “Viagens e Transportes” e
“Termas, Campos e Praias”, com crónicas variadas e sugestões de viagem aos leitores.
40
Temos de ter em atenção às enormes alterações sociais que no séc. XIX se operaram.
41
Um Acórdão do tribunal Administrativo vai considerar os casinos como “casas de recreio”, sujeitos a
taxas municipais, baseado no artª 73 do Código administrativo de 2 de Março de 1895.

11
O jogo como actividade teve muita importância para o desenvolvimento da região. Não
estava ainda legislado nem regulamentado, era praticado em diversos locais como nas
associações, em hotéis, nos casinos e, nos clubes.

Entre 1900 e 1907, durante os governos de Hintze Ribeiro23 e João Franco, o jogo será
fortemente reprimido. Como resultado da proibição verificou-se neste período um
enfraquecimento da actividade turística, que é uma actividade sujeita a sazonalidade, o
que teve como consequência estagnação na actividade turística em Cascais 42.

Relativamente à actividade hoteleira dos poucos os dados que sobre actividade 43, nos
livros de registo dos diversos serviços da câmara, dão-nos conta da existência de
estabelecimentos hoteleiros como o Hotel União, propriedade de Bernardo Soutelo, o
Hotel Lisbonense ou Neto, já existente em 9 de Agosto de 1871, será destruído por um
incêndio em 189244. No Anuário Comercial de 1893, temos referidos três hotéis na vila:
o já referido Hotel Lisbonense, o Central e o Globo, no. No ano seguinte em 1834, o
mesmo anuário, menciona mais um hotel na vila, o Hotel Bragança, aparecendo pela
primeira no Anuário Comercial. Este não era um novo hotel, mas sim uma reconversão
do antigo Hotel Central que pertenceu a Felice Petracchi que o vendeu a Victor Lestage.
A 15 de Maio de 1895, o novo dono anuncia-o a sua inauguração 45 a 15 de Maio de
1895, com o novo nome. De 1894 a 1900, vemos o registo apenas uma nova unidade
hoteleira, o Hotel Costa inaugurado em 1900 e que se situava na Avenida Valbom.

Nos ponto, podemos verificar pelos registos, que desde muito cedo uma ligação entre o
turismo e a publicidade neste concelho. A publicidade torna-se necessária, para dar a
conhecer os espaços, vemos com frequência publicidade aos hotéis, restaurantes,
espaços desportivos, e casinos, além de a que é dirigida às belezas naturais do
concelho46. A importância que as viagens, excursões, e o turismo que nos finais de
42
Mais sobre o tema e a extensão deste problema, vide:
https://biblioteca.cascais.pt/bibliotecadigital/0002/SPC2_item2/SPC2_7/SPC2_7_item2/index.html no
Boletim Cultural do Município, nº 7 de 1988), pp. 94-95, cuja cópia em PDF junto anexamos.
43
Mas podemos ainda assim consultar algumas fontes como as citadas e comparar com os relatos da
época.
44
Ramalho Ortigão, mais uma vez, confirma-nos este na sua obra, op. Cit. Pág. 80.
45
Vide foto nº 8, onde podemos confirmar esta informação.
46
Cascais passa a definitivamente a fazer parte do roteiros de viagens e de férias. Como sabemos desde
cedo se começou a escrever livros de viagens sobre Portugal, temos desde cartas e livros de viagens que
diversos estrangeiros escreveram sobre Portugal – como por exemplo: Bory de Saint-Vincent et Jean-
Baptiste-Geneviève Marcellin, Guide du voyageur en Espagne, L. Janet, 1823 Paris, sendo que o 2º
volume desta obra é dedicado a Portugal. Até que em meados do séc. XIX, havia já diversos trabalhos
realizados em Portugal no sentido de promover e ajudar o viajante, como por exemplo, os Guias do

12
século XIX vão adquirir darão origem a sociedades que irão promover estas actividades.
Sociedades como o Touring Clubs, que inicialmente estavam ligadas ao ciclismo, como
modelo tinham o English Cyclist Touring Club, fundado em 1875.

Em Portugal, devemos a Leonildo de Mendonça e Costa - fundador e director da Gazeta


dos Caminhos de Ferro - a ideia para criar uma sociedade que promovesse o turismo no
país. Devido ao desenvolvimento que, desde as últimas décadas do século XIX, o
turismo tinha em Portugal, contribuindo para isso o desenvolvimento dos transportes,
inicialmente com os caminhos de ferro e, no final do século, o automóvel e a bicicleta 47.
Para melhor promover as viagens as companhias de caminhos de ferro vão criaram
bilhetes para turistas e excursionistas, irão organizaram excursões bem como publicar
guias de viagem48.

Em Maio de 1908, deu o I Congresso Franco-Espanhol de turismo que se realizou em


saragoça, Congresso no qual Portugal não participou.

A 3 de Outubro de 1909 a Espanha volta a receber um novo Congresso, na cidade de


San Sebastián. Este Congresso organizou-se em torno de 4 temas: organização e
trabalhos gerais; transportes e comunicações; propaganda; e outras questões diversas.
No Congresso participaram organizações espanholas e francesas, como as sociedades de
turismo. A Câmara Municipal de San Sebastian procurou que Portugal estivesse
presente no congresso, para tal convidou o engenheiro Fernando de Sousa na altura era
o Presidente da Sociedade Portuguesa de propaganda para participar também no
congresso. Nos diversos discursos, não foram feita quaisquer referências a Portugal.
Fernando de Sousa aproveitou o seu discurso para a necessidade para se contar com
Portugal nas iniciativas de promoção do turismo da Península ibérica, para isso lembrou
o papel que o país poderia assumir como cais da europa: “procurou fazer compreender
a importância que para o excursionismo na região pirenaica podiam ter os portos de
escala portuguesa nas relações com a América, convidando os viajantes a substituir

Viajante no Porto e O Guia Histórico do Viajante no Porto e Arrabaldes, datados de 1864 que falam
sobre as maravilhas desta cidade, ou o Guia Histórico do Viajante em Coimbra. Até que em 1905
MORGADO A. & SANTOS JUNIOR (Santonillo) editam o Guia Ilustrado do Viajante em Portugal ou
Manual do Viajante.
47
Foram promovidas várias excursões de bicicleta no país.
48
Não deve ser por acaso que no final da obra de Ramalho de Ortigão, o texto de 1876 e vemos
estampado após os capítulos finais do seu livro não só os horários, mas também os preços das viagens de
comboio para as diferentes regiões do país. Havia naquele tempo já uma preocupação em dar a conhecer
como se poderia viajar e qual o custo que isso poderia acarretar ao turista.

13
parte do percurso marítimo pela excursão terrestre, que lhes permitisse visitar
Portugal, a Espanha e a vertente francesa dos Pirenéus”49 .

