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Unidade 1 – A Europa dos

Estados absolutos e a Europa dos


Parlamentos

- Estratificação Social e poder político nas sociedades do Antigo


Regime.
- A recusa do absolutismo na sociedade inglesa.
Como era constituída/hierarquizada
a sociedade do Antigo Regime?
 Sociedade hierarquizada/estratificada (“em
camadas”/fechada) em ordens ou estados;

 Pessoas distinguem-se pelo nascimento com estatuto


jurídico diferenciado (funções sociais específicas);

 Honras, direitos/privilégios e deveres;

 Grande heterogeneidade social.


Que ordens formavam a sociedade do Antigo Regime?

 O clero, o primeiro estado:


 Sociedade marcada pela religiosidade (dedica-se ao serviço de Deus);
 Alto clero: príncipes de sangue da nobreza e abades dos mosteiros
mais importantes (ligados ao rei e corte, altos cargos, administração,
ciências e educação);
 Baixo clero: oriundos do povo, com pouca instrução, viviam junto das
populações;
 Tinham isenções de impostos, direitos (dízimo) e privilégios (não dar
pousada ao séquito do rei), grandes proprietários de terras (Gondomar
- terra do bispo do Porto; antigo mosteiro de Rio Tinto);
 Clero regular (regra) – mosteiros e conventos e secular (junto das
populações).
QUE ORDENS FORMAVAM A SOCIEDADE DO ANTIGO
REGIME?

A nobreza ou segundo estado:


•A nobreza rural, cortesã, de sangue, nobreza de espada

(carreira das armas/exército e cargos de poder); grandes


proprietários de terras;
•Recebiam rendas e não pagavam impostos/ isenção

(exceção na guerra);
•Dedicam-se à defesa do Reino/administração;

* Nobreza de toga (administração, diplomacia e justiça):


cargos do Estado – muitas vezes enobrecida pelo rei;
Que ordens formavam a sociedade do Antigo Regime?

 O terceiro Estado, o povo:


 1º grupo: Homens de letras, mercadores, financeiros, boticários, joalheiros –

burgueses (cristãos-novos);
 2º grupo: lavradores com terra própria ou de renda;

 3º grupo: artesãos (trabalho manual), jornaleiros (cidade ou campo), por vezes

com trabalho ao dia [jorna]/sazonal;


 4º grupo: “os ociosos” – mendigos e vagabundos, não trabalham (a sociedade

condena-os de forma violenta/indiferente);


- Muita diversidade e heterogeneidade social;

 Todos pagam impostos ao clero, nobres / rei, viviam do seu trabalho/da


profissão/ofício.
 Dedicam-se ao comércio, “artes liberais e mecânicas” agricultura, artesanato e
serviços.
Como se manifestava a hierarquia na sociedade do Antigo Regime?

 Os grupos sociais tinham uma função específica, estatuto


social, tratamento diferente, vestuário próprios e
símbolos; justiça era diferente para cada ordem (ex.:
direito canónico);

 Mobilidade social: difícil e reduzida (um burguês podia


tornar-se nobre pelo casamento (dinheiro) e pelo cargo
exercido na corte, o filho do escrivão/camponês que
estudasse podia ascender ao (alto) clero – Pe. António
Vieira, Frei Manuel de Santa Inês - bispo) -
formação/estudos.
Como se define o conceito de absolutismo régio?

 Monarquia absoluta: poder supremo, por vontade


de Deus;

 O poder do rei tem origem em Deus (direito


divino);
Como se define monarquia absoluta?

Era o governo de um rei que


concentrava todos os poderes
do Estado na sua pessoa, com
um mandato divino.
Que fundamentos tinha o absolutismo (poder do
rei)?

- Bossuet (teórico da monarquia absoluta);


- Escreveu a obra: o rei é rei porque Deus quer (1681);
 Sagrado: o poder vem de Deus, mas há limites – o bem
público/Direito Natural/Lei de Deus/Leis do Reino;
 Paternal: proteger o povo, assegurar necessidades;
 Absoluto: um poder supremo com leis e justiça e com
total liberdade do rei para decidir;
 Dominado pela razão: rei com características de chefe (a
sabedoria, inteligência, carácter, firmeza), para manter
“um bom governo” .
Que poderes detinha o rei?
 Rei faz as leis, executa-as e julga os infratores e aplica
a sanção (não tem órgãos de controlo);
 Rei confunde-se com o Estado, todos lhe devem
obediência/submissão;
 Cortes deixam de ter significado (não se reúnem/em nº
reduzido) em França e em Portugal (carácter
consultivo);
 Rei coroado em cerimónia ritualizada, recebe de Deus
o seu poder para garantir a ordem social vigente
(“atentar contra o rei é atentar contra Deus”).
Que papel teve a sociedade de corte?

 Era um instrumento do poder absoluto do rei;


 Palácio de Versalhes (França) e Queluz (Portugal) refletem o poder do
rei;
 Palácios eram quase cidades (com milhares de pessoas);
 A corte luxuosa onde todos os nobres queriam viver perto do rei
(grandeza, poder e influência; “davam a vida” para viver na corte);
 Hierarquia e etiqueta (refeições do rei/cerimónias com rituais
complexos);
 Encenação do poder (culto ao rei) – opulência, vestuário rico,
banquetes, bailes (gestos do rei – significado diplomático, social e
político);
 Nobreza dependente do rei/controlada pelo poder régio – perde
importância (espera favores, cargos e tenças do rei).
Questões de aula:
 1. A) – O que entende por Antigo Regime.
 B) Em que situações acontecia a mobilidade social no
Antigo Regime? E atualmente?
 C) Define ordem ou estado.
 2 – Caracterize o Terceiro Estado?
 3- Define Absolutismo Régio (usando o vocabulário
específico).
 4 – Que papel teve a sociedade de corte na
consolidação do poder régio?
 5 – Descreve um palácio do século XVIII.
Como era a sociedade e o poder em Portugal?

