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Açores

Viana do
Castelo
Vila Real
Braga
Bragança

Porto

Aveiro
Viseu
Guarda

Coimbra
Castelo
Leiria Branco

Santarém
Portalegre
Lisboa

Évora

Setúbal

Beja
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Madeira
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Faro
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Bibliografia
Viana do
ALMEIDA, Álvaro Duarte de; BELO, Duarte, Portugal Pa-
Açores Castelo
Vila Real
trimónio. Lisboa: Círculo de Leitores, 2008 (12 volu-
Braga
Bragança mes).
Porto
BARRETO, António; MÓNICA, Maria Filomena (coord.),
Aveiro
Viseu
Dicionário de História de Portugal. Porto: Livraria Fi-
Guarda
gueirinhas, 1999 (3 volumes).
Coimbra
Castelo
BARROS, Jorge, Festas e tradições portuguesas. Rio de
Leiria Branco
Mouro: Círculo de Leitores, 2003 (8 volumes).

Santarém FRAZÃO, Fernanda, Lendas portuguesas. Lisboa: Ami-


Lisboa
Portalegre
gos do Livro editores, s/d (6 volumes).

Évora GENTIL, Marques, Lendas de mouras e mouros. Lisboa:


Setúbal
Âncora Editora, 1999.
Madeira
Beja
GENTIL, Marques, Lendas heróicas. Lisboa: Âncora Edi-
tora, 1999.
Faro GENTIL, Marques, Lendas nos nomes das terras. Lisboa:
Âncora Editora, 1999.

SERRÃO, Joel (dir.), Dicionário de História de Portugal.


Porto: Livraria Figueirinhas, 1989 (6 volumes).

Sites a consultar:
www.infopedia.pt
www.monumentos.pt

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Distrito de

Viana do Castelo
Lenda de Viana
Há muitos anos, existia uma pequena povoação situa-
da na margem direita do rio Lima, junto à foz. Chamava-
-se Átrio e situava-se no cume de uma montanha. A dada
altura, os habitantes daquela povoação desceram a mon-
tanha e fixaram-se junto ao rio, para obterem alimentos
mais facilmente, através da prática da pesca, e para se
dedicarem ao comércio.
Morava no Átrio uma linda rapariga chamada Ana. Era
filha de pescadores e tinha muita habilidade na venda do
peixe. Era uma rapariga muito alegre e andava sempre a
cantar, animando os serões nos paços e os terreiros das
romarias.
Um jovem barqueiro ouvia estas melodias enquanto
conduzia o barco que transportava até ao Átrio, várias ve-
zes por semana, e ficava deliciado com aquela
linda voz.
De tanto ouvir a voz harmoniosa de Ana e de
lhe admirar a beleza, o rapaz começou a sentir
por ela um amor que ia crescendo dia após dia.
O rapaz contou aos seus amigos o amor que
sentia por Ana e, sempre que regressava do Átrio,
entusiasmado, dizia-lhes:
– Vi Ana! Vi Ana!
Um dia, porém, o rapaz confessou o seu amor a
Ana, ficando a saber que ela sentia algo semelhante
por ele. O casamento não tardou em realizar-se e, du-
rante a cerimónia, os amigos do rapaz recordaram-lhe o
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grito de entusiasmo:
– Vi Ana! Vi Ana!
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

O dito foi seguido pelos pescadores do Átrio, que


passaram a repeti-lo.
Em 1258, quando D. Afonso III concedeu o foral àquela
povoação, substituiu-lhe o nome de Átrio pelo de Viana.
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António Manuel do Couto Viana, Lendas do Vale do Lima,


Valima – Associação de Municípios do Lima, 2002 (adaptado)

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Distrito de Viana do Castelo
Monumentos

A atual ponte que liga as duas margens do rio Lima,


em Ponte de Lima, é constituída por um troço que terá
sido construído no governo do imperador Augusto e ou-
tro medieval, acrescentado no século XIV, na altura em
que realizaram obras para fortificar a vila, no reinado de
D. Pedro I.
Ponte sobre o Lima

Embora existam vestígios de fortificação de Valença


na época castreja, romana e, sobretudo, na Idade Mé-
dia, foi no contexto das guerras da Restauração que foi
reformada, resistindo a uma incursão espanhola logo
em 1643. A configuração hoje visível data, portanto, do
século XVII.

Praça-forte de Valença

A povoação de Monção foi edificada por D. Afonso III,


em 1261. Em 1306, D. Dinis mandou construir um castelo
com uma torre de menagem e uma cerca à volta da vila,
em virtude das guerras travadas com Castela. Desempe-
nhou funções defensivas durante as guerras fernandinas
e, sobretudo, no tempo das guerras da Restauração.

Castelo-fortaleza de Monção

A conclusão da cerca fernandina, em 1375, deixou a matriz da vila


fora da muralha, projetando-se, portanto, um novo templo. A sua cons-
trução iniciou-se em 1400, já no reinado de D. João I, que, desta forma,
mostrou não guardar ressentimento pelo apoio que Viana deu à causa
castelhana durante a crise de sucessão de 1383-1385. O fim das obras
data de 1480. O seu aspeto de fortaleza deve-se à sua localização, uma
vez que a localidade era assediada pela pirataria, desempenhando, por
essa razão, um papel de defesa.
Sé de Viana do Castelo

Espigueiros do Soajo

Conjunto de 24 espigueiros dos séculos XVIII e XIX, conce-


bidos para armazenamento e secagem de cereais, sobretudo
do milho americano, introduzido na Europa no século XVI.
Tradições

Vaca das Cordas – Ponte de Lima


Decorre na véspera da festa do Corpo de Deus, desde há séculos, embora tenha sido interrompida várias
vezes. No início da tarde, a vaca é presa à janela da torre dos sinos da igreja Matriz, sendo acicatada pelos
populares. Cerca de três horas depois dá-se três voltas à igreja com o animal, após as quais começa a cor-
rida pelas ruas. As guias, duas pontas da corda enlaçada nos cornos do animal, seguradas pelos ministros,
procuram evitar os acidentes. Há muito tempo que a vaca foi trocada por um touro.

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Distrito de Viana do Castelo
Personalidades
Jerónimo de Andrade

Nasceu em Melgaço, em 1748. Foi um militar que ocupou vários cargos em diversos locais do Im-
pério Português, nomeadamente em Moçambique e no Brasil, onde morreu em 1809. Foi, ainda, um
inventor, sendo da sua autoria o foguete incendiário e tendo elaborado o projeto da construção de
uma arma.

Nasceu em Ponte de Lima, a 23 de março de 1867. Em 1898 partiu para


a Índia, onde se dedicou à administração colonial, tendo viajado até à China
e Macau em missões diplomáticas. Regressado a Portugal aquando da
Implantação da República, tornou-se governador-geral de Angola em 1912,
cargo que ocupou até 1915. Depois de passar pelo Governo português,
entre 1915 e 1917, e pelo exílio em Londres, regressou a Angola em 1921.
Foi aí que alcançou protagonismo e reconhecimento pelo trabalho efetuado
no desenvolvimento daquele território. Foi candidato presidencial em 1948,
vindo a falecer em janeiro de 1955.

Norton de Matos

António Joaquim de Castro Feijó nasceu em Ponte de Lima, a 1 de ju-


nho de 1859. Foi poeta e diplomata. Concluiu o curso de Direito em 1882,
em Coimbra, onde privou com os espíritos mais esclarecidos do seu tem-
po, e exerceu advocacia temporariamente. Em 1886 foi nomeado cônsul,
partindo para o Brasil. Também exerceu aquele cargo em Estocolmo, a
partir de 1895, e em Copenhaga, a partir de 1900. Morreu em Estocolmo,
a 20 de junho de 1917.

António Feijó

José Pacheco de Amorim

Nasceu em Monção, a 2 de novembro de 1918. Licenciou-se em Matemática, pela Universidade


de Coimbra, em 1941 e doutorou-se em 1953. Desde jovem que foi adepto da causa monárquica,
sendo um profundo adversário do regime republicano, considerando ilegítimas todas as autoridades
instituídas desde a queda da Monarquia. Era, portanto, opositor ao Estado Novo. Participou, no en-
tanto, na guerra colonial, por considerar que estava em causa a união da pátria.
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Curiosidade
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Torneio de Arcos de Valdevez


Este torneio ocorreu em 1140, entre cavaleiros do Condado Portucalense e cavaleiros Leoneses, nas
margens do rio Lima, em vez da realização de uma batalha campal. Escolheram-se dois grupos de cavalei-
ros que lutaram à moda da cavalaria medieval, tendo saído derrotados os Leoneses. Celebrou-se, então, a
paz entre Afonso VII e D. Afonso Henriques. No entanto, o acordo definitivo só foi celebrado três anos de-
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pois, na Conferência de Zamora, quando Afonso VII reconheceu D. Afonso Henriques como rei de Portugal.

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Distrito de

Braga
Egas Moniz, o Aio
O exército de D. Afonso Henriques e o de Afonso VII,
seu primo, combateram fortemente em Valdevez. No
entanto, nenhum deles saiu vencedor e D. Afonso
Henriques regressou a Guimarães, onde foi cercado
pelos soldados de seu primo. No entanto, D. Afonso
Henriques recusou-se a negociar com ele. Foi Egas
Moniz quem decidiu negociar a paz com Afonso VII,
garantindo-lhe a obediência de D. Afonso Henriques
e dos nobres portucalenses.
Afonso VII aceitou a palavra de Egas Moniz. No
entanto, exigiu que ficasse como fiador da promes-
sa de D. Afonso Henriques.
Certo dia, porém, D. Afonso Henriques decidiu in-
vadir a Galiza, quebrando o que o velho aio ti-
nha prometido. Foi então que Egas Moniz
partiu com os seus familiares para junto de
Afonso VII. Furioso, este quis matar o chefe
da revolta portucalense. Porém, deu-se con-
ta da humildade e lealdade daquela família e
decidiu perdoá-los.
Egas Moniz foi libertado da promessa que
tinha feito e regressou a Portucale. D. Afonso
Henriques, agradecido e cheio de admiração pelo
gesto do velho aio, deu-lhe várias terras.
Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d (adaptado)

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Distrito de Braga
Monumentos

Povoado de fundação proto-histórica. Fundado entre


os séculos VII e VI a. C., foi adaptado durante o domínio
romano. Exerceu esta função entre os séculos I e V d. C.
Foi reocupado no século X, aquando da Reconquista.

Castro de São Lourenço

A Fonte do Ídolo é o único monumento romano que


sobreviveu intacto até aos nossos dias. É um santuário
construído, provavelmente, no século I d. C., dedicado
a uma divindade fluvial, Tongoenabiago.
(Imagem de Rebelo Barbosa in Religiões da Lusitânia.)
Fonte do Ídolo

Foi construído no século X, por Mumadona Dias, pa-


ra defesa do mosteiro beneditino por ela fundado. No
século XII, D. Henrique e D. Teresa promoveram obras
de ampliação do castelo e da sua área defensiva, esco-
lhido para sua residência, sendo novamente submetido
a obras de melhoramento no século XIV, por ordem de
D. Dinis. No século XIX, a maior parte da muralha foi
desmantelada e reaproveitada para a construção de
Castelo de Guimarães obras públicas e privadas.

A sua construção deveu-se ao arcebispo D. Pedro (1070-1091), em-


bora anteriormente tenha existido outro edifício com a mesma função,
cujas origens remontam ao período romano. Provavelmente, o edifício
primitivo foi arrasado no século VIII pelos Muçulmanos e, mais tarde, no
século XI pelas tropas de Almançor.

Tradições Sé de Braga
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Semana Santa – Braga


Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

As procissões da Semana Santa passaram a realizar-se no arciprestado de Braga, entre 1500 e 1510. Na
Quinta-Feira Santa tem lugar a procissão do Senhor Ecce Homo, ou procissão de Endoenças, conhecida
por procissão do Senhor da Cana Verde. A procissão é encabeçada pelos farricocos, descalços e encapu-
zados, com túnicas negras, chamados, também, homens dos fogaréus, pois transportam um cabo de ma-
deira, na ponta do qual equilibram uma bacia de cobre que contém pinhas a arder. Na Sexta-Feira Santa
destaca-se a procissão do Enterro do Senhor, que foi instituída em Portugal nos finais do século XV, sendo
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caracterizada pelo silêncio.

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Distrito de Braga
Personalidades

Embora não tenha nascido em Guimarães, Mumadona Dias mandou


aí erigir o Mosteiro de S. Mamede, onde acabou por se recolher. Fez
várias doações de terras a esse mosteiro e, para o defender dos ata-
ques normandos, construiu o castelo de S. Mamede, que acolhia os
seus descendestes. Deste mosteiro e castelo nasceram o burgo e a fu-
tura cidade de Guimarães.

Mumadona Dias

Nasceu em Braga, a 2 de maio de 1923. Ganhou notoriedade quando foi


o primeiro presidente da Associação Académica da Universidade de Coim-
bra a ser eleito durante o Estado Novo, em 1944, vindo a ser destituído no
ano seguinte por se recusar a participar numa manifestação de apoio a Sala-
zar. Participou na fundação do Movimento de Unidade Democrática Juvenil,
tornando-se num dos principais opositores ao regime de Salazar. Colaborou
na fundação do Partido Socialista e, após o 25 de Abril, foi ministro da Justiça
do primeiro Governo provisório. Faleceu a 2 de novembro de 1993. Francisco Salgado Zenha

Nasceu em Cristelo, Barcelos, a 29 de abril de 1902. Foi sacerdote,


tendo iniciado a sua atividade sacerdotal na diocese de Beja. Em 1930 foi
para a Universidade de Lovaina, onde se doutorou em Ciências Político-
-Sociais. Regressado a Portugal, apoiou, inicialmente, o salazarismo, ten-
do sido deputado à Assembleia Nacional de 1932 a 1942, com o objetivo
de alterar o modo como o corporativismo português se tinha desenvolvi-
do. Foi-se afastando dos ideais do regime, defendendo o apoio legal aos
sindicatos, a instituição do salário familiar, e fez chegar a Salazar a preo-
cupação em relação ao modo de atuação da PIDE. Faleceu em 1964.
Abel Varzim

André Soares

Nasceu em Braga, a 30 de novembro de 1720. Foi um arquiteto do barroco-rococó, tendo sido


autor de várias obras edificadas no Norte de Portugal, nomeadamente, a capela de Santa Maria Ma-
dalena da Falperra, a Câmara Municipal de Braga e a Igreja dos Congregados. Destacou-se, ainda, na
escultura em pedra e em madeira, na pintura, ourivesaria e iluminura de documentos.

Curiosidade

Batalha de S. Mamede
Combate travado a 24 de junho de 1128, perto de Guimarães, entre D. Afonso Henriques e os barões por-
tucalenses, de um lado, e Fernão Peres de Trava e os fidalgos galegos, de outro, terminando com a vitória dos
primeiros. A influência que os galegos exerciam junto de D. Teresa, que governava o Condado Portucalense
desde a morte de D. Henrique, seu marido, desagradava aos nobres portucalenses, que, juntamente com
D. Afonso Henriques, procuraram expulsar. Esta batalha marca o início do governo do condado por D. Afonso
Henriques, tendo permitido, mais tarde, que Portugal se afirmasse como reino independente.

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Distrito de

Vila Real
Lenda da moura da Ponte de Chaves

Depois de os Mouros retomarem Chaves, o al-


caide do castelo organizou o noivado entre o seu
filho Abed e a sua sobrinha.
Alguns anos depois, os cristãos iniciaram a
conquista da região de Chaves e, durante a bata-
lha, a sobrinha do alcaide e um dos guerreiros
cristãos apaixonaram-se. A bela moura foi leva-
da para o acampamento dos cristãos e passou a
viver feliz com o cavaleiro que a levara.
Abed nunca lhe perdoou, e, depois de se ter
curado dos ferimentos sofridos durante a luta,
regressou a Chaves disfarçado de mendigo. Um
dia, esperou que a sua prometida passasse na
ponte e pediu-lhe esmola. A jovem es-
tendeu-lhe a mão e, nesse momento,
Abed disse-lhe que ficaria para sempre
encantada sob o terceiro arco da ponte.
Depois de ter ouvido estas palavras, a jo-
vem moura desapareceu para sempre.
Desesperado, o guerreiro cristão tudo fez
para a encontrar. Procurou na ponte e até
pagou para que lhe trouxessem Abed vivo
para quebrar o encanto. Mas a moura encantada
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da ponte de Chaves nunca mais apareceu e o


Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

cristão morreu de dor e saudade ao fim de alguns


anos.
Gentil Marques, Lendas de Portugal. Lendas de mouras e mouros,
âncora Editora, 1999 (adaptado)
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Distrito de Vila Real
Monumentos

Também conhecida por Ponte de Trajano, não se


sabe ao certo a data da sua construção, embora a sua
conclusão deva datar do ano 104, já no reinado de
Trajano.

Ponte romana de Chaves

A sua construção foi iniciada na época românica.


Sofreu modificações no reinado de D. Dinis, tendo sido
concluído no reinado de D. Afonso IV. Exerceu grande
importância defensiva durante as Guerras da Restau-
ração, uma vez que se situa próximo da fronteira com
Espanha.

Castelo de Montalegre

A Sé de Vila Real resulta do edifício que outrora albergou os mon-


ges de S. Domingos, cujo convento foi construído em 1424. Nos sécu-
los seguintes construíram novas capelas na sua igreja, umas por
confrarias outras particulares com fins fúnebres. Em 1837 deflagrou
um incêndio no edifício, pouco restando do original. A igreja foi recons-
truída algumas décadas depois, tendo passado a catedral da diocese
de Vila Real em 1925.