Assim a 28 de Fevereiro de 1906, temos um passo importante para a divulgação do


turismo em Portugal e consequentemente o de Cascais, quando é fundada a Sociedade
de propaganda de Portugal, também conhecida como Touring Club de Portugal, que
tinha como objectivo: «promover, pela sua acção própria, pela intervenção junto dos
poderes públicos e administrações locais, pela colaboração com este e com todas as
forças vivas da nação, e pelas relações internacionais que possa estabelecer, o
desenvolvimento intelectual, moral e material do país e, principalmente, esforçar-se
por que ele seja visitado e amado por nacionais e estrangeiros»50.

Em Portugal a associação entre turismo e publicidade começou timidamente, como


podemos verificar há uma preocupação inicial em informar destacando o que se
oferecia, como acontecia com qualquer outro produto. O nível gráfico apresentado é
também algo rustico, com raras excepções. Há a preocupação em mostrar que um zona,
muito procurada, como começou a ser Cascais, havia uma oferta de serviços à altura das
exigências. Era dada atenção à vigileatura do visitante no sentido de lhe proporcionar as
melhores ofertas para a época, por forma a criar neste a vontade deste voltar no ano
seguinte associada também ao prestígio que a Riviera Portuguesa adquiriu após ter sido
escolhida para local de férias da Família Real. Muito ficou ainda por dizer, pois a
dinâmica que se estabeleceu, foi crescendo com algumas, pequenas, desacelerações,

49
Boletim da Sociedade de Propaganda de Portugal, Ano 4, Nº 12, Dezembro de 1910, pág. 89.
50
No sítio da Fundação Mário Soares: http://www.fmsoares.pt/aeb/crono/id?id=040524 podemos ler a
este propósito: - Segundo Ana Cardoso de Matos e Maria Luísa F. N. dos Santos ("Os Guias de Turismo
e a emergência do turismo contemporâneo em Portugal - dos finais do século XIX às primeiras décadas
do século XX" in Geo Crítica, Scripta Nova, Revista electrónica de Geografia y Ciências Sociales,
Universidad de Barcelona, vol. VIII, num. 167, 15 de Junio de 2004), os "(…) objectivos eram
«promover, pela sua acção própria, pela intervenção junto dos poderes públicos e administrações locais,
pela colaboração com este e com todas as forças vivas da nação, e pelas relações internacionais que possa
estabelecer, o desenvolvimento intelectual, moral e material do país e, principalmente, esforçar-se por que
ele seja visitado e amado por nacionais e estrangeiros»." Ainda segundo as Autoras, Leonildo de
Mendonça e Costa teve um papal fundamental na criação desta sociedade, que agregou personalidades de
diferentes campos político partidários. Esta organização, com um crescente número de sócios, procurou
incentivar o turismo nacional e estrangeiro. "Os seus fins eram: «organizar e divulgar o inventário de
todos os monumentos, riquezas artísticas, curiosidades e lugares pitorescos do país; publicar itinerários,
guias e cartas roteiras de Portugal; organizar ou auxiliar excursões; promover a concorrência de
estrangeiros, e uma maior circulação de nacionais dentro do território; dar as informações que lhe sejam
solicitadas; fornecer a hotéis, casinos, estabelecimentos hidroterápicos, empresas de transportes, etc,
plantas de instalações, tabelas de preços e lista de objectos de uso corrente nos grandes centros de
excursionismo; promover reformas e melhoramentos na instalação e regime de hotéis, transportes e
serviços locais; e de uma maneira geral estudar todas as questões de interesse geral conexas com o fim da
sociedade»".

14
mas não voltando nunca ao ponto de partida, como veremos mais à frente. O século XX
foi o século da implementação da ideia de turismo de luxo na "Costa do Sol".

3. Séc. XX – República e Estado Novo

3.1 Primeira República

A imagem de Cascais vai perder algum fulgor nos primórdios da República, a


aristocracia de outrora mantinha neste concelho as suas propriedades, continuará a
manter o culto das antigas práticas sociais e actividades desportivas, no Casino da Praia
e o Sporting Club da Parada, na época conotados como mantendo uma grande simpatia
pelos ideais monárquicos.

Mas, não obstante, Cascais irá saber conservar o seu estatuto de rainha das praias
portuguesas, facilmente mantidos pela facilidade de acesso oferecida pelo caminho-de-
ferro, que se imporá como um poderoso instrumento de desenvolvimento do concelho e
dos concelhos limítrofes.

Entretanto a massificação do automóvel vai transformar o turismo no século XX, ira dar
origem ao chamado “turismo de massas”. Os percursos vão deixar de estar dependentes
do facto de haver ou não diligências e caminhos de ferro que realizem determinado
trajecto. Os viajantes passam a poder descolocar-se livremente quando entende que deve
e quando quer partir, à oferta de maior número de meios de transporte, os destinos
também se tornam mais diversificados.

Entre 12 a 19 de Maio 1911, o IV Congresso Internacional de Turismo51 é realizado em


Lisboa, os participantes vão aproveitar o momento para visitar o concelho de Cascais. A
importância deste evento que pela primeira vez se realizou em Portugal vem do facto de
reunir diferentes áreas profissionais, como: representantes de sociedades de propaganda,
empresários, publicistas, correspondentes e autarcas52.

51
Vide foto nº 32.
52
Nos primeiros tempos, as revistas foram os principais veículos de divulgação do Turismo. Desde 1903
vamos ter revistas como a Ilustração Portuguesa a Revista de Turismo de 1916. Já no Estado Novo, há a
edição da Revista Viagem de 1940 que é “dirigida aos que gostam de viajar e ainda àqueles que, por suas
favoráveis condições turismo de boa vida, e que podem adquirir esse gosto que instrui e aristocratiza o
espírito”

15
Ainda no início da I Guerra Mundial em 1914, procura-se promover a
internacionalização da região enquanto destino turístico. Uma das formas será o
projecto para um novo Estoril, conduzido por Fausto Cardoso de Figueiredo 53 e o seu
cunhado, Augusto Carreira de Sousa, na sequência da aquisição da Quinta do Viana e
do convite ao arquitecto Henri Martinet para o desenvolvimento do projecto, que foi
publicitado pela brochura Estoril: Estação Marítima, Climatérica, Termal e Sportiva 54.
Na época foram previstos equipamentos colectivos visando as actividades do lazer, de
especialização médica e climática, nomeadamente novos três hotéis, novas termas, um
casino, teatro, um palácio de desportos, um edifício para banhos de mar,
estabelecimentos comerciais, galerias cobertas e um amplo jardim virados virado para o
mar, em frente à Praia do Tamariz.

