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COLONIZAÇÃO E

POVOAMENTO DO
ESPÍRITO SANTO
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COLONIZAÇÃO E POVOAMENTO DO ESPÍRITO SANTO


No século XVI, quando teve início o processe de ocupação e colonização efetiva do Brasil, a
partir da implementação do sistema de capitanias hereditárias, ocorreu o início do processo
de colonização também no que hoje chamamos de estado do Espírito Santo, em 1535. Mas
antes disso, as primeiras expedições que tomaram conhecimento do território ao explorar o
litoral do Espírito Santo, saiu de Portugal em 1501 trazendo o navegador Américo Vespúcio.
No ano seguinte, outra expedição deixou o país ibérico com destino às terras do novo mundo,
trazendo o explorador Estêvão da Gama. Foi ele que descobriu a Ilha da Trindade, que fica a
1.140 quilômetros da costa do estado. Porém, como aconteceu com o restante do território
brasileiro, não houve nenhuma iniciativa de colonização do território durante as três primeiras
décadas do século XVI, ou seja, não houve projeto de colonização até 1530. Foi a partir desta
data que os portugueses, por uma série de motivos, resolveram explorar o território através
do desenvolvimento de atividades econômicas que pudessem dar sustentáculo econômico
para a Coroa Ibérica.
O donatário que recebeu a Capitania de Espírito Santo foi Vasco Fernandes Coutinho. O nome
foi dado devido ao dia em que sua expedição chegou na capitania, sendo este dia um domingo
do Espírito Santo, homenageando desta forma a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Hoje,
a vila iniciada em 1535 é a cidade de Vila Velha.
O processo de colonização iniciado por Vasco Coutinho contou com a divisão da capitania em
sesmarias. Esses grandes lotes foram distribuídos entre os colonizadores que o acompanha-
vam na expedição de chegada ao Brasil. O objetivo deste sistema visava o desenvolvimento
da agricultora e da produtividade, buscando na terra o que pudesse ser alvo de exploração.
Mas foi com muito custo que o estabelecimento dos portugueses aconteceu, pois os índios que
já habitavam o território muito antes da chegada dos europeus, não entregaram a terra tão
facilmente. Para se ter uma ideia, Vasco Coutinho teve que procurar outro lugar, que oferecesse
mais segurança em relação ao ataque dos nativos. O lugar encontrado, em meio a montanhas
em uma ilha, passou a ser chamado de Vila Nova do Espírito Santo, em oposição ao nome da
outra vila, a qual passou a ser chamada de Vila Velha. Somente em 1551 é que as lutas contra
os nativos terminaram, através de uma importante vitória dos portugueses. Para registrar o
acontecimento, o local passou a ser chamado de Vila da Vitória e o dia 8 de setembro de 1551
passou a ser a data da fundação da cidade, a qual passou a ser a nova sede da capitania.
Nesta mesma época, os missionários jesuítas aportaram na capitania, com a missão de pôr
em prática a catequese e a conversão dos nativos. Essa relação entre jesuítas e nativos não
era muito bem vista pelos colonos, que preferiam dominá-los através da escravidão. Quem
merece destaque é o padre José de Anchieta, o qual deu um novo sentido para a presença dos
jesuítas no Espírito Santo. Em 1561, Anchieta escolheu como seu refúgio a aldeia de Reritiba,
onde escreveu dois importantes poemas: “Da Santa Virgem Maria Mãe de Deus” e “Dos feitos
de Mem de Sá”. Neste último poema, Anchieta descreveu a Batalha do Cricaré, o qual foi um
enfrentamento entre Portugueses e Tamoios, na qual o governador-geral Mem de Sá enviou
uma esquadra para ajudar Vasco Fernandes Coutinho a se defender dos nativos.
