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Renascimento – movimento cultural dos séculos XV e XVI, que marca a transição da Idade Média para a
Idade Moderna.

Mudanças: desintegração da Igreja Católica; estudo das civilizações antigas (grega, latina e


hebraica); recuperação e imitação de valores e modelos da Antiguidade Greco-Romana;
renovação das artes e literatura, inspiradas nos clássicos; forte espírito de curiosidade diante da
vida e do Homem.

·       Humanismo: valorização de tudo o que é humano e implica a exaltação do valor do Homem, colocando-o


no centro do Universo (antropocentrismo) – homem libertado das ignorância medieval, centro do mundo,
amante da beleza, intelectualmente cultivado e orgulhoso da sua razão, levando-o a desenvolver o espírito
crítico e, em alguns casos, a questionar a autoridade da Igreja.

·       A nível socioeconómico: decadência – perda da independência e do domínio de comércios marítimos;


perda de influência na política europeia; crises agrícolas; ostentação de luxo excessivo; aumento do número de
servos e escravos; poder absoluto da Coroa; corrupção e perda de valores; parasitismo da nobreza; crescente
interferência do Clero em assuntos políticos; Tribunal do Santo Ofício (1560).

·       A nível Cultural: apogeu.

Contexto Literário – influências

·       Estéticas tradicionais:

Poesia trovadoresca: Camões deu continuidade a temas recorrentes da poesia trovadoresca, como o amor, o
sofrimento causado pelo amor, o desprezo da mulher amada, a relação com a Natureza;

Poesia Palaciana: poesia produzida no paço (palácio), para entreter e divertir; os temas abordados não fogem
muito dos utilizados na poesia trovadoresca, como o amor, o sofrimento, a saudade da amada. Porém, manifestam-
se alguns temas diferenciadores como a saudade (associada às viagens ultramarinas).

Géneros literários:

Da poesia palaciana – glosa/volta (desenvolvimento) de um mote (conjunto de versos que apresentam a ideia a ser


tratada nas glosas ou voltas); vilancete – mote de dois ou três versos e uma volta de sete; cantiga – mote de
quatro ou cinco versos e uma glosa de oito, nove ou dez versos; esparsas – composições sem mote, com apenas
uma estrofe, que pode apresentar oito, nove, dez ou mais versos; trovas ou endechas – composições sem mote,
com um número variável de estrofes (de quatro a oito versos).

Da inspiração clássica: sonetos – composições com versos de dez sílabas (decassilábico); constituído por duas
quadras (devem apresentar o assunto – assunto exposto na primeira quadra e desenvolvido na segunda) e dois
tercetos (o 1º deve retomar o desenvolvimento e o último tem como finalidade concluir o assunto); com esquema
rimático ABBA (interpolada), AABB (emparelhada) ou ABAB (cruzada); também podem assumir a forma de odes,
éclogas, canções, entre outros.
·       Influência de Petrarca:

Petrarquismo: movimento literário italiano que apareceu no século XV, atingindo o apogeu no século XVI,
influenciando toda a poesia europeia; tem como intuito imitar a poesia de Petrarca; caracteriza-se pela retoma da
temática amorosa – é reservado um lugar central à figura da mulher que é vista como um ser inacessível, intocável,
reflexo de virtudes e qualidades como a gentileza, a sabedoria, a honestidade e a harmonia – representa a perfeição
física; é também central o protótipo feminino – mulher de cabelos, pele e olhos claros, como modelo de perfeição; a
mulher não pertence ao mundo terreno, é um ser divino – platonismo (amor platónico, inalcançável). Porém, a
mulher pode também aparecer associada a um ser demoníaco, cruel; assim, o amor dá lugar ao desespero, ao
cansaço e ao remorso.  

Temáticas na poesia de Camões

·       A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor:

“Amor é um fogo que arde sem se ver” – o sujeito poético tenta definir o amor, apresentando uma série de
expressões que refletem a sua natureza contraditória.

“Tanto de meu estado me acho incerto” – reflete sobre os efeitos contraditórios que a contemplação da mulher
amada provoca nele, demonstrando o sofrimento amoroso. 

·       A representação da amada:

“Descalça vai pera a fonte” – apresenta, num tom elogioso, o retrato de uma mulher – Leonor – que, num ambiente
campestre, vai à fonte.

“Um mover d’olhos brando e piadoso” – descrição da mulher amada, concluindo que a sua beleza produz nele um
efeito alquímico e transforma o seu pensamento.

“Leda serenidade deleitosa” – descrição da mulher amada, mostrando que as suas características representam as
armas através das quais o amor o aprisionou.

“Aquela cativa” – exaltação da beleza de Bárbara, uma mulher exótica, exprimindo os sentimentos que a sua beleza
gera nele – fascínio, amor, tranquilidade – o que evidencia os poderes da figura feminina.

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