Após 1914, Cascais e o Estoril vão transformar-se em destinos turísticos de renome


internacional. O projecto de Fausto Figueiredo, pela abrangência e amplitude,
revolucionou região. E foi de tal essa revolução que podemos contar em relação à
história do Estoril, um antes e num depois de Fausto Figueiredo.

53
Sobre Fausto C. Figueiredo vide https://www.cascais.pt/pessoa/fausto-de-figueiredo
54
Ainda sobre a brochura - vide Fotos nº 33, 34 e 35 – podemos dizer que é uma edição luxuosa que tinha
como objectivo provar que as novas infra-estruturas seriam de elevado nível de forma a satisfazer não só
a procura nacional como a internacional.

16
A 8 de Setembro de 1915, fundar-se-ia a freguesia do Estoril. Apesar de primeira pedra

do casino e das termas projectadas serem lançadas a 6 de Janeiro de 1916, os contextos


político e financeiro, nacionais e internacionais, não permitiram nesta altura a conclusão
deste projecto55. Apesar destes planos em ano de 1915, Cascais conta já com sete
unidades Hoteleiras.

55
Portugal passava por grande instabilidade política decorrente da instabilidade que a I República
passava, os sucessivos governos que desembocaram na Ditadura de Pimenta de castro em Março de 1915,
como rebenta a revolta contra o seu governo em Maio do mesmo ano com graves consequências. havia
ainda a ameaça monárquica com as movimentações de Paiva Couceiro. A agravar a tudo isso após pedido
da Grã-Bretanha para aprisionar os navios alemães a Alemanha declara guerra a Portugal na sequência do
aprisoamento que Portugal realizou. Portugal, em Janeiro de 1917 envolve-se directamente na guerra de
trincheiras, com o envio das suas primeiras tropas. Algumas destas tropas eram de Cascais.

17
Em 1918, as Termas entram em funcionamento e a 5 de Agosto de 1926, a linha de
Cascais será a primeira linha com tracção eléctrica em Portugal56.

Não podemos também deixar de referir sobre os feitos que Revolução de Outubro na
Rússia, tiveram no mundo laboral, entre avanços e recuos há um progressivo aumento
do tempo de descanso. As férias não eram, ainda, uma realidade comum a muitos
cidadãos – estavam atribuídas ainda a um pequeno núcleo de pessoas, como as do
funcionalismo público, magistrados, professores, profissões liberais e empresários-, a
maioria da população lutava pela semana inglesa, com descanso da parte da tarde do
sábado e o domingo livre do que propriamente por férias57.

A partir dos anos 1920, em época de prosperidade após a I Grande Guerra, as


temporadas de praia passaram a ser mais comuns, estendendo-se então às classes sociais
menos abastadas. A publicidade vai aproveitar este novo filão, por forma a atrair ainda
mais turistas para a região. A partir daqui é notória uma maior profissionalização da
indústria do lazer, há a preocupação de encontrar novos públicos-alvo e são criadas
entidades vocacionadas para o turismo como a Comissão de Iniciativa de Turismo58.

Nesta altura o Monte Estoril, que até então era alvo de atenções com hotéis e casinos,
vai iniciar um lento processo de subalternização em relação ao Estoril, como S. João do
Estoril, veio a ressentiu pelo encerramento dos Banhos da Poça, em 1922. Quatro anos
depois, a localidade de Cai-Água, passa a designar-se por S. Pedro do Estoril, em 1927,
instala-se aí a benemérita Colónia Balnear Infantil de “O Século”.

Com a legalização e concessão do jogo, em 1927, teremos o arranque do projecto de


Fausto Figueiredo em definitivo. No ano seguinte, a Revista Casino chamava ao eixo
Cascais-Estoris, “a Costa do Sol”, registando que «Costa do Sol é igual a Terra
Prometida», esta designação será oficializada pelo decreto de 22 de Maio de 1935. Esta
designação passou a abranger toda a orla marítima de Cascais, Oeiras e Lisboa.

56
A inovação tecnológica continua a marcar o concelho, pois em 1915 iniciaram-se os para a
electrificação da linha. Só em 1926 foi electrificada. A linha de Cascais foi construída de 1889 a 1897, era
uma linha férrea dupla com tracção mecânica a vapor, tendo sido explorada em arrendamento pela
Sociedade do Estoril.
57
As condições sociais ainda determinavam em larga medida a possibilidade de viajar ou usufruir de
tempo livre para dedicar ao lazer.
58
Que será em 1937 substituída pela Junta de Turismo de cascais.

18
Nesta altura procura-se diversificar a oferta adicionado outros atractivos como o
desporto59.

O hábitos entretanto muda encurtara-se as saias, e os bem como os fatos de banho,


mostrando-se agora cada vez mais pele. Coco Chanel, após uma viagem que realizou à
Riviera francesa apareceu com a pele bronzeada, o mundo deixou-se seduziu-se pelo o
glamour do bronzeado. Mas por cá, a moda da pele bronzeada ainda irá demorar a
chegar.

3.2 Estado Novo

A linguagem na publicidade muda, há elementos que ajudam a construir uma imagem


do país, com uma estética diferente, onde se vê a exaltação dos valores nacionais.

Em 1930, pouco depois da inauguração do Palace Hotel, o famoso Sud-Express passa a


terminar a sua viagem não em Lisboa, mas na estação do Estoril. O Casino do Estoril é
inaugurado em 1931, facto será muito publicitado tendo em vista o mercado
internacional60.

Dez anos depois, a Marginal irá permitir realizar a viagem de carro entre Lisboa e
Cascais, junto à costa61.

A 12 de Março de 1934, é fundada a Sociedade Propaganda de Cascais, que tem desde


a sua fundação como objectivos divulgar os costumes, a história, o património e as
tradições da vila de Cascais, ao longo da sua história vai destacar-se pela promoção do
turismo, no concelho sob a divisa «A bem de Cascais» 62. A esta entidade vão estar
ligados os concessionários hoteleiros do Monte e Estoril, que trabalhavam para divulgar
um território classificado como «Costa do Sol» pela Sociedade de Propaganda de
Portugal63, desde finais dos anos 20, e finalmente oficializado, a partir de 1935.

59
Vide foto, nº 38
60
termos turísticos, Cascais cede parte do seu protagonismo ao Estoril, mas a sede do concelho não
deixou de ser alvo de importantes melhoramentos e constante renovação.
61
O que irá permitir o acesso ainda mais rápido e por mais gente a Cascais.
62
Mais sobre a SPC vide: https://www.sociedadepropagandadecascais.com/
63
Pelo decreto nº1:909 de 22 de Maio, abarcando toda a região costeira dos concelhos de Cascais, Oeiras
e Lisboa.