Sé de Vila Real

Em 1863 descobriu-se a primeira das três fontes de


água medicinal de Vidago, iniciando-se, desde logo, a
sua exploração, para a qual contribuiu o Grande Hotel
Vidago, inaugurado em 1874. O edifício que hoje se
conhece, inspirado na arquitetura parisiense, foi cons-
truído em 1908 e decorreu da necessidade de melho-
ramentos do edifício primitivo.
Hotel Palace Vidago

Tradições

Cantares dos Reis de S. Sebastião – Chaves


Realiza-se no domingo mais próximo do dia 5 de janeiro, na aldeia de Anta, ano sim ano não, alternando
com as aldeias de Abobeleira, Granjinha e Cando. O ritual inicia-se pelas 7:30 da manhã. Todos os anos são
nomeados dois mordomos que se fazem acompanhar dos seus convidados, nunca em número inferior a 40
homens. Durante o percurso, enquanto os reiseiros entoam os cânticos, são-lhes dadas esmolas que servem
para mandar rezar uma missa pelo povo da freguesia, revertendo o restante para os melhoramentos na cape-
la e na igreja. Tempos houve em que, segundo a tradição, muitos animais da freguesia morreram por não se
terem cantado nesse ano os Reis de São Sebastião. Desde então, a celebração realiza-se todos os anos.

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Distrito de Vila Real
Personalidades

Nasceu em Godim, Peso da Régua, a 4 de julho de 1811, e faleceu na


mesma localidade, a 26 de março de 1896. Ficou conhecida por se dedicar
ao cultivo do vinho do Porto e pelas importantes inovações que introduziu.
Ferreirinha, como era conhecida, preocupava-se com as famílias dos traba-
lhadores das suas terras e adegas. Lutou contra a falta de apoios dos vários
governos e debateu-se contra a doença da vinha, a filoxera. Investiu em
novas plantações de vinhas em zonas mais expostas à radiação solar.

D. Antónia Adelaide Ferreira

Nasceu em Chaves, a 3 de dezembro de 1865. Foi um republicano que


combateu contra a segunda incursão monárquica que pretendia restaurar
aquele regime, em 1912, e aquando da restauração da monarquia do Norte.
Foi deputado ao Congresso da República em 1921, 1923 e 1924. Aquando
do golpe de 28 de maio de 1926, chefiou revoltas militares contra o regime
instaurado. Foi preso e deportado, tendo dirigido uma segunda revolta a
partir da Madeira, em 1931. Nessa altura foi novamente deportado para
Cabo Verde, onde faleceu, em 1934.
Adalberto Gastão de Sousa Dias

Nasceu em Chaves, a 27 de dezembro de 1881, e faleceu em Lisboa,


a 20 de outubro de 1921. Foi advogado e político português. Fez parte da
Assembleia Nacional Constituinte, eleito a 28 de maio de 1911, e lutou
durante a participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial. Foi presi-
dente da Câmara de Chaves em 1919 e, no mesmo ano, foi eleito para a
Câmara dos Deputados pelo Partido Republicano. Foi, ainda, ministro da
Justiça e primeiro-ministro, de 19 de julho a 20 de novembro de 1920 e de
30 de agosto a 19 de outubro de 1921.
António Joaquim Granjo

Nasceu em Chaves, a 30 de junho de 1914, e faleceu em Lisboa, a 31


de julho de 2001. Foi militar e político português. Alistou-se no exército em
1931 e realizou comissões de serviço nas colónias portuguesas, tendo
chefiado a expedição militar a Macau, em 1949. Após o 25 de Abril, foi um
dos militares que compuseram a Junta de Salvação Nacional, tornando-
-se Presidente da República em setembro de 1974, após a renúncia de
António de Spínola, cargo que ocupou até junho de 1976.
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Curiosidade Francisco da Costa Gomes


Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Revolta de Vila Pouca de Aguiar


Em 1826, quando a regente D. Isabel Maria, persuadida por Saldanha, jurou a Carta Constitucional, os
adeptos do absolutismo viram nessa manobra uma possibilidade de ser restaurada a Monarquia Absoluta.
De imediato foram enviadas tropas para diversos pontos do reino, para evitar que tal ocorresse. A 21 de
outubro daquele ano, a marquesa de Chaves dirigiu-se às tropas concentradas em Vila Pouca de Aguiar
defendendo os direitos de D. Miguel ao trono, sendo este aclamado pelos soldados após ouvirem as suas
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palavras, juntando-se então às tropas do marquês de Chaves na luta pela causa absolutista.

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Distrito de

Bragança
Lenda do Castelo de Bragança
No tempo da formação de Portugal, vivia no castelo
de Bragança o seu senhor, juntamente com a sua sobri-
nha, pois não tinha filhos.
Certo dia, chegou um jovem ao castelo à procura de
um senhor a quem servir, de modo a alcançar a honra
tão desejada pelos cavaleiros da época.
O cavaleiro e a sobrinha do senhor do castelo apaixo-
naram-se. No entanto, ela era rica e herdeira de todos os
bens de seu tio e ele era um jovem que ainda não tinha
demonstrado a sua valentia através de feitos heroicos.
Por isso, o jovem decidiu partir, em busca de honra e
prestígio, para mais tarde voltar e casar com a castelã.
Passaram alguns anos sem que o seu amado apare-
cesse no castelo. Entretanto, muitos pretendentes ti-
nham pedido a sua mão em casamento, mas a
todos recusara.
O senhor de Bragança, admirado com a atitude
da sobrinha, decidiu interrogá-la sobre as causas
do seu comportamento, tendo esta contado ao
tio que aguardava a vinda de um cavaleiro por
quem se apaixonara havia alguns anos.
O tio ficou furioso e procurou arranjar uma
maneira de libertar a sua sobrinha da promes-
sa que tinha feito. Certa noite, já tarde, entrou
no quarto da sobrinha com um pano branco a cobri-lo,
como se fosse um fantasma. O tio fez-se passar pelo
dito cavaleiro, dizendo-lhe que já tinha morrido e, por
isso, ela estava livre da promessa que lhe tinha feito.
A rapariga, assustada, lembrou-se de Deus, a quem pe-
diu proteção, e, num instante, abriu-se uma porta por
onde entrou uma luz muito forte que surpreendeu o fan-
tasma. Assustado, este fugiu do quarto da sobrinha,
para não ser descoberto.
Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d (adaptado)

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Distrito de Bragança
Monumentos

Estas gravuras remontam ao Paleolítico Superior e


situam-se na margem direita da ribeira de Albagueira.
As gravuras representam três quadrúpedes, dos quais
o mais nítido é um equídeo de 62 cm de comprimento.
Das outras duas gravuras restam alguns traços que re-
presentam a parte traseira de um animal.
Gravuras rupestres de Mazouco

Monumento megalítico do Neocalcolítico constituído


por uma câmara e um corredor. No interior existem ves-
tígios de arte rupestre.

Pala da Moura

Mosteiro beneditino fundado, provavelmente, no sé-


culo XI. Desempenhou um papel importante no povoa-
mento da região. Serviu, igualmente, de hospedaria a
visitantes ilustres, como, por exemplo, o duque de Len-
castre, que pernoitou no edifício em 1387, antes de se
encontrar com D. João I. Foi extinto em 1543 e, no século
XVII, construiu-se uma igreja a partir do edifício primitivo.
Igreja do Castro de Avelãs

Não existe consenso quanto à data de construção


do edifício. Uns apontam o século XIII, outros o século
XIV. Na parte superior existem caleiras que recebem a
água da chuva e, através de canos, a conduzem a um
reservatório subterrâneo que permitia abastecer o cas-
telo e a cidade. O edifício em si, pelo menos a partir do
século XVI, foi utilizado como Paços do Concelho. A de-
signação pela qual é conhecido só lhe foi atribuída nos
finais do século XIX. Domus Municipalis

Tradições
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Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Os Caretos – Podence, Macedo de Cavaleiros


Realiza-se no domingo e terça-feira de Carnaval, a partir das três horas da tarde. Os caretos, rapazes
solteiros, correm pelas ruas atrás das mulheres, principalmente novas e solteiras, para “chocalhá-las”, ou
seja, fazer com que os chocalhos que trazem à cinta batam nas nádegas das mulheres. As crianças do
sexo masculino, até aos 12 anos, também se costumam mascarar com réplicas dos caretos adultos.
Acredita-se que mascarar-se de careto dá mais anos de vida a quem o faz e que o uso da máscara pode
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curar várias doenças.

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Distrito de Bragança
Personalidades
Nasceu em Bragança, a 20 de agosto de 1791. Seguiu a carreira militar
e participou na Guerra Peninsular com pouco mais de 20 anos. Chegou
ao Porto a 16 de agosto de 1820 como comandante de infantaria n.° 18
do Porto, entrando em contacto com o Sinédrio, ao qual aderiu dois dias
depois. Aquando do levantamento militar contra Beresford, em 1820, foi
Sepúlveda que leu aos militares a proclamação da Junta Provisional, diri-
gindo-se depois com as tropas para a Praça Nova. Depois da fusão da
Junta do Porto com a de Lisboa, foi escolhido para integrar a Junta Provi-
sional Preparatória das Cortes. Foi deputado às Constituintes de 1821.
Bernardo Correia de Sepúlveda Morreu em Paris, em 1833.

Nasceu em Mirandela, em 1844. Foi político, jornalista, historiador e


geógrafo. Foi, ainda, professor de Filosofia e Literatura no Colégio Militar,
de 1871 a 1874. Em 1875 fez parte da comissão encarregada do projeto
de reforma do ensino artístico e formação dos museus nacionais. Fundou
a Sociedade de Geografia, em 1876, onde desenvolveu uma extensa ati-
vidade. Desempenhou cargos governativos ligados ao ensino. Era filiado
no Partido Regenerador e foi deputado pelo círculo de Mogadouro na
legislatura de 1882-1884 e pelo de Leiria em 1884.
Luciano Baptista Cordeiro

Nasceu em Baçal, concelho de Bragança, a 9 de abril de 1865, e


recebeu o grau de presbítero em 1889. Em 1925 foi nomeado diretor-
-conservador do Museu de Bragança. Foi um incansável investigador
da arqueologia, história e etnografia do distrito de Bragança. Recolheu
documentos sobre a história do distrito, tendo reunido muita informa-
ção importante para o conhecimento da história de Bragança. Faleceu
em 1947.

Abade de Baçal

Curiosidade

Incursão de Vinhais
Em 1911, alguns dirigentes monárquicos, convencidos de que o novo regime republicano não teria força
para se manter, empenharam-se em levantar algumas dificuldades à República. Foi Paiva Couceiro quem
primeiro lançou o grito de guerra, proclamando a vontade de restaurar a Monarquia. Refugiou-se na Galiza,
onde preparou um pequeno exército que invadiria Portugal. Na noite de 29 para 30 de setembro de 1911
deu-se a primeira tentativa de restaurar a Monarquia, no Porto, seguindo-se outra em Santo Tirso. Na ma-
nhã do dia 5 de outubro de 1911, Paiva Couceiro, à frente das suas tropas, alcançou Vinhais. A Monarquia
foi restaurada nesse dia, nessa vila, tendo sido içada a bandeira azul e branca na sua câmara municipal.
Retiraram-se, no entanto, nessa mesma noite, depois de circularem notícias de que a resistência republica-
na se estava a organizar em Bragança e em Chaves.

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Distrito dO

Por to
A lenda de Pedro Cem

Pedro Cem era um mercador rico mas não tinha


títulos de nobreza, o que muito o incomodava.
Um dia, estavam as suas naus para chegar da
Índia, carregadas de especiarias e outros bens
preciosos, quando o seu maior desejo foi reali-
zado. Casou-se com uma jovem da nobreza, em
troca do perdão das dívidas do seu pai, que en-
tretanto fora ameaçado com a justiça caso não
pagasse o que devia a Pedro Cem.
Durante a festa de casamento, que durou quin-
ze dias, quando as naus de Pedro Cem se aproxi-
maram da barra do Douro, o arrogante mercador,
acompanhado pelos seus convidados,
subiu à torre do seu palácio e, confiante
do seu poder, desafiou Deus, dizendo
que nem o Criador o poderia fazer pobre.
Nesse momento, o céu azul deu lugar a
uma grande tempestade. Pedro Cem as-
sistiu ao naufrágio das suas naus sem nada
poder fazer. De seguida, a torre foi atingida
por um raio que provocou um incêndio que
destruiu todos os seus bens.
Arruinado, Pedro Cem passou a pedir esmola
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nas ruas, lamentando-se a quem passava: “Dê


Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

qualquer coisinha a Pedro Cem, que já teve tudo e


agora não tem…”.
Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d (adaptado)
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Distrito do Porto
Monumentos

A ocupação desta área remonta aos séculos V a


III a. C., sendo a maior taxa de ocupação datada do
século I a. C. A conquista da Península pelos Roma-
nos influenciou a concentração de comunidades vizi-
nhas neste povoado. Com a presença dos Romanos,
a sua importância diminuiu e foi entrando em deca-
dência, sendo abandonada no século IV d. C. O seu
Citânia de Sanfins
povoamento foi revitalizado na Baixa Idade Média.

A primeira muralha do Porto foi construída nos finais


do século III. Foi reparada no período suevo e nos sécu-
los X e XI. D. Afonso IV, em 1336, ordenou a construção
de uma nova cerca, concluída por volta de 1376, já no
reinado de D. Fernando, ficando conhecida como mu-
ralha fernandina. Ao longo do século XIX foram demolin-
do partes da muralha. As ruínas sobreviventes foram
restauradas no século XX.
Muralha do Porto

A igreja terá sido construída no século X. Do edifício


primitivo apenas restam alguns vestígios de capitéis e co-
lunas. O edifício atual é uma reedificação ordenada pelos
condes D. Henrique e D. Teresa, entre 1096 e 1100, ainda
que com algumas modificações, sendo posteriormente
doado a um mosteiro cluniacense da diocese de Auxerre,
em França, que aqui estabeleceu o seu primeiro cenóbio
em Portugal. Permaneceu na sua posse até 1432, data
Igreja de S. Pedro de Rates em que foi transformado numa colegiada secular.

O aqueduto, em Vila do Conde, levou água até ao


claustro do mosteiro, ao longo de 496 m. As obras ini-
ciaram-se em 1628, com o objetivo de reduzir os gastos
de abastecimento de água, obtido através de uma nora.
Contudo, a água apenas chegou ao claustro em 1714.
A sua construção teve o apoio do irmão de uma das
abadessas, D. Bárbara de Ataíde, que, sendo governa-
dor de Armas do Minho, isentou todos os mancebos
que trabalhassem na obra do serviço militar. Aqueduto do convento

Tradições

S. João – Porto
O santo é festejado desde há vários séculos, tendo sido a sua celebração interrompida algumas vezes e
retomada em 1924. Os festejos decorrem em vários pontos da cidade, com enfeites e iluminações alusivas à
quadra, com comes e bebes e bailes ao ar livre, sendo um momento de grande convívio e alegria. Por toda
a parte são erguidas pequenas cascatas e a cidade é invadida pelo cheiro da sardinha assada, prato mais
popular da noite da festa que se prolonga pela madrugada.

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Distrito do Porto
Personalidades

Nasceu, provavelmente, no Porto, em data desconhecida. Foi cavaleiro


da Casa de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel. Em 1476 assumiu o cargo
de mestre da Balança da Moeda, na cidade do Porto. Viajou na armada
de Pedro Álvares Cabral que viria a descobrir o Brasil (Terra de Vera Cruz).
Desse território enviou ao rei D. Manuel um documento em que dá a co-
nhecer a descoberta daquela terra, bem como as suas características e
dos seus habitantes. Seguiu na armada para a Índia, onde viria a falecer
nesse ano de 1500, com aproximadamente 50 anos.
Pêro Vaz de Caminha

Escritor, nasceu no Porto, em 1799, e faleceu em Lisboa, em 1854. Cur-


sou Direito em Coimbra, onde aderiu aos ideais liberais. Em 1823, após a
subida ao poder dos absolutistas, exilou-se em Inglaterra. Regressou a
Portugal, em 1826, passando a participar na vida política, mas em 1828
teve de se exilar novamente, com a subida ao trono de D. Miguel. Em 1832,
a partir da ilha Terceira, incorporou-se no exército liberal de D. Pedro IV,
tendo participado no cerco do Porto. Entre outros cargos de importância,
foi inspetor-geral dos Teatros e fundou o Teatro Nacional. É um dos maio-
res escritores portugueses.
Almeida Garrett

Nasceu em Vila Nova de Gaia, em 1847, e é considerado o grande re-


novador da escultura portuguesa. No entanto, a incompreensão pela so-
ciedade da época levou-o a suicidar-se, em 1889. Estudou na Academia
Portuense de Belas-Artes, prosseguindo os seus estudos em Paris e Ro-
ma. Em 1881 foi admitido como professor na Academia Portuense. Só
depois da sua morte o público valorizou a sua obra.

António Soares dos Reis

Nasceu no Porto, a 19 de julho de 1934. Foi deputado independente da


ala liberal, entre 1969 e 1973, e, após o 25 de Abril, foi um dos fundadores do
Partido Popular Democrático, tornando-se seu presidente. Fez parte do Go-
verno Provisório, entre maio e junho de 1974, vencendo as eleições de 1979,
através da aliança entre o seu partido, agora Partido Social Democrata, o
CDS e o PPM, tornando-se primeiro-ministro. Faleceu nas vésperas das elei-
ções presidenciais, a 4 de dezembro de 1980, num acidente de aviação.
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Curiosidade Francisco Sá Carneiro


Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Tragédia da Ponte das Barcas


Durante a segunda invasão francesa, comandada por Soult, deu-se a tragédia da Ponte das Barcas.
As tropas francesas chegaram ao Porto a 29 de março de 1809. O bispo da diocese, que dirigia a defesa da
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cidade, recusou as propostas de rendição apresentadas, pelo que as tropas tomaram a cidade. Os populares
fugiam à violência do exército, atravessando a ponte que então existia sobre o Douro. Essa ponte era formada
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por barcas que não aguentaram o peso de tanta gente. Morreram centenas ou milhares de pessoas.

