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6.

O Contexto Europeu dos


séculos XVII e XVIII
O Poder Absoluto em França e em Portugal

Ricardo C.
Almeida
Concílio de Trento – Reforma Interna
Concílio - Assembleia de cardeais, bispos e abades para resolver
assuntos relacionados com a fé.

No seguimento das reformas protestantes, um concílio católico reuniu


em Trento entre 1545 e 1563.

Reafirmaram-se os princípios fundamentais da igreja católica –


salvação pela fé e pelas obras, o culto dos santos e da Virgem Maria,
sete sacramentos, autoridade do Papa.
Concílio de Trento – Reforma Interna

NOVAS MEDIDAS:

1. A criação de seminários destinados a preparar futuros sacerdotes;

2. A proibição de cargos religiosos;

3. A manutenção do celibato dos sacerdotes.


A Contrarreforma
Para combater as heresias a Igreja Católica contou com:

1. A Inquisição

2. O Index

3. A Companhia de Jesus
A Inquisição
• Tribunal criado durante a Idade Média para combater heresias;

• Período de enfraquecimento – reestabelecida em Espanha no ano de


1478. No séc. XVI, o Papa Paulo III reorganizou-a, transformando-a
numa poderosa força que vigiava, perseguia e condenava os que não
respeitassem a Igreja Católica.
Index
• Lista , organizada em índice, das obras de leitura proibida aos
católicos, sob pena de excomunhão.
Companhia de Jesus
• Ordem Religiosa criada por Santo Inácio de Loyola (1534) e
aprovada pelo Papa Paulo III, em 1540, que tinha como
principal objetivo a conversão à fé dos hereges e dos pagãos.
• Atuaram em vários continentes: Ásia, América, África e
obtiveram grande sucesso nos dois últimos.
• Na Europa conseguiram recuperar a fé católica nalgumas
zonas protestantes.
• Professores jesuítas ensinavam em colégios e universidades.
A Contrarreforma na Península Ibérica
Após a Reconquista… Até que os Reis Católicos…

E pressionaram o rei D. Manuel a…


A Contrarreforma na Península Ibérica
• Em 1536, no reinado de D. João III, a Inquisição foi estabelecida em Portugal.

LUTA CONTRA: Heresias;


Superstições; Feitiçarias;
Condutas Sexuais Diferentes.

Torturas, Sentenças, Morte na


fogueira.
A Contrarreforma na Península Ibérica
Companhia de Jesus – ordem
Index – Lista de livros religiosa que se dedicou à
proibidos. missionação. Nas missões, além de
pregarem a doutrina cristã,
fundaram hospitais, seminários e
colégios.

Inácio de Loyola, fundador


da Companhia de Jesus
Antigo Regime
Período entre o séc. XVI e o séc. XVIII, ou seja desde os
descobrimentos até à Revolução Francesa (que iremos ver mais à
frente). Caracterizou-se a nível político, pelo poder absoluto
dos reis, por uma economia assente na agricultura e no comércio
internacional, que dava grandes lucros, e ainda pela existência de
uma sociedade fortemente estratificada e hierarquizada.
Regimes
Políticos
MONARQUIA REPÚBLICA
E Hoje, ainda existem monarquias?

Rei Carlos III de


Inglaterra Filipe VI de
Espanha
Monarquia absoluta

Forma de governo em que o rei concentra em si todos os poderes,


detendo uma autoridade absoluta sobre os seus súbditos. Baseava-
se na teoria do direito divino, segundo a qual se considerava que o
poder provinha diretamente de Deus, única entidade a quem o rei
tinha de prestar contas da sua governação.
Construção do Estado Moderno
• Processo iniciado Idade Média
Origem Divina do Poder Real

Luís XIV, Rei de


França
Poder Absoluto

• Um rei absoluto:
1) Fazia as leis; Detinha o poder legislativo,
executivo e judicial.
2) Governava;
3) Aplicava a justiça.
Luís XIV, o Rei-Sol O Estado sou eu!

O Estado
sou eu!
L’ État c’est
moi.
Instrumentos do Poder Absoluto
• Para transmitir uma imagem de poder e esplendor os monarcas
absolutos recorriam: - à Corte que emanava luxo, espetáculo e
ostentação.