19
Esta Sociedade encarregava-se da organização de homenagens, procissões, corsos
carnavalescos, festas, espectáculos, concursos de montras, batalhas de flores, e ainda
conferências, exposições e visitas guiadas. A Sociedade Propaganda de Cascais, desde
1937 esteve ainda encarregue da organização de concursos hípicos nacionais e
internacionais, no Hipódromo de Cascais64.

Pelo meio, a Segunda Guerra Mundial. Lisboa e o Estoril tornaram-se no refúgio de


clima ameno para gente endinheirada de toda a Europa. "As esplanadas apresentam-se
concorridas durante o dia, e à noite os salões do Casino enchem-se de homens e
mulheres em elegantes trajes de noite, que dançam ao som das orquestras de jazz e que
apostam alto nas mesas de jogo", como nos conta Margarida de Magalhães Ramalho sua
obra “Estoril, a Vanguarda do Turismo”.

Com a chegada a Portugal de muitos refugiados da II G. M., nada habituados aos


pudores nacionais, vão aproveitavam as praias da Linha do Estoril para exibir
livremente os seus corpos. Com os estrangeiros vieram novos hábitos e mentalidades
mais arejadas. E fatos de banho cada vez mais pequenos, que faziam furor nas praias.
Por causa dessa “liberdade” foi promulgada legislação as roupas que se deveria usar nas
praias. O decreto-lei 31:24765, de 5 de Maio de 1941, continha “várias disposições sobre
o uso e venda de fatos de banho”, estabelecendo “o sistema de fiscalização e sanções a
aplicar aos transgressores66.” E ainda nem havia os biquínis!

Entre as personalidades que mais entusiasmaram os portugueses e repórteres era os


visitantes ilustres, ao passarem por Lisboa durante a guerra, nem sempre como
refugiados expulsos pela ocupação alemã dos seus países ou voluntariamente, e que
passavam pelos hotéis do Estoril, a caminho do exílio.

64
Em 30 de Agosto de 1982 a Sociedade foi galardoada pelo Município de Cascais com a Medalha de
Mérito Municipal; em 18 de Maior de 1984, o Presidente da República agraciou-a com o título de
Membro Honorário da Ordem Infante D. Henrique; e em Junho de 1991 foi considerada Instituição de
Utilidade Pública, conforme a informação que recolhemos no sítio da Socieadade.
65
Intróito do decreto: “Factos ocorridos durante a última época balnear mostraram a necessidade de se
estabelecerem, com a precisão possível, as normas adequadas à salvaguarda daquele mínimo de condições
de decência que as concepções morais e mesmo estéticas dos povos civilizados ainda, felizmente, não
dispensam. Não se pretende restituir às praias o aspecto do século passado, nem mesmo o das primeiras
décadas deste; também não impor modelos rígidos que destoem completamente do movimento da vida
moderna.”
66
Vide ainda a foto nº 51, sobre a indicação exemplificativa que tipo de fatos de banho deveriam as
senhoras usar de acordo com a interpretação feita pela Mocidade Portuguesa.

20
Quando terminou a II Guerra Mundial, os refugiados voltaram aos seus países de
origem ou migraram para outras latitudes. Com o caos, social, político que emergiu da
guerra chegam, entretanto, outro tipo de pessoas. Estas pessoas eram os reis 67 sem trono
ou uma aristocracia sem lugar no mundo que se reerguia. Vão hospedar-se em casa
particulares à semelhança do que faziam os primeiros veraneantes em Cascais, mas
desta vez irão permanecer por mais tempo.

Com muitas vezes já foi dito, Cascais tornou-se um porto de abrigo da realeza europeia
após a Segunda Guerra Mundial, tal facto está patente nos palacetes, nos faróis,
fortalezas e na sua Cidadela do século XVII. Usufrui de uma atmosfera requintada,
passou a atrai visitantes durante o ano inteiro. Ao turista as opções para ocupar os seus
tempos livres e de lazer são muitas, a oferta vai-se alargando, a publicidade é cada vez
mais dirigida aos turistas, por forma a captar a sua atenção e o seu interesse pelo
concelho. Passa a transmitir uma imagem de que ao mesmo tempo o turista pode estar a
jogar no Casino numa atmosfera sofisticada e, no entanto, pode muito simplesmente
optar por passear à beira-mar até ao Estoril, parando para beber um copo numa das
esplanadas com vista para o mar.

Com a paz houve a necessidade em tornar a região como um destino apetecível, a


publicidade tem aqui um papel fundamental, será um instrumento nas mãos do Estado,
no sentido de promover uma imagem de país pacífico e ao mesmo tempo pitoresco, com
locais deslumbrantes a explorar pelo turista.

Para tal a linguagem publicitária vai mudar novamente para fazer face aos novos
tempos, com o fim da guerra e a reconstrução dos países afectados as instâncias de
veraneio desses países voltam a abrir as suas portas, a procura por Cascais diminuiu.
Para fazer face a esta situação a Junto da turismo de Cascais vai duplicar o investimento
em “publicações de propaganda”68 no sentido de dar ao concelho e ao Estoril em para
dar aa ideia de agora não ser um refúgio, mas sim um destino e férias 69 com publicações
em língua inglesa.

67
Pessoas como Humberto II de Itália, A Rainha Joana da Bulgária, ou os Duques de Barcelona.
68
Vemos aqui uma vez mais a associação de uma necessidade em relação ao aumento da procura turística
associada á publicidade. Em todos os aspectos da promoção de Cascais a publicidade é um factor a ter em
conta., é necessário dar a conhecer, fazer perceber ao turista sobre a disponibilidade em receber da parte
da região e realçar sempre que possível os seus pontos fortes.
69
Vide a este respeito Cascais 650 anos, pág. 181, em formato PDF.

21
Muitas obras referem os postais como um meio de divulgação excelente, vimos isso em
relação ao concelho de cascais desde muito cedo 70. A publicação de postais aumenta,
torna-se um factor importante de publicidade ao concelho, pois permite que esta
publicidade atinja via postal outras paragens, seja vista por mais gente e desperte o
interesse71.

Este movimento de promoção vai dirigir-se a todos os meios possíveis na época por
meio de: folhetos de hotéis72, horários dos caminhos de ferro da linha de Cascais, e
naturalmente nos guias turísticos da zona, num esforço que vai requerer a colaboração
de jornalistas e escritores, com ilustração de artistas plásticos e fotógrafos de renome 73.

Procura-se transmitir uma mensagem de bom clima, animação, um Casino que faz muita
publicidade quanto ao facto de estar aberto todo o ano que nos dá uma imagem muito
cosmopolita do concelho74.