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Distrito de

Avei ro
Lenda de Santa Joana Princesa
Desde muito cedo, a princesa D. Joana, filha de
D. Afonso V, desejou ser freira.
Em 1471, quando seu pai partiu para o Norte de
África, a princesa assumiu o governo do reino em
nome de seu pai. Quando este voltou, vitorioso,
D. Joana pediu-lhe que a deixasse entrar num con-
vento, como forma de agradecer a Deus pela vitó-
ria conseguida.
Embora D. Afonso V não desejasse que a sua filha
fosse freira, acabou por aceitar o pedido e D. Joana
entrou no convento de Odivelas. Mais tarde, trocou-
-o pelo convento de Santa Clara de Coimbra e, por
último, pelo convento de Jesus, em Aveiro.
Este último convento era muito pobre, pelo
que a sua família não queria que a princesa
permanecesse ali. Quando seu irmão, D. João,
subiu ao trono, deu-lhe a posse de Aveiro, pa-
ra que pudesse sustentar-se. Contudo, a prin-
cesa não quis nada para si e continuou a
viver pobremente, usando esses rendimen-
tos para ajudar os pobres.
Certo dia, a princesa adoeceu. Tinha en-
tão trinta e oito anos e diz-se que morreu de
peste. No entanto, as pessoas de Aveiro acreditam
que a sua Santa morreu envenenada por um malan-
dro que ela mandara castigar por ter praticado atos
reprováveis.
Quando o seu enterro passou nos jardins do con-
vento, deu-se um facto milagroso: todas as flores caí-
ram sobre o seu caixão como que prestando a sua
última homenagem à senhora que delas tinha tratado.
Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d (adaptado)

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Distrito de Aveiro
Monumentos

Foi fundado no século X, em honra de São Pedro e


São Paulo. A partir de 1154 passou a ser um convento
feminino. D. Mafalda, após a morte do seu marido, Hen-
rique de Castela, professou neste mosteiro, contribuin-
do para o aumento do poder e da riqueza do convento.
Sofreu grandes transformações, sobretudo durante os
Mosteiro de Arouca períodos de riqueza.

Fundado no século XI, pensa-se que no seu lugar


terá existido um santuário luso-romano que foi adapta-
do a fortaleza aquando das invasões bárbaras. Este
castelo teve um papel importante durante a luta pela in-
dependência de Portugal, no século XII. A atual configu-
ração data do século XV e deve-se a Fernão Pereira e
seu filho, Rui Vaz Pereira, que em 1448 foram encarre-
gados de o recuperar. Foram promovidos a condes da
Feira, mantendo o castelo na sua posse até 1700, data
em que passou para a Casa do Infantado. Castelo da Feira

Convento dominicano feminino fundado em 1548


por D. Brites Leitoa. O direito à clausura foi reconhecido
pelo papa Pio II, em 1461. No ano seguinte iniciaram-se
as obras e nele ingressou, em 1472, D. Joana, filha de
D. Afonso V. A sua entrada trouxe grande prestígio e ri-
queza ao convento, sobretudo pela abastada herança
que lhe deixou. O complexo conheceu várias reformas,
sobretudo nos reinados de D. Pedro II e de D. João V,
dando-lhe uma feição barroca. A configuração atual
Convento de Jesus
deve-se, sobretudo, às obras efetuadas no século XVIII.

Os carmelitas descalços da província de Portugal


procuravam, nos inícios do século XVII, um local ermo
para aí fundarem um convento. Tal feito veio a ocorrer
na mata que lhes doara o bispo-conde de Coimbra,
D. João Manuel, em 1628. Dois anos depois, os reli-
giosos iniciaram aí a sua vida celibatária. Os religiosos
estimularam o crescimento florestal através da introdu-
ção de espécies exóticas. Em 1888, uma parte do an-
tigo convento foi demolida, dando lugar à construção Convento de Santa Cruz (Buçaco)
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do palácio real, transformado, mais tarde, em hotel.

Tradições
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Cortejo dos Reis – Talhadas, Sever do Vouga


Realiza-se no domingo mais próximo do dia 6 de janeiro. O cortejo sai pelas 14 horas do cimo do lugar
de Vilarinho, composto por alguns quadros que representam algumas cenas da vida de Jesus Cristo. De-
pois do cortejo realiza-se a missa, finda a qual se efetua o leilão de oferendas, para o qual contribuíram to-
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dos os lugares da freguesia. O dinheiro conseguido é aplicado nos melhoramentos a efetuar na igreja.

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Distrito de Aveiro
Personalidades

Nasceu em Aveiro, embora se ignore a data do seu nascimento. Par-


ticipou na expedição à Costa da Mina, em 1481, com o objetivo de fun-
dar a fortaleza de S. Jorge da Mina. Em 1484 acompanhou Diogo Cão
na viagem que permitiu a descoberta do rio Zaire e do reino do Congo.
Em 1486 viajou até Benim, de onde trouxe para Portugal, pela primeira
vez, a pimenta-de-rabo. Regressou àquele reino acompanhado de mis-
sionários, onde fundou uma feitoria para o resgate de pimenta e de es-
cravos, vindo a morrer em data desconhecida.

João Afonso de Aveiro

Nasceu em 1860, em Aveiro. Jornalista e escritor, cedo abandonou os


estudos para se dedicar à carreira militar. Em 1882 fundou o jornal O Povo
de Aveiro. Através deste jornal criticou a Monarquia, embora não deixasse
de fazer o mesmo em relação aos republicanos, tendo escrito, igualmen-
te, para O Século. Pertenceu ao diretório do Partido Republicano, tendo-
-se incompatibilizado com Afonso Costa. Com a Implantação da República
exilou-se em Paris, regressando a Portugal ainda durante a Primeira Re-
pública. Faleceu em Aveiro, em 1940.
Homem Cristo

Nasceu em Ílhavo, a 2 de fevereiro de 1872. Com 8 anos foi para Lis-


boa, onde o seu pai procurou sustento para a família, depois de terem
caído na pobreza. Teve várias profissões, desde aprendiz de oficina,
marçano e caixeiro, tendo prosperado com esta última, ao ponto de se
tornar proprietário da casa José de Oliveira. Com 16 anos aderiu ao Par-
tido Republicano, destacando-se como membro bastante ativo. Notabi-
lizou-se na Câmara de Lisboa, tendo colaborado na vereação das
finanças, através da qual ganhou reconhecimento público. Com a Im-
plantação da República chegou a diretor-geral da Fazenda Pública. Foi
um parlamentar ativo, tendo sido eleito deputado em várias legislaturas.
Tomé Barros Queirós Faleceu em Lisboa, a 5 de maio de 1926.

Curiosidade

Batalha do Buçaco
Combate travado na serra do Buçaco, a 27 de setembro de 1810, entre as forças luso-britânicas, co-
mandadas pelo duque de Wellington, e o exército francês, dirigido por Massena. O exército francês pre-
tendia conquistar Portugal, tendo organizado a sua base na fronteira luso-espanhola, pelo que teve de
conquistar Cidade Rodrigo e Almeida. Partindo daqui, o exército francês caminhou rumo ao litoral, dividi-
do em três colunas, que se viriam a encontrar com o exército luso-britânico, em setembro de 1810, no
Buçaco, sendo aí derrotado.

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Distrito de

Viseu
A lenda do Távora
Paredes da Beira, em 1037, estava sob o domí-
nio muçulmano.
Os irmãos D. Tedo e D. Rausendo decidiram
tentar a conquista de Paredes. Sabendo que em
manhã de S. João os mouros saíam do castelo
para festejar o final da primavera, banhando-se
nas águas do Távora, D. Tedo e D. Rausendo co-
briram-se com vestes mouras e foram esconder-
-se com os seus guerreiros perto do castelo.
De madrugada, quando os mouros começaram
a sair do castelo, os cristãos esconderam-se atrás
de umas rochas. Algum tempo depois,
entraram pelas portas do castelo, sem
resistência dos poucos muçulmanos que
tinham ficado no castelo.
Enquanto D. Tedo tomou conta do cas-
telo, D. Rausendo, na companhia de al-
guns soldados, desceu até ao rio. Aí, os
mouros defenderam-se valentemente e,
não fosse a ajuda de D. Tedo que entretan-
to ali tinha chegado, D. Rausendo teria sido
derrotado.
Diz-se que nesse dia as águas do Távora cor-
reram vermelhas, pois mais de metade dos mou-
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ros tinha sido morta.


Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Por isso, o povo de Paredes da Beira chamou


ao local daquela luta Vale d’Amil, em memória
dos corpos que estavam no chão e nas águas,
mouros mortos aos mil.
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Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d (adaptado)

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Distrito de Viseu
Monumentos
A primeira referência ao bispado de Lamego data de 572, ano em que
o seu primeiro bispo, Sardinário, compareceu no II Concílio de Braga.
É provável que o bispado se tenha mantido durante a presença muçul-
mana. Em 1507 foi definitivamente reconquistada por Fernando Magno.
Durante o século XII, até 1147, a diocese foi anexada à de Coimbra. Em
1159 deu-se início à construção da atual Sé, num local onde já existia
uma capela com colegiada. Em meados do século XV teve início uma
reforma que se prolongou até ao século XVI. Ao longo dos séculos foi
sofrendo sucessivas transformações.
Sé de Lamego

Nasceu de um ermitério, tendo adotado, provavel-


mente por volta de 1140, a Regra de Cister. A constru-
ção da igreja teve início em 1152. O convento prosperou
durante a primeira dinastia, graças às doações feitas
por nobres e monarcas. Em 1543, o papa Paulo III, a
pedido de D. João III, extinguiu a comunidade, sendo
restabelecida em 1567. Desde aí prosperou até ao sé-
culo XVIII. Com a extinção das ordens religiosas em
1834, sofreu o abandono e a pilhagem da população, Convento de S. João de Tarouca
desmantelando-se com o tempo.

A origem da vila e do castelo não é conhecida com


exatidão. No entanto, desde o século X que Penedono
surge nas fontes históricas, aquando do repovoamento
da área após a sua conquista aos Muçulmanos, na Ba-
talha de Simancas, ocorrida em 939. Em 960, o castelo
foi doado a um convento de Guimarães por Rodrigo Te-
doniz, onde se recolhera. O atual castelo terá sido cons-
truído no reinado de D. Sancho I, como forma de reforçar
Castelo de Penedono
a defesa da fronteira com Castela.

O edifício foi construído na segunda metade do século


XVI, servindo de residência episcopal. Ainda nesse sécu-
lo, acrescentou-se um seminário, decorrente da necessi-
dade de se criar uma escola clerical na região. Serviu de
aquartelamento e hospital das tropas luso-britânicas du-
rante a Guerra Peninsular e, após a implantação do libe-
ralismo, serviu de quartel, Direção de Obras Públicas,
Governo Civil, entre outros organismos. Alberga o museu
Paço Episcopal de Viseu
Grão Vasco desde 1916.

Tradições

As Cavalhadas – Viseu
Realizam-se a 24 de junho e pretendem honrar S. João. Nesse dia realiza-se um cortejo com carros ale-
góricos, fanfarras, cabeçudos e gigantones, onde participam os cavaleiros a abrir o desfile. Parte de Vilde-
moinhos e percorre a cidade de Viseu pela manhã. De tarde, celebra-se a missa e a procissão de S. João.

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Distrito de Viseu
Personalidades
Vasco Fernandes

Uma das principais figuras da pintura portuguesa do século XVI, Grão Vasco, como ficou conhe-
cido, terá nascido em Viseu por volta de 1480. A sua influência espalhou-se pela Beira, através de
colaboradores e continuadores, como Gaspar Vaz e António Vaz. Das obras mais conhecidas desta-
cam-se o retábulo da Sé de Lamego, os quadros da Sé de Viseu e o políptico da Igreja Matriz de
Freixo de Espada à Cinta. Terá falecido por volta de 1541.

Nasceu no concelho de Cinfães, a 20 de abril de 1846, e morreu a


28 de dezembro de 1900. Foi nomeado, juntamente com Hermenegil-
do Capelo e Roberto Ivens, para fazer parte da expedição portuguesa
ao centro de África, em 1877. O seu desejo era atravessar África, pelo
que se sepa­rou dos seus companheiros, tendo concretizado a sua
vontade em 1879. A sua expedição contribuiu para o melhor conheci-
mento daquele continente, bem como para aumentar o prestígio inter-
nacional de Portugal.

Serpa Pinto

Nasceu em Cabanas de Viriato, a 19 de julho de 1885. Licenciou-se em


Direito, na Universidade de Coimbra, em 1907. Três anos depois foi nome-
ado cônsul de 2.a classe e, em 1918, ascendeu à 1.a classe. Exerceu o
cargo em vários pontos da Europa, sendo transferido para Bordéus em
1938. Nessa cidade francesa, concedeu vistos a milhares de judeus que
fugiam da ameaça nazi, permitindo-lhes abandonar o país, facto que le-
vou Salazar a destituí-lo do cargo em 1940. Faleceu em 1954, com imen-
sas dificuldades financeiras.
Aristides de Sousa Mendes

Nasceu no Vimieiro, a 28 de abril de 1889. Depois de cursar Direito na


Universidade de Coimbra, lecionou Ciências Económicas na mesma uni-
versidade, a partir de 1918. Colaborou com a Ditadura Militar desde
1926, vindo a ser nomeado, em 1928, para a pasta das Finanças. Em
1932, assumiu o cargo de Presidente do Conselho. Salazar instituiu o
Estado Novo em Portugal, criou a polícia política, reorganizou a censura
e atacou a liberdade sindical. Em 1968 sofreu um acidente, vindo a fale-
cer dois anos depois.
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António de Oliveira Salazar


Curiosidade
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Cortes de Viseu
Decorreram entre o mês de dezembro de 1391 e os princípios do ano seguinte. Foram convocadas
para D. João I solicitar apoio financeiro para fazer face às despesas cada vez mais avultadas da guerra
com Castela. Entre outras queixas, o monarca foi informado do descontentamento da população, devido
ao aumento dos preços dos produtos, pelo que se decidiu tabelar novamente os preços, à exceção da
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cidade de Lisboa.

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Distrito dA

Guar da
Lenda da serra da Estrela
Esta é a história de um pastor pobre que vivia numa aldeia
triste e tinha por única companhia um cão. Este pastor so-
nhava viajar, um dia, para além das montanhas que rodea-
vam a sua aldeia.
Numa noite de luar, o pastor olhava para o céu estrelado
quando desceu até ele uma estrela pequenina, com um rosto
de criança, e lhe falou do seu desejo. Estava ali por vontade
de Deus para guiar o pastor até onde desejasse ir. A partir de
então, a estrela nunca mais abandonou o pastor, sorrindo-lhe
do céu noite após noite. A certa altura, o pastor tomou a de-
cisão de partir e chamou a estrela para lhe fazer compa-
nhia. Caminhou durante anos, sempre em busca do seu
destino. Um dia, o pastor chegou à serra mais alta que
conseguiu encontrar. Como ficava mais perto do céu,
e por isso da sua estrela, resolveu ficar ali a viver.
A lenda diz que ainda hoje é possível ver da serra da
Estrela uma estrela que brilha mais do que as outras,
de saudade e de amor por um pastor.
Infopédia, Porto Editora

Monumentos

Núcleo do Paleolítico e Calcolítico composto por um


conjunto de 19 rochas de xisto com diversas figuras,
onde predominam caprídeos, bovídeos e equídeos. Um
segundo grupo, menor que o primeiro, é composto por
cervídeos e peixes.

Núcleo de arte rupestre da Penascosa

Pensa-se que foi edificado em 1220, por D. Sancho I,


sobre as ruínas de um castro romanizado. A sua reedifi-
cação terá ocorrido em 1297, no reinado de D. Dinis,
após a definição das fronteiras portuguesas. Com a
condenação do seu alcaide-mor, o marquês de Távora,
no século XVIII, a vila e o castelo entraram em declínio.

Castelo de Marialva

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Distrito da Guarda

A fonte mais antiga relativa a este castelo data de 960,


referindo-se à doação de várias fortalezas por D. Châ-
moa Rodrigues ao mosteiro de Guimarães. Em 1097, o
castelo fez parte do dote de D. Teresa, quando esta ca-
sou com D. Henrique. Foi reconquistado pelos Muçulma-
nos pouco depois, sendo definitivamente reconquistado
pelos cristãos em 1160, por D. Afonso Henriques. O mo-
narca procurou reconstruir o castelo e promover o povo-
Castelo de Trancoso amento da região, concedendo-lhe foral. Posteriormente,
D. Dinis amuralhou e reforçou a cerca da localidade.

A diocese da Guarda foi criada em 1202, pelo papa


Inocência III. A partir dessa data construiu-se o edifício
primitivo, muito próximo do atual. Concluída a sua cons-
trução em 1320, foi destruída em 1369 por ordem de
D. Fernando, por apresentar perigo à defesa da cidade.
As obras recomeçaram já na Dinastia de Avis, por volta
de 1390, tendo-se concluído a cabeceira e o portal nor-
te em 1426. Só no século XVI terminaram as obras da
sua construção. Sé da Guarda

As muralhas que se podem observar foram construí-


das nos séculos XVII e XVIII, embora desde o reinado de
D. Manuel Almeida desempenhassem um papel impor-
tante na defesa do reino. As casamatas, construídas
subterraneamente, serviram de proteção à população
durante as Invasões Francesas. O complexo assistiu,
ainda, à luta entre liberais e absolutistas, já no século
XIX, tendo sido utilizadas as casamatas como prisão dos
Muralhas da Praça de Almeida presos políticos. Em 1917 terminou a sua função militar.

Estas termas foram muito procuradas no século XIX,


sendo as suas águas apreciadas pelas suas proprieda-
des medicinais. Em 1935 foi descoberto um tesouro de
moedas romanas no fundo de uma das nascentes, o
que pode indicar que os Romanos já tinham explorado
estas águas. Embora estejam desativadas desde 1974,
encontra-se em estudo a sua recuperação.
Termas do Cró
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Tradições
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

As Capeiras – Sabugal
As Capeiras, corridas de forcão, realizam-se no mês de agosto. O principal momento da festa consiste no
encerro, ou seja, a condução dos touros até ao curro, e o pegar do forcão, uma espécie de grade triangular
de troncos grossos e compridos manejado por mais de trinta homens. Esta estrutura serve para a defesa
daqueles que a transportam. Terminado o encerro, lançam-se foguetes a anunciar à população que os tou-
Oo

ros já se encontram no curro, garantindo a segurança das pessoas.

