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Apontamentos aulas História Urbana Medieval

29/1/2021
Henri Pirrene mostrava uma visão da cidade medieval como possuidoras de um cariz
comercial marcado, originadas a partir de uma evolução, seja de natureza demográfica,
económica, tecnológica ou comercial. Um dos grandes fatores de formação das cidades é o
êxodo rural e a dedicação da população anteriormente rural noutras atividades económicas. O
renascimento das cidades liga-se assim ao renascimento do comércio em determinados
aglomerados urbanos, que começa a ser marcado pelo comércio de primeira necessidade
(alimentos) e depois pelo surgimento de uma indústria que se baseava no desenvolvimento
dos panos de lã, devido a uma grande existência de ovelhas. O desenvolvimento das cidades
vai ser tão forte e rápido, com uma produção de panos que será conhecida por toda a Europa,
que se teve de recorrer às ovelhas de Inglaterra, o que justifica que o Porto de Londres se
desenvolva, canalizando para si a produção de lã da Grã-Bretanha, que seriam redirecionadas
para o Porto de Bruges, que são dois motores desta economia. Bruges recebe mercadores de
todas as regiões do Ocidente, que lá colocam todos os seus produtos. Assim era o modelo da
cidade medieval. Além destas “cidades-mercado”, existiam outros tipos de cidades na Idade
Média.
Na Idade Média, a herança da Antiguidade Clássica decresce, e o senhorialismo triunfa no
Ocidente. Na Península Ibérica, as cidades amuralhadas são compostos pelo castelo, a
alcáçova, a cidade e o arrabalde, a zona fora de muralhas onde se situam os primeiros bairros
de mercadores. Na baixa, existiam os estabelecimentos comerciais, onde a população poderia
abastecer-se daquilo que necessitava. Na Península Ibérica, o castelo está sempre ao cargo de
um alcaide, que o governa. Num ponto mais alto, situa-se a igreja (não tão alto como o do
castelo), onde ao seu redor também se desenvolvem bairros. Quando o Império Romano se
desagrega no Ocidente, as cidades perdem características urbanas, as navegações no
Mediterrâneo vão diminuir, e grande parte das cidades fecha-se em si própria. A população da
cidade começará a dedicar-se a ofícios diferentes, pois precisa de se sustentar. Começa a
verificar-se o autossustento, onde cada senhor produz o necessário e tudo aquilo que
necessita. Quando se vê nas monografias ou nas cartas topográficas uma cidade estruturada,
com redes viárias que são perpendiculares às vias principais que entre si são paralelas, quer
dizer que a cidade foi mandada fazer pelo poder.

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3/2/2021
As casas tinham dois pisos: o piso térreo era dedicado ao trabalho, maioritariamente atividade
comercial, enquanto que o piso superior era dedicado à habitação. As crianças são
introduzidas no ofício dos pais desde tenra idade, permitindo a continuidade do ofício. As
cidades vivem numa divisão de tarefas desde as civilizações Pré-Clássicas, porém aquando da
queda do Império Romano do Ocidente, esta herança urbana entra em decadência. A
decadência do comércio do Mediterrâneo origina a queda da circulação monetária, o que faz
com que os géneros comecem a ser utilizados como moeda de troca. O dinheiro começa a ser
meio de entesouramento da riqueza arquivada, e as cidades tornam-se em locais que, desde a
Época Romana, apetecíveis e chamativos para assaltantes. Quer na cidade quer nas grandes
propriedades, pretende-se que uma comunidade seja autossuficiente, produzindo aquilo que
necessita para a sua subsistência. Uma série de séculos em que se assiste a uma expansão
demográfica leva a que parte da população excedentária se dedique a atividades comerciais e
artesanais, provocando um renascimento dessas atividades. A produção agrícola também
melhora, o que faz com que o comércio de excedentários promova o desenvolvimento urbano.
A população nas cidades encontra-se protegida pela muralha, que muitas vezes eram
alargadas devido a este aumento populacional.

5/2/2021
Durante muitos anos, a historiografia considerou que a cidade medieval era sinónimo de
mercado. O vestuário tradicional era feito com a cor das fibras, com a cor do linho e da lã. A
transformação do vestuário começa a ser uma forma de divisão das classes sociais e
económicas em todo o Ocidente. As cidades de Itália entram no comércio com o Oriente a
partir do século XII, por ter havido uma expansão dos Normandos da Normandia. Começam a
criar-se companhias comerciais, que permitem que alguns mercadores vão aos locais de
compra, aos de venda e outros que ficavam mesmo nas cidades. Quando os italianos quiseram
colocar os seus produtos obtidos no Oriente à venda no Ocidente, chegavam produtos
artesanais em massa, como era no caso de Bruges, na Flandres, onde afluíam produtos das
mais diversas cidades. A ela afluíam mercadores da Península Ibérica que traziam o sal
marinho e o azeite. Bruges era uma cidade cosmopolita, onde existiam comerciantes de todas
estas regiões, e onde existiam representantes das companhias comerciais que operavam este
comércio. Bruges tinha um canal que permitia acesso ao porto marítimo que a servia, que se
dizia enorme por possuir cercas de 700 barcos diariamente. Bruges tinha a rua calcetada, algo