Aqui o rei dava A alta nobreza


grandes festas, vivia dependente
banquetes, espetáculos do rei, que para a
musicais e teatrais e controlar, concedia
organizava caçadas. cargos, títulos e
pensões.

Versalhes, Pierre Patel


Casamento entre Luís XIV e Maria Versalhes, Pierre Patel
Teresa de Espanha

Para suportar esta vida


faustosa, o rei impunha uma
rigorosa cobrança de
impostos.
D. João V, o magnânimo
• Filho de D. Pedro II;

• Reinou na primeira metade do século XVIII;

• Casa com D. Maria Ana de Áustria.


Poder Absoluto em Portugal
1) Auge no reinado de D. João V;
2) Beneficia de condições financeiras
muito favoráveis (afluxo de ouro e
diamantes provenientes do Brasil) para
impor uma imagem de luxo e opulência,
desse modo, criou uma corte faustosa
promovendo espetáculos e festividades
públicas.
D. João V
Obras Monumentais do reinado de D. João V

Palácio Convento de Mafra Biblioteca Joanina


VISITA VIRTUAL
Visita de Estudo
Origem: Viseu
Entretanto durante a
viagem
Alun@ – “Stor,
quero ir à casa de
banho!”
Professor – “Agora
só em Coimbra!”;
“Faz p’ra uma
garrafa!”.
Destino: Coimbra
Visita de Estudo
• Já em Coimbra…
• “Comer alguma coisa para
arrancar. Vamos lá!”
Visita de Estudo
Visita de Estudo
Regresso…

Professor – “Então?
Já vem tudo a
dormir??”
• Apesar de D. João V chefiar pessoalmente o governo, nunca
conseguiu exercer uma devida autoridade de estado pois não
foi capaz de reduzir a influência dos grandes senhores, nem
centralizar a administração (apesar das reformas nas
secretarias) nem diminuir o poder da inquisição.

Certamente dificultada por uma sociedade


portuguesa extremamente estratificada e
hierarquizada.
Sociedade de Ordens - Conceito
• Sociedade constituída por ordens ou estados.

• Cada ordem gozava de prestígio, de acordo com a origem do seu nascimento,


as funções que exercia e os direitos e os deveres que possuía. Assim as
ordens ou estados eram ordenados (hierarquizados).

• Cada uma destas ordens estava, ainda, dividida em categorias ou estratos.

• Esta hierarquia social, embora já existisse na Idade Média, reforçou-se


durante o Antigo Regime.
Sociedade de Ordens - Características
• Nascimento e funções desempenhadas eram aspetos que definiam o estatuto
social e estabeleciam uma rigorosa hierarquia;

• Diferenciação que se acentuava no vestuário, nos costumes, na distribuição de


lugares nas cerimónias religiosas, cortejos, etc;

• Cada indivíduo ocupava funções e lugares específicos no estrato social a que


pertencia – estratificação social;

• Mobilidade Social era demorada e rígida (só em situações muito particulares se


podia ascender na hierarquia).
A Sociedade de Ordens
• Sociedade constituída por 3 ordens ou estados:

Clero ou primeiro estado Nobreza ou segundo estado O Terceiro Estado


O PRIMEIRO ESTADO
• Ordem mais próxima de deus, devido às
suas funções religiosas;

• Numerosos privilégios (isenção de impostos


e de serviço militar, não está sujeito à lei
comum e detinham leis específicas –
“direito canónico”);