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Distrito da Guarda
Personalidades

Nasceu na Guarda, por volta de 1440, e foi escrivão, notário público,


diplomata e cronista dos reinados de D. João II e D. Manuel. D. João II en-
carregou-o de várias missões diplomáticas. D. Manuel I, após subir ao tro-
no, nomeou-o cronista-mor do reino, sendo também guarda-mor da Torre
do Tombo e da Livraria Real, cargos que manteve até à morte, em 1522.
D. João III, por sua vez, encomendou-lhe a crónica de seu pai, D. Manuel,
que não chegou a escrever mas cujos apontamentos serviram a Damião
de Góis.
Rui de Pina

Nasceu em Fornos de Algodres, em 1803. Adepto do liberalismo, exilou-


-se no estrangeiro em 1828. Regressou a Portugal em 1832, com a expedi-
ção liberal de D. Pedro IV. Depois de ocupar o cargo de deputado por duas
vezes, em 1839 assumiu o papel de ministro da Justiça. Em 1842 passou a
desempenhar o cargo de ministro do Reino, até 1846. Das principais medi-
das tomadas destacam-se as seguintes: publicação de um novo Código
Administrativo, reorganização da Guarda Nacional, reforma das câmaras
municipais e reforma dos estudos liceais. Morreu em 1889, no Porto.
António Bernardo da Costa Cabral

Nasceu em Seia, a 6 de março de 1871. Foi um grande defensor da


República. Depois de sua implantação, em 1910, foi ministro da Justiça do
Governo Provisório, cabendo-lhe a preparação das leis da separação da
Igreja do Estado, do divórcio e da família. Entre 1913 e 1917 assumiu di-
versas vezes o cargo de chefe do Executivo e de ministro das Finanças.
Equilibrou as finanças públicas, criou o Ministério da Instrução e foi o res-
ponsável pela elaboração de várias leis no domínio das finanças, da eco-
nomia, da justiça e do trabalho. Morreu em Paris, a 11 de maio de 1937.
Afonso Costa

Nasceu na freguesia de S. Vicente, na Guarda, a 16 de abril de 1878.


Estudou no liceu da Guarda e, em 1902, terminou o curso de Medicina na
Escola Médica de Lisboa. Foi a primeira mulher a operar no hospital de
São José, em Lisboa. Dedicou grande parte da sua vida a lutar pela eman-
cipação e pelos direitos das mulheres. Ocupou o cargo de presidente da
Associação de Propaganda Feminista e vice-presidente da Liga Republi-
cana das Mulheres Portuguesas. Foi a primeira mulher portuguesa a exer-
cer o direito de voto nas eleições constituintes de 28 de maio de 1911.
Morreu em Lisboa, a 3 de outubro de 1911.
Carolina Beatriz Ângelo
Curiosidade

Batalha de Castelo Rodrigo


Combate travado entre Portugueses e Castelhanos, em 1664, no contexto das guerras da Restauração.
Embora a província beirã se encontrasse mal fortificada com um reduzido número de soldados, o exército
português, comandado por Pedro Jacques Magalhães, atacou as forças espanholas que cercaram Castelo
Rodrigo, obtendo uma vitória.

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Distrito de

Coim bra
Martim de Freitas

Quando o futuro D. Afonso III entrou em Portu-


gal com a intenção de afastar do trono o seu ir-
mão, D. Sancho II, conseguiu obter o apoio de
muitos castelos. Outros, porém, mantiveram-se
fiéis a D. Sancho II.
Após o afastamento de D. Sancho, que entre-
tanto partiu para Castela, onde veio a morrer,
D. Afonso cercou Coimbra, pois o seu alcaide man-
tinha-se fiel ao rei deposto, recusando render-se.
Um dia chegou a notícia da morte de D. San-
cho II, único modo de acabar com a resistência
do alcaide de Coimbra, Martim de Freitas. No
entanto, este não quis entregar-se e saiu
do castelo, dirigindo-se a Toledo, onde
se certificou de que a notícia da morte
do rei que servia era verdadeira. Depois
de conseguir que lhe abrissem o túmulo
do rei, reconhecendo o seu cadáver, verifi-
cou que a notícia da sua morte era verda-
deira. Pegou na chave da cidade que tinha a
seu cargo e pousou-a nas mãos do cadáver,
tornando a pegar nela logo de seguida.
Voltou a Portugal e pôde então entregá-la a
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D. Afonso III, sem perigo de quebrar o seu jura-


Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

mento. O novo rei, admirado com a prova de fi-


delidade de Martim de Freitas, pediu-lhe que
continuasse como alcaide da cidade, mas este
recusou.
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Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d (adaptado)

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Distrito de Coimbra
Monumentos
Conímbriga foi uma cidade romana importante da
Lusitânia que se desenvolveu no tempo de Augusto.
Possuía um fórum, termas públicas e um aqueduto
com mais de 3,5 km para abastecer a cidade de água.
Entre os finais do século III e inícios do século IV, a ci-
dade foi protegida com a construção de uma muralha
com 1500 m de extensão. Com a chegada dos Sue-
Ruínas de Conímbriga vos, no século V, inicia-se o declínio da cidade.

Em 716 caiu em poder dos Muçulmanos, sendo re-


conquistado em 848 por Ramiro I, rei de Leão. Em 987
caiu novamente no poder dos Muçulmanos, sendo no-
vamente reconquistado, em 1040 e 1064, por Fernando
Magno. Foi, ainda, palco de conflitos entre os descen-
dentes dos reis de Portugal. D. Afonso II cercou-o, no
contexto dos conflitos originados pela doação da praça
a sua irmã. Posteriormente, D. Afonso IV também tomou
o castelo, aquando do conflito que protagonizou com Castelo de Montemor-o-Velho
seu pai, D. Dinis.

O mosteiro foi fundado pelos cónegos regrantes de Santo Agostinho,


iniciando-se as obras em 1131. Em 1162, o mosteiro já era o centro reli-
gioso e cultural mais importante de Portugal, sendo D. Afonso Henriques
um grande protetor do cenóbio, distinguindo-o com inúmeras doações.
Tornou-se, desse modo, um dos mais poderosos e influentes de Portu-
gal durante toda a Idade Média e Moderna, devido ao seu poder econó-
mico e produção cultural. O atual templo data do século XVI, estando aí
sepultado D. Afonso Henriques.
Mosteiro de Santa Cruz

Os Estudos Gerais foram criados por D. Dinis, a 1 de março de 1290,


e funcionaram em Lisboa até 1308, ano em que passaram para a Alcáço-
va Real de Coimbra. Durante o século XV, Coimbra e Lisboa alternaram
como sede do ensino superior. Apenas em 1537 D. João III transferiu a
universidade de forma definitiva para Coimbra. O antigo paço sofreu, en-
tretanto, várias alterações, para acolher o estabelecimento, sobretudo
nos reinados de D. Manuel e de D. João III.

Universidade de Coimbra
Tradições

Serração da Velha – Figueira da Foz


Era um ritual que se realizava durante a Quaresma, em que os rapazes corriam atrás das mulheres ido-
sas, com apupos e piadas, paus e serrotes no ar. Na Figueira da Foz, a serração decorria quando aparecia
a velha a meio da noite a choramingar, acompanhada de dois rapazes com serras e de um notário. Seguia-
-se o testamento com gracejos alusivos às pessoas conhecidas que estavam presentes. Atualmente, o ritual
é feito com um cortejo que termina com a apresentação do “Auto da serração da velha”.

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Distrito de Coimbra
Personalidades
Sesnando Davides

Nasceu no século XI e foi governador do território de Coimbra. Em 1062 foi aprisionado pelos Mu-
çulmanos, sendo levado para Sevilha. Destacou-se na corte do chefe muçulmano pelos seus talentos
e bons serviços prestados, sendo escolhido para vizir. No entanto, abandonou Sevilha e ofereceu os
seus serviços a Fernando Magno, rei de Leão, a quem aconselhou a conquista de Coimbra. Após a
sua conquista, Sesnando foi nomeado governador da cidade e de todo o território entre o Douro e a
fronteira com as terras ocupadas pelos Muçulmanos, vindo a falecer a 25 de agosto 1091.

Nasceu em 1432 e permanece a dúvida quanto ao local de nascimen-


to, entre Azambuja ou Montemor-o-Velho. Faleceu, no entanto, nesta últi-
ma localidade, em 1518. Combateu em diversas situações de importância
estratégica para a defesa do reino. D. João II incumbiu-o de edificar o
Castelo de São Jorge da Mina, em 1482, sendo seu governador até 1484.
D. Manuel I, em 1506, encarregou-o de fazer o castelo em Mogador, cuja
capitania e alcaidaria lhe foi atribuída em 1507. Apoderou-se de Safim no
ano seguinte, permanecendo como governador até 1510, ano em que foi
substituído.
Diogo de Azambuja

Nasceu em Montemor-o-Velho, em 1510. Ainda em criança foi para


Lisboa. Embarcou para a Índia, em 1537, e permaneceu no Oriente cerca
de 17 anos, principalmente no Sudeste asiático, na China e no Japão.
Regressou a Goa em 1554, com a intenção de regressar ao reino com a
fortuna conseguida. Porém, chegado a Goa, ingressou na Companhia de
Jesus como irmão leigo, regressando a Portugal apenas em 1558. Com-
prou uma quinta nas proximidades de Almada e aí se dedicou à escrita
da Peregrinação, onde descreve o mundo exótico do Oriente e as rea-
ções dos Portugueses ao ambiente asiático. Morreu a 8 de julho de 1583.
Fernão Mendes Pinto

Nasceu em Coimbra, a 10 de novembro de 1913. Em 1931 filiou-se no


Partido Comunista e, em 1934, passou a secretário-geral da Juventude
Comunista. Em 1937 integrou o Comité do Partido e após várias situa-
ções de prisão temporária, por se opor ao regime de Salazar, foi encar-
cerado no forte de Peniche, em 1949. Em 1960 conseguiu evadir-se e
partiu para o exílio, regressando a Portugal a 27 de abril de 1974, após a
revolução. Foi ministro dos governos provisórios de 1974 e 1975, tendo
sido eleito deputado várias vezes, embora raramente tenha ocupado o
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lugar na Assembleia da República.


Álvaro Cunhal
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Curiosidade

Paz de Coimbra
Paz imposta por volta de 1212 por Afonso VIII, rei de Castela, a Afonso IX, rei de Leão. Uma das imposi-
ções foi a restituição dos castelos tomados no Norte de Portugal, na sequência do apoio que prestou na
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defesa das irmãs do rei D. Afonso II de Portugal.

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Distrito de

Castelo Branco
Lenda do cativo de Belmonte
Esta é a história de Manuel, um corajoso soldado nascido
em Belmonte que combateu os Muçulmanos com vigor. Um
dia foi capturado por estes e levado para Argel. Aí ficou mui-
tos anos como escravo. Encarava o seu destino como um
castigo e satisfazia as saudades da terra e da família com as
tarefas mais pesadas. Após muitos anos, um muçulmano
perguntou-lhe qual o significado da palavra que Manuel re-
petia vezes sem conta: esperança. Manuel disse-lhe que sig-
nificava o desejo de voltar à sua terra e a sua fé na Virgem da
Esperança. O muçulmano respondeu-lhe que tal fé era im-
possível e tornou-lhe a vida ainda mais dura.
Conta a lenda que a Virgem se impressionou com Manuel.
Apareceu-lhe na véspera do dia de Páscoa e anunciou-lhe a
sua libertação. Perante o espanto dos Muçulmanos, a arca
onde Manuel costumava dormir levantou-se no ar e de-
sapareceu em direção ao mar. No Sábado de Aleluia,
os habitantes de Belmonte que se dirigiam à missa
viram, espantados, uma arca aterrar junto à capela.
A alegria foi indescritível e o povo decidiu erguer
nesse sítio uma outra capela dedicada a Nossa Se-
nhora da Esperança.
Infopédia, Porto Editora

Monumentos

Construída em século indeterminado, ter-se-á edifica-


do entre o período da decadência do Império Romano e
a afirmação dos reinos bárbaros. É possível que a sua
construção date do século IV, motivada pelo crescimento
de cristãos na Egitânia, sendo uma das mais importantes
povoações do Ocidente da Península. Com o domínio
dos Visigodos, a cidade aumentou a sua importância re-
ligiosa e política. A igreja foi convertida em mesquita após
a conquista dos Muçulmanos. As lutas sucessivas entre
Basílica / Museu Egitaniense cristãos e Muçulmanos originaram a sua decadência,
vindo a perder o seu estatuto episcopal em 1199.

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Distrito de Castelo Branco

A sua fundação deve-se a D. Gualdim Pais, a quem


D. Sancho I entregou a região, devendo aquele povoá-la
e defendê-la. D. Dinis reforçou a sua defesa, ordenando
a construção de uma cerca que englobasse a povoa-
ção. D. Fernando e D. João I adaptaram a estrutura às
novas necessidades, nomeadamente ao uso da artilha-
ria. No reinado de D. Manuel voltou a merecer preocu-
pação, reedificando-se a alta torre de vigia. Em meados
do século XVII, no contexto das Guerras da Restaura-
Castelo de Penamacor
ção, acautelaram-se as defesas de Penamacor, tendo-
-se construído seis baluartes e três meios-baluartes.

O primeiro documento que atesta a sua existência


trata-se da doação que D. Afonso Henriques fez de Mon-
santo e de Idanha-a-Velha a D. Gualdim Pais, mestre dos
Templários, datado de 1165. Embora tivessem reedifica-
do o castelo, os Templários não conseguiram o repovoa-
mento da região, pelo que a sua posse foi transferida
para a Ordem de Santiago. Sofreu obras de remodelação
e de ampliação ao longo dos séculos XIII, XIV e XV. Em
1658, no âmbito as Guerras da Restauração, suportou e
venceu um cerco das forças espanholas, voltando a ser Castelo de Monsanto
cercado durante a Guerra de Sucessão de Espanha por
um exército franco-espanhol.

O edifício foi mandado construir por D. Nuno de No-


ronha, em 1596, reitor da Universidade de Coimbra e,
posteriormente, bispo de Viseu e, mais tarde, bispo da
Guarda. Possuía uma grande fortuna e era amante do
luxo e da ostentação. Os seus sucessores procuraram,
igualmente, engrandecer o edifício, nomeadamente atra-
vés da criação de um jardim inspirado nos jardins italia-
nos. Com a criação da diocese de Castelo Branco, em
1771, o palácio passou a desempenhar a função de resi-
Antigo Paço Episcopal dência dos respetivos bispos. Em 1807, quando as tro-
pas de Junot passaram em Castelo Branco, várias peças
de arte foram levadas pelo general francês.

Tradições
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Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Festa do Bodo – Salvaterra do Extremo


e Monfortinho, Idanha-a-Nova
Em Salvaterra do Extremo, a festa realiza-se na segunda-feira depois da Páscoa e, em Monfortinho, na
segunda quinta-feira após o domingo de Páscoa. Consiste na confeção e consumo de pratos tradicionais
destinados, noutros tempos, aos mais pobres. Também têm lugar as cerimónias religiosas em honra de
Nossa Senhora da Consolação. Esta tradição tem por intenção agradecer à Senhora da Consolação por ter
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livrado a região de uma praga de gafanhotos que ocorreu em 1879.

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Distrito de Castelo Branco
Personalidades
Afonso de Paiva

Nasceu em Castelo Branco, em ano desconhecido do século XV. Foi encarregado, juntamente
com Pêro da Covilhã, de recolher informações sobre os povos e o comércio orientais, por D. João II,
na fase final da preparação da viagem de Vasco da Gama. Partiu de Portugal em 1487 e tinha como
principal missão chegar junto de Preste João. No entanto, adoeceu, ao que parece atacado pela pes-
te, e acabou por morrer sem ter ido além do Cairo.

Chamava-se Jorge Martins e nasceu em Alpedrinha, em 1406. Embora


de origens humildes, tornou-se numa das figuras mais importantes da Igre-
ja portuguesa do século XV. Foi confessor e conselheiro de D. Afonso V e
mestre e capelão de D. Catarina, irmã do monarca. Em 1463 ascendeu à
prelazia de Évora e, no ano seguinte, tornou-se arcebispo de Lisboa. Tor-
nou-se cardeal em 1476, instalando-se em Roma três anos depois. Em
1501 consegue o arcebispado de Braga, cujo governo manteve até 1505.
Faleceu em Roma, com 102 anos, a 19 de agosto de 1508.
Cardeal Alpedrinha

Nasceu na Covilhã, em data desconhecida, e foi escolhido por D. João II,


juntamento com Afonso de Paiva, para partir por terra à Índia e à Abissínia,
antes da viagem de Vasco da Gama, a fim de recolherem informações so-
bre as redes de comércio das especiarias e sobre o poder militar do Preste
João. Partiu de Santarém em maio de 1487. Visitou Calecut, Goa e Ormuz.
Daí seguiu a costa oriental de África, até Sofala, reunindo informações sobre
a navegação deste porto até à Índia e sobre a possibilidade de contornar
África pelo Atlântico Sul. Acabou os seus dias na Etiópia, não regressando
a Portugal, embora tenha feito chegar as suas informações a D. João II.
Pêro da Covilhã

Nasceu em Belmonte, em 1467 ou 1468. Em 1499, depois do regresso


de Vasco da Gama da Índia, foi nomeado comandante de uma frota de 13
navios que partiriam em março de 1500, rumo à Índia. Embora tenha se-
guido a rota de Vasco da Gama, ao passar por Cabo Verde efetuou um
desvio maior para sudoeste, chegando ao Brasil a 22 de abril de 1500.
Enviou um navio de volta para Portugal, seguindo os restantes para a Ín-
dia, onde chegaram a 13 de setembro de 1500. Regressou no ano se-
guinte e fixou-se em Santarém, onde faleceu em 1520.

