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ISLAMISMO

ARTIGOS NESTE MATERIAL:

1. Motivos para o terrorismo no fundamentalismo


islâmico.............................................................................02
2. Quem é Alá? - O que os muçulmanos pensam sobre o
Deus da Bíblia e dos cristãos............................................11
3. Um exame crítico e histórico da adoração islâmica.....21
4. Uma resposta cristã ao islamismo sobre o Alcorão......31
5. Islamismo - a religião de Maomé: O último profeta.....37
6. Quem são os filhos de Abraão?....................................41

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Pá gina
1. MOTIVOS PARA O TERRORISMO NO FUNDAMENTALISMO
ISLÂMICO

Answering Islam

Desde o dia 11 de setembro, quando ocorreu o maior ataque terrorista da historia as


torres gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, nunca se viu uma tentativa
tão insistente por parte da liderança islâmica em mostrar ao mundo que a sua religião
não patrocina o terror e muito menos defende o uso da violência contra os não-
muçulmanos. Através dos meios de comunicação, os muçulmanos afirmam que ações
de como a que ocorreu nos Estados Unidos não fazem parte da visão islâmica de
conversão dos ‘infiéis’ e não são modelo de oposição aos que não apóiam o islã no
mundo.

É verdade que muitos muçulmanos não compartilham desta visão de Jihad1,


principalmente os mais intelectuais e transculturados, como é o caso do moderado
Mohammad Kathami, primeiro- ministro do Irã, que conduz, mesmo sob forte
oposição dos religiosos, uma reforma social nunca vista desde a revolução
fundamentalista do Aiatolá Komeini.

Mas, por outro lado, toma-se dificílimo ver o islamismo com bons olhos. Isto porque a
responsabilidade de aproximadamente 50% dos atentados terroristas em todos os
cinco continentes do mundo, com milhares de vítimas, é de grupos islâmicos
fundamentalistas, que reivindicam a autoria dos crimes. E contam com o apoio dos
governos dos Estados islâmicos, como Argélia, Iraque, Irã, Arábia Saudita,
Afeganistão, Indonésia, Líbia e Mauritânia, entre outros.

E mais. Os atos terroristas que apavoram o mundo é visto pela grande maioria da
população dos países islâmicos não como uma ação criminosa hedionda, mas como
uma defesa, um ato altruísta, e os suicidas envolvidos nestas ações passam a ser
mártires, jamais assassinos. Quando se viu nos noticiários o julgamento e a
condenação desses radicais e seguidores. Ou, quando se viu uma campanha oficial
desses países para conter os movimentos radicais?

O fato de que quase a metade, aproximadamente, dos atentados terroristas em todo


o mundo ser de origem ideológica muçulmana nos leva a algumas perguntas: Há
alguma ligação entre o terrorismo e o islã? Há algum apoio direto ou indireto para
este tipo de ação? Por que tanto ódio contra países cristãos e a cristãos residentes
nessas nações? Por que as nações árabes mais fundamentalistas são responsáveis
pelas maiores agressões aos direitos humanos? Seria isto apenas uma coincidência?

É preciso conhecer a história do islamismo e a sua doutrina para que estas perguntas
sejam respondidas apropriadamente. Ainda que apenas algumas delas, pois jamais
haverá respostas para todas. Cremos, no entanto, que, com algumas 'evidências'
encontradas na história de Maomé (Mohammad) e no próprio Alcorão, um feixe de luz
é lançado nestas questões.

Maomé e os conflitos que envolvem sua história


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Durante o período em que Maomé falou acerca da sua nova religião, considerando-se
um profeta, ele foi duramente perseguido e odiado por muitos de Meca (cidade onde
nasceu em 25 de abril de 571 da era cristã), pois a sua mensagem era oposta às
religiões politeístas do povo daquela região e época.

Houve uma grande perseguição contra o 'profeta’ inclusive um grupo tentou tirar-lhe
a vida, mas ele mais uma vez conseguiu escapar2. Após dura perseguição em Meca,
alguns dos seus seguidores foram enviados para refúgio na Etiópia. Outros seguiram
para uma cidade mais ao norte, Yathiib, onde as pessoas de duas tribos árabes
queriam que Maomé fosse também o profeta deles.

Durante o período em que Maomé viveu em Meca, antes da fuga para Medina, ele não
recebeu nenhuma mensagem de ‘Allah’ permitindo a guerra. E, apesar do risco de
vida e da vigilância constante dos primeiros muçulmanos para guardá-lo, inclusive
sob vigilância armada, a ordem de Deus em Meca foi para que ele fosse paciente e
não usasse de violência para com os seus opositores.