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incomum para a época, bem como um mercado coberto. Existiam boticários, com bastantes
conhecidos em farmacopeia e medicina. Os remédios estavam escritos, e nos boticários estes
eram fabricados, para serem vendidos a quem deles necessitava. Os ourives trabalhavam os
objetos em ouro, quer à vista, quer nas traseiras da oficina. A partir dos 7 anos, começava a
ensinar-se as crianças nos mesteres, e ao 14 anos estas já estariam capazes. A cidade passava
por 3 dramas: a insegurança, a doença e a segregação.

10/2/2021
As casas costumavam ter várias portas, mesmo que pequenas. Cada porta corresponderia a
uma divisória. Na corte, existiam as casas régias, que acompanhavam os reis e as rainhas, bem
como os infantes, que enquanto menores, estão na corte régia. Chegando à maioridade,
ganham uma casa própria.

12/2/2021
Para definir uma cidade na Idade Média, estudam-se os aspetos físicos:
- ideia de cidade medieval e da sua localização e características;
- elementos constituintes;
- tipologia das casas;
- rede viária;
- infra-estruturas;
- infra e extra-muros: cidade e arrabalde, espaço urbano e peri-urbano;
- a cidade e o termo.
Na alcáçova vivem as identidades políticas, militares e administrativas.
Sobre os aspetos humanos, estudam-se:
- a população e os seus números;
- a composição populacional e o quadro sócio-profissional

19/2/2021
Çatal Huyuk é tida como a primeira cidade da história. O seu planeamento urbano era de certa
forma agressivo, não existiam estradas. Existiam espécies de ágoras, locais onde os habitantes
se poderiam encontrar. Em latim, Civitas não designava apenas a urbe, mas sim a vici
(unidades mais pequenas que a urbe, as aldeias), os agros (onde os solos são explorados). Os
Collatione seriam a circunscrição, julgado, “terra”, a cidade seria a sede de bispado, a vila

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seria uma sede de concelho, o concelho que deriva do termo “concilium”, uma assembleia dos
moradores.

24/2/2021
A classificação da cidade nas diversas línguas costuma referir-se a questões de natureza
política, sendo a cidade o centro político de uma região. Durante séculos, a humanidade virou-
se para o nomadismo, procurando o território adequado para obterem os recursos necessários
à sua subsistência, passando mais tarde ao sedentarismo, obtendo da terra o que necessitam
para viver. Çatal Huyuk é tida como a primeira cidade da história. Politicamente, as cidades
são sede de instituições, planeada pelo poder. A forma de vida de grande parte da população é
marcada pelo nomadismo, não sempre permanente. Os locais onde se estacionassem teriam
boas condições para a caça, a pesca e a recoleção de frutos e legumes, para a sua alimentação.
Muitas das comunidades, ao se tornarem sedentárias, efetuam experiências. A sedentarização
tem características acrescidas: existe uma tendência da população para que os mais velhos e
as mulheres sejam os primeiros a se sedentarizar. Os homens em idade “possível” estão quase
sempre fora, procurando recursos noutros locais, e as mulheres cuidam das crianças. A
principal forma de conhecimento nestas comunidades é feita através da memória, concedendo
à população sénior uma mais-valia. As cidades que se edificam começam a ser dotadas de
torres que afastem o “espetro” dos ataques

26/2/2021
Na Grécia Antiga, a agricultura era feita no exterior das muralhas. A elite é uma elite que
possui ligações ao ponto cimeiro da sociedade em todos os aspetos: político, social,
económico e militar. Esparta era uma sociedade decididamente militarizada. As cidades do
interior são mais militarizadas porque necessitam de defender os bens agrícolas, que são
escassos. Nas casas gregas mais ricas, existiam divisões reservadas para os homens e
mulheres, bem como o pátio.