Pedro Álvares Cabral


Curiosidade

Egitânia
Foi uma cidade, provavelmente fundada pelos Romanos no último quartel do século I a. C., implantada
onde atualmente se encontra a aldeia de Idanha-a-Velha. No tempo dos Suevos, o rei Teodomiro criou uma
diocese, com quase os mesmos limites do atual distrito de Castelo Branco, cuja sede foi a cidade de Egi-
tânia, tendo sido transferida para a Guarda, em 1199. Em 713, a cidade foi arrasada pelos Muçulmanos,
iniciando a sua decadência a partir de então.

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Distrito de

Leiria
A padeira de Aljubarrota
Brites de Almeida terá nascido em Faro com um
aspeto de rapariga muito forte, pois trazia seis de-
dos em cada mão. Era filha de gente muito pobre e,
aos 26 anos, ficou órfã.
Um soldado alentejano, atraído pela sua fama,
propôs-lhe casamento. Ela acabou por aceitar com
uma condição: lutarem os dois antes do casamento.
A briga foi tão violenta que o soldado acabou por
morrer. Com medo de ser presa, Brites fugiu para
Castela. No entanto, o barco em que seguiu foi abor-
dado por piratas mouros que a levaram para o Norte
de África, onde foi vendida como escrava.
Brites logo tratou de fugir dali e acabou por dar à
costa portuguesa, junto a Ericeira. Depois
de algum tempo foi para Aljubarrota, onde
se encarregou de ajudar uma padeira. Após
a morte desta, foi Brites quem passou a di-
rigir o negócio.
Quando se travou a Batalha de Aljubarrota
não hesitou e juntou-se aos soldados Portu-
gueses. Acabada a batalha, regressou a casa.
Foi então que sentiu que algo de estranho se
passava, pois a porta do forno estava fechada.
Correu a abri-la e, lá dentro, descobriu sete caste-
lhanos. Ordenou-lhes que saíssem, mas como fin-
87818

giam dormir, Brites pegou a sua pá e atingiu-os com


Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

ela. Depois de tanta paulada acabou por os matar.


Depois disto, Brites comandou um grupo de mu-
lheres que partiram à procura de soldados castelha-
nos que tinham fugido do campo de batalha e estavam
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escondidos na região.
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Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d (adaptado)

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Distrito de Leiria
Monumentos
A sua construção ter-se-á iniciado em 1135, por
D. Afonso Henriques, resultando da ampliação da atalaia
muçulmana aí existente. Foi destruído pelos Muçulma-
nos em 1140 e reconstruído dois anos depois, data da
concessão de foral. Assumiu um papel importante na
defesa do território cristão, papel que veio a perder após
a conquista da linha do Tejo. Em 1195, D. Sancho I orde-
Castelo de Leiria nou a sua reconstrução.

O castelo foi fundado por D. Gualdim Pais, em 1161.


Apesar do seu aspeto robusto, nunca exerceu funções
defensivas. Por ordem de D. Manuel, no século XVI, o
castelo sofreu obras de reforço e construiu-se o Paço
dos Alcaides. Por iniciativa do alcaide Pedro Sousa Ri-
beiro, no final desse século, construiu-se a Igreja de
Santa Maria do Castelo, sendo a primeira matriz de
Pombal fortemente vandalizada, tal como o castelo,
com as Invasões Francesas. Castelo de Pombal

D. Afonso Henriques doou um vasto couto ao mosteiro de Claraval, em


1153, com o objetivo de facilitar a defesa e o povoamento da região. Por
outro lado, os monges, devido ao seu empenho no desenvolvimento da
agricultura, poderia contribuir para o crescimento económico da região.
A construção da abadia iniciou-se em 1178, prolongando-se quase um
século. Serviu como panteão real durante a primeira dinastia, estando aí
sepultados alguns dos primeiros reis, nomeadamente D. Pedro I e D. Inês
de Castro, cujos túmulos foram danificados pelas tropas francesas, na
busca de tesouros no seu interior.
Mosteiro de Alcobaça

Este mosteiro construiu-se na sequência de um vo-


to formulado por D. João I na véspera da Batalha de
Aljubarrota. A sua construção efetuou-se a 2,5 km do
local da batalha. As obras iniciaram-se três anos de-
pois, bem como a vida da comunidade dos religiosos
de São Domingos, a quem D. João I concedeu o mos-
teiro. Foi convertido em panteão da família real, estan-
do aí sepultados D. João e os seus filhos, bem como
D. Afonso V, D. João II e o seu filho, D. Afonso. Igreja do Mosteiro de Santa Maria da Vitória

Tradições
Festas do Bodo – Pombal
As festas do Bodo realizam-se no último domingo de julho, remontando a sua origem à Idade Média.
Diz-se que terão tido o seu início em 1100 ou 1200, quando uma senhora nobre mandou construir perto
do seu solar uma capela para venerar a imagem de Nossa Senhora de Jerusalém. Alguns anos depois,
Pombal foi afetada por uma praga de gafanhotos. O povo resolveu pedir a proteção de Nossa Senhora
de Jerusalém, organizando uma procissão. Cumpriu-se a promessa, e, para comemorar a graça obtida,
a senhora nobre, chamada D. Maria Fogaça, mandou fazer um enorme bolo em louvor da Senhora. Des-
de então, a festa tem-se realizado quase todos os anos.

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Distrito de Leiria
Personalidades
Nasceu em Aljubarrota, em março de 1711. Foi oficial do exército, arqui-
teto e engenheiro, tendo sido executor e inspetor das reais obras de arqui-
tetura da corte. Em 1750 foi arquiteto supranumerário das obras do Paço
da Ribeira, tendo sido chamado pelo Marquês de Pombal, pouco tempo
depois, para colaborar e participar nas obras de reconstrução de Lisboa,
após o terramoto de 1755. Alguns dos seus projetos de reconstrução da
capital foram, contudo, alterados. A ele se deve a estátua de D. José I, pre-
sente na Praça do Comércio. Faleceu a 5 de agosto de 1760.

Eugénio dos Santos

Nasceu na Marinha Grande, em março de 1908. Nunca frequentou a


escola e desde cedo começou a trabalhar na indústria vidreira. Foi mem-
bro do Partido Comunista Português, ao qual aderiu em 1933, e um forte
opositor ao regime de Salazar. Em 1934 participou na organização da in-
surreição da Marinha Grande. Depois de ter passado por Espanha, onde
esteve algum tempo detido, e pela Rússia, regressou a Portugal em 1938,
tendo sido preso e torturado. Faleceu em 1961, na Checoslováquia.

José Gregório

Nasceu na Batalha, a 12 de novembro de 1855. Incorporou as colunas


de operação contra os rebeldes do chefe Gungunhana, tendo iniciado a
sua captura, em 1895. Esse facto, aliado à vitória militar de Mouzinho em
Macontene, em 1897, permitiu que os Portugueses ocupassem toda a
parte sul de Moçambique. Foi nomeado comissário-chefe de Moçambi-
que, mas, mais tarde, demitiu-se do cargo quando viu os seus poderes
diminuídos. Regressado a Portugal, foi escolhido para oficial-mor da casa
real. Suicidou-se em Lisboa, a 8 de janeiro de 1902.
Joaquim Mouzinho de Albuquerque

Nasceu nas Caldas da Rainha, em 1884. Durante a propaganda republi-


cana colaborou em vários jornais, evidenciando-se os seus dotes de jorna-
lista e de escritor no semanário Alma Nacional. Após a Implantação da
República foi nomeado bibliotecário da Biblioteca Nacional, onde, em con-
junto com Jaime Cortesão, desempenhou um importante papel na dinami-
zação cultural da época. Opôs-se à ditadura que se instalou em Portugal
em 1926, tendo sido demitido da Biblioteca Nacional. Exilou-se em França
e, em 1931, regressou a Portugal, vindo a falecer 10 anos depois.

Raul Proença
Curiosidade
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Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Batalha de Aljubarrota
Batalha travada entre Portugueses e Castelhanos, a 14 de agosto de 1385, no contexto da crise de su-
cessão vivida após a morte de D. Fernando, cuja única filha estava casada com o rei castelhano. D. João,
Mestre de Avis, surgiu, então, como um dos candidatos ao trono. Após a sua aclamação como rei de Por-
tugal, nas Cortes de Coimbra, em 1385, o exército castelhano invadiu Portugal para reclamar o trono para
D. Beatriz. Travou-se então esta batalha, comandada pelo próprio D. João I e por D. Nuno Álvares Pereira,
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da qual os Portugueses saíram vencedores, assegurando a independência de Portugal.

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Distrito de

Santarém
Mem Ramires e a conquista de Santarém

D. Afonso Henriques desejava muito conquis-


tar Santarém, pois o seu domínio permitiria con-
quistar qualquer outra terra a sul do Tejo. No
entanto, percebeu que não a conseguia tomar
pela força.
Decidiu enviar Mem Ramires à cidade moura,
disfarçado de vendedor, para a reconhecer. De-
veria verificar os pontos fortes e fracos da cida-
de, a distribuição dos soldados e o movimento
diurno e noturno.
Quando Mem Ramires voltou para Coimbra
deu a conhecer todos os pormenores a D. Afon-
so Henriques. Este, desejoso de conquistar
a cidade, numa manhã de março, marchou
em direção a Santarém.
Alguns dias depois, ao anoitecer, os sol-
dados cristãos aproximaram-se das mu-
ralhas da cidade. Mem Ramires, que tinha
jurado pela sua honra ser o primeiro a
entrar em Santarém, encostou uma es-
cada às muralhas. Sem contar, a escada
resvalou e fez um enorme barulho, acordando os
sentinelas mouros.
Houve uma luta renhida nas ameias do caste-
lo, mas os cristãos acabaram por vencer. Já no
interior da cidade, um cavaleiro abriu a porta do
castelo e D. Afonso Henriques pôde finalmente
entrar em Santarém.
Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d

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Distrito de Santarém
Monumentos
Durante a Idade do Bronze existiu aí um castro, sen-
do as fortificações existentes ampliadas em 130 a. C.,
pelo cônsul romano Décio Júnio Bruto, transformando-
-as numa importante base militar. Em 1148, a localidade
foi conquistada por D. Afonso Henriques, tendo ordena-
do a construção da fortaleza em 1179. Sofreu obras de
remodelação nos reinados de D. Afonso II e de D. Dinis
e, em 1385, foi aí que D. João I e Nuno Álvares Pereira
Fortaleza de Abrantes
reuniram as tropas antes da Batalha de Aljubarrota.

No local hoje conhecido por Portas do Sol existiu um castro lusitano


que foi ocupado ao longo dos séculos por Fenícios, Gregos, Romanos,
Visigodos e Mouros. Estes povos foram construindo estruturas defensi-
vas do povoado e, em 1147, quando D. Afonso Henriques conquistou
Santarém, já aí existia um castelo com as respetivas muralhas que foram
sendo reforçadas ao longo dos séculos, até à eclosão das lutas liberais.

Muralhas de Santarém

O sítio onde se deveria edificar o castelo terá sido


escolhido por D. Gualdim Pais e por D. Afonso Henri-
ques e era destinado a consolidar a defesa dos territó-
rios conquistados a norte do Tejo. A sua construção
iniciou-se em 1160 e era formado pela torre de mena-
gem e pelo terreiro interior, sofrendo acrescentos pos-
teriormente. Esta estrutura defensiva foi essencial para
defender Tomar da ofensiva muçulmana de 1190.
Castelo de Tomar

Foi definitivamente conquistado aos Muçulmanos


por D. Sancho I, nos finais do século XII, depois de ser
conquistado e perdido várias vezes. Após Henrique de
Castela ter destruído o castelo, em 1373, D. Fernando
ordenou a sua reconstrução, datando a atual configu-
ração dessa época. O terramoto de 1755 provocou
graves danos na estrutura, que foram agravados com
as invasões napoleónicas e com as lutas entre liberais
e absolutistas, no século XIX. Castelo de Torres Novas
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Tradições
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Festa dos Tabuleiros


Celebra-se no segundo domingo de julho, de quatro em quatro anos. Noutros tempos, a festa incluía
a coroação do menino-imperador, a que se seguia o bodo, ou seja, a distribuição aos mais necessitados
de pão e carne, proveniente esta dos bois que desfilavam no cortejo. Atualmente, os tabuleiros onde é
transportado o pão, que posteriormente é distribuído aos mais necessitados no dia seguinte ao cortejo,
Oo

são transportados por raparigas, durante o cortejo, sendo a carne e o vinho igualmente distribuídos.

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Distrito de Santarém
Personalidades

Nasceu em Santarém, a 26 de setembro de 1795. Foi político e militar,


tendo-se destacado durante o cerco do Porto. Estudou em Portugal,
França e Inglaterra, sendo um adepto dos ideais liberais, defendendo os
direitos de sucessão de D. Pedro IV e de sua filha, D. Maria II. Foi ainda um
defensor do desenvolvimento das colónias, advogando a construção de
“outro Brasil em África”. A expansão do povoamento branco nas colónias
foi outra das suas lutas enquanto membro do Governo. Faleceu em Lis-
boa, a 6 de janeiro de 1876.
Marquês de Sá da Bandeira

Nasceu em Torres Novas, a 15 de maio de 1906. Iniciou a sua carreira


militar em 1925, tendo participado no golpe militar de 28 de maio de 1926.
Inicialmente apoiou o Estado Novo, começando, a partir de 1940, a afas-
tar-se dos ideais do regime. Passou algumas temporadas no estrangeiro,
sobretudo nos Estados Unidos, experiências que acentuaram a sua dis-
cordância com o regime. Em 1958 apresentou-se como candidato inde-
pendente às eleições presidenciais contra o candidato de Salazar. Obteve
o apoio de muitos populares, pensando-se que iria fazer um golpe militar
para derrubar o regime. Acabou por perder as eleições e teve de se exilar,
vindo a morrer em 1965, nas mãos da PIDE.
Humberto Delgado

Nasceu em Abrantes, em 1930. Mudou-se para Lisboa e, aos 12 anos,


era responsável pelo núcleo do Movimento Feminino Português, no liceu
Filipa de Vilhena. Em 1969 foi convidada para representar Portugal na Or-
ganização das Nações Unidas e, em 1974, depois do 25 de Abril, foi secre-
tária de Estado da Segurança Social do Primeiro Governo Provisório. No
contexto da instabilidade política vivida, foi convidada pelo Presidente da
República, António Ramalho Eanes, em 1979, para o cargo de primeira-
-ministra, tendo desempenhado essa função durante cem dias. Faleceu
em Lisboa, a 10 de julho de 2004.
Maria de Lourdes Pintassilgo

Curiosidade

Batalhas de Almoster e Asseiceira


A Batalha de Almoster foi travada a 18 de fevereiro de 1834, tendo os liberais, comandados pelo mare-
chal Saldanha, derrotando os absolutistas, chefiados pelo general Lemos, que pretendiam entrar em Lis-
boa a 22 do mesmo mês. A Batalha de Asseiceira, travada perto de Tomar, a 16 de maio de 1834, opôs,
igualmente, liberais, comandados pelo duque da Terceira, e absolutistas, dirigidos por António Joaquim
Guedes de Oliveira, tendo os primeiros saído vencedores. No dia 18, os liberais entraram em Santarém,
centro da resistência absolutista, pondo termo ao reinado de D. Miguel, obrigando-o a recolher-se em Évo-
ra Monte, onde se assinou a paz nos finais de maio de 1834.

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Distrito de

Lisboa
Martim Moniz

D. Afonso Henriques, desejoso de conquistar


Lisboa aos Mouros, cercou a cidade com a aju-
da de soldados vindos de outros reinos da Eu-
ropa, os cruzados. Mas a situação prolongou-se,
pois os Mouros não pareciam muito afetados
pelo cerco.
Entretanto, junto ao castelo, travavam-se lu-
tas entre pequenos grupos de cristãos e muçul-
manos. Numa dessas lutas, um dos grupos
dirigiu-se a uma das portas da cidade, assal-
tando-a de surpresa. Os Mouros foram defen-
dê-la, mas tiveram de entreabrir a porta para
que alguns soldados passassem para
o exterior. Martim Moniz, que compu-
nha o grupo dos cristãos, aproveitou a
ocasião e meteu-se na brecha deixada
pela porta entreaberta. Os companhei-
ros, apercebendo-se da oportunidade,
empurraram a porta com força para ten-
tar entrar na cidade.
Os cristãos acabaram por levar a melhor
e, aproveitando o corpo do homem atravessado
nos batentes, entraram finalmente na cidade de
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Lisboa.
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Martim Moniz morreu à porta de Lisboa, mas


D. Afonso Henriques tomou aquela que fora
uma das cidades mais ricas dos Muçulmanos
na Península Ibérica.
Oo

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Distrito de Lisboa
Monumentos

É provável que a origem do palácio remonte ao perío-


do da dominação muçulmana. Foi com D. João I que se
iniciou um programa de obras, vindo a ser um dos palá-
cios que o rei mais frequentou, tomando no seu interior
a decisão de conquistar Ceuta. Mereceu ainda a aten-
ção de D. Afonso V e de D. João II, embora tenha sido
D. Manuel o promotor das maiores obras de ampliação,
Palácio Nacional de Sintra que continuaram com o seu sucessor.

A sua construção foi decidida em 1495, por D. Ma-


nuel, embora nesse local já existisse, desde 1459, uma
capela em honra de Santa Maria. A sua construção
pretendeu comemorar os feitos portugueses no âmbito
das des­cobertas marítimas, demonstrando, simultane-
amente, o poder régio. O mosteiro ficou sob a alçada
da Ordem de São Jerónimo, tendo utilizado a igreja do
mosteiro como panteão da família real. A primeira pe-
dra foi lançada em 1501 ou 1502, concluindo-se as Mosteiro dos Jerónimos
obras em 1601.

Este edifício representa o poder absoluto de D. João V.


Data de 1711 a decisão de aí instalar um convento de re-
ligiosos franciscanos e parece resultar de uma promessa
que garantia a sucessão e a cura de uma doença grave
do rei. As obras iniciaram-se em 1717, inspiradas, espe-
cialmente, na basílica de S. Pedro, em Roma e arrasta-
ram-se por vários anos. A dimensão e o luxo do edifício
só foram possíveis devido às grandes quantidades de
Convento e Palácio de Mafra
ouro e de pedras preciosas que chegavam do Brasil.