Outro fato importante neste contexto de colonização e povoamento do Espírito Santo foram
as tentativas estrangeiras de invasão ao país. Em 1592, em uma tentativa dos ingleses, coman-
dados nesta ocasião por Thomas Cavendish, a população da capitania rechaçou tal tentativa,
frustrando os planos dos britânicos.
Em 1625 foi a vez dos holandeses, comandados por Pieter Pieterszoon Heyn tentarem entrar,
sendo rechaçados pelo donatário da capitania, Francisco de Aguiar Coutinho. Que merece
destaque na luta contra os holandeses foi a capixaba Maria Ortiz.
Economicamente, um dos motivos iniciais do processo de colonização, ocupação e povoamento
foi o açúcar. Como se sabe, a produção do açúcar na região nordeste, além de ser superior
em relação a outras regiões, ainda tinha ampla aceitação nas praças europeias, por ser mais
barato do que os outros açucares do Brasil. Por conta disso, se percebe que estas atividades
econômicas não foram tão motivadoras para o desenvolvimento da capitania.
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Contudo, no século XVII, além da lavoura canavieira, a negociação de áreas para a exploração
das “pedras verdes” – esmeraldas – sendo que, o elemento importante para o desbravamento
do território foram os entradeiros. Dentre as expedições de maior relevância em direção ao rio
Doce, temos a de Diogo Martins Cão (1596), Marcos de Azeredo (1611) e Agostinho Barbalho
de Bezerra (1664). Um dos fatores, nesse sentido de tentar encontrar pedras preciosas, mas
que acabou contribuindo com a colonização, foi a fundação da vila de Nossa Senhora de Gua-
rapari e a construção dos fortes de Monte do Carmo e São Francisco Xavier e a reconstrução
do forte de São João, pelo explorador Francisco Gil de Araújo. Ao todo, foram 14 entradas
comandadas por Gil de Araújo em direção à serra das Esmeraldas.
Mesmo que, embora tenha sido investido grande monta financeira por parte de Francisco Gil
na empreitada metalífera, mas nada significativo foi de fato produzido, algum resultado foi
possível ser constatado, como por exemplo, a valorização das terras e o estabelecimento de
povoadores, além da criação de novos engenhos. O herdeiro e filho de Gil de Araújo, por esse
motivo, não se permitiu permanecer na capitania, fazendo com que ela se tornasse devoluta
e nesse sentido, permanecesse submetida à jurisdição da Bahia.
Destarte, o processo de colonização deu sequência sem grandes progressos. Mineração, jesuí-
tas e cana de açúcar foram os elementos responsáveis por esse processo, quase se tornando
extinta. No início do século XIX, por iniciativa do regente D. João, a capitania se tornou autô-
noma em relação à Bahia, contribuindo não apenas para as iniciativas independentes, mas
também para a abertura de estradas, o interesse pela navegação e a ampliação da área de
cultivos, o que contribuiu para o aumento do povoamento do Espírito Santo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DUARTE, Regina Horta. Olhares Estrangeiros. Viajantes no vale do rio Mucuri, in: Revista Bra-
sileira de História, vol. 22, nº 44.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 14ª edição. São Paulo: EDUSP, 2013.
OLIVEIRA, José Teixeira de. História do Espírito Santo. Site Oficial do Arquivo Público do Estado
do Espírito Santo, 2008. Consultado em 10 de janeiro de 2022.
SOCIEDADE E
INDÚSTRIA DO
ESPÍRITO SANTO
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EVOLUÇÃO SÓCIOECONÔMICA E INDUSTRIAL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO��������������������������������������� 3
SOCIEDADE E INDÚSTRIA DO ESPÍRITO SANTO 3

