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Módulo 4 – Unidade 1

A EUROPA NOS SÉCULOS XVII E XVIII – SOCIEDADE, PODER E DINÂMICAS COLONIAIS

A Europa dos estados absolutos e a Europa dos parlamentos

A SOCIEDADE E PODER POLÍTICO EM PORTUGAL

Sumário: A especificidade da sociedade portuguesa do Antigo Regime.

Questões orientadoras:

1.ª Como explicar a preponderância da nobreza e a sua mercantilização em Portugal, no


Antigo Regime?
2.ª Que fatores estão na base da progressiva debilidade da burguesia, nos séculos XVI a XVIII?

1640 1656 1683 1706-1750

D. João IV D. Afonso VI D. Pedro II D. João V

A especificidade da sociedade portuguesa de Antigo Regime

 Preponderância da nobreza fundiária/mercantilização da nobreza:

 Posse de bens fundiários (terras) e apropriação de rendas e tributos


cobrados aos camponeses;
 Exercício de funções governativas/ ocupação de cargos (quer no reino,
quer nas nossas colónias), reforçando assim o seu poder e riqueza.
 Participação ativa nas atividades comerciais ultramarinas (fidalgo
mercador ou cavaleiro mercador);
 Mentalidade conservadora, arreigada aos valores tradicionais (valores de
linhagem) (desprezo da nobreza de toga) – os lucros acumulados por esta
nobreza foram sucessivamente aplicados na compra de terras, na
construção de sumptuosas habitações e gasto em bens supérfluos – não
investindo, por isso, em atividades produtivas para o país.

 Debilidade da burguesia:
 Concorrência da Coroa e da nobreza no comércio ultramarino;
 Concorrência estrangeira: ataques de piratas e corsários às nossas
colónias e infiltração da burguesia inglesa no nosso comércio;
 Perseguição da Inquisição aos judeus e cristãos-novos;

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 Tentativa de imitar os comportamentos dos privilegiados (imitar a
nobreza).

A sociedade do Antigo Regime comparativamente com a sociedade atual era bastante limitada
em termos de mobilidade social, ou seja, no Antigo Regime, a transição de indivíduos de um para outro
estrato social, quer no sentido ascendente quer descendente era um processo complicado. Nessa época
apenas se assistia à ascensão da burguesia que prosperava pela ocupação dos cargos do Estado ou
através do casamento.
Tal facto não é visível na prática na sociedade atual, uma vez que hoje uma pessoa facilmente
prospera como também fracassa; por exemplo um indivíduo da classe média, que num certo período de
tempo se tornaria famoso no momento seguinte pode já não o ser, ou seja, a mobilidade social hoje é
muito mais visível.
A época histórica do Antigo Regime era fortemente caracterizada pela estratificação social, ou
seja, a sociedade estava organizada consoante o nascimento, o prestígio, o estatuto social decorrente da
função que ocupava, a tradição. Atualmente a nossa sociedade é formalmente caracterizada pela
igualdade de todos os perante a lei. Contudo na sociedade atual que é conhecido a nível nacional ou
internacional, quem tem riqueza, quem ocupa os cargos mais importantes, ou quem se exibe pela
educação ou aparência podem ser comparados no Antigo Regime às ordens privilegiadas, pelo contrário,
quem vive apenas do e para o seu trabalho, quem pouco ou nada estudou e quem não tem dinheiro para
sobressair na sociedade são associados aos burgueses e camponeses do Antigo Regime. No fundo pouco
ou nada mudou ...

O poder em Portugal no Antigo Regime: a criação do aparelho burocrático do estado absoluto.

Questões orientadoras:

1.ª Quais as principais reformas efetuadas no aparelho administrativo central de Portugal, no séc. XVII?
Que circunstâncias as motivaram?

2.ª Quais as características do aparelho burocrático do Estado absoluto português?

3.ª Qual a relação entre a crescente burocratização do Estado e a afirmação do absolutismo régio a partir
da segunda metade do séc. XVII?