Antigo convento de São Bento, cujo edifício primitivo


data de 1590, viu as cortes parlamentares aí se instala-
rem em 1834. Em 1895 sofreu um incêndio e as obras
de recuperação foram aproveitadas para se proceder a
uma intervenção de maior escala, prolongando-se até
1942. À entrada podem ser vistas quatro alegorias:
a Prudência, a Justiça, a Força e a Temperança.
Palácio da Assembleia da República

Tradições

Santo António – Lisboa


Inicialmente, as celebrações eram atos litúrgicos, passando, posteriormente, a incluir touradas, cavalha-
das, músicas e danças, entre outros divertimentos. A partir de 1932, além das cerimónias religiosas, passou-
-se a enfeitar as ruas e incluíram-se as marchas populares compostas pelos moradores de cada bairro.
Nesse mesmo ano instituiu-se um prémio para a melhor marcha, que tem lugar na noite do dia 12 de junho.

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Distrito de Lisboa
Personalidades
Foi um prestigiado diplomata português nascido em Lisboa, em 1662.
Estudou na Universidade de Coimbra, onde se formou em Cânones. Em
Londres, colaborou nas negociações relacionadas com a participação
portuguesa na Guerra da Sucessão de Espanha. Em 1712, juntamente
com o conde de Tarouca, defendeu os interesses portugueses no con-
gresso em Utreque, cuja finalidade era pôr fim àquele conflito, do qual re-
sultou o Tratado de Utreque, que estabelecia a paz celebrada entre os
reinos envolvidos. Através dos seus escritos, contribuiu para a renovação
da cultura política e filosófica portuguesa. Faleceu em Paris, em 1749.
D. Luís da Cunha

Nasceu em Lisboa, a 13 de maio de 1699. Foi embaixador de D. João V


em Inglaterra e na Áustria. Em 1750, com a subida ao trono de D. José I, foi
nomeado secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra.
Com a sua capacidade de trabalho e de chefia revelados aquando do ter-
ramoto de 1755, tonou-se o homem de confiança do rei. Empenhou-se no
fortalecimento do poder do monarca, diminuindo o poder de atuação de
alguns nobres, bem como do clero. Procurou desenvolver economicamen-
te o reino, através da criação de indústrias, reformou o ensino, a adminis-
tração e as finanças. Faleceu em 1782.
Marquês de Pombal

António José de Sousa Manuel e Meneses Severim de Noronha nas-


ceu em Lisboa, a 18 de março de 1792. Participou na Guerra Peninsular e
destacou-se nas lutas liberais, ao lado de D. Pedro, tendo participado na
Batalha da Praia da Vitória, da Asseiceira e na marcha sobre Lisboa. De-
pois da implantação do Liberalismo, ocupou os mais altos cargos da ad-
ministração, nomeadamente o de presidente de Conselho de Ministros.
Acumulou os títulos de conde de Vila Flor e, mais tarde, marquês e duque
da Terceira. Morreu a 26 de abril de 1860.
Duque da Terceira

Nasceu em Lisboa, em 1810. Embora pretendesse frequentar a uni-


versidade, por questões financeiras não o pôde fazer. Adepto dos ideais
liberais, em 1831 viu-se obrigado a exilar-se, passando por Inglaterra e
pela França. Regressou a Portugal em 1832, integrando o exército liberal
de D. Pedro. Em 1839 foi nomeado diretor das Bibliotecas Reais da Aju-
da e das Necessidades. Em 1840 foi deputado pelo Partido Cartista.
Desiludido com a política, abandonou o cargo, voltando apenas em
1851. Nesse intervalo dedicou-se aos trabalhos literários e históricos. Fa-
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leceu em 1877, em Vale de Lobos, Santarém.


Alexandre Herculano
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Curiosidade

Convenção de Sintra
Acordo assinado perto de Sintra, a 22 de agosto de 1808, entre o exército anglo-luso e o general francês
Junot, depois das derrotas sofridas pelo exército francês, nomeadamente em Roliça e no Vimeiro. Esta con-
Oo

venção marca a rendição do exército francês, que, ao partir do reino, levou consigo muitas preciosidades.

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Distrito de

Portalegre
Lenda de Maia
Ammaya foi fundada mil e trezentos anos antes
de Cristo, em honra de Maia, filha de Lísias.
Lísias andava à procura de um local onde pu-
desse viver em paz. Ao chegar a este local, decidiu
instalar-se ali com toda a sua família.
Maia, sua filha, ocupava os seus dias na mar-
gem do ribeiro, cuidando do seu rebanho. Diz-se
que era bonita. Talvez por isso Tobias, guardador
de rebanhos, se sentava a seu lado, dias e dias,
tocando flauta.
Certo dia apareceu um vagabundo, chamado
Dolme, entre os pastores, assustando-os. Tobias
correu a esconder-se atrás de um rochedo.
Maia, contudo, encheu a sua cabaça de
água e ofereceu-a ao vagabundo que a dei-
xou cair propositadamente. De seguida
agarrou Maia, que, assustada, chamou To-
bias. O pastor veio em seu auxílio e aca-
bou por morrer durante a luta que travou
com o vagabundo. Maia procurou fugir,
mas Dolme agarrou-a novamente e ten-
tou silenciá-la, acabando por a matar.
Quando anoiteceu, Lísias ficou preocupado,
pois a sua filha ainda não tinha chegado. Depois
de muito a procurar, acabou por a encontrar sem
vida no local onde Dolme a tinha deixado.
Cheio de saudades de sua filha, certo dia pare-
ceu ao velho Lísias que a filha lhe aparecia, viva e
nítida. Levantou-se, estendeu-lhe os braços para a
abraçar e acabou por morrer feliz com aquela visão.
Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d (adaptado)

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Distrito de Portalegre
Monumentos
A cidade de Aramenha foi fundada pouco depois da
chegada dos Romanos à Península Ibérica. Entre os sé-
culos V e X, parte da cidade ficou soterrada, na sequên-
cia de um cataclismo natural. Com a invasão moura, Ibn
Maruan instalou-se na cidade, na altura já em ruínas. As
escavações revelaram a existência de um templo, um fó-
rum, uma ampla praça pública, estruturas de balneários,
Ruínas romanas de Ammaia estruturas habitacionais e as bancadas de um teatro.

Em 1194, a Ordem dos Hospitalários foi incumbida,


por D. Sancho I, de construir um castelo para a defesa
da fronteira entre cristãos e muçulmanos. A sua cons-
trução prolongou-se até 1212. Foi reabilitado em 1390,
quando D. Nuno Álvares Pereira temeu uma invasão
de Castela. Em 1438, após a morte de D. Duarte, o
castelo foi sitiado. Voltou a ter protagonismo durante
as guerras da Restauração, momento em que sofreu Castelo de Belver
algumas obras.

Foi D. Afonso III que ordenou a construção do cas-


telo, em 1259, no mesmo ano em que concedeu foral
a Portalegre, em virtude da importância estratégica da
vila como posto fronteiriço. Contudo, a fortaleza só foi
erguida por ordem de D. Dinis, em 1290. A posse pela
fortaleza opôs este monarca ao seu irmão, em 1299,
que a tinha recebido como herança de seu pai. Das
doze torres construídas no tempo de D. Dinis, apenas
Castelo de Portalegre sobram três, conservando-se, igualmente, alguns tro-
ços da muralha.

O cenóbio foi fundado em 1356 pelo pai de D. Nuno


Álvares Pereira. Sofreu várias obras de remodelação,
sobretudo nos séculos XV e XVI. Aí foi fundado um co-
légio para 30 professos, em 1517, facto que justificou a
ampliação da sua estrutura primitiva. Na segunda meta-
de do século XVIII sofreu obras que procuraram contra-
riar a degradação provocada pelo abandono e pelo
terramoto de 1755. A configuração atual deve-se, no
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entanto, às obras de remodelação realizadas em 1940. Igreja e Convento da flor da Rosa


Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Tradições

Festa do Castanheiro e Feira da Castanha – Marvão


Esta festa teve início há 18 anos, na primeira semana de novembro, e nela se incluem atividades culturais
e magustos, provas de vinho, mostras de produção agrícola da região, assim como o artesanato regional.
Oo

Existe, ainda, um concurso de pratos e doçaria à base de castanha.

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Distrito de Portalegre
Personalidades

Pedro Margalho

Nasceu em Elvas, por volta de 1474. Foi filósofo, cosmógrafo, teólogo e jurista. Estudou em Paris,
entre 1490 e 1510, cidade onde obteve os títulos de mestre em Artes e de doutor em Teologia. De
1510 a 1517 permaneceu em Valhadolid, onde lecionou, partindo depois para Salamanca, onde fi-
cou até 1529. A convite de D. João III, regressou definitivamente a Portugal em 1529, tornando-se o
percetor do cardeal D. Afonso. Exerceu, ainda, o cargo de vice-reitor da Universidade de Lisboa,
em 1530, instalando-se em Évora três anos depois, onde se tornou cónego da Sé. Faleceu nessa
cidade, em 1556.

Nasceu em Castelo de Vide, a 12 de julho de 1780. Em 1796 partiu para


Coimbra, onde cursou Direito. Começou por exercer advocacia em Caste-
lo de Vide, mas em 1804 partiu para Lisboa, onde ficou até 1807, a traba-
lhar no Desembargo do Paço. Foi juiz de fora em Marvão, onde lutou contra
as tropas francesas, e em Setúbal. Adepto do liberalismo, sofreu as vicissi-
tudes que as mudanças políticas provocaram, passando pelo exílio, em
Paris, de onde regressou para se juntar ao exército liberal na ilha Terceira.
Exerceu uma importante atividade legislativa que procurava acabar de vez
com as práticas absolutistas. Morreu em Lisboa, a 4 de abril de 1849.
José Xavier Mouzinho da Silveira

Nasceu em Castelo de Vide, em 1944. Desempenhou funções de alfe-


res-comando em Moçambique, durante a Guerra Colonial. Enquanto ca-
pitão, na madrugada de 25 de abril de 1974, dirigiu as tropas revolucionárias
de Santarém até Lisboa. Tomou os ministérios do Terreiro do Paço e o
quartel da Guarda Nacional Republicana, no Carmo, onde estava refugia-
do Marcelo Caetano, obtendo a sua rendição. Os dois únicos momentos
de tensão foram enfrentados por si. O primeiro foi o encontro com um
destacamento de blindados e o segundo quando mandou abrir fogo so-
bre uma parede do quartel da GNR. Faleceu em Lisboa, em 1992.
Salgueiro Maia

Curiosidade

Batalha de Atoleiros
Combate travado entre Portugueses e Castelhanos, próximo da vila de Fronteira, a 6 de abril de 1384.
D. João I de Castela preparava o cerco de Lisboa, onde o Mestre de Avis organizava a resistência da ci-
dade e do reino, tendo nomeado D. Nuno Álvares Pereira para fronteiro do Alentejo. Este saiu de Lisboa
e, pelo caminho, viu a sua hoste crescer. O exército castelhano, que se encontrava no Crato e pretendia
cercar Fronteira, encontrou-se com o exército português em Atoleiros, onde se deu o combate que aca-
bou com a vitória dos Portugueses.

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Distrito de

Setúbal
Grândola
D. Jorge de Lencastre, filho de D. João II, tinha especial gos-
to pelos matos que rodeavam a sua pequena aldeia. D. Jorge
mandou construir um palácio onde pudesse repousar durante
as suas visitas à aldeia. Pouco a pouco, foi ficando cada vez
mais tempo em Grândola, de tal modo que a maior parte da sua
vida foi vivida naquele palácio.
Certo dia, estava D. Jorge à janela do seu palácio, viu sair do
mato um enorme javali que passou quase por debaixo da varan-
da. À pressa, mandou ajuntar todos os seus caçadores, subiram
para os cavalos e partiram em perseguição do animal. Mas o
bicho conseguiu escapar. Segundo D. Jorge, isso ocorreu por-
que nesse dia faltou à caçada o seu caçador mais habilidoso.
Este, porém, faltara por ter de comparecer a uma audiência
em Alcácer do Sal e não por descuido. A sua ausência forçada
deveu-se ao facto de Grândola ser tão insignificante que nem
serviço de justiça tinha.
D. Jorge, para evitar que os seus homens se ausentassem
dali e para evitar a repetição deste desagradável incidente, pe-
diu a D. João II que concedesse foral de vila e justiças a Grân-
dola, o que veio a acontecer em 22 de outubro de 1544. A partir
de então, a nova vila começou a desenvolver-se.
Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d (adaptado)

Monumentos
Foi construído no século XI pelos Muçulmanos e abrigou
uma povoação, no seu interior, até ao século XVI, altura em
que se expandiu. No seu interior destacam-se a Igreja de
Santa Maria do Castelo e vestígios da estrutura da cidadela
outrora existente.
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Castelo de Sesimbra
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Palmela conheceu a presença dos Romanos, dos povos


bárbaros e, no século VIII, dos Muçulmanos. D. Afonso Hen-
riques tomou o castelo, no século XII, mas este voltou para
os Muçulmanos mais do que uma vez. Terá sido conquista-
do definitivamente aos Mouros em 1194, pela Ordem de
Oo

Santiago de Espada.
Castelo de Palmela

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Distrito de Setúbal

O primeiro reduto militar de Almada deverá ter sido


obra dos Muçulmanos, uma vez que existem referências
à sua muralha datadas de 1154. Conquistada aos Mou-
ros em 1147, recebeu carta de foral em 1170. Em 1191
foi reconquistada pelos Muçulmanos, voltando para as
mãos dos Portugueses cinco a sete anos mais tarde. As
suas muralhas foram melhoradas no reinado de D. Dinis
e de D. Fernando, sofrendo o cerco castelhano em 1383,
Castelo de Almada vendo-se obrigada a render-se, devido à falta de água.

Este forte nasceu de uma torre de vigilância da barra


do Sado, edificada em 1390. Sofreu obras de melhora-
mento no reinado de D. Manuel, sendo reforçado com
uma cerca no reinado de D. Sebastião. A fortaleza foi
ampliada e modernizada entre 1643 e 1657, no contexto
das guerras da Restauração. Perdeu as suas funções
militares no século XIX, sendo então erguido um farol.
Em 1890, o forte foi escolhido como residência de vera-
neio por D. Carlos e D. Amélia. Forte de Santiago de Outão

Foi na construção da Igreja do Convento de Jesus,


que se começou a desenvolver o estilo decorativo ma-
nuelino. Fundado em 1489, por iniciativa de Justa Rodri-
gues Pereira, ama de D. Manuel, recebeu as primeiras
religiosas apenas em 1496. Insatisfeito com as reduzidas
dimensões do edifício, D. Manuel ordenou o levantamento
de uma nova cabeceira. Foi fortemente danificado aquan-
do do terramoto de 1755, tendo nessa altura conhecido
Igreja do Convento de Jesus algumas obras de restauro. Desde 1960 que algumas de-
pendências do edifício acolhem o Museu de Setúbal.

Este farol foi construído em 1790, no reinado de


D. Maria I, após um longo período em que a costa por-
tuguesa se manteve, de um modo geral, sem qualquer
assinalamento noturno, sendo, aliás, conhecida pelos
ingleses como “costa negra”. Em 1758, um alvará pom-
balino procurou colmatar esta lacuna. Inicialmente con-
tava com 17 candeeiros a azeite, sendo substituídos em
1886 por um sistema de iluminação alimentado a petró-
leo e, a partir de 1926, por lâmpadas elétricas. Farol do Cabo Espichel

Tradições

Festa das Vindimas – Palmela


Em Palmela, a festa das vindimas passou a organizar-se a partir de 1963, desde a quinta-feira anterior
ao primeiro domingo de setembro até à terça-feira seguinte. Realizam-se três cortejos, o dos camponeses,
o das vindimas e o das vindimas iluminado, que procuram reconstituir as atividades tradicionais ligadas às
vindimas. Outro momento importante é o da eleição da rainha das vindimas, que decorre na quarta-feira
antes de se iniciarem as festas, a quem caberá, no dia seguinte, cortar o primeiro cacho de uvas nas esca-
das da câmara municipal, declarando, oficialmente, a abertura da festa.

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Distrito de Setúbal
Personalidades

Terá nascido no Barreiro, em data incerta, no século XV. É o autor de


um diário de bordo que nos dá a conhecer alguns dos pormenores da
viagem que Vasco da Gama empreendeu quando descobriu o caminho
marítimo para a Índia. Passou oito anos na Guiné, facto que talvez expli-
que que a redação tenha sido feita após a viagem, já no século XVI, e a
interrupção da sua narrativa.

Álvaro Velho

Nasceu em Sines, por volta de 1468. Esteve ao serviço de D. João II,


sendo já nessa época um experiente marinheiro. D. Manuel nomeou-o co-
mandante da frota que descobriu o caminho marítimo para a Índia. Saiu de
Lisboa a 8 de julho de 1497, chegando à Índia a 17 de maio do ano seguin-
te. Iniciou a viagem de regresso em outubro de 1498, tendo chegado a
Portugal em agosto do ano seguinte. Regressou à Índia em 1502, em virtu-
de dos problemas entretanto surgidos, assegurando o domínio português
no oceano Índico. Em 1524, D. João III nomeou-o vice-rei da Índia, onde
chegou em setembro, vindo a falecer no mês de dezembro daquele ano.
Vasco da Gama

Manuel Maria Barbosa du Bocage nasceu em Setúbal, em 1765. Foi o


poeta mais completo do século XVIII. Em 1786 embarcou para a Índia, che-
gando a ser promovido a tenente, regressando a Portugal três anos de-
pois. Em 1791 publicou o seu primeiro livro, Rimas. Após manifestar o seu
apoio à Revolução Francesa, foi preso. Depois de deixar o cárcere, viu-se
obrigado a viver da escrita e das traduções, obtendo o apoio de alguns
amigos. Acabou por falecer em Lisboa, em 1815, doente e na miséria.