• Era uma classe rica (grandes proprietários


de terras, recebiam o dízimo, e muitas Alto Clero
ofertas dos crentes);
Arcebispos, Bispos e
Abades
• Elementos originários de todos os grupos
sociais – alto clero = filhos segundos da
Baixo Clero
nobreza; baixo clero = gentes rurais. Párocos, Frades
O SEGUNDO ESTADO
• Nobreza, ordem de maior prestígio;
• Ocupa cargos na administração e no exército,
cargos de poder;
• Grandes proprietários, isentos de pagamentos de
impostos, exceto em caso de guerra;
• NOBREZA DE SANGUE: famílias mais
antigas, ligadas à atividade da guerra. Dentro
deste segmento da nobreza de espada,
hierarquizam-se ainda por príncipes, duques e
outros pares do reino. Neste grupo, inclui NOBREZA
também a nobreza de província.
• NOBREZA DE TOGA: destinada a satisfazer as
necessidades burocráticas do reino constituída
NOBREZA DE SANGUE NOBREZA DE TOGA
por magistrados e altos funcionários da OU DE CORTE (Nobreza de
administração do reino. Muitos membros da Espada; de Província)
nobreza de toga foram-se misturando com a
nobreza de espada.
O TERCEIRO ESTADO
• Ordem mais numerosa e heterogénea em que
a maioria se ocupava da agricultura.

• Burguesia constituía o estrato mais importante:


homens de letras; comerciantes; pequenos e
médios proprietários e artesãos.

• Alguns destes burgueses poderiam ascender à


nobreza de toga através do casamento ou por
concessão do rei. Burguesia: Comerciantes; Povo: Artesãos e
Advogados; camponeses; Serviçais e
• Trabalhadores assalariados, escravos, mendigos Funcionários indigentes.
administrativos e outros.
e vagabundos.
A Sociedade de Ordens em Portugal
• Sécs. XVII e XVIII;
• Clero – Nobreza – Terceiro Estado.

Grupo mais importante era a


burguesia: a concorrência dos
nobres mercadores e a perseguição
da inquisição aos cristãos novos
contribuíram para que a burguesia
não se tornasse tão poderosa como
a de outros países europeus.
A economia no Antigo Regime

Agricultura Comércio
Agricultura
- Pouca produtividade agrícola.
- Predominância da agricultura como principal atividade económica
explica-se pela permanência do regime senhorial (clero e a nobreza, que
representavam uma pequena parcela da população eram os principais
detentores de terras).
- Falta de mão-de-obra agrícola e de investimento.
- Técnicas e instrumentos pouco desenvolvidos.
- Donos das terras viviam nas cidades não demonstrando interesse em
investir na modernização agrícola das suas propriedades.
- Apesar dos progressos com os descobrimentos, mantinham-se as culturas
tradicionais (cereais e vinha).
Comércio
- As cidades verificaram um enorme desenvolvimentos, devido ao dinamismo
da atividade comercial.
- Nos portos de Antuérpia, Londres, Amesterdão, concentrava-se uma grande
quantidade de mercadorias que eram, depois, redistribuídas, por via marítima
ou terrestre.
- Nos séculos XVII e XVIII, o grande comércio internacional, a atividade
mais dinâmica e lucrativa nesta época, teve como principais intermediários os
Holandeses e os Ingleses.
- Comercializavam-se inúmeros produtos europeus e coloniais.
Estes permitiram grandes lucros, pois começaram a ter um consumo elevado,
aumentando, assim, o volume do comércio colonial.
Comércio
• Ganhava cada vez mais importância.
• Grandes rotas intercontinentais.
• (MERCANTIL)ISMO – doutrina económica
• Aplicada por Jean-Baptiste Colbert em França.
! Doutrina que considerava que a riqueza de um Estado dependia da
quantidade de metais preciosos que se acumulava nos seus cofres. Neste
sentido, era necessário obter uma balança comercial favorável. !
MERCANTILISMO
Para obter uma balança comercial favorável os Estados Absolutistas apostaram:
• Desenvolvimento das manufaturas, através da isenção de impostos;
• Concessão de monopólios de produção de determinados produtos, tentando evitar a
importação. Os produtos que até aí eram importados, deveriam ser produzidos
no próprio país;
• Criação de companhias de comércio para intensificar a atividade comercial;
• Aplicação de taxas alfandegárias sobre os produtos importados;
• Proibição de nas colónias existirem relações comerciais diretamente com outros
Estados;
• Proibição da importação de determinados produtos estrangeiros considerados de
luxo – leis pragmáticas.
O Estado devia intervir na economia: protecionismo.
Aumentar a produção para promover o fomento da riqueza nacional –
NACIONALISMO ECONÓMICO.

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