Mas logo após, segundo os muçulmanos, a guerra foi sancionada por ‘Allah’ em
MNedina, havendo debate entre os próprios muçulmanos sobre qual capítulo do
Alcorão realmente retratava esta primeira ordem divina para o uso da forca3.

Algo curioso que pode ser percebido claramente nos relatos da vida de Maomé, e que
demonstra que ele era um estrategista, é que, apesar da violência constante dos
habitantes de Meca contra ele e seus seguidores por um período de aproximadamente
13 anos, não vemos nenhuma ação de Maomé contra seus inimigos, a não ser
quando chegou em Medina, onde possuía mais seguidores dispostos a segui-lo na
guerra. E foi justamente isso que fizeram, por volta do ano 630 AD. Ele retorna a
Meca e, numa luta armada, toma a forca a cidade do poder Coreishe.

Apesar de ouvirmos muçulmanos constantemente afirmarem que só agem em defesa


própria, a historia do ‘profeta’ demonstra que não é bem assim. Maomé revidou os
agressores quando possuiu um número suficiente de guerreiros.

Um caso bastante conhecido pelos próprios muçulmanos é a morte de Abu Afak, um


judeu de 120 anos que tinha criticado abertamente Maomé. Após sentir a forma
resistente que Abu Afak se lhe opunha, Maomé perguntou: "Quem tratará com este
desonesto por mim? Imediatamente Salim B. Umayr seguiu em frente e matou-o".4

Abu Afak, pela sua atitude crítica, teve um fim trágico, sendo assassinado por Salim
lbn Umayr, um dos seguidores de Maomé, enquanto dormia, e isso com o
consentimento do próprio profeta.5

Outros casos como a morte de Abu Afak e de uma mulher chamada Asma D. Marwan,
assassinada por Umayr Adiy AI-Khatrrú, entre outros, estão registrados por Abdullah
lbn Abbas em seu livro "The Hadith of ABU Dawud Book 38, nº 4348".

Histórias ainda mais terríveis continuam sendo escritas por radicais muçulmanos de
grupos como o Al Quaed, de Osama bin Laden, oabu Nidhal (grupo extremista
palestino fundado em 1974 por Sabri AI Banna Ramas), o Hezbollah (movimento
radical libanês que emergiu nos anos oitenta e cuja açao se baseia na doutrina do
Aiatolá Khomeini, visando destruir a influência ocidental no mundo islâmico) e o Jihad
3

Islamica (grupo fundamentalista egípcio que visa derrubar o regime de Hosni


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Mubarak e criar, em sua substituição, um Estado Islâmico).


Como é possível uma religião que diz hastear a bandeira de paz e da boa convivência
com os não-islâmicos perseguir e maltratar milhares de pessoa sem todo o mundo?
Não há um paralelo entre o comportamento dos atuais muçulmanos e a historia do
fundador do islamismo?

Qual foi a atitude de Jesus Cristo diante de seus inimigos? "Como uma ovelha muda,
foi conduzido diante dos seus agressores” (Is 53.7). Como o Senhor reagiu a atitude
de Pedro quando este agrediu Malco, servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha
com um golpe de espada (Lc 22.50)?

O aumento de agressividade registrado no alcorão

No Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, encontram-se as seguintes declarações:

“Combatei-os até sufocar a intriga e fazer com que o culto seja totalmente a Deus...”
(Surata 8:39)

“Mas quando os meses sagrados houverem transcorrido, matai-os idolatras onde quer
que os acheis; capturai-os, acossai-os, espreitai-os; porem, caos se arrependam,
observem a oração e paguem o tributo, deixai-os em paz. Sabei que Deus eh
indulgente, misericordiosíssimo” (Surata 9:5 – grifo nosso).

“O crentes, em verdade os idolatras são imundos. Que depois deste ano não se
aproximem da Sagrada Mesquita!... (Surata 9:28).

“Combatei aqueles que não crêem em Deus e no Dia do Juízo Final, nem se abstém
do que Deus e Seu Apostolo proibiram, não professam a verdadeira religião daqueles
que receberam o livro, até que eles, submissos, paguem o tributo” (Surata 9:29).

“O crentes, que vos sucedeu quando foi-vos dito para partirdes ao combate pela
causa de eus e vos ficastes apegados a terra?... Se não marchardes para o combate,
Ele vos castigará severamente...” (Surata 9:38,39).

"Quer estejais leve ou fortemente armados, marchai para o combate e sacrificai


vossos bens e pessoas pela causa de Deus!..." (Surata 9:41).

