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A Origem do Homem

Verificam-se mudanças nos padrões de E <-> W na circulação do oceano:

 Encerramento do Mar de Tétis;


 Empolamento (aumento volumétrico) e eventual encerramento do Istmo do Panamá
(4.5-2.6 MA);
 Constrição da passagem da Indonésia (a partir de 3 MA);
 Aumento do gradiente de temperatura equador-pólo e ventos mais fortes- padrões de
circulação oceânicas superficiais similares com a atualidade;
 Oscilações climáticas de maior amplitude e mais frequentes;
 Expansão significativa das calotas de gelo com icebergues à deriva nas águas abertas
do Atlântico Norte.

A Terra no Plioceno (5-1.8 MA)

 Formação do padrão moderno de zonas de vegetação;


 Na Eurásia e na América do Norte existem árvores de folha caduca em florestas de
tundra (em latitudes médias) e florestas de árvores coníferas em latitudes mais altas;
 Na África e sul da ásia, as florestas tropicais forma bandas estreitas em torno da linha
do Equador, cercado por uma grande expansão da floresta, savana e deserto.

África Oriental (c. 2.5 MA)

 Aridez crescente, com a expansão da savana, que se reflete nos perfis de pólen e
faunas, de roedores;
 Arrefecimento, com expansão de biomas temperadas para o Equador, que se reflete
na penetração das faunas da Eurásia;
 Maior variação sazonal.

Verifica-se nos Australopitecos uma maior especialização no consumo de alimentos duros,


sendo que os dentes contem esmalte espesso, molares grandes e adaptações esqueléticas
correspondentes. Já o género Homo contem uma dieta diversificada, com maior consumo de
carne. Verifica-se uma maior dependência das ferramentas e dos transportes, o cérebro
aumentou de tamanho e a vida social complexificou-se.

Homo (australopitecus) habilis

Foi identificado por Mary Nicol e Louis Leakey em Olduvai (Norte


da Tanzânia). Era um indivíduo relacionado ao uso de utensílios,
como instrumentos para cortar a carne ou partir os ossos
(esquartejamento). Terá vivido há cerca de 2.2-1.6 MA. A sua
capacidade craniana era de 680 cc, acreditando-se num
desenvolvimento da área de Broca, que permitia uma linguagem
articulada. A sua dieta teria sido omnívora, com um consumo significativo de produtos de
origem animal, como a carne ou a medula. Seria bípede, com membros inferiores mais
robustos e superiores mais ligeiros, deslocando-se ainda em árvores. O dimorfismo sexual é
menor que nos australopitecos robustos: o homem media 1.31m e pesava 37 kg, enquanto
que a mulher media 1 metro e pesava 32 kg.

Homo (australopitecus) Rudolfensis

História das pesquisas:

 1927- Bernard Ngeneo, Turkana, equipa de Leakey.


Inicialmente foi classificado como Homo Habilis.
 1986- V.P Alexeeve classifica como Homo Rudolfensis
(nome antigo do Lago Turkana- Rodolfo);

Richard Leakey foi acusado de manipular o fóssil para parecer


mais humano. Procederam-se a sucessivas reclassificações-
australopitecos, Kenyanthropus (2001).

Terá habitado a Terra há 2.4-1.9 MA. A sua capacidade é de 775


cc, contendo o mesmo nível de dimorfismo sexual como o
Homo Habilis. A sua dimensão era maior que as do Habilis, as
faces mais planas, e com maiores molares. Presumivelmente, fabricava ferramentas de pedra.

Australopitecus = Homo Habilis

 Crânio arredondado;
 Prognatismo reduzido;
 Arco zigomático menor;
 Bipedismo;
 Menor dimorfismo sexual;
 Capacidade craniana aumentada;
 Áreas de desenvolvimento da linguagem.
Homo Ergaster

A espécie Homo Ergaster foi descrita em 1975, a partir do fóssil KNM-ER 992, identificado em
1971 no sítio de Koobi-Fora. Homo Ergaster é equivalente a Homem trabalhador.