12/3/2021
O imperador Constantino fundou novas igrejas em Constantinopla, por ele fundada em 330,
apesar de ainda existirem instituições romanas. Justiniano pretende recuperar o Império dos
Césares, reabrindo o Mediterrâneo

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17/3/2021
Constantinopla, idealizada por Justiniano, pretendia espelhar o poderio do imperador. Existem
dois testemunhos, de séculos diferentes. A cidade foi alvo de tentativas de conquista por parte
do Império Muçulmano. Apesar de não ser a capital imperial, mantém a dignidade como se se
tratasse de uma. No século XII, Idrisi, geógrafo árabe, que ficou fascinado pela mesma. Este
descreve a Porta Áurea, que dava entrada à cidade, bem como a descrição da muralha, bem
como a torre. A perspetiva de Idrisi é mais focada na defesa da cidade e nas suas estruturas.
Toda a monumentalidade que ele descreve na cidade e na sua geografia não traz novidades,
visto que nos períodos de Constantino e Justiniano a cidade já possuía estas estruturas, ou
seja, “Constantinopla parou no tempo”
Já no século XV (ainda anterior a 1453), há uma descrição que fala da sua muralha e as
torres, que são fortes e bem guaridas, porém a população não é muita. Onde existem as hortas,
existem bairros habitacionais. Existem também edifícios habitacionais, igrejas e mosteiros,
contudo, estão em ruinas, parecendo que noutro tempo, seria uma das mais nobres cidades do
mundo, bem como poços de água doce. Além disso, existe uma cisterna, a Cisterna de
Maomé, que tem abóbadas de argamassa, existindo nela 16 naves. A cisterna concede
autonomia à cidade, mesmo durante cercos prolongados. O nome da cisterna revela a presença
de muçulmanos, não existindo apenas cristãos. A época descrita revela uma renovação das
navegações para Oriente, bem como a presença de mercadores genoveses no comércio, que o
dominam. Veneza começa a tornar-se numa potência marítima a partir do século X. Os
Bizantino mostram-se dominantes em Itália na cidade de Ravena. O doge de Veneza, como os
venezianos, tem de doar ao palácio de Pavia (ao rei dos Lombardos), anualmente, 50 libras
em dinheiros venezianos, que tem de ser tão bons como os de Pavia. Além do dinheiro, tem
de conceder uma capa preciosa da maior qualidade, oriundo do Oriente. Veneza, para pagar a
paz ao rei dos Lombardos, abastecem a Lombardia com itens preciosos vindos do Oriente.
Além do dinheiro. É feito um pacto que permite que os venezianos não paguem impostos
quando vão a Pavia buscar o abastecimento. Do século VI até ao século XI, Bari, Amalfi e
Veneza, como potências marítimas, vão dominar totalmente o comércio do Oriente:
mercadores amalfitanos criam a Ordem do Hospital em Jerusalém no século XII, para assistir
mercadores e peregrinos. No século VIII, os venezianos criam feitorias: a partir do século
VIII, o mundo muçulmano divide-se politicamente, significando que Veneza ganha
importância na criação de feitorias e no estabelecimento de pactos. O mundo islâmico começa
também a florescer. Na Península Arábica, o Império Islâmico começa a florir devido à
capacidade de Maomé para angariar fiéis devido à sua pregação da palavra de Alá. As

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caravanas que faziam o percurso Arábia-Síria levavam também acarretada a si a religião
islâmica, o que permitiu a expansão da mesma para territórios extra Península Arábica. À
exceção de Meca, só se encontra a formação de cidade além desta, a cidade de Meca e as
conquistas efetuadas. No século VII, é conquistado o Norte de África.

19/3/2021
No século X, a vida em Constantinopla contava já com mercadores venezianos. Existiam
alguns relatos que muitas vezes resultavam de fusões entre relatos reais, que por vezes
exageravam. Do século VII até ao século VIII, a tradição urbana da Antiguidade é transferida
para o mundo Islâmico. Em Damasco, o califado instala-se nesta cidade, instalando o seu
centro de poder. Os que se intalam em Damasco são árabes, e iniciam uma política em relação
aos convertidos ao Islão, bastante mais tolerante àquela levada a cabo. Os omíadas, que se
instalam em Damasco, eram mais tolerantes, para com os não crentes, apesar das diferenças
existentes entre crentes e não crentes. Haverá sempre uma certa diferenciação efetuada entre
crentes e não crentes. O Islão consegue respeitar e assimilar as características arquitetonicas e
artísticas de outros povos e credos. As igrejas bizantinas não são necessariamente diferentes
das mesquitas, mas existirão sempre elementos característicos que as diferenciam. Antes de
750, as trocas comerciais no Islão faziam-se como se o Mediterrâneo se se tratasse de um
fator agregador do mundo. Os tijolos começaram a ser utilizados na arquitetura, por poderem
ser alterados e manuseados para efetuar alguma alteração, bem como alguma adição, como
gravações ou inscrições no mesmo. Para o muçulmano, a rua servia apenas como um meio
para servir alguma necessidade: guiar até ao mercado ou até à mesquita, não existindo um
cuidado com as mesmas, sendo o oposto ao que se verificava na Antiguidade Clássica

24/3/2021

26/3/2021
Nas zonas mais a sul da Península Escandinava

7/4/2021

9/4/2021

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16/4/2021

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