 Século XVII – (4ª) Dinastia de Bragança (1640) –


Restauração (Restauradores em Lisboa/Palácio da
Independência);
 Papel de relevo dos nobres/fraqueza do poder real (nova
dinastia, deposição de D. Afonso VI);
 Nobres: cargos na corte e na administração colonial (papel
pouco relevante da burguesia) e grandes proprietários de
terras;
 Estado-mercador e nobreza mercantilizada (comércio de
sedas, canela, açúcar e escravos), crise comercial (ataques
holandeses e ingleses), fuga dos cristãos-novos e comerciantes
ingleses em Portugal (ausência de capitalismo comercial).
Como se organizava o aparelho burocrático do
Estado absoluto?
 Grande reforma da administração no período filipino (Filipe II);
 Administração com D. João IV renovada – século XVII:
 Justiça
 Administração do Império
 Finanças
 Guerra

- Secretarias

 Apagamento gradual do papel das Cortes (papel consultivo).


Em que época surge o poder absoluto em Portugal?

 Rei absoluto – D. João V (1706-1750 - século XVIII);


 Época do ouro do Brasil e construção de grandes
construções (Convento/Palácio de Mafra;
 Poderes concentrados;
 Reduzido número de funcionários régios;
 Poder régio pouco presente nas terras distantes da
coroa - grande peso da administração local/concelhos;
 Corte: suntuosidade e culto da pessoa do rei
(cerimónias/rituais e etiqueta vs. poder).
Como se organizou o Estado absoluto português?

 Controlo da nobreza/dependência;
 Supervisão da administração pública;
 Rei – centro do poder e da atenção dos nobres
(autoridade/ostentação e riqueza);
 Mecenas das artes e das ciências (Real Academia da
História);
 Grandes construções e talha dourada (Porto);
 Imponentes embaixadas – coches luxuosos: época barroca
(Nasoni – Santa Clara, São Francisco, Corpus Christi);
 Diplomacia (Santa Sé) – criação do Patriarcado de Lisboa.
A recusa do absolutismo na sociedade inglesa - o
Parlamentarismo?

 A herança da Magna Carta (Idade Média);


 Existência de um Conselho (embrião do Parlamento)
– limite ao poder do rei;
 Grande turbulência no século XVII com as
pretensões absolutistas dos reis (deposição,
decapitação do rei e república);
 Petição dos Direitos (1628): o rei vê-se obrigado a
aceitar as antigas leis, a não recolher impostos sem
aval do Parlamento e a respeitar a liberdade do
indivíduo.
Como se impôs o Parlamentarismo em Inglaterra?

 1649-1659 – República – governo de Cromwell (não


respeita o Parlamento);
 Restauração da monarquia: lutas religiosas e políticas;
 Revolução gloriosa (1688): Reis, Guilherme e Maria
de Orange (protestantes);
 Regime parlamentar consolida-se: Declaração dos
Direitos (1689) - respeito pela liberdade individual e
não interferência dos reis nas decisões do Parlamento;
 Poder do rei (executivo) sempre limitado pelo Parlamento
(representação do povo) com o poder legislativo (revolta
legítima/novo poder legislativo/liberdade).
Como era a estrutura do poder político em
Inglaterra?

 Rejeição do absolutismo:
 - Execução do rei Carlos I (1649);

 - República com Cromwell (1649-1659);

 Revolução Gloriosa (1688)

 Regime parlamentar:

- repartição dos poderes entre o rei e o Parlamento.

- Parlamento:

- *Câmara dos Lordes: nomeada pelo rei (nobres);

- *Câmara dos Comuns: eleita por sufrágio entre pessoas de

certa condição financeira - censitário (Burguesia/povo).


Em que se baseou a teoria do Parlamentarismo?

 John Locke (1632-1704):


 Regime liberal, espírito burguês, para criar as condições
da livre iniciativa;
 Tratado do governo Civil: grande influência no
pensamento político do século XVIII;
 Contrato entre governados e governantes, assim os
homens “nascem livres e autónomos”; a segurança, a
propriedade privada, conduzem à felicidade humana;
 Poder real limitado pela lei/Direito natural – modelo de
liberdade (Parlamentarismo).
Que estrutura tinha a sociedade inglesa?

 Maior mobilidade social

 Barreiras sociais esbatidas: burguesia de negócios e


proprietários rurais;

 Burgueses lutam pelo regime parlamentar e pelas


liberdades individuais.
Questões de aula:
 1 – Que instrumentos usaram os reis absolutos em
França para consolidarem o seu poder?

 2 – Explica a frase atribuída a Luís XIV: “O Estado sou


Eu“.

 3 - Indica razões pelas quais não houve absolutismo em


Portugal no século XVII.

 4 – Caracteriza o absolutismo joanino em Portugal.


Conteúdos:
 De que modo se organizava a sociedade de ordens no Antigo
Regime?
 Que fundamentos tinha por base a monarquia absoluta?
 Que instrumentos usaram os reis absolutos para consolidar o
seu poder?
 Como se organizou a administração portuguesa no século
XVII?
 Que particularidades encontramos no absolutismo do tempo
de D. João V em Portugal?
 Como funcionava o regime parlamentar na Inglaterra?
 Em que nações podemos encontrar formas de governo de
limitação do poder (do rei)? Indica razões.

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