E quando vos enfrentardes com os incrédulos, em batalha, combatei-os até que os


tenhais dominado, tomai os sobreviventes como prisioneiros... quanto àqueles que
houverem sido mortos pela causa de Deus, Ele jamais desmerecerá suas obras"
(Surata 47:4).

O que dizer de textos como esses? Qual a interpretação pacifista que poderia ser
aplicada a sentenças tão severas e explícitas como essas? É certo que a grande
massa popular muçulmana leva ao pé da letra essas ordenanças corânicas, e o
resultado é tudo isso que estamos vendo.

Maomé ensinou aos seus seguidores que judeus e cristãos deveriam pagar a ‘Jizya’
(uma taxa imposta para que todos os não-muçulmanos pudessem viver segurança' do
4

Islã). Todos eles deveriam se converter à mensagem proclamada por Maomé, caso
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contrário seriam mortos. Era necessário que pagassem uma quantia estipulada para
que pudessem ter seus 'direitos' mantidos pelo profeta e por seus seguidores, que, se
encontravam em uma situação favorável e ideal para impor o que desejassem aos
'infiéis' e 'idólatras'.

Devemos entender um pouco o contexto no qual esta revelação fora dada a Maomé.
Na ocasião, o 'profeta' havia entrado em acordo com várias tribos árabes, e algumas
delas abraçaram sua mensagem, outras, no entanto, simplesmente não a aprovaram.
Então, mais uma vez, as coisas mudaram, daí a permissão de 'Alláh' para a
perseguição contra os idolatras árabes. Ate então, muitos desses árabes possuíam
um relacionamento amigável com os muçulmanos, apesar de não acatarem a
mensagem pregada por eles. Mas, devido ao fato de o relacionamento entre os
árabes e os muçulmanos não ter redundado em submissão total daqueles a
mensagem desses, o acordo fora quebrado e, mais uma vez, vimos, de forma clara, o
alto preço pago pela insubmissão e incredulidade: a morte.7

O terrorismo imposto aos apostatas

Alem da opressão e ameaças para os de fora, um outro aspecto histórico e


doutrinário bem definido no islamismo é o preço que se paga pelo abandono da fé
muçulmana. Na mensagem de Maomé, é equivalente à perda total do valor espiritual.

O alcorão traz uma declaração sobre o assunto:

“...Os incrédulos, enquanto podem, não cessarão de vos combater, ate vos fazerem
renegar vossa religião; porem, aqueles dentre vos que renegarem a sua fé e
morrerem incrédulos desmerecerão suas obras neste mundo e no outro, e serão
condenados ao fogo infernal, onde permanecerão eternamente.

“Aqueles que creram, migraram e combateram pela causa de Deus poderão esperar
d’Dele a misericórdia, porque eh Indulgente, Misericordiosissimo (Surata 2:217,218).

Embora não vejamos nesse texto do Alcorão nenhuma ordem para assassinar
qualquer pessoa que abandone a mensagem do islã, ele, no entanto, nos mostra algo
de suma importância para a compreensão da questão relacionada a apostasia entre
os muçulmanos. Vemos, de forma clara, que o ‘profeta’ incentiva os fieis a
permanecerem no Islã, pois renegá-lo seria equivalente a condenação no inferno,
onde ficariam para sempre!

Em um outro livro islâmico, lemos: “Um muçulmano eh considerado um apostata


quando nega total e categoricamente um preceito pela religião islâmica, como a
pratica da oração, o jejum, a peregrinação, o pagamento do tribuno, a proibição da
ingestão de bebidas alcoólicas e a alimentação com carne suína”.

Os jurisprudentes opinam que, se o apostata tiver duvida no tocante à sua conversão,


os sábios devem sanar-lhe a duvida, indicando-lhe o caminho da razão e dando-lhe a
oportunidade de refletir. Se ele se arrepender, o seu arrependimento deverá ser
aceito. Se persistir no erro, porém, devera ser punido, se for homem, com a morte.
Os jurisprudentes baseiam sua sentença nas palavras do 'profeta': "Matai aquele que
renegar a sua religião".
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Em relação à mulher, caso ela venha cometer o mesmo erro, a opinião de alguns .
jurisprudentes é de que ela também seja punida com a morte', e se baseiam na
generalidade da tradição anterior, cujo significado abrange homens e mulheres.
Todavia, o Imame Abu Hanifa não concorda com essa sentença. Ele diz: "A mulher
apóstata não dever ser punida com a morte, mas deve ser aprisionada até que se
convença de seu erro, ou até que pereça naturalmente...” Contudo, deduzimos que a
opinião geral da jurisprudência islâmica aprova a execução do muçulmano apóstata,
seja homem ou mulher8.