É um fóssil quase completo, tendo sido descoberto o esqueleto completo, junto ao lago
Turkana (Quénia) por Richard Leakey, Kamoya Kimeu e Tim White. Terá vivido há cerca de 1.8-
0.6 MA. A capacidade craniana era de 900 cm 3. O nível de dimorfismo sexual era igual ao do
Rudolfensis/ Habilis, com longos corpos delgados de proporções tropicais:

 Homem: 1.80m, 66kg;


 Mulher: 1.60m, 56kg.

Crânio redondo, cumes de testa salientes, os dentes são


pequenos com esmalte fino, os incisivos são maiores e
contém caninos. A dentição superior é mais usada. Tinha
uma dieta omnívora, ou seja, o consumo de produtos de
origem animal (carne, medula). Criou a indústria
acheulense (1.4 MA). Mais do que usar o ambiente, ele
transforma-o. Verificam-se alterações relacionadas com a
dieta mais omnívora. Em vez da trituração, passa a
praticar a mastigação, com a consequente alteração dos
músculos associados: redução da fossa temporal, cumes
da testa proeminentes, ossos da cara mais largos.
Verificaram-se também mudanças relacionadas com a
maior dimensão do cérebro: crânio maior e osso frontal mais amplo (expansão das áreas
anteriores do cérebro).
O Problema…

 Metabolicamente, o cérebro é um órgão muito dispendioso. Entre os seres humanos,


o consumo de energia do cérebro é nove vezes superior ao do corpo;
 Relação dimensão/ cérebro: primata é 1.9 vezes maior do que seria esperado; ser
humano é de 4.6.
 Como podem os primatas e os seres humanos especialmente, suportar os custos da
encefalização? Qual a origem da energia necessária para suportar um primata com
elevada capacidade craniana?

A observação empírica:

 Os tamanhos de coração, rim e fígado são aqueles que se esperavam de um primata


humano de 65kg;
 Mas não existe proporção entre o peso estimado e o peso real;
 O cérebro é mais pesado 850g e o intestino mais leve 781g

O tamanho e as proporções do intestino variam com a dieta. As dietas baseadas em grandes


quantidades de alimentos de digestão difícil requerem um maior volume intestinal. As dietas à
base de pequenas quantidades de alimentos de fácil digestão faz com que o intestino seja mais
alongado. As caixas torácicas do A. Afarensis é mais semelhante à dos chimpanzés que dos
humanos.
Capacidade craniana e ontogenia (origem e desenvolvimento de um organismo)

Chimpanzé- capacidade craniana ao nascimento é metade do adulto;

Homem moderno- capacidade craniana ao nascimento é de 1.4-1.3.

 Uma vez que a capacidade craniana estimada para adultos é de 900 cc, a anatomia
pélvica indica padrões de crescimento individuais semelhantes aos observados entre
os humanos existentes. Isto indica longos períodos de crescimento infantil e
crescimento do cérebro ao longo dos primeiros anos de vida pós-natal. Contudo, os
dados da dentição indicam uma adolescência mais curta.

Aumento da dimensão e da autonomia:

 74%-91% em autonomia mas


aumento de 45% do consomo de
água;
 Aumento no tamanho do corpo+
alongamento dos membros+
redução do tronco= redução da
relação superfície/ peso.

Tamanho maior, maior eficiência


energética

A atividade diurna tem muitas vantagens, como uma gestão mais eficiente do consumo de
água, o consumo de quantidades iguais de energia em raids de grandes distâncias, um corpo
mais linear, que diminui o aumento da exposição à radiação solar e perda de calor através da
evaporação e distância entre o tronco e a terra, com um melhor arrefecimento da pele por
correntes de ar. A maioria dos carnívoros caça ao amanhecer ou pôr do sol.

A origem da linguagem

 As frases são construídas a partir de mais unidades básicas gramaticais não


compósitas;
 Existem regras anteriores ou constrangimentos subjacentes ao mecanismo de
construção da frase ou constrangimento combinatório;
 Essas regras ou restrições existem em todas as línguas, e pode refletir uma inata
“gramática universal” ou “instinto da linguagem”.
 A língua pode ser estudada como uma estrutura lógica;
 Origem do processamento neural específico:
 Base genética subjacente;
 Não existente no cérebro dos chimpanzés;
 Apareceu nalgum ponto da evolução da linhagem humana.
A comunicação no cérebro humano é inata, sendo que o cérebro do macaco não faz
comunicação com vocalização. Mesmo humanos com danos cerebrais à nascença comunicam
melhor que qualquer espécie na terra. As crianças primeiro reconhecem os sons, e depois as
palavras. Entre os 18 e os 36 meses conseguem aprender regras gramaticais.