São também promovidas diversas provas desportivas, alguns já vinha desde os tempos
da monarquia como o hipismo, vela e o ténis, a que se juntam o golfe, e as corridas
automóvel se realizam no concelho desde muito cedo 75. Organizado, desde 1947, pelo
Automóvel Club de Portugal é no Estoril que termina o Rallye Automóvel
Internacional76. Outro desporto que sempre teve muito divulgação é a vela,

70
Podemos ver diverso exemplo no anexo de fotografias deste trabalho.
71
Ainda na obra Cascais 650, num texto de helena Matos, na sua página 181 retiramos este pequeno
excerto que nos parece ser exemplificativo da importância deste meio de divulgação: “Dos postais que
levaram o Estoril a moradas remotas há que destacar nesta época os de António Passaporte, um
fotógrafo que começara por ser caixeiro-viajante e que graças a essa actividade inicial fizera longas
viagens de que regressara transformado num bom fotógrafo e com a certeza de que comercialmente valia
a pena apostar na produção de bilhetes-postais. Recolhe imagens por todo o país. A Costa do Sol não foi
excepção a esta sua recolha e são centenas os clichés assinados «Passaporte». As vezes nem é preciso
olhar para o canto inferior direito, basta reparar se o céu tem nuvens. Mesmo na Costa do Sol,
Passaporte não prescindiu delas, qual enquadramento superior perfeito para as imagens que colheu
durante décadas”.
72
Como podemos comprovar na fotografia nº 38
73
Como citamos na nossa nota nº 70.
74
Vide fotos nº 47 a 49.
75
Como nos comprova a foto nº 24.
76
No relatório anual publicados na revista Cascais e seus lugares, podemos ler: «Tendo-se realizado as
provas finais deste Rallye no Estoril, ofereceu esta Junta de Turismo uma valiosa Taça que foi atribuída
ao primeiro dos automóveis ligeiros, e ainda subsidiou largamente as despesas de recepção aos
concorrentes». É esta a razão por que o rally termina no Estoril, uma notória acção de propaganda em
relação a esta freguesia do concelho de Cascais, que faz recair sobre si as atenções internacionais.

22
Desporto particularmente privilegiado é a vela, que passa ater um momento alto a
Semana Internacional de Vela77. Um evento que foi considerado pela Junta de Turismo
de Cascais «uma boa propaganda desta Zona de Turismo», pois contava com
participantes de renome internacional além da cobertura mediática associados a eventos
desta natureza.

Com estes eventos desportivos procura-se associar o Estoril como destino turístico que
na época ainda tinham um carácter social exclusivo. O propósito da organização da
Exposição é dar uma imagem de destino para a elites, atraindo turistas com bom poder
de compra e que procurassem lugares elegantes, com bom dinamismo social e
desportivo.

Temos ainda outro eventos paralelos que contribuirão para a promoção do concelho
como destino a visitar como por exemplo a desmonstração Canina Internacional do
Estoril tem lugar pela primeira vez em 195178. Vai-se diversificando a oferta.

Com o decreto nº 41 205 de 26 de Julho de 1957, mudou o nome da Junta de Turismo


de Cascais que passa a chamar-se Junta de Turismo da Costa do Sol. Na tomada de
posse como presidente da Junta de Turismo da Costa do Sol em 12 de Dezembro de
1958 Joaquim Serra e Moura, diz a respeito da oferta que o concelho oferece que: «Não
basta o clima ameno que possuímos; não é suficiente o azul do céu e o sol radioso de
que temos, normalmente, privilégio; não chegam as belezas naturais que Deus distribuiu
com generosidade Nós temos de nos esforçar para dar cada vez mais nível ao ambiente
que nos rodeia».

Nesta altura, já não basta o glamour de outras épocas para manter o concelho de Cascais
não como uma referência de destino turístico, é necessário que consiga escapar à
sazonalidade que até então oferecia como destino turístico.

77
Dado continuidade a uma tradição que vem já desde 1871, vide:
https://www.cascais.pt/evento/historias-da-vela-em-cascais-da-primeira-regata-prata-olimpica-1871-1948
ou https://bairrodosmuseus.cascais.pt/noticias/historia-da-vela-em-cascais-na-casa-sommer
78
Relativamente à importância deste evento na promoção turística do Estoril podemos no sítio do Guia da
Cidade ler o seguinte: organizado pela Junta de Turismo da Costa do Estoril com o apoio do Clube
Português de Canicultura. A competição irá eleger o Campeão Nacional de Beleza, escolhido entre os
melhores exemplares de nove grupos de raças. A Exposição Canina Internacional, que inclui outros
concursos e mostras, será uma das mais participadas de sempre e tem também por objectivo a promoção
turística da região de Cascais e do Estoril. In https://www.guiadacidade.pt/pt/poi-exposicao-canina-no-
estoril-09-16095

23
3.3. As Praias, a explosão turística

Depois, apesar de ainda ser um local da elite, aos poucos a praia do Tamariz no Estoril
vai-se democratizando, esta tendência que se acentuou nas últimas décadas, vai
despertar para a busca da região como um destino de praia. Esta praia ainda hoje é uma
das mais concorridas praias da Linha de Cascais.

Após os anos 50, elementos como óculos de sol, baldes de praia, toalhas e protector
solar passarão a fazer parte do arsenal no veraneante. assistimos a uma explosão em
direcção às praias do concelho de Cascais, descobre-se outro filão, outra utilidade que
até então não era o foco das atenções, o prazer de estar na praia e apanhar banhos de sol.

Em de Outubro de 1964, ano em que Cascais celebrou o seu 600º aniversário da


elevação à categoria de vila, proceder-se-ia à inauguração do Aeródromo da Costa do
Sol – Conde de Monte Real.

Nos anos 60 vamos assistir à inauguração do Hotel Estoril-Sol em 1965 e do novo


Casino do Estoril em 1968. A região conhecida como Costa do Sol vai sofrer nesta
década uma elevada construção de novas unidades hoteleiras como os Hotel Baia
inaugurado em 1962 e o Hotel Cidadela cuja inauguração ocorreu em 1966.

Já na década 70 vamos assistir ao fenómeno das viagens organizadas, e com estas os


turistas que obriga à substituição da habitual publicidade, pela dos próprios hoteleiros e
das agências de viagens. Há uma nova mudança no perfil dos turistas que chegam, vêm
em maior número, em vagas sucessivas79. Por outro lado, há mais gente a comprar casa
na região, a pressão urbanística aumenta exponencialmente.