Esta é a face mais cruel e desumana de uma religião: vetar aos seus membros o
direito de renegá-la, sob pena de morte. Trazer uma mensagem de paz e tolerância
aos povos, impondo-lhes a sua opinião e fazendo que sua vida tenha pouco valor não
tem muito significado ou razão de ser.

Tudo isso nos faz pensar sobre a atitude do próprio Jesus Cristo (que é citado no
Alcorão) ao ser traído por um dos discípulos após uma convivência de
aproximadamente três anos. Qual foi exatamente a sua resposta ao ato de Judas
Iscariotes? Ele mandou que os outros discípulos o matassem por apostasia? Ou
simplesmente ofereceu-lhe o perdão, chamando-o de amigo (Mt 26.49-50)?

Segundo o dicionário Aurélio, terrorismo é: “Modo de coagir, combater ou ameaçar


pelo uso sistemático do terror”. O que sinceramente temos visto em todas essas
citações de fontes islâmicas desde o inicio?

A passividade do terrorismo no Islã

Após analisarmos, ainda que resumidamente, a historia muçulmana e a origem da


violência nas comunidades islâmicas do passado, conduzidas pelo ‘profeta’ Maomé,
podemos entender um pouco a questão do terror nos países que hoje tem sido
vitimas dessa ação estúpida e inconseqüente.

Como falamos no inicio, cerca de 50% dos atentados terroristas ocorridos em todo o
mundo tem sua origem nos grupos explicitamente islâmicos, o que certamente tem
muito a ver com a própria cronologia dessa religião e suas conquistas a base da
espada, inspiradas em seu fundador. Os muçulmanos, inclusive, dizem que a
referencia do Salmo 45.2-5 eh uma citação ao’profeta’ Mohammad, que afirmam ser
o ‘Profeta da Espada’.

Vimos na revista Veja, edição de 08/08/2001, o relato dos crimes cometidos pelo
iraniano Saeed Haanayi: assassinou, a sangue frio, cerca de dezesseis prostitutas.
Apesar da barbárie cometida por esse fanático, ele tem sido considerado um herói
pela próprias autoridades da cidade em que os crimes foram realizados. Na referida
revista, Saeed aparece segurando uma arma na mão e o Alcorão na outra.

Em julho de 1991, um muçulmano assassinou Hitoshi Igarachi, um japonês que


traduziu o livro “Versos satânicos” no Japão. Um líder islâmico se pronunciou dizendo
que aprovava o que havia sido feito, pois Hitoshi insultara a fé.

Estes não são fatos isolados dentro dos países de governos muçulmanos. A igreja
cristã está sendo ferozmente perseguida, na sua maior parte, em nações islâmicas,
6

como podemos constatar na lista editada pela Missão Portas Abertas (ver pp. 24 e
Pá gina

25).
Os muçulmanos não aceitam, de nenhuma forma, uma convivência pacífica com
outros grupos que professam fé diferente da deles, e seguem realizando sua Jihad.
Isto é, sem dúvida, fruto da visão de expansão da fé muçulmana ensinada, desde os
primórdios do islamismo, pelo 'profeta' Maomé.

Qual é a visão do Islã hoje?

"Graças a Deus, senhor do universo e que a paz esteja com o profeta Mohammad e
seus familiares e companheiros. A pessoa que se concentra sobre o mundo
muçulmano de hoje fica chocado e deprimido... Uma parte dos filhos dos macacos e
dos porcos mata nossos irmãos na palestina nas mesquitas! Agridem a imunidade
sagrada da mesquita de Al Aksaa em Jerusalém! Não distinguem entre crianças,
mulheres ou velhos.

O mundo árabe e islâmico e todo o resto da comunidade internacional esta em


absoluto silencio a respeito deste crime. Achamos que é nosso direito perguntar:

“Qual o fator que fez os muçulmanos ficarem em silencio deste jeito?

“Para responder a esta pergunta é imprescindível ler a historia, voltar para as nossas
origens, e retirar lições e exercícios de civilidade e amor a verdade.

“Nesta historia vamos encontrar varias crises que se abateram sobre os


muçulmanos... os muçulmanos em todas as ocasiões venceram seus inimigos...
Khaled Iben Al Walid, um dos comandantes do exercito muçulmano na época do
profeta, ele dizia para os inimigos: ‘Vim para o combate com homens que amam a
morte como vocês amam a vida’.

“Pois a nação Mujahidah, que luta pela causa de Deus não conhece o cansaço, mas se
apaixona pelo martírio e defende sua terra e seus locais sagrados.