Nos Neandertais, a língua e a


laringe ocupariam uma posição
que não permitiam o leque de
sons de linguagem moderna. Não
poderiam emitir sons como “bit”,
“bet”, “bat” ou “book”. No seu
vocábulo as vogais A, I e U não
estavam contempladas, e a sua
fala seria muito nasalada.

A precisão necessária à língua para emitir sons é controlada pelo nervo


hipoglossal. Partindo do pressuposto que a capacidade do nervo em fazer
movimentos está relacionada com o diâmetro do canal, efetuando-se
comparações com os canais dos neandertais, australopitecos e primatas extintos,
concluindo:

 O canal hipoglossal dos australopitecos é semelhante aos dos grandes


macacos, sugerindo a falta de base anatómica para a fala;
 O canal hipoglossal é idêntico em Neandertais e Homens Modernos,
sugerindo que a agilidade da língua seria para outras funções para além
da alimentação, nomeadamente a fala.

Homo Erectus

Há cerca de 1.89 MA-143 KA, habitaram a África do Norte, Este e Sul, na


Ásia Ocidental e na Ásia Oriental. A sua presença ainda é discutível no
continente europeu. A sua capacidade craniana é situada entre os 850 e
1110 cm3, sendo o primeiro hominídeo a ultrapassar os 1000 cm 3. O
dimorfismo sexual é mais reduzido. Poderiam medir entre os 1.45 e os
1.85 metros, pesando entre 40 e 68 kg. Um estudo de 2011 estabeleceu
uma correlação entre a dimensão dos dentes, o comportamento
alimentar, o tempo médio de captura e até mesmo a cozedura dos
alimentos, recorrendo ao fogo. A cozedura dos alimentos traz vantagens
como o menor tempo de mastigação, a melhor capacidade para
absorver as calorias, e uma maior diversidade de escolha dos alimentos.
Olduvense- termo usado em arqueologia para se referir às primeiras indústrias de líticas dos
hominídeos. Estudos na lateralidade dos utensílios permitiu inferir que 90% dos humanos
eram destros. O fabrico de utensílios e o seu uso, usando a coordenação, a estabilização de
objetos e a precisão poderão ter levado à lateralização de funções cerebrais, e de certa forma
ter contribuído para a evolução da linguagem. Esta “indústria” contemplava várias formas no
que respeita à modulação, evidenciando formas poliédricas, que reflete uma transformação
deliberada dos seixos para obter uma face cortante.

O Hemisfério Norte no Plioceno Final (2.6-1.8 MA)

Verificou-se um arrefecimento do clima, que causou:

 Expansão dos ecossistemas temperados no Equador, com a penetração de fauna da


Eurásia em África (exemplo: Equus);
 Maior variação sazonal;
 Aridez crescente- diagramas polínicos e fauna.

Formaram-se também os padrões modernos das zonas de vegetação:

 Eurásia e América do Norte- floresta de folha caduca nas latitudes médias, tundra e
floresta de coníferas nas latitudes mais altas;
 África e Ásia do Sul- floresta tropical forma bandas estreitas em torno do Equador,
rodeada por áreas abertas, savana e deserto.
Existem três teorias que pretendem explicar a “diáspora humana”:

 Teoria Unilinear

Foi elaborada em 1959 por William Howells, Christopher Stringer e Peter Andrews. Segundo
esta teoria, terá havido duas vagas de migrações:

 1/2 MA- Homo Erectus;


 100/200 KA- Homo Sapiens.

A evolução local dos Homo Erectus europeus e asiáticos leva a um impasse evolutivo, ou até
mesmo à extinção. Esta teoria foi corroborada por estudos genéticos que provam a existência
de um descendente africano comum há 150 KA, mas é uma teoria que não integra hominídeos
intermédios entre o Homo Erectus e o Homo Sapiens.