A criação do aparelho burocrático do Estado absoluto português (séc. XVII)

1 de Dezembro de 1640 – Restauração da independência (após 60 anos sob o domínio filipino)

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D. João IV

(R. 1640-1656)

 1641 – Convocação de Cortes – legitimação da autoridade real;

Áreas de intervenção
 Reforma do aparelho administrativo central (era preciso retirar todas as marcas do
governo espanhol);
 Criação de novos órgãos políticos;
 Assegurar uma governação nacional a fim de garantir o sucesso militar nas guerras da
Restauração (1640-1668) e assegurar a gestão do império ultramarino;

Áreas de intervenção
Defesa – porque ainda estávamos em guerra com a Espanha, que não aceitou a perda de
Portugal, era necessário o controlo das fronteiras
Finanças – porque estamos em guerra e sem dinheiro não há como governar o país
Justiça – porque o rei está sempre associado à justiça, e “o juiz dos juízes”, prende-se com
a necessidade de mostrar superioridade (área de menor intervenção)
Administração do Império – separar as colónias portuguesas das espanholas, para além
disso o dinheiro provinha essencialmente das colónias, controlar as saídas de dinheiro...

D. Afonso VI, D. Pedro II, D. João V

 aumento do controlo do rei sobre o aparelho do Estado;


 perda de importância das Cortes;
 progressiva centralização das principais competências governativas nos Secretários do
Estado;
 perda de importância dos conselhos.

Aparelho burocrático do estado absoluto (características): processos lentos (o rei tem de provar
tudo), ineficiência do governo; falta de ligação entre o poder central e o poder local; centralização das
decisões nacionais na pessoa do rei.

O Absolutismo joanino (1706-1750)

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O reinado de D. João V foi marcado por uma conjuntura interna e externa favorável ao
desenvolvimento do absolutismo. O reino encontrava-se em paz, afluência de avultadas quantidades de
ouro proveniente das minas do Brasil, tornando possível um desafogo financeiro por parte do Estado.
A paz com Espanha estava assinada e os restantes reinos europeus tinham reconhecido a
independência de Portugal, fortaleceram-se os laços com a Áustria, através do casamento de D. João V
com a princesa D. Maria Ana, filha do Kaiser Leopoldo I. D. João com 19 anos, ela com 25. Foi recebida
sumptuosamente em Lisboa, os festejos duraram 3 dias. Tiveram 6 filhos (ele muitos mais).

Questões orientadoras:

1.ª Que fatores proporcionaram o absolutismo régio de D. João V?

2.ª Quais as principais medidas tomadas por D. João V no sentido de reforçar o poder e o prestígio
da Coroa Portuguesa?
O absolutismo joanino.
D. João V, o”magnânimo” (1706-1750)

Fatores que proporcionaram o absolutismo joanino:

 Independência nacional assegurada;


 Riqueza proporcionada pelo ouro do Brasil e pelo comércio de vinhos com a Inglaterra;
 Existência de um modelo: absolutismo régio francês de Luís XIV.

Reforço da autoridade real:

 Centralizar a ação governativa na sua pessoa;

Aumento do prestígio externo de Portugal:

 Envio de luxuosas embaixadas a países estrangeiros e à Santa Sé;


 Auxílio militar à Santa Sé contra os Turcos;
 Política de neutralidade em relação a conflitos externos.

Fausto da Corte e apoio à Cultura.

a) Objetivos: mostrar superioridade; submeter a nobreza; reforçar o poder e o prestígio do


rei.
b) Medidas:

Manifestações de ostentação e de luxo nas cerimónias públicas;


Financiamento de Bibliotecas (ex. Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra);
Política de grandes construções (Palácio-Convento de Mafra, Aqueduto das Águas Livres, Lisboa)
Apoio à música, ao teatro e à ciência (ex. fundação da Real Academia de História, demonstração
de experiências científicas como a da “Passarola“ do padre Bartolomeu de Gusmão.

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