“O profeta Mohammad (Saw) disse para os seus companheiros e para a nação


islâmica: ‘caso vocês deixem o Jiha, a luta, Deus mandara um opressor para vocês
ate o dia do juízo final’. O profeta alertou sobre uma doença de nome ‘Wahn’, que
significa a fraqueza. O profeta traduziu a palavra ‘Wahn’, da seguinte maneira: ‘O
amor pela vida mundana e o ódio a morte’.

“A nação islâmica de hoje gosta da vida mundana e odeia a mote... Esta é a doença...
Meus irmãos muçulmanos, o que podemos esperar da opinião publica internacional?

“O mundo se cala quando morrem crianças palestinas todos os dias...

“Mas o mundo se movimenta quando morre um judeu agressor, que deixou o seu pais
na Europa ou América do Sul e foi ocupar terras alheias, a terra palestina...

“O mundo não vai se movimentar para nos apoiar, se nos não apoiarmos uns aos
outros.
7

A nossa alternativa é o nosso retorno a Deus, a crença sincera em nossos direitos e a


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luta por estes direitos através de todos os meios disponíveis.


"Esta deve ser a nossa paz e que digam o que quiserem sobre nós... e que (Deus)
amaldiçoe os sionistas usurpadores e que com todos vocês".

São essas as partes mais importantes da mensagem pregada em 17108/01 por


Khaled Tky El Din Rizk e reproduzidas em várias mesquitas do mundo inteiro ao
proclamar o povo muçulmano a lutar pelos seus 'direitos'. Apesar de todo discurso de
paz dos muçulmanos que temos ouvido nos meios de comunicação, é exatamente o
contrário que temos percebido na prática.

Os judeus são chamados de 'filhos dos macacos e dos porcos', os muçulmanos devem
'amar a morte' e serem 'apaixonados pelo martírio'. São induzidos a alcançar seus
direitos através de todos os meios disponíveis. E interpretam o Jihad como uma luta,
e não como um 'esforço', como constantemente é pregado pelos professores e
intelectuais para suavizar os ouvintes e não causar impactos negativos. O objetivo é
alcançar mais seguidores para o islamismo.

A recompensa o terrorismo

Depois de pregação de uma mensagem como essa, divulgada em todo o mundo, da


para imaginar o impacto causado na mente dos milhões de muçulmanos que a
ouviram?

O que esta por trás do fanático heroísmo demonstrado por verdadeiros batalhões de
homens e crianças que se preparam para morrer pela crença islâmica? Que ‘galardão’
lhes esta proposto a ponto de fazerem do próprio corpo um veiculo para a catástrofe
de pessoas inocentes?

A tradução da palavra Islã eh resignação ou submissão – a doutrina de Maomé.


Espera-se que o Islã ganhe, finalmente, o mundo, então todos serão julgados por Ala.
Enquanto o muçulmano deve ser submisso a Ala e ao profeta, através de seus
escritos no Alcorão, o mundo deve resignar-se e submeter-se também ao Islã. Os
meios podem incluir a força, a violência e a morte. As constituições das nações
árabes estão alicerçadas nas crenças do islamismo.

Os muçulmanos ao morrerem, vão para uma espécie de estágio intermediário


aguardar o juízo final, ocasião em que Alá decidirá o destino eterno de cada um. Por
outro lado, os mártires da luta religiosa, ou guerra santa, e aqueles que morreram
pela causa, vão diretamente para o céu, um paraíso de prazeres. A vida, em um
paraíso celestial é o ideal islâmico, a recompensa! Diante das dificuldades, limitações
e miséria em que vive a maioria, e em especial as facções radicais, o paraíso soa
como um oásis em um deserto desesperador.

Existe um contraste entre esta vida e a vida futura, nos jardins de Alá. Enquanto a
abstinência social, sexual e material é enfatizada do lado de cá, o oposto é oferecido
para os que partem - especial e principalmente para os mártires! Diferente dos
demais muçulmanos, que aguardam em um estágio intermediário, o mártir tem
passaporte garantido, sem fila de espera! Não ficarão aguardando, em alguma
câmara intermediária. Aquilo que se caracterizaria uma vida de luxúria neste mundo
8

será a recompensa para os mártires. O texto sagrado e demais comentários islâmicos


Pá gina

transmitem um pomposo conceito de vida pós-morte.


Os mártires são servidos de frutas. Não terão necessidade de plantar ou colher. Tudo
já está preparado por jovens formosos. A regalia é infinita, regada de bebidas
aromáticas. Os utensílios do paraíso são de pedras e metais preciosos. A infinita
calmaria somente é quebrada pela presença incessante de moças virgens. O deleite
sexual apresentado é bem diferente do perfil da mulher muçulmana, que precisa
cobrir todo o rosto e o corpo. Enquanto a mulher muçulmana, nas facções radicais,
não pode estudar ou trabalhar fora de casa, as moças do além são o divertimento
celestial. O número de tais beldades pode chegar a cem.