 Teoria Multi-Regional

Foi elaborada por Franz Weidenreich em 1947, enunciando que apenas existia uma saída de
África com o Homo Erectus, sendo que o Homo Sapiens apareceu no planeta simultaneamente
e de forma independente. Esta teoria foi depois refutada com estudos genéticos recentes que
indicam uma origem comum recente.

 Teoria Intermédia (Trellis Model)- Miscigenação

Foi elaborada por Erik Trinkaus, Fred Smith e Gunter Brauer. Há 2 MA, as migrações foram
regulares e progressivas. Existiram vários tipos de migração, não somente a partir de África,
mas de outras regiões, como da Ásia para a Europa, o que leva a uma mistura genética com
várias espécies. A última migração a partir de África (150 KA) é a que deixa mais traços no
património genético do homem moderno.

Dmansi, Geórgia, há cerca de 1.78 MA o Homem expande-se com a Savana

Inicialmente foram classificados como Homo Ergaster, mas face às


diferenças foi identificado como Homo Georgicus, descendente do Homo
Habilis e antepassado do Homo Erectus asiático. Terá sido o primeiro
hominídeo na Europa. A sua estatura era situada entre os 154 e os 166
cm, pesando entre 40 e 50 kg. A proporção dos membros inferiores era
semelhante à dos homens modernos.

A descoberta do Pitencantropus

Eugène Dubois, um cirurgião holandês encontrou o primeiro Homo Erectus (Trinil 2) na


Indonésia em 1891. Em 1894, Dubois designou e publicou como Pithencarpus erectus. Nessa
altura ainda não tinham sido encontrados fósseis em África. Mais tarde, emOs
1950, Ernst Mayer
primeiros homens na Ilha de
reclassificou-o como Homo Erectus. Java:

1.8-2.0 MA- regressão permite a


entrada de mamíferos
continentais.

Contexto:

No SE da Ásia, o H. erectus teria


vivido em florestas de bambus,
No sítio
arqueológico de
Sangiran, na
Ilha de Java,
descobriram-se
vestígios de
hominídeos com:

 Ossos muito espessos;


 Prognatismo facial;
 Largura máxima na base;
 Capacidade craniana de 1029 cm3.

A criança de Modjokerto, com cerca de 1.8 MA, teria cerca de 4-6 anos de idade, uma
capacidade craniana de 663 cm3, correspondendo a 84% do H. Ergaster ou 72% do H. Erectus.
As capacidades cognitivas eram limitadas, sem formas de linguagem, devido ao reduzido
período de crescimento do cérebro.

Sianthropus Pekinensis (0.4 MA)

Tinha craniana de 1043 cm3 e uma estatura entre 1.50 e 1.65 metros. Foram detetados
vestígios de fogueira, um possível indício de linguagem, pondo-se também a hipótese de
canibalismo. A sua datação recente é de 780 KA.

Foi descoberto em 1918, nas grutas Zhoukoudian, a noroeste


de Pequim, tendo sido identificado em 1926 por Davidson
Black, Pierre Teiljard de Chardin e Wen-Chung-Pei. Fósseis
escavados antes da Segunda Guerra Mundial perderam-se em
1941, apenas restando os moldes feitos por F. Weindenreich.
As escavações foram feitas sob sedimentações de 40 metros,
tendo sido encontrados vestígios de 45 indivíduos (> 50%
mulheres e crianças). Em 1927, Davidson Black propõe a
classificação como Sinanthropus Pekinensis. Mais tarde, na
década de 50, alterou-se a sua classificação para Homo Erectus pekinense.

Homo Floresiensis (38-18 KA): o último Erectus?