Bocage

Nasceu no Barreiro, a 4 de fevereiro de 1895. Foi administrador nas


colónias e deputado à Assembleia Nacional durante o Estado Novo. Afas-
tou-se do regime, por volta de 1950, e dois anos depois foi preso, acusa-
do de ações conspirativas. Já na prisão, exerceu forte influência sobre
Humberto Delgado, convencendo-o a candidatar-se à presidência da Re-
pública. Em 1959 conseguiu evadir-se da prisão, estando na altura inter-
nado no hospital. Exilou-se na América do Sul, a partir de onde comandou
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ações armadas contra o regime de Salazar, como, por exemplo, o se-


questro do paquete Santa Maria, em 1961. Faleceu no Brasil, em 1970.
Henrique Galvão
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Curiosidade

Batalha do Alto do Viso


Combate travado a 1 de maio de 1847, perto de Setúbal, entre as tropas de D. Maria II, comandadas pe-
lo conde Vinhais, e a Junta Insurrecional do Porto, comandada pelo visconde Sá da Bandeira. Este conflito
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de guerra civil terminou com a intervenção da Inglaterra, que se ofereceu para uma mediação.

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Distrito de

Évora
Lenda de
Geraldo Geraldes,
o Sem Pavor
Geraldo Geraldes era um homem de origem nobre
que vivia à margem da lei. Era chefe de um bando de
homens expulso das suas terras que habitavam num
pequeno castelo nos arredores de Yeborath (Évora).
Conhecido também por o Sem Pavor, Geraldo Geral-
des decidiu conquistar Évora para recuperar a sua hon-
ra e o perdão para os seus homens. Disfarçado de
trovador, vigiou a cidade e planeou a sua estratégia de
ataque à torre principal do castelo. Uma noite, Geraldo
subiu sozinho à torre e matou os dois guardas.
Com a chave das portas da cidade na sua posse,
reuniu os seus homens e atacou a cidade ador-
mecida. No dia seguinte, D. Afonso Henriques re-
cebeu a grande novidade. Satisfeito, devolveu a
Geraldo Geraldes as chaves da cidade, nomean-
do-o alcaide perpétuo de Évora.
Infopédia, Porto Editora

Monumentos

Monsaraz foi ocupada pelos cristãos após a con-


quista de Évora aos Muçulmanos, por Geraldo Geral-
des, sendo posteriormente doada aos Templários e
ficando, após a extinção desta ordem, nas mãos da Or-
dem de Cristo. O seu primeiro foral data de 1276 e foi
outorgado por D. Afonso III. Este monarca, assim como
D. Dinis, reedificaram o seu castelo, bem como a cerca
amuralhada. Durante as guerras fernandinas, a vila foi
saqueada, em 1381, e quatro anos depois ocupada por
Castelo de Monsaraz D. João de Castela. Foi resgatada pouco antes da bata-
lha de Aljubarrota por D. Nuno Álvares Pereira, vindo a
receber a vila como benesse.

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Distrito de Évora

Foi fundada pelo bispo D. Paio, em 1186, vinte anos


após a conquista da cidade. O templo consagrado em
1204 resultou, provavelmente, da adaptação da antiga
mesquita ali existente. Conheceu diversos acrescentos
até ao século XVI. Guarda, atualmente, um valioso es-
pólio que se encontra exposto no Museu de Arte Sacra,
distribuído por obras de pintura, escultura, paramenta-
ria e ourivesaria.

Catedral de Santa Maria

A praça de Estremoz foi fundamental para a defesa do


território nacional ao longo da Idade Moderna. No con-
texto das guerras da Restauração, em 1642, D. João IV
mandou inspecionar as praças alentejanas e promover
as obras necessárias para assegurar a defesa do reino.
Em 1662 ampliaram-se as fortificações de Estremoz
e edificou-se uma segunda linha de fortificações. Durante
as guerras da Restauração e da Sucessão de Espanha,
Fortaleza de Estremoz
a praça transformou-se num local de concentração e co-
mando das tropas. Ocupada pelos franceses em 1808,
a praça sofreu diversos saques.

Deveu-se a D. Jaime, 4.° duque de Bragança, a edifi-


cação do paço ducal, decidindo substituir o velho paço
medieval, devido ao desejo de obter uma residência
com o requinte e o prestígio de outros palácios. As
obras tiveram início em 1501 e prolongaram-se por três
séculos. D. Teodósio, 5.° duque de Bragança, fascinado
pelos cânones humanistas, procurou instalar na sua
corte mestres e lentes conceituados para educarem os
seus filhos. Com a subida ao trono do 8.° duque de Bra-
Paço Ducal de Vila Viçosa gança, D. João IV, o palácio perdeu o seu brilho, uma
vez que a família ducal se transferiu para Lisboa.
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Tradições
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

As Brincas – Évora
As suas origens deverão situar-se por volta do século XVI e decorrem durante o Carnaval. Consistem em
representações teatrais, feitas ao ar livre, de um drama popular em rimas. Estas representações podem ser
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baseadas em episódios da Bíblia, da História de Portugal, em contos tradicionais ou em factos da realidade


alentejana. São compostas pelos atores, pelo palhaço, pelos músicos e pelo mestre, que geralmente de-
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sempenha a função de ensaiador.

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Distrito de Évora
Personalidades
André de Resende

Nasceu em Évora, em 1500, e foi um ilustre humanista português. Além de poeta e pedagogo, foi
ainda um memorialista. Deixou uma vasta produção literária em latim e português. Estudou nas uni-
versidades de Alcalá de Henares, Salamanca, Lovaina e Paris, onde conheceu as grandes correntes
culturais do tempo. Regressou definitivamente a Portugal em 1533. Graças ao seu labor, conseguiu
que alguns humanistas de renome, como Clenardo, viessem para Portugal, ora ensinando na univer-
sidade portuguesa ora desempenhando o cargo de percetores de membros destacados da nobreza.
Faleceu em 1573 na mesma cidade onde nasceu.

Nasceu em Vila Viçosa, em 1500, tendo sido navegador e guerreiro. Foi


discípulo de Pedro Nunes, com quem adquiriu conhecimentos de navega-
ção, de matemática, de cosmografia e de geografia. A sua carreira de
homem do mar teve início em 1531, aquando de uma expedição ao Brasil,
com a missão de banir os Franceses do litoral daquele território, descobrir
terras, explorar alguns rios e estabelecer núcleos de povoamento euro-
peu. Destacou-se, igualmente, na Índia, onde veio a ser governador entre
1542 e 1545. Faleceu em Lisboa, a 21 de julho de 1564.

Martim Afonso de Sousa

Nasceu em Vila Viçosa, a 19 de março de 1604. Foi escolhido pelos pro-


tagonistas da Restauração para assumir o trono português, aquando da re-
volução de 1 de dezembro de 1640. Foi aclamado rei no dia 15 do mesmo
mês, tendo tomado medidas imediatas para defender o reino de Espanha.
Logo no ano seguinte, em 1641, venceu os Espanhóis na Batalha do Montijo.
Procurou a ajuda de outros reinos, através de uma intensa atividade diplo-
mática. Faleceu a 6 de novembro de 1656, deixando o reino organizado ao
cuidado da regência de sua esposa, D. Luísa de Gusmão.
D. João IV

António Sebastião Ribeiro de Spínola nasceu a 11 de abril de 1910, em


Estremoz. Exerceu o cargo de Governador da Guiné de 1968 a 1973. Findo
o seu mandato, regressou a Portugal, sendo nomeado vice-chefe do Esta-
do-Maior General das Forças Armadas. No desempenho deste cargo in-
compatibilizou-se com Marcelo Caetano, sendo demitido. Após o 25 de
Abril, exerceu a presidência da Junta de Salvação Nacional e a Presidência
da República durante alguns meses. Faleceu a 23 de agosto de 1996.

Curiosidades António de Spínola

Convenção de Évora Monte


Acordo assinado a 26 de maio de 1834, pondo fim à guerra civil entre liberais e absolutistas. Após serem
interpelados pelo general Azevedo de Lemos, comandante dos absolutistas, os generais Saldanha e da Ter-
ceira deram início à negociação da paz, exigindo D. Pedro a rendição do seu irmão, D. Miguel. Após várias
derrotas do exército miguelista, D. Miguel viu-se impossibilitado de vencer o conflito, aceitando a rendição.
Entre outras disposições, foi exigido que D. Miguel deixasse o país definitivamente no prazo de 15 dias, não
regressasse a Portugal e depusesse as armas miguelistas.

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Distrito de

Beja
O Lidador

Diz a lenda que Gonçalo Mendes da Maia,


nomeado Lidador pelas muitas batalhas ga-
nhas contra os Mouros, decidiu celebrar os
seus 95 anos com um ataque ao famoso mouro
Almoleimar.
Gonçalo Mendes da Maia e os seus compa-
nheiros de armas sabiam que o exército de Al-
moleimar era muito superior ao seu. Aliás, os
seus companheiros ainda se opuseram a essa
ideia mas, mesmo assim, aquele saiu da cidade
de Beja com trinta cavaleiros e trezentos ho-
mens de armas.
Depois de percorrerem alguma dis-
tância, depararam-se com os soldados
de Almoleimar. A batalha começou e
ambos os exércitos lutaram com cora-
gem. Gonçalo Mendes e Almoleimar lu-
taram entre si. Um golpe fatal matou o
mouro e outro deixou Gonçalo Mendes
Maia à beira da morte. O Lidador, quase
sem forças, perseguiu com os seus homens
os mouros que se puseram em fuga. O esforço
de um último golpe sobre um cavaleiro mouro
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agravou os ferimentos do Lidador, que caiu mor-


Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

to. Os cerca de sessenta cristãos sobreviventes


celebraram com lágrimas esta última vitória do
Lidador.
Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d (adaptado)
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Distrito de Beja
Monumentos
A presença humana em Beja remonta à Idade do
ferro, mas foi com a ocupação dos Romanos que a
povoação se desenvolveu. As fortificações que envol-
viam a povoação, construídas entre os séculos III e IV,
desapareceram após a invasão dos bárbaros, caben-
do a D. Afonso III a construção do castelo. Atingiu o
seu apogeu no reinado de D. Manuel I, após múltiplas
intervenções, sendo adaptado ao uso da artilharia na
Castelo de Beja
altura das guerras da Restauração.

É provável que as primeiras fortificações de Serpa


tenham sido construídas pelos Romanos, uma vez que
os Muçulmanos terão encontrado o local fortificado. Foi
conquistado por D. Afonso Henriques em 1166, tendo
os Muçulmanos em retirada arrasado as fortificações,
vindo a ser reconstruídas a partir de 1295, no reinado
de D. Dinis. A fortaleza foi modernizada pela altura das
guerras da Restauração, dada a necessidade de se in-
Castelo e muralhas de Serpa
troduzirem alterações devido ao uso da artilharia.

As muralhas e a alcáçova atuais são de origem mu-


çulmana, nomeadamente do último terço do século XII.
Foi conquistada por D. Sancho II, em 1238, sendo Mér-
tola doada à Ordem de Santiago. Em 1292 edificou-se a
torre de menagem ainda hoje existente, sofrendo o
complexo importantes obras de melhoramento entre
1373 e 1404. A partir dos finais do século XVIII entrou
em decadência, em virtude da diminuição da sua im-
Castelo de Mértola
portância defensiva.

A inexistência de estruturas defensivas permitiu que


os piratas argelinos saqueassem Vila Nova de Milfontes
e matassem ou escravizassem grande parte da popula-
ção, no reinado de D. João II. Embora os ataques se ti-
vessem repetido, só entre 1599 e 1602 é que se erigiu
uma fortificação. No entanto, o forte construído não foi
capaz de impedir uma incursão de piratas Muçulmanos,
em 1638, tendo sido reforçada a sua estrutura no reina-
do de D. João IV. Forte de Milfontes

Tradições

Baile da Pinhata
Pinhata é o nome atribuído aos potes ou bilhas de barro presos pela asa sob o recinto onde se realiza o
baile. O pote é partido pelos pares de dançarinos que participam no jogo. Essa tarefa cabe ao homem, de
olhos vendados, usando uma vara ou bengala. Tem a ajuda do seu par, que o orienta até conseguir partir
aquela em que se encontra o verdadeiro prémio. Os outros potes costumam conter serradura, bombons,
rebuçados ou água. Tem lugar durante a Quaresma.

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Distrito de Beja
Personalidades

André de Gouveia

Nasceu em Beja, mas não se conhece a data do seu nascimento, embora tudo indique que tenha
ocorrido na última década do século XV. Foi um dos primeiros portugueses a estudarem no Colégio
de Santa Bárbara, em Paris, na altura dirigido por um tio seu. Fez o doutoramento em Teologia e, en-
tre 1529 e 1534, dirigiu o colégio onde anteriormente estudara. Em 1533 foi nomeado reitor da presti-
giada Universidade de Paris. Regressou a Portugal a pedido de D. João III, que o nomeou reitor do
Colégio das Artes, criado em Coimbra. Faleceu em fevereiro de 1548.

Nasceu na Vidigueira, a 15 de junho de 1524. Foi educado pelo pai,


Paulo Nunes Estaço, para seguir a carreira militar e partiu para a Índia ain-
da criança. Quando regressou a Portugal matriculou-se na Universidade
de Évora, prosseguindo aí os seus estudos iniciados com João de Barros.
Foi discípulo de André de Resende, estudou Humanidades na Universida-
de de Lovaina, frequentando, de seguida, a Universidade de Paris. Em
1555 foi para a Flandres e daí partiu para Roma, onde foi bibliotecário do
cardeal Sforcia. Foi secretário do Concílio de Trento. Faleceu em Roma, a
28 de setembro de 1581.
Aquiles Estaço

Nasceu em Aljustrel, em 1862. Foi médico, jornalista, governador ultra-


marino e escritor. Em 1906 fundou e dirigiu A Luta, diário que contribuiu
para a Implantação da República, através da difusão dos ideais republica-
nos. Após a Implantação da República, assumiu a pasta do Fomento do
Governo Provisório. Fundou e dirigiu a União Republicana, após a divisão
do Partido Republicano. Opôs-se à participação do exército português na
I Guerra Mundial em França, defendendo a sua intervenção em África,
para proteção das colónias. Mais tarde acabaria por abandonar a política
e dedicar-se à literatura. Faleceu em Lisboa, em 1934.
Manuel de Brito Camacho

Curiosidade
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Batalha de Ourique
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Batalha travada entre D. Afonso Henriques e os Muçulmanos, a 25 de julho de 1130, que se saldou na
derrota destes. O local da batalha foi tradicionalmente apontado como sendo Ourique, no Alentejo. Embora
outros locais tenham sido avançados, este é o que reúne maior consenso. Tradicionalmente, esta batalha é
relatada como sendo o momento em que D. Afonso Henriques derrotou cinco reis mouros que comanda-
vam um enorme número de soldados, embora atualmente se pense que, por dificuldades vividas entre os
Muçulmanos, o contingente muçulmano era bem menor. No século XV surgiu uma lenda associada a esta
batalha, que relatava que antes do combate Jesus Cristo apareceu a D. Afonso Henriques, assegurando-lhe
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a vitória e a proteção do reino.

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Distrito de

Faro
Lenda dos aloendros
Estava D. Afonso III ocupado com a conquista
de Faro, Harume para os Mouros, juntamente com
D. João Peres de Aboim, quando numa madruga-
da do fim de março de 1249 este ouviu um ruído
misterioso.
Cautelosamente, D. João foi investigar o que se
passava, até que saiu um indivíduo de uns arbustos.
Depois de conversarem um pouco, D. João tirou-lhe
o turbante e apercebeu-se que era Alandra, filha do
príncipe de Harume.
Alandra confessou a D. João que sabia do amor
que ele sentia por ela e, por essa razão, pedia-lhe aju-
da para poupar a vida das mulheres e das crianças
de Harume. D. João prometeu-lhe que o seu
desejo seria satisfeito.
Quando D. Afonso III se preparava para con-
quistar Harume, reuniu-se com os seus ho-
mens e deixou que D. João de Aboim fosse o
primeiro a falar. Este garantiu ao rei que a ci-
dade se entregaria se, em troca, as mulheres
e as crianças fossem respeitadas.
Assim aconteceu. O príncipe de Haru-
me entregou as chaves da fortaleza e, já no
regresso, D. João Peres de Aboim confessou ao rei
que a mulher que amava tinha desaparecido miste-
riosamente. No entanto, tinha-lhe deixado um ramo
de flores às quais, em memória da sua amada,
Alandra, passou a chamar alandras. Mais tarde o
seu nome transformou-se e passaram a chamar-se
aloandras e depois aloendros, ou apenas loendros,
seu nome atual.
Gentil Marques, Lendas de Portugal. Lendas de mouras e mouros,
âncora Editora, 1999 (adaptado)

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Distrito de Faro
Monumentos
Na época em que os Muçulmanos ocuparam a loca-
lidade, o rio Aljezur era navegável, pelo que foi necessá-
rio construir uma fortificação para defender um impor-
tante porto que aí existia. Em 1249, o castelo passou
para as mãos dos cristãos, que empreenderam algu-
mas reformas, vindo a receber foral em 1280, outorgado
por D. Dinis. Em 1448, o complexo encontrava-se em
ruínas, sendo recuperado por volta de 1504, aquando
Castelo de Aljezur da outorga de novo foral por D. Manuel I.

A sua construção remonta aos tempos da ocupação


muçulmana. Em 1189 foi conquistada por D. Sancho I,
caindo nas mãos dos Muçulmanos dois anos depois.
Recuperada definitivamente por D. Paio Peres Correia,
foi ordenada a sua reconstrução, bem como o seu re-
povoamento por D. Afonso III, tendo-lhe outorgado foral
em 1266. Os sismos de 1722 e 1755 contribuíram para
a sua degradação.
Castelo de Silves

A construção do edifício iniciou-se em 1251, dois


anos após a conquista de Faro. Foram os dominicanos
Pelaio e Pedro encarregados de construírem a Igreja
de Santa Maria. Em 1321, D. Dinis ordenou a venda de
um imóvel para que a igreja pudesse ser ampliada.
Contudo, foi a dinastia de Avis que patrocinou as obras
de engrandecimento do templo. Em 1577, a igreja foi
transformada em Sé Catedral, por influência do bispo
Sé de Faro D. Jerónimo Osório, em detrimento de Silves.