Reposta cristã aos muçulmanos

O ideal cristão é que nos amemos uns aos outros, assim como o Mestre e Senhor
Jesus nos amou, doando a sua vida pelo próximo (Jo 13.34), e não tirando a vida de
inocentes, usando qualquer meio de violência (Mt 26.52). Esse amor somente é
possível porque Deus, o verdadeiro Deus, é amor (lJo 4.8). E o amor de Deus foi de
uma grandeza infinita que Ele trouxe seu Filho unigênito ao mundo (Jo 3.16). Esse
amor também nos capacita, por meio de Cristo Jesus, que nos da a liberdade de
chamar Deus de Pai (Mt 6.9; Rm 8.15). O evangelho produz fruto e não radicalismo e
racismo. Produz o verdadeiro fruto pelo Espírito Santo (GI 5.22,23). O verdadeiro
Deus não está distante de seu povo, mas habita com o homem (Ef 2.22; Ap 21.3).

O evangelho de Cristo atravessa todas as culturas do mundo sem destruí-las. Não é


um evangelho de usos e costumes, mas de fé e vida cristã (Mt 24.14). O evangelho
respeita as autoridades governamentais (Rm 13. 1) mesmo aquelas que dificultam a
divulgação da Palavra de Deus. O evangelho é pregado com fervor, mas com espírito
conciliador e manso (1 Pe 3.15,16). O cristão espera um galardão, mas este galardão
não é carnal, imoral; antes, é espiritual, segundo o caráter do Filho de Deus (Rm
8.29).

O verdadeiro paraíso é o céu bíblico e cristão. Não é um lugar de orgia, mas de


santidade (Ef 5.5). O cristão tem paz com Deus (Ef 4.7). E o testemunho do Espírito
Santo em seu coração testifica que ele é filho de Deus (Rm 8.16). O cristão não tem
temor de ser esquecido ou rejeitado por Deus por causa de algum capricho. Não! O
Deus v é fiel (1 Co 1.9). O evangelho não é austero. Pelo contrário, ensina ao cristão
a usufruir as boas coisas da vida, desde que esteja atento ao bom juízo (Ec 19.11).
Finalmente, o evangelho ensina a vencer o mal com o bem (Rm 12.21).

Jesus, o Messias, e aquele que cura os doentes e ressuscita os mortos (ver Surata
3:45 e 5:1 1 0) ama profundamente os muçulmanos. E neste momento em que o
mundo nutre ódio por eles o Senhor lhes dirige um olhar de ternura, convidando-os
para seus braços: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos
aliviarei" (Mt 11.28). Quando foi que Maomé proferiu palavras como estas, ditas por
Jesus? Assim, jamais ele (Maomé) pode ser maior que Jesus, o Filho amado de Deus.

Satanás tem erguido muitas muralhas para impedir que os muçulmanos abram o
coração para o evangelho de Cristo. Barreiras políticas e nacionais foram criadas
entre os cristãos e os muçulmanos através da história. Além disso, as Cruzadas
Católicas dos séculos 11 e 13 formaram feridas profundas de amargura nos árabes e
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mancharam o cristianismo na visão dos muçulmanos.


Pá gina
Oremos pela Igreja em todo o mundo, especialmente para a que se encontra em
nações muçulmanas.

Oremos para que a Igreja tenha força, coragem, determinação, ousadia e proteção
para os crentes.

Oremos pelos perdidos. Muitos muçulmanos estão se aproximando do Senhor por


meio de sonhos e visões.

Oremos por uma revelação divina aos líderes-chave dos muçulmanos para que eles
vejam Jesus como Ele realmente é.

Oremos por misericórdia para as nações em conflito e pelos refugiados de guerra.

Logo virá o Príncipe da Paz, Jesus Cristo nosso Senhor. Então, o mundo será
governado num reino tranqüilo: "Justiça e juízo são a base do seu trono; benignidade
e verdade vão adiante de ti" (Si 89.14). E "Nós, porém, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça'(2
Pe3.13).OREMOS PELOS MUÇULMANOS!

Maranata!