Na Ilha das Flores, na Indonésia, foi descoberto em setembro de 2003 o Homo Floresiensis,
tendo sido publicado pela primeira vez em outubro de 2004, por Peter Brown, Richard Roberts
e Thomas Sutikna. A sua altura era de 1 metro, com uma capacidade craniana mais próxima do
chimpanzé que do homo (380 cm3). Existem contradições, a capacidade craniana era de facto
reduzida, mas o comportamento era complexo; uma tecnologia lítica evoluída e existência de
enterramentos. Tinha como características a existência de mandíbulas pequenas e de dentes,
sendo que alguns poderiam até ser mal formados ou até mesmo estar ausentes e a falta de
queixo, podendo pensar-se que existiria uma correlação com os pigmeus de Rampasa.

Fenómeno de nanismo insular?

São exemplos deste fenómeno mamíferos como os hipopótamos pigmeus em Chipre, os


elefantes anões em Creta e os mamutes anões nas Ilhas de Santa Rosa. Nos animais, a redução
da dimensão do cérebro é apenas 20% para menos 50% da dimensão do corpo (situação
similar aos pigmeus). Se o H. Floriensis derivasse do H. Erectus, o cérebro deveria ter cerca de
600 cm3, e não apenas 380 cm3. Não poderia derivar do Australopiteco pois dista 9000 km e
1.5 MA.

“Short chronology” vs “Long chronology”- A ocupação humana na Europa

Cronologia curta – uma “cortina de madeira” na Europa impediu o estabelecimento bem-


sucedido dos ambientes florestais de folha caduca e da estepe fria do continente até que
fossem implementados os desenvolvimentos tecnológicos e culturais necessários para resolver
o “problema” do inverno. Pleistoceno Médio cerca de 500.000 BP (Before Present).

Cronologia longa- independentemente dos constrangimentos, o facto é que surge a presença


humana na Europa desde 1 MA e possivelmente desde os primeiros hominídeos na Europa.
Cerca de 2.5 MA BP.

Os pseudo-artefactos são um problema, porque, especialmente na Europa do Sul e Central,


onde arqueólogos e geólogos recolheram milhares de seixos talhados e classificaram-nos como
“choppers” e “chopping tools”. Também existem pseudo-fósseis, onde se classificam como
humanos ossos e dentes de animais. As datações também podem ser duvidosas, apesar de um
espólio indubitável.

Em 1976, Joseph Gilbert descobriu o sitio de Venta Micena (Orce, Granada) e em 1982
descobre um fragmento de crânio humano publicado na revista Paleontologia Y Evolución. No
Congresso Internacional de Paleontologia Humana, em 1995, debateu-se sobre a existência do
Homem de Orce e realizaram-se novas escavações:

 Venta Micena;
 Barranco León;
 Orce;
 Cueva Victoria.

Na serra de Atapuerca, foi aberta uma passagem que permitiu a colocação de um caminho de
ferro mineiro, na região de Burgos, criando assim uma trincheira com mais de 500 metros de
comprimento e 20 de altura. Em 1976, Trinidad Torres encontrou restos de mandíbula e outros
restos humanos na Sima de los Huesos, levando a que Torres contactasse o professor Emiliano
Aguirre, o seu diretor de tese. Mais tarde, num projeto de 1991 liderado pelos discípulos do
professor Aguirre, descobriu-se de forma fortuita, na “Trincheira do Ferrocarril”, os sítios
arqueológicos de Sima del Elefante e Gran Dolina.

Homo Antecessor

Descobriram-se vestígios de 6 indivíduos- terão sido os primeiros europeus?

 Encontrou-se um fóssil de um individuo com cerca de 10-11.5 anos;


 Capacidade craniana > 1000 cm3;
 Apresenta características de Homo Erectus e de
Homo Heidelbergensis, uma cronoespécie
intermediária.
 Identificou-se uma nova mandíbula em 2003;
 Delicadeza por parte da fêmea (?);
 Características entre espécies africanas e asiáticas:
descendente tardio europeu do Homo Georgicus de
Dmanisi? Cronoespécie do Homo Ergaster/ Erectus?

Os ossos encontrados na Grande Dolina apresentam marcas de corte, parecendo que foram
descarnados, sendo interpretados pelos escavadores como evidências de canibalismo.
Encontrou-se material lítico abundante, assim como pequenas fraturas nos ossos- terão
relação direta? Encontraram-se também vestígios de descarnação post mortem (depois da
morte)- qual é o significado dos cortes nos ossos e crânios com 800 000 anos? Rituais
funerários ou canibalismo?