Este movimento não impediu que os turistas continuassem a procurar o concelho para as
suas férias, mas estes são turistas diferentes, não estão ligados à aristocracia 80. Virão em

79
Não eram agora pessoas que procuravam cura para as suas maleitas, nem apenas passear em busca de
novas sensações ou ar saudável como faziam as pessoas que visitavam Cascais, no início. Agora
procuravam as suas praias, o Casino, a vida nocturna e a gastronomia que vai ganhando cada vez maior
importância.
80
Como podemos confirmar em diversas leituras, o tempo do viajante só que planeava sozinho as suas
férias vai diminuindo com o tempo, agora eram outros tempos com outras formas de abordar o fenómeno
do turismo, a publicidade passa a ser dirigida, também, às agências de turismo que passam a vender aos
seus balcões o prometido sonho de bons tempos de férias.

24
cada maior número. Chegam agora em viagens organizadas por agências de viajem ou
mesmo pelos próprios grupos hoteleiros81, que se deslocam ao estrageiro para a
promoção do concelho de cascais.

Com este fenómeno o tipo de publicidade à região irá mudar, uma vez mais para dar
resposta à procura dos novos turistas. Há uma nova abordagem publicitária dirigida a
um novo público.

Em Junho de 1972 é inaugurado o Autódromo do Estoril. Este infra-estrutura permitiu


que nesse ano se realizassem provas de Fórmula 3. No ano seguinte de Fórmula 2 e para
Setembro de 1974 seria a vez para a realização do primeiro Prémio de Fórmula 1, em
Portugal.

Na cultura, os concertos de música como o Cascais jazz aparecem ainda durante o


Estado Novo, como se pode comprovar o anúncio na Revista Flama de 26 de Novembro
de 1971 que anucia ao seu público a chegada de músicos famosos. A primeira edição
ocorreu nos dias 20 e 21 de Novembro de 1971, no pavilhão desportivo do Dramático
de Cascais, posteriormente no pavilhão dos Salesianos e Parque de Palmela, passando a
repetiu-se anualmente até 1988. O Cascais Jazz - Festival Internacional de Jazz em
Cascais tornou-se num dos míticos e emblemáticos festivais de música no nosso país.
Teve como organizadores Luis Villas-Boas, o fadista João Braga e Hugo Mendes
Lourenço82.

No início da década de 70 a «batalha do turismo» estava a ser ganha na Costa do Sol.

4. Após 25/04

Com a revolução de 25 de Abril de 1974, vamos assistir uma vez mais a profundas
alterações na sociedade portuguesa. Com a queda da Ditadura, e o desenrolar do
processo de descolonização, são agora milhares de portugueses que fogem das ex-
colónias quem chega.
81
Conforme nos indica helena Matos na brochura digital Cascais 650 anos, pág. 195.
82
Contudo a tentativa em realizar 26 de Agosto de 1970 um Festival Pop do Estoril, correu muito mal,
não se chegou a realizar, pois segundo Helena Matos, uma carga policial dispersou do Parque dos
Salesianos, não tendo sido este evento concretizado. Aponta este facto como sendo o segredo do sucesso
do Festival de Vilar de Mouros no anos seguinte, para evitar a imagem de violência que foi divulgada no
estrangeiro. vide Cascais 650 anos, pp. 194 e 195.

25
A instabilidade política que o país vive torna difícil a concentração dos objectivos há
incertezas quanto ao futuro, procurava-se um caminho diferente é certo, mas sobre o
qual ainda ninguém na verdade como o trilhar, será com algum custo que os
portugueses aprenderão a viver em democracia. Durante algum tempo essa situação irá
alterar o percurso turístico em Cascais83. Agora muitos dos hotéis irão recolher, muitos
daqueles que ficarão para Histórica conhecidos como “retornados”, um termo que no
nosso ver carregava em si algo de pejorativo em relação a estas pessoas, pois muitas
delas jamais tinham visto ou pisado na vida o território a que chamavam “Metrópole”.

Com o tempo, a situação acalmou o país volta a encontrar a sua “normalidade”. Há que
reajustar a economia, para quem o sector do turismo é um dos elementos mais
importantes num país com uma economia pequena, como é a de Portugal, à nova
realidade

Em 1978 realiza-se em Lisboa, o I Congresso do Turismo Local e Regional. Vemos


neste congresso a defesa da importância do turismo como actividade económica. São
planeados novos investimentos e criam-se condições para captar novos turistas.

Em decreto publicado em 31 de Maio de 1979, a designação “Costa do Sol” como


designação oficial desta região deixou de existir, ficando agora em seu lugar “Costa do
Estoril”84. A designação “Costa do Sol” não tinha sido registada, para criar mais
confusão havia outra zona em Espanha com igual designação, já consagrada
internacionalmente pois a Espanha, ao contrário de Portugal, já tinha registado essa
denominação. Assim, a Costa do Sol em Portugal passa a chamar-se após 1979, Costa
do Estoril.

Por outro lado, temos significativas alterações sociais, decorrente dos novos ventos
políticos, nacionais e internacionais, a sociedade tinha mudado, agora fazer turismo não
era um privilégio de gente endinheirada ou aristocrática, mas sim, um direito. Muitas
destas pessoas na sequência do movimento a que se assistia já nos finais dos nos
sessenta, vai aumentar. A pressão que esta procura dará origem a diversos problemas

83
A excepção é feita em relação aos jornalistas estrangeiros que em busca da novidade de uma revolução
chegavam para assistir em directo ao momento. Na verdade, durante este período como seria natural em
países com instabilidade política, a procura turística decresceu.
84
Como acima referimos o Decreto nº 41 205, de 26 de Julho de 1957, criou uma região turística que
abrangia toda a área do concelho de Cascais, cujo órgão administrativo passou a designar-se por "Junta de
Turismo da Costa do Sol. Em 31 de Maio de 1979 o «Governo decreta, nos termos da alínea c) do artigo
202/2 da Constituição, o seguinte: Artigo único: A “Junta de Turismo da Costa do Sol” passa a ter a
designação de "Junta de Turismo da Costa do Estoril"».

26
relacionados com questões ambientais, como a questão da poluição das águas 85,
procurava-se combater a má imagem que a poluição das águas causava. Teria que ser
um problema a estar em cima da mesa, pois a massificação da procura associada à
intensa urbanização só poderia agravar o problema86.

Mas as capacidades do concelho se reinventar e readaptar continuam quando a 20 de


Outubro de 1984, temos finalmente a primeira prova do I Grande Prémio de Fórmula 1
no Autódromo do Estoril.

Será ainda atribuída no mesmo mês a concessão de jogo da Costa do Estoril.

Em 1991 é a vez da inauguração a auto-estrada que liga Lisboa a Cascais, melhorando


os acessos.

Com preocupações de ambientais em Março de 1994 é criado o Parque natural Sintra-


Cascais.

A 6 Agosto de 1999 assistimos à inauguração da Marina de Cascais.