Notas:

1 Jihad é o termo árabe que pode ser traduzido por esforço pela causa santa do Islã,
inclusive a luta armada, se preciso for.
Mohwmad, o mensageiro de Deus. Certo de divulgação do Islã para América Latina,
pp.150,151
2 lbidem, pp. 172,173
3 The life of Mohammad, p.675
4 Book Of The Major, Classes (Vol.ll)- p.32
5 Alcorão Sagrado, versão portuguesa diretamente do árabe por Samir El Hayek,
diretor, do Centro lslâmico do Brasil e coordenador dos assuntos lslamicos da América
Latina, Tangará-Expansão Editorial S. A, 2a. edição 1977
6 The life of Mahammad, p.673
7 Os direitos humanos no Islã. Centro de divulgação do Islã para a América Latina,
pp.25 e 26 10
Pá gina
2. QUEM É ALÁ

O que os muçulmanos pensam sobre o Deus da Bíblia e dos cristãos

Por Silas Tostes

Qual seria nossa reação ao ouvir um muçulmano afirmar que o Alá do Alcorão é o
Deus da Bíblia? Apesar do pouco conhecimento que muitos possuem acerca do
islamismo, não é difícil identificar as imensas diferenças que esta religião possui em
relação ao cristianismo. Apesar deste abismo doutrinário que nos separa, esta é a
crença islâmica: o Alá do Alcorão é o Deus da Bíblia! Nosso propósito, ao longo desta
matéria, é demonstrar que isso é impossível, uma vez que o islamismo se opõe ao
entendimento cristão de que há um único triúno Deus. Ressaltamos que não temos a
intenção de denegrir o islamismo, mas somente expor seu entendimento sobre Deus.
Ratificamos a necessidade desta abordagem em Defesa da Fé pelos seguintes fatores:

1. Há um avanço numérico islâmico. Tem sido noticiado pela imprensa que o


islamismo possui muitos seguidores. Segundo Jaime Klintowitz, jornalista, o
islamismo tem hoje 1,2 bilhões de adeptos.1 Isto representa um quinto da população
mundial. O mesmo artigo informa que o islamismo governa cinqüenta países do
mundo.

2. Há um ardor missionário islâmico em ação e um ataque do islamismo contra as


doutrinas cristãs. Sabemos que o islamismo esforça-se por difundir sua doutrina em
todo o mundo livre. Isto é facilmente visto pelas mesquitas construídas e inúmeros
livros escritos e publicados ao redor do mundo. Há nas últimas páginas do livro
Islamismo Mandamentos Fundamentais, de Mohammad Ahmad Abou Fares, 25 fotos
de mesquitas construídas no Brasil. Tem sido observado por nós que onde há uma
mesquita há também um esforço de proselitização, o qual se dá por meio de
distribuições de livros religiosos islâmicos e doações do Alcorão. Neste contexto, o
islamismo se opõe às doutrinas cristãs por meio de regulares publicações.3

Uma precaução necessária

Para não criarmos problemas de comunicação, é importante esclarecer em que


sentido usaremos a palavra Alá ou Alah, termo usado para Deus na língua árabe,
tanto no Alcorão quanto na Bíblia. Se fôssemos ler em árabe o famoso versículo do
evangelho de João: “Deus amou o mundo de tal maneira”, seria: “Alá amou o mundo
de tal maneira” (Jo 3.16). Nosso problema não está no uso da palavra Alá, mas em
entendermos se o Alá do Alcorão é o Alá da Bíblia.

Se faz necessário uma breve definição do que queremos dizer por Deus, como uma
unidade absoluta no islamismo e como uma unidade composta no cristianismo. Sem
isto, o entendimento do texto, para quem não está familiarizado com a doutrina da
Trindade, ficará difícil. Por ora, basta afirmar que, segundo autores islâmicos e o
Alcorão, Deus, no islamismo, é uma unidade absoluta, ou seja, há um único ser
divino, em uma única essência divina. Por outro lado, Deus, no cristianismo, é uma
unidade composta, ou seja, há só um Deus, mas três pessoas distintas, Pai, Filho e
11

Espírito Santo, em uma única essência divina. Neste caso, as Pessoas são
Pá gina

inseparáveis e indivisíveis, por isso que há um único triúno Deus.


Passemos, então, à explanação de como o islamismo crê que Deus é.

Alá seria o mesmo Deus da Bíblia?

Se o Alá do Alcorão é o mesmo da Bíblia, ficamos, então, com o dilema de como pode
um Deus triúno (unidade composta) ser o mesmo Deus que não é triúno (unidade
absoluta). Os muçulmanos resolvem este problema negando a autenticidade da Bíblia
e se apoiando nas instruções do Alcorão.

No verso 46 do Sura 29, lemos o seguinte: “E não disputeis com os adeptos do


Livro4, senão da melhor forma [...] Dizei-lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim
como no que vos foi revelado antes; nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos
submetemos” (grifo do autor).