O Infante D. Henrique, em 1443, obteve a doação


de Sagres e da região envolvente, decidindo-se pela
criação de uma vila fortificada que apoiasse e defen-
desse a navegação. No reinado de D. Sebastião e de
Filipe I foram feitas obras de melhoramento da estrutu-
ra, sendo novamente intervencionada por ordem de
D. João IV, no contexto das guerras da Restauração.
O terramoto de 1755 causou-lhe vários estragos, pelo
que D. Maria I ordenou a sua reconstrução, em 1793. Fortaleza de Sagres
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Tradições
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Carnaval de Loulé
Remonta ao ano de 1906, chamado de “civilizado” por se opor às práticas carnavalescas anteriores, que
se caracterizavam por atitudes agressivas, sujas e desordeiras. Logo na primeira edição contou com um
bodo aos pobres, revertendo o lucro dos festejos em favor dos mais necessitados. Nesse ano trocou-se o
pó de carvão, verdete e cinza por serpentinas, confetes, bombons, rebuçados e chuvas de flores, trazendo
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para a rua um cortejo alegórico.

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Distrito de Faro
Personalidades

Nasceu em Tavira, em 1658. Foi ministro dos reis D. Pedro II e D. João V.


Estudou na Universidade de Coimbra, onde obteve o doutoramento em Câ-
nones, e foi nomeado corregedor da Câmara do Porto. Em 1661 foi enviado
à Holanda com o objetivo de protestar contra os ataques dos Holandeses
aos nossos navios, conseguindo o pagamento de uma indemnização. Du-
rante a Guerra da Sucessão de Espanha, D. Pedro II mandatou-o para ad-
ministrar as operações armadas. Em 1707, D. João V nomeou-o secretário
de Estado, cargo que ocupou até à sua morte, em 1736.
Diogo de Mendonça Corte Real

Nasceu em Faro, a 6 de janeiro de 1763. Oriundo de uma família de


militares, também ele seguiu esta carreira. Ofereceu resistência a Junot,
aquando da primeira invasão francesa, sendo eleito membro da Junta
Provisória do Algarve. Entrou para o Sinédrio e foi membro da Junta Pro-
visional do Governo Supremo do Reino, tendo comandado as tropas que
seguiram para Lisboa. Participou nas lutas entre liberais e absolutistas, ao
lado dos primeiros, nomeadamente aquando do cerco do Porto. Faleceu
no Porto, a 2 de junho de 1833.
Sebastião Valente de Cabreira

Nasceu em Loulé, em 1883. Foi Oficial da Armada e participou na pre-


paração e desencadeamento do 5 de outubro de 1910. Em 1911 foi depu-
tado às Constituintes. Mais tarde, revoltou-se contra o regime que ajudou
a implantar, por razões que ainda hoje permanecem pouco claras. Partici-
pou na implantação da Ditadura Militar, em 1926, assumindo poderes di-
tatoriais nos primeiros dias deste regime, num Governo que controlava
todas as pastas. Acabou por ser afastado do poder pelo grupo liderado
por Gomes da Costa. Faleceu em 1965.
José Mendes Cabeçadas

Nasceu em Faro, a 3 de março de 1905. Cursou Direito na Universidade


de Lisboa, passando a exercer a profissão de advogado. Paralelamente,
desenvolveu atividade política de oposição ao regime vigente, tendo partici-
pado em revoltas no Porto e em Lisboa. A sua postura de oposição valeu-
-lhe a impossibilidade de exercer determinados cargos, tendo sido manda-
tário do candidato presidencial Norton de Matos. Como advogado, defendeu
réus com processos movidos pelo Estado Novo. Após o 25 de Abril de
1974, foi nomeado primeiro-ministro do primeiro Governo Provisório.
Adelino de Palma Carlos
Curiosidade

Tratado de Alcoutim
Tratado celebrado entre D. Fernando e o rei de Castela, Henrique II, a 31 de março de 1371, pondo fim às
lutas travadas entre os dois monarcas. Nele juraram fazer a paz, manter a amizade e o auxílio e trocar os
prisioneiros e as terras conquistadas. Foi, ainda, acordado o casamento entre o rei português e a filha do rei
castelhano, D. Leonor, que não se viria a concretizar.

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Madeira
A lenda de Machico
Na corte britânica de Eduardo III, vivia Roberto
Machim, um cavaleiro pobre. Tinha como melhor
amigo e companheiro de armas o fidalgo D. Jorge.
Certo dia, este pediu a Roberto para ir com ele
esperar a sua jovem e bela prima Ana de Harfet.
Ao contrário do que esperava D. Jorge, Roberto e
Ana apaixonaram-se.
Os pais de Ana não aceitaram a união com um
cavaleiro pobre e ordenaram o casamento de Ana
com um dos fidalgos da corte. Decidido a lutar por
Ana, Roberto foi preso por ordem do rei durante
alguns dias, enquanto a cerimónia de
casamento se realizava.
Quando saiu da prisão, o seu grande
amigo D. Jorge informou-o de que Ana
estava a morrer de amor. Com a ajuda de
D. Jorge, Ana e Roberto fugiram num barco
em direção a França. Durante a viagem,
uma terrível tempestade arrastou-os para
muito longe da sua rota e a sua embarcação
foi parar a uma ilha paradisíaca.
Entretanto, Ana adoeceu e não resistiu à febre,
acabando por morrer. Foi enterrada na bela ilha.
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Roberto sentou-se ao lado da sepultura e deixou-


-se desanimar, acabando também ele por morrer.
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

A ilha onde chegaram os dois apaixonados é a


ilha da Madeira e a capela mandada construir
pelo primeiro donatário do Machico localizou-se
no sítio onde foram encontrados os seus túmulos.
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Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d (adaptado)

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Madeira
Monumentos

A produção e o comércio do açúcar da ilha da


Madeira atingiram o seu auge entre os séculos XV e XVI,
existindo então 33 engenhos em atividade. No entanto,
em 1861, apenas funcionavam cinco engenhos, devido
à produção e comércio iniciados por outros países, que
levou à redução da atividade madeirense. Atualmente,
ainda existem três engenhos em funcionamento.
Engenhos de açúcar

A igreja de Santa Maria do Funchal ganhou o estatu-


to de Sé Catedral em 1514. Foi D. Diogo Pinheiro o seu
primeiro bispo. Nesse mesmo ano, D. Manuel ordenou
que se fizessem obras de melhoramento do templo cuja
origem remonta a 1488, ano em que o monarca era go-
vernador da Ordem de Cristo. Exerceu um papel impor-
tante enquanto panteão de algumas famílias da Madeira.
Sé do Funchal

Perante as investidas dos corsários, a Câmara do


Funchal pediu a D. João III, em 1523, a fortificação dos
arrifes de Santa Catarina e do Santo. Tal só se veio a
concretizar por volta de 1614, já no reinado de Filipe II.
Sofreu obras de ampliação no século XVIII, respeitando
o traçado original que se manteve até hoje.
Forte de Santiago

Foi construído no século XVIII e situa-se no local onde


se pensa que tenham desembarcado Gonçalves Zarco
e Tristão Vaz Teixeira quando chegaram à Madeira pe-
la primeira vez. Integra um grupo de pequenos fortes
que defendiam os principais embarcadouros da costa
portuguesa.

Forte de São João Baptista

Tradições

Festa das Flores


A sua realização iniciou-se em 1979 e tem lugar na primavera. Foi uma forma de se promover a flor da
ilha da Madeira e, desse modo, desenvolver o turismo. Como nesse ano se comemorava o Ano Internacio-
nal da Criança, optou-se por incluir na comemoração o passeio infantil até à Câmara Municipal. Atualmente,
o Cortejo da Flor, composto pelos carros alegóricos, e a exposição de flores constituem os principais even-
tos da festividade.

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Madeira
Personalidades
João Gonçalves da Câmara

Filho primogénito de João Gonçalves Zarco, nasceu em 1414 e foi o segundo capitão-donatário do
Funchal a partir de 1467. Como era comum entre a nobreza madeirense, participou nas guerras marro-
quinas, sobretudo na conquista de Arzila, em 1471, no cerco de Ceuta e na expedição a Larache. Foi
durante o seu governo da donataria do Funchal que esta se tornou num centro económico de relevo no
Império Português, graças ao desenvolvimento da indústria e do comércio do açúcar. Faleceu em 1501.

Foi um navegador de vulto do século XVI, contemporâneo de Afonso


de Albuquerque, e nasceu na ilha da Medeira. Foi encarregado por Afonso
Albuquerque de reconhecer e explorar as ilhas Molucas, a partir de 1511.
Um historiador inglês avança, inclusive, a hipótese de ter sido ele a desco-
brir a Austrália. Foi capitão do mar e, mais tarde, capitão-mor, em Malaca,
e esteve em Moçambique e em Goa.

António de Abreu

António Aloísio Jervis de Atouguia nasceu na Madeira, em 1797. Fez o


curso de Matemática na Universidade de Coimbra, sendo nomeado pro-
fessor da Academia da Marinha. Em 1828, após a restauração do regime
absolutista, partiu para Inglaterra e, em 1832, participou na guerra civil ao
lado dos liberais. Foi deputado e ministro. Após as vitórias liberais, opôs-
-se ao Setembrismo e esteve envolvido na revolta dos marechais, pelo
que teve de sair novamente do reino. Acabou por jurar a Constituição de
1838 e, em 1853, foi-lhe atribuído o título de visconde. Faleceu em 1861.
Primeiro Visconde de Atouguia

Nasceu na Calheta, a 22 de janeiro de 1869. Além da carreira militar,


distinguiu-se, também, na carreira política. Foi Governador Civil do Funchal,
entre 22 de fevereiro e 14 de maio de 1914, e presidente da comissão admi-
nistrativa da Câmara Municipal de Lisboa, entre julho de 1926 e setembro
de 1927. Exerceu a função de ministro do Interior, entre 1928 e 1929, entre
outras, nos anos posteriores. Chegou, inclusive, a ser chefe do Governo,
entre 18 de abril e 10 de novembro de 1928. Faleceu em Lisboa, a 6 de
setembro de 1952.
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José Vicente de Freitas

Curiosidade
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

A ilha da Madeira
Quando os Portugueses chegaram à ilha que hoje se chama Madeira, encontraram um território ocupado
por densas matas e por uma grande quantidade de árvores. Para ocupar a ilha, o que ocorreu a partir de
1425, foi necessário proceder ao abate dessas árvores e, em alguns casos, fizeram-se queimadas para mais
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facilmente se desbravar o território. Por essa razão se atribuiu o nome Madeira a esta ilha.

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Açores
A ilha das Sete Cidades

Conta a lenda que no tempo da invasão dos


mouros, em 711, um grupo de sete bispos fugiu
da Península, levando consigo os cristãos que os
quiseram acompanhar.
Embarcaram em navios, na foz do Douro, e
uma terrível tempestade arrastou-os para uma
ilha paradisíaca. Nessa ilha, os bispos dividiram
o território em sete parcelas onde cada um fun-
dou uma cidade.
As cidades eram enormes e bem organizadas.
Os palácios tinham paredes de ouro e estavam
defendidos por fortificações construídas com gi-
gantescos blocos de pedra.
Muitos anos depois, os navegadores que
chegaram à ilha das Sete Cidades trouxe-
ram ao infante D. Henrique um pouco de
areia da praia da qual um ourives retirou
bastante ouro. Estes homens acabaram
por fugir do reino quando o infante os
mandou embarcar de novo em direção
à ilha. Mas esta nunca mais foi achada pelos
navegadores, pois um enorme desastre devas-
tou a ilha.
Por isso, quando os Portugueses lá chegaram,
só encontraram vestígios daquele paraíso, no-
meadamente duas belíssimas lagoas, uma verde
e outra azul: a lagoa das Sete Cidades.
Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores, s/d (adaptado)

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Açores
Monumentos
O povoamento da ilha de São Miguel teve início em
1444 e foi conduzido por Frei Gonçalo Velho Cabral, for-
mando-se, então, vários núcleos de pescadores. Dois
desses núcleos expandiram-se e acabaram por se unir.
Em 1499 foi criado o concelho de Ponta Delgada, elevan-
do-se a povoação ao estatuto de vila. O desenvolvimento
da atividade piscatória, agrícola e mercantil permitiu o
progresso económico e social da povoação no século
XVI. Em 1546 acabou por ser elevada a cidade, sendo
Aglomerado urbano de Ponta Delgada uma das primeiras preocupações a construção de um
forte para assegurar a sua defesa.

Este forte integra a linha defensiva da cidade da Horta,


composta por 21 fortes que defendiam a ilha, sendo este
o maior. A sua construção iniciou-se em 1567, e só no
século XVII se completou a construção dos seis fortes
que a Horta contava. Durante o domínio Filipino, o forte
sofreu os ataques dos Ingleses, inimigos de Espanha. No
século XIX, durante as lutas entre liberais e absolutistas,
foi conquistado pelos exércitos de D. Pedro IV.
Forte de Santa Cruz

D. Sebastião mandou fundar, em 1569, um colégio para a compa-


nhia de Jesus, no lugar onde anteriormente existiam casas da família
Távora. Com a expulsão da Companhia de Jesus do reino, em 1759, foi
ordenada a retenção dos seus bens. Sete anos mais tarde, o primeiro
governador-geral dos Açores, D. Antão de Almada, adaptou o edifício a
residência dos capitães-generais. Foi Paço Real por duas vezes, a pri-
meira em 1832, quando D. Pedro IV esteve aí instalado, e a segunda
em 1901, quando D. Carlos e D. Amélia aí se acolheram.
Palácio dos
Capitães-Generais

A igreja foi construída por vontade do cardeal D. Henrique. As obras


iniciaram-se em 1570 e terminaram em 1618. Substituiu a igreja paroquial
mandada construir por Álvaro Martins Homem e concluída em 1474 por
João Vaz Corte-Real, primeiro capitão-donatário da capitania de Angra.
O terramoto de 1980 danificou parte do edifício, procedendo-se, então, à
sua reconstrução. Quatro anos depois foi palco de um incêndio que des-
truiu as talhas dos altares e o teto.
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Sé de Angra
Tradições
Alfa – 4.° ano – Roteiro Histórico de Portugal

Danças de Entrudo e bailinhos – ilha Terceira


Realizam-se todos os anos no Domingo Gordo e na segunda e terça-feira de Carnaval, em toda a ilha.
Estão a cargo de dezenas de grupos que se encarregam da preparação dos trajos vistosos e dos respetivos
ensaios das “danças de espada” e “danças de pandeiro”, que compõem as danças de entrudo. Os bailinhos
são danças mais ligeiras com origem nas “danças de pandeiro” e procuram criticar o poder político, com
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caricaturas de figuras públicas.

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Açores
Personalidades

Nasceu na Horta, em 1840. Empenhou-se, desde jovem, na propa-


ganda republicana. Foi professor, poeta e escritor, notabilizando-se co-
mo advogado que defendia aqueles que eram processados pelas suas
ideias e atividades. Fez parte do Diretório do Partido Republicano, foi
deputados duas vezes ainda durante o regime monárquico e eleito para
as Constituintes de 1911. Nesse mesmo ano tornou-se o primeiro Presi-
dente da República constitucionalmente eleito. Em 1915 demitiu-se, dei-
xando a atividade política. Faleceu dois anos depois, em 1917.

Manuel de Arriaga

Nasceu em Ponta Delgada, a 24 de fevereiro de 1843. Formou-se em


Direito, passou para o domínio da História e da Literatura, foi poeta e
jornalista. Foi pioneiro na História da Literatura, dos nossos usos e cos-
tumes e das tradições orais. Dedicou-se, ainda, à Filosofia e foi fundador
do Partido Republicano. Após a instauração da República, a 5 de outu-
bro de 1910, foi nomeado Presidente da República, ainda que provisório.
Após a renúncia de Manuel de Arriaga, em 1915, foi eleito para o mesmo
cargo. Faleceu em 1924.
Joaquim Teófilo Braga

Nasceu em Ponta Delgada, em 1849, e formou-se em Direito na


Universidade de Coimbra. Foi eleito deputado em 1878 e fez parte dos
governos regeneradores a partir de 1881. Foi um militante do Partido Re-
generador, do qual foi presidente em 1900. Foi primeiro-ministro de 1893
a 1897, de 1900 a 1904 e em 1906. Se inicialmente a sua política se pau-
tou pela moderação, viria a tornar-se mais repressivo à medida que a
monarquia se debatia com a crise que levou à substituição do regime,
chegando, inclusive, a provocar divisões entre os partidos monárquicos.
Morreu em 1907.
Ernesto Hintze Ribeiro

Nasceu a 12 de junho de 1850, na ilha de São Miguel. Foi nomeado, em


1877, para acompanhar Hermenegildo Capelo e Serpa Pinto numa expedi-
ção proposta pela Sociedade de Geografia de Lisboa. A expedição preten-
dia que explorassem o continente africano, entre a costa atlântica e a do
Índico, para recolher informação geográfica que facilitasse o comércio e as
comunicações. Faleceu a 28 de janeiro de 1898.

Roberto Ivens
Curiosidade

Batalha da Praia da Vitória


Combate travado no dia 11 de agosto de 1829, na baía de Vila da Praia, entre uma armada de 22 navios
de D. Miguel e as fortificações que defendiam aquela região que se encontrava, à semelhança de toda a ilha,
fiel a D. Maria II. As tropas absolutistas foram derrotadas e a Vila da Praia, por decreto de 12 de janeiro de
1837, passou a chamar-se Vila da Praia da Vitória.

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O meu meio local
Lenda

Monumentos
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Personalidades

Curiosidade ou tradição

Criação intelectual: Ricardo Silva


Editora: Porto Editora Este livro respeita as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Este Roteiro Histórico de Portugal faz parte integrante do Dossier de Recursos do Professor – 4.° ano.

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