Com o novo século à espreita, a linguagem na promoção do concelho de Cascais tem


que mudar, os problemas hoje são outros, não basta lembrar as fórmulas do passado, é
preciso ter em conta os novos tempos. As questões como a urbanização e a poluição,
são agora questões prementes, é necessário manter a qualidade das águas que são
traduzidas pela atribuição das bandeiras azuis 87, como factores podem levar a que entre
centenas de destinos turísticos Cascais seja o escolhido.

Muitos dos turistas são pessoas a quem o seu trabalho obriga a viajar. Contudo, não são
poucos aqueles que, nos eventos profissionais onde vêm participar, juntam nas suas
malas tacos para jogar golf ou raquetes de ténis, por exemplo, ou os que que ficam mais
uns dias para ver os outros jogar, como as cabeças de cartaz que participam nas já
famosas provas de ténis, golf e hipismo. Para isso, contribuiu também o facto de que
Cascais, continua a ser o sítio ideal para dar uns mergulhos na praia, deliciar-se com

85
Segundo Helena Matos em Cascais 650 anos, pág. 195 diz-nos que o problema relativo à poluição das
águas era já conhecido em relatórios datados de 1972.
86
A questão será mais tarde resolvida com novas instalações para a gestão de esgotos no concelho.
87
Segundo o sitio da bandeira Azul: «A Bandeira Azul é um símbolo de qualidade que distingue o
esforço de diversas entidades em tornar possível a coexistência do desenvolvimento local a par do
respeito pelo ambiente, elevando o grau de consciencialização dos cidadãos em geral, dos decisores em
particular, para a necessidade de se proteger o ambiente marinho, costeiro e lacustre.» in
https://bandeiraazul.abae.pt/sobre/

27
marisco fresco ou apreciar o mar num passeio junto à costa. Cascais é conhecido desde
sempre pelas suas belas praias, elegantes lojas de rua e pelos seus bons restaurantes.

Aqui podemos estar num local onde o sol, o mar, a paisagem e a propaganda criaram a
convicção que podemos usufruir dos nossos tempos livres e de lazer numa escala e num
ritmo mais reconfortantes num dos destinos mais sofisticados da Grande Lisboa.

No início do século XXI, o município de Cascais investiu muito na defesa do seu


património histórico e cultural, ao mesmo tempo vai impulsionando a criação de novas
infra-estruturas e serviços88.

Conclusão

De geração em geração, Cascais tem sabido respeitar as suas memórias, esta tem sido a
matriz para o sucesso reconhecido nacional e internacionalmente.

A imagem publicitária muda é agora mais sofisticada e mais moderna. O inglês além do
português, é muito utlizado na publicidade, procura-se agradar aos turistas
internacionais com uma linguagem mais directa. Recorre-se às novas tecnologias como
a internet. Estes eventos são objecto da ao concelho publicidade e que atraem turistas
nacionais e internacionais.

A frase “por vezes os turistas mudam os locais. O turista transforma-se a si mesmo, mas
também transforma os outros. Cascais é um caso exemplar. Vemos que desde muito
cedo a publicidade”, foi e é usada no sentido de promover o concelho como destino
turístico, estas duas vertentes estão muito interligadas e são quase indissociáveis. Uma
depende da outra e evoluíram ao mesmo tempo

Por outro lado, exige mais e melhor formação profissional da parte de todos os agentes,
na indústria hoteleira, do entretenimento, culturais, e da publicidade.

O recursos aos novos meios de comunicação tornam-se meios privilegiados, não


descurando, contudo, os meios clássicos.

Cascais, como destino turístico vai-se renovando, faz frente ao presente com o melhor
de si, preparando-se para o futuro. A publicidade como vimos, estará presente para
mostrar que de facto assim é.
88
Como podemos comprovar pelos exemplos das fotos 58 a 70.

28
Bibliografia Consultada

Costa, João Paulo Oliveira e, Episódios da Monarquia Portuguesa, Círculo de Leitores, Maia

Henriques, João Miguel, Da Riviera Portuguesa à Costa do Sol (Cascais, 1850-1930),


Câmara Municipal de Cascais.

Lopes, Maria Antónia, Rainhas de Portugal - Rainhas que o Povo amou, Círculo de Leitores,
Maia,

Mattoso, José (dir.), História de Portugal – Antigo regime, 4º Volume, Editorial


Estampa, Lisboa, 1998.

Mattoso, José (dir.), História de Portugal – Antigo regime, 5º Volume, Editorial


Estampa, Lisboa, 1998.

Mattoso, José, Reis de Portugal - D. Afonso Henriques, 2ª edição, Círculo de Leitores e Centro
de estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, Temas e Debates, Maia

Martínez, Soares, Economia Política, 3ª Edição, Livraria Almedina, Coimbra, 1989


Ortigão, Ramalho, As praias de Portugal, Livraria Universal, 1876, Porto

Reis, António (dir.), Portugal Contemporâneo, Publicações Alfa, Selecções do Reader’s


Digest, Lisboa, 1996.

29
Em PDF
Boletim Cultural do Município, nº 7 de 1988
Ana_CardosoMatos_Guias_e_a_emergencia_turismoPortugal.pdf
Ilustração Portuguesa N.51.pdf
aspraiasdeportu00pimegoog.pdf
D. Carlos, de Bragança.pdf
Suplemento convida_ Cascais_Estoril.pdf
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Internet

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https://www.visitportugal.com/pt-pt/content/fiartil-feira-internacional-de- artesanato-do-
estoril
https://www.cascais.pt/historia-casino-da-praia
https://www.cascais.pt/sites/default/files/anexos/jornal/c8_finalbralterado.pdf
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30
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http://scala.com.pt/sintra-cascais-tour/
https://www.getyourguide.com.br/-l100/?
cmp=ga&campaign_id=242735683&adgroup_id=27349983403&target_id=kwd-
18066670949&loc_physical_ms=1011744&match_type=b&ad_id=190572748040&key
word=%2Bcascais
%20%2Bturismo&ad_position=1o1&feed_item_id=&placement=&partner_id=CD951
&gclid=EAIaIQobChMIovmbqc2R2wIV1grTCh0UiQxpEAMYASAAEgIttfD_BwE
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http://www2.icnf.pt/portal/ap/p-nat/pnsc/hist-cult
http://arepublicano.blogspot.pt/2016/11/congresso-internacional-turismo.html

31
Anexos

32
Fotografias:
Foto 1

Foral de Cascais, 1514-11-15 [PT/CMCSC-AHMCSC/AADL/CMC]

Foto 2

33
Programa de regata promovida em Cascais pela Real Associação Naval,

1876-09-17 [PT/CMCSC-AHMCSC/AASS/ANL]

Foto 3

Foto panorâmica da vila de Cascais tem a data de 1892. de autor desconhecido.