Homo Heidelbergensis

História da identificação:

Em 1908, um trabalhador encontrou uma mandíbula junto da vila de Mauer, perto da cidade
alemã de Heidelberg. O investigador Otto Schoentensak foi o primeiro a descrever o fóssil e
denominando-o de Homo Heidelbergensis. Identificaram-se fósseis em países como a Grécia,
Reino Unido, Espanha, Alemanha, Etiópia e Gâmbia.

Características anatómicas:

África (600 KA- Bodo; 300 KA- Kabwe):

 Expansão do crânio;
 Ampliação do frontal;
 Diminuição dos dentes;
 Maior abertura do nariz;
 Órbitas mais abertas e separadas;
 Torus supraorbital.
Europa (500 KA- Mauer; 200 KA- Petralona):

 Presença do osso occipital nalguns indivíduos;


 Incisivos grandes;
 Prognatismo facial marcado.

Atapuerca- Homo Heidelbergensis

A maioria dos ossos de La Sima de los Huesos foi identificada num poço ou galeria que hoje, e
provavelmente nesse período, deveria ter acesso através do poço vertical com mais de 13 m
de profundidade. Face à profundidade da gruta, não seria admissível que animais ou humanos
vivessem nessa cavidade. Foram encontrados ossos de alguns animais, como ursos, no acesso,
não existindo relação entre os restos humanos e os restos animais.

Artefactos votivos

Foi descoberto um biface associado a restos humanos é


interpretado pelos autores como uma prova de práticas
funerárias na Sima de Los Huesos. O biface é o único
artefacto deste nível, não apresentando quaisquer vestígios
de uso: artefacto votivo?

A presença de ossos humanos nessa cavidade apenas


poderia ser explicada por 3 razões:

 Queda;
 Transportes pelos vivos;
 Deslocação post deposicional.
As primeiras práticas funerárias em Sima de Los Huesos

A elevada percentagem de indivíduos com mais de 20 anos indica que o perfil de mortalidade
não é o natural, no qual estariam representados todos os escalões etários. Numa deposição
natural os indivíduos com maior mortalidade são os bebés, crianças e idosos. A conservação
dos esqueletos terá sido diferenciada, apesar da conservação de partes muito frágeis, o que
acaba por desmentir esta hipótese. Pela grande presença de fragmentos de adolescentes e de
adultos jovens, seria provável que se deslocavam à Serra (zona de caça sazonal) afastada das
zonas residenciais.

Questões em aberto:

 Homo Heidelbergensis como uma espécie única, em termos cronológicos (1.2 MA-200
KA) e geográficos (Europa, África e Ásia)- ou há várias espécies?
 Qual o antepassado do Homo Heidelbergensis?
 O Homo Heidelbergensis teve adaptações comportamentais e culturais ao clima frio?

A comparação do DNA do Neandertal e Homem Moderno sugerem duas linhagens de um


antepassado comum- possivelmente o Homo Heidelbergensis:

Homo Heidelbergensis na Europa → Homo Neandertal

Homo Heidelbergensis em África (ou Rhodiensis) → Homem moderno

O Homem Moderno de Qafzeh:

Encontrado em Israel, numa cronologia situada entre os 92 KA e os 115 KA, tinha uma abóbada
craniana de paredes delgadas, a testa era direita, não se verificava prognatismo facial, a
capacidade craniana de 1550 cm3. Deveria medir cerca de 1.72 metros.

Os Homens Modernos de Skhul (Mugharet e Es-Skhul)

Escavou-se em 1929 e 1930 no sítio de Skhul (Israel) e foram identificados 10 esqueletos (7


adultos e 3 crianças) e 16 ossos isolados, numa cronologia de cerca de 100 KA. As
características eram típicas das populações modernas, com proporções anatómicas tropicais. A
estatura das populações modernas de Skhul/Qafzeh: as mulheres mediriam 1. 57 metros e os
homens 1.76 metros.

Todos os fósseis se encontravam em decúbito dorsal


em fossas de reduzida profundidade, com marcas de
violência.

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