SOCIEDADE E INDÚSTRIA DO ESPÍRITO SANTO


O Estado do Espírito Santo ocupa a décima quarta posição em relação ao Produto Interno Bruto
(PIB), em comparação com outros estados do Brasil. Seu desenvolvimento econômico passou por
muitos altos e baixos ao longo do período imperial e republicano. Como foi que isso ocorreu? Como
se caracteriza a sociedade e a industrial do estado do Espírito Santo? Esses dois questionamentos
serão respondidos a seguir.

EVOLUÇÃO SÓCIOECONÔMICA E INDUSTRIAL DO ES-


TADO DO ESPÍRITO SANTO
A evolução econômica pela qual o estado de Espírito Santo passou foi oriunda das mudanças
ocorridas durante o século XIX, tanto na província quanto no restante do país. Após a Proclamação da
Independência do Brasil, o governo provincial passou por uma grande crise econômica, causada pelas
dificuldades da produção agrícola, por conta de um longo período de ausência de chuva. Entretanto,
a cafeicultora foi iniciada no Espírito Santo. Para isso, houve o incentivo para o aproveitamento de
áreas de terras, tanto por estrangeiros quanto por agricultores e fazendeiros de São Paulo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro que aproveitaram esse incentivo para iniciar os cultivos da rubiácea.
Durante o início do Segundo Reinado, em 1846, foi fundada a colônia de Santa Isabel, a qual
contava com imigrantes da região de Hunsrück e em 1855 foi fundada a colônia do Rio Novo, a qual
contava com famílias oriundas da Suíça, Alemanha, Holanda e Portugal. Os projetos de colonização
por colônias estavam dando certo, tanto que entre 1856 e 1862 um considerável fluxo de imigran-
tes alemão para a colônia de Santa Leopoldina, contribuiu para desenvolver o sul da província. A
cafeicultura teve um grande desenvolvimento, o que levou à ampliação da lavoura de café.
No período republicano, a produção de açúcar acabou dando lugar ao café, sendo que os
canaviais deram espaço para os pés de café. Foi através da economia cafeicultora que, mesmo após
a abolição da escravidão, o Espírito Santo conseguiu resistir e dar aos presidentes do estado condi-
ções para conseguirem desenvolver seus empreendimentos, como construção de estradas de ferro,
ampliação da escolarização, planejamento urbano, instalação de infraestrutura para saneamento
básico, e bondinhos elétricos. Mas o que chama a atenção é que, foi proveniente do café a condição
para o estabelecimento de um parque industrial, além de uma usina de geração de energia elétrica,
condição importante para o desenvolvimento econômico do estado.
Outro fator importante para o desenvolvimento econômico do estado foram as estradas de
ferro, as quais mesmo tendo sido estabelecidas no século XIX, contribuíram principalmente por
estabelecer a comunicação entre duas importantes regiões cafeeiras, que eram a Zona da Mata, em
Minas Gerais e o sul do Espírito Santo. Com a irradiação ferroviária, foi possível ocorrer o desenvol-
vimento direto de cidades, como por exemplo, Vitória, foi uma das que mais teve progresso, devido
a necessidade de se escoar a produção e para isso, a necessidade de se construir um porto. Através
deste desenvolvimento, a urbanização ocorreu de forma semelhante ao mesmo desenvolvimento
urbano de outras regiões cafeicultoras, e com isso, a sociedade capixaba ganhou com o surgimento
de lugares para o entretenimento, alimentação, escolarização, periódicos e tudo o que se vê em
uma urbs do final do século XIX.
A sociedade capixaba foi a favor da abolição da escravidão. Da mesma forma que em outras
províncias, surgiram associações vinculadas ao processo de abolição, como a Sociedade Abolicionista
do Espírito Santo. Os efeitos sobre a economia da província da abolição da escravidão deixaram
grandes proprietários em ruínas. As finanças do Espírito Santo ficaram exauridas.
Uma solução adotada logo no início do período republicano pelos primeiros governadores,
foi recorrer a reformas, incentivos econômicos e empréstimos no exterior. Isso tudo favoreceu o
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café e ainda proporcionou investimentos agrícolas de maior monta. Desta forma, o Espírito Santo
conseguiu quintuplicar sua arrecadação tributária, melhorando significativamente algumas questões
de infraestrutura, como por exemplo, com a inauguração do primeiro trecho da Estrada de Ferro
Sul, entre Jabaeté e Porto de Argolas.
Mas, foi nas primeiras décadas do século XX que a economia do Espírito Santo vai ter inovações
que vão levar ao desenvolvimento industrial. Através da construção da ponte de Colatina sobre o
rio Doce e com a ocupação do norte do estado, a economia teve novo impulso.
O porto de Vitória, que foi durante o período da Primeira Guerra Mundial o segundo maior
responsável pelas exportações do país, ganhou obras de ampliação a partir de 1943, durante a Era
Vargas. O objetivo desta ampliação era ampliar a capacidade de exportação de minério de ferro
oriundo de Minas Gerais, e para isso acontecer, a Companhia Vale do Rio Doce passou a administrar
o cais de minério. Além disso, foi construído também o porte de Tubarão, em Vitória, o qual possuía
capacidade para armazenar um milhão de toneladas de minério.
Pelo fato de se instalar o porto de Tubarão, a região recebeu uma infraestrutura que fomentou
o desenvolvimento de um novo complexo industrial, onde neste foi construída uma usina de pelo-
tização de minério de ferro. Na década de 1980 foi inaugurada a Usina Siderúrgica de Tubarão. Esta
foi uma etapa caracterizada por um contínuo esforço de industrialização promovido pela Companhia
de Desenvolvimento do Espírito Santo.
Devido a esse fomento, hoje, a economia do estado como um todo é diversificada, sendo ela
caracterizada com as seguintes cadeias produtivas:
» Segundo maior produtor de petróleo e gás;
» Maior exportador de pelotas de minério de ferro;
» Se de maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto;
» Possui uma das maiores reservas de mármore e granito do país;
» Sexta maior indústria de móveis do país;
» Segundo maior produtor e exportador de café;
» Primeiro lugar na produção e exportação de mamão e sede de uma das maiores
fábricas de sucos do mundo.
Recentemente, um dos maiores conglomerados de empresas de metal do mundo ampliou sua
capacidade de produção de placas de aço, fazendo do Espírito Santo o maior produtor de placas
de aço do Brasil.
Além disso várias outras atividades no ramo de confecções, construção civil, alimentos, auto-
motivo, metalmecânico, entre outros, são de grande desenvolvimento no estado, com destaque
para a cidade de Vila Velha, sede de uma das maiores fábricas de chocolate do mundo.

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