Arquivo Histórico Municipal de Cascais

34
Fotos 4a/4b

D. Amélia, D. Carlos e D. Manuel no À semelhança das regatas, as touradas impuseram-se como


Sporting Club de Cascais, no início atratlvo da vila, que contou com o apolo da Família Real,
presente na tribuna
do século XX
[PT/CMCSC-AHMCSC/AFML/CFCB] AHMcsc,'AFTGi'CAM/a/s-206

Foto 5

Praia da Ribeira – Banhistas - Câmara Municipal, 20. 36, p. ISBN 978-989-689- 072-8
Foto 6

35
D. Carlos, a nadar na Praia da Ribeira

Foto 7

Praia da Ribeira, em Cascais. À esquerda, encontra-se o Casino, ponto de encontro dos banhistas
AHMCSC/AFTG/CAM/A/1114

Foto 8

36
Cartaz publicitando a mudança de proprietário do Hotel Bragança, fazendo anunciando ao mesmo tempo
os seus serviços. Colecção particular

Foto 9

Cascais 1905 - CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/ CMCSC-AHMCSC/ AESP/ CMAM

Título: Colecção Maria Albertina Madruga

Foto 10

37
Casa Almeida Pinheiro, onde funcionaram, depois, o Royal Hotel e o Hotel Miramar

AHMcsc/AESP/CMES/244

Foto 11

Postal publicitando o Monte do Estoril como a Riviera de Portugal.

38
AHMC/AESP-CMES/243

Foto 12

São João do Estoril - Villa Azarujinha - Cascais - Portugal. Edição Costa - BP n°551. Bilhete postal
antigo circulado do Portugal para Raon l'Étape (França), em 1904. Colecção particular Hugo de Oliveira.

Foto 13

https://arquivodigital.cascais.pt/xarqweb/Result.aspx?id=83359&type=PCD

39
Foto 14

http://restosdecoleccao.blogspot.com/2016/07/hotel-baia-em-cascais.html
Hotel Globo em Cascais, 1905

Foto 15

40
Título de acções da Companhia do Sporting Club de Cascais, 1905-08-01
[PT/CMCSC-AHMCSC/AASS/SCC]
Foto 16

Acta de sessão da Comissão de Iniciativa do Concelho de Cascais, antecessora da Junta de Turismo,


1922-05-07 [PT/CMCSC-AHMCSC/AACD/JTCE]

41
Foto 17

Registo de despesa de hóspede do Grand Hotel Estrade, 1929-02


[PT/CMCSC-AHMCSC/AEMP/GHE]

Foto 18

Rótulo de garrafa de vinho de Carcavelos, c. 1950

42
[PT/CMCSC-AHMCSC/AESP/CALM]

Fotos 19 e 20

https://www.cascais.pt/sites/default/files/styles/galeria-new/public/imagens/pagina/casino-da-
praia_0.jpg?itok=r39M059a
Publicidade ao casino da Praia em Cascais

Foto 21

Turista em visita à Boca do Inferno, em Cascais


1910 - Código de Referência: PT/CMCSC-AHMCSC/AESP/CMES/082
https://cultura.cascais.pt/galerias/cascais-ilustrado

43
Foto 22

Hotel e Casino Grand Hotel d’Italie


https://cultura.cascais.pt/galerias/cascais-ilustrado
Foto 23

1910-12-24 - Código de Referência: PT/CMCSC-AHMCSC/AESP/CMBP/591

Foto 24

44
Prova automóvel na Parada, em Cascais, em 1904

Fotos 25 e 26

Casino do Monte do Estoril que ocupou o Chalet da Silva Carvalho em 1899 e na foto seguinte um
anúncio de jornal datando de 1910

Foto 27

45
Anúncio de 1916
http://restosdecoleccao.blogspot.com/2011/12/grande-casino-internacional.html

Foto 28

Foto 29

46
Forte de S. Pedro, Junto à Praia da Poça, em S. João do Estoril, c. 1910. Do lado esquerdo temos o
edifício dos Banhos da Poça AHMcsc/AESP/CMEs/0G4

Foto 30

Projecto do novo Estoril, 1914

47
Fotos 31a

Gazeta dos Caminhos de Ferro 15 de Março de 1888.

Foto 31b

Postal dos Caminhos de Ferro – Linha de Cascais

48
Foto 32

Fotos 33

49
Foto 34

Foto 35

As fotos 31/32 e 33 correspondem à brochura Estoril- Estação Marítima. Climatérica, Thermal e Sportiva.

50
Foto 36

Foto 37

51
Foto 38

A oferta na Costa do Sol reforça-se com a ajuda do desporto. Um folheto publicitário de 1927.
AHMCSC/AESP/CJSF/H/086

Foto 39

52
Foto 40

Fotografia aérea do Estoril 1930.


(PT/AMLSB/AF/MBM/000024)

Foto 41

Bom Refúgio Guest House


na Estrada de Bicesse, com informação em inglês.
(O Estoril, 15 de Novembro de 1936, p.3)

53
Foto 42

Capa de revista apelando aos desportos náuticos na Baía de Cascais.


Revista Turismo, Fevereiro de 1939

Foto 43

Publicidade onde apelas às famílias sobre as maravilhas do Estoril.


Jornal “O Século”, 9 de Setembro de 1939, p.2.

54
Foto 44

Contracapa com anúncio à praia do Tamariz onde destaca


a beleza natural desta praia.
“O Século Ilustrado” de 16 de Setembro de 1939

Foto 45

«Estoril Côte du Soleil, Portugal».


B.N. CT. 4575 V.

55
Foto 46

Cartaz com o título “Visite Estoril-Cascais”


B.N.: CT. 7634 A.

Foto 47

Cartaz do Casino Estoril


B.N.: CT. 4545 V.

56
Foto 48

Cartaz do Casino do Estoril


B.N.: CT. 4546V.

Foto 49

Cartaz turístico do Estoril onde destaca o clima do Concelho de Cascais.


Sociedade Propaganda da Costa do Sol; A. P., fl. ca 1930, tec. graf.; Empresa do Bolhão,impr.
Estoril: S.P.C.S, (ca. 1930 – Porto – Bolhão)
B.N.: CT. 39 G. Cx

57
Foto 50

Foto 51

58
Os fatos de banho da Mocidade Portuguesa, desenhados para estar de acordo com a legislação de 1941.

Foto 52

Capa da Revista “Panorama” dedicada às Artes e Turismo "Panorama", n.º 1, 1941

Fotos 53

59
Foto 54

Estoril – Costa do Sol. B.NP Cota CT-4574-V

Foto 55

60
Foto 57

Foto 58

61
Imagens recolhidas nos sítio na Internet que anunciam os respectivos eventos ou que publicitam os
espaços ligados à industria hoteleira

Foto 58

Foto 59

Foto 60

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Foto 61

Foto 62

Foto 63

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