Como podemos ver, não é incomum os muçulmanos pensarem que a Bíblia testifica
do mesmo Deus que o Alcorão, pois este conceito fica claro nesse verso, por meio da
expressão: Nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos submetemos.

Além disso, crêem que os personagens bíblicos Abraão, Ismael, Isaque, Jacó, Moisés,
Jesus, entre outros, eram muçulmanos (Sura 2:136).

O professor Samir El Hayek, responsável pela versão do Alcorão em português, a qual


é utilizada nesta matéria, expressa a mesma idéia: “Abraão, Ismael, Isaac, Jacó e as
tribos (destes, Abraão tinha aparentemente um livro — versículo 19 da 87ª Surata —
e outros seguiam sua tradição), Moisés e Jesus, deixando cada um deles uma
escritura... Não fazemos distinção entre qualquer um desses (profetas). Sua
mensagem (no essencial) foi uma só (ou seja, Abraão, Ismael, Isaac, Jacó, Moisés e
Jesus pregaram uma única mensagem, que era a islâmica), e isso constitui a base do
Islam” (último parênteses do autor).5 Sendo assim, teriam pregado o conceito
islâmico de Deus.

Outro destacado pensador islâmico, Mohamad Ahmad Abou Fares, ao mencionar um


trecho do Alcorão (Sura 4:150-152), confirma esta mesma idéia: “Estes versículos e
muitos outros contidos no Alcorão nos ensinam a grande religião: a religião de Deus é
uma só... desde de o início da criação até hoje... e até o fim!”6 (grifo do autor). A
idéia que Fares procura provar é a de que cristãos e muçulmanos servem o mesmo
Deus, e isto desde o princípio.

Ahmed Deedat, outra autoridade islâmica, também tenta provar que o Alcorão está
certo quanto ao seu Alá ser o mesmo Deus da Bíblia. Faz isso citando uma nota de
rodapé da Bíblia The New Scofield Reference Bible. Publicou a primeira página da The
New Scofield Reference Bible, na qual se encontra a nota de rodapé nº 1, que diz:
“Eloim (às vezes El ou Elah), na forma inglesa Deus (God), o primeiro dos três nomes
primários da divindade, é um substantivo uniplural formado por El =forte e Alah =
jurar, se obrigar por voto, implicando em fidelidade. Esta unipluralidade implícita no
nome é diretamente afirmada em Gênesis 1.26 (pluralidade), e no verso 27
(unidade). Veja também Gênesis 3.22. Assim, a Trindade é latente em Eloim”.7
12

Deedat usa essa nota de rodapé como um argumento para sustentar o que se
encontra em diversos textos do Alcorão (Suras 2:136, 138-140; 4:150-152; 29:46),
Pá gina

ou seja, cristãos e muçulmanos adoram o mesmo Deus. Faz isso porque a palavra
Alah foi mencionada na nota. Reconhecemos que a nota da Bíblia The New Scofield
Reference Bible faz bem ao mencionar a palavra Alah, pois Elohim é o plural de Eloah,
do verbo alá em hebraico, que significa ser adorado, ser excelente, temido e
reverenciado. No entanto, destacamos que se Eloim, plural de Eloah, que vem do
verbo alá, é uma evidência de que cristãos e muçulmanos servem ao mesmo Deus,
segundo Deedat, então o Deus alcorânico deveria ser uma unidade composta, como
indica a palavra Eloim, plural de Eloah, e como explicou Scofield em sua nota de
rodapé: “El =forte e Alah = jurar, se obrigar por voto, implicando em fidelidade. Esta
unipluralidade implícita no nome é diretamente afirmada em Gênesis 1.26
(pluralidade), e no verso 27 (unidade). Veja também Gênesis 3.22. Assim, a Trindade
é latente em Eloim.” Contudo, ele usa de seletividade para com a citação e ignora o
fato de que a nota claramente ensina que o Deus verdadeiro é uma unidade
composta, o que, por sinal, é bem antiislâmico.

Diante da enfática exposição desses testemunhos que concordam que o Alá do


Alcorão é o Deus da Bíblia, e considerando muitos outros que foram aqui omitidos,
ratificamos a necessidade de conhecermos qual é o entendimento islâmico sobre
Deus, e como, neste contexto, os muçulmanos negam as doutrinas basilares da fé
cristã. Entretanto, antes de fazê-lo, é importante entender o que levou Maomé a
pregar o monoteísmo absoluto islâmico, rechaçando a doutrina da Trindade. Para
tanto, precisamos saber o que significa shirk, conhecimento que nos dará base para
entendermos o contexto no qual surgiu a crença islâmica de Deus. Passemos a defini-
lo.

Como shirk é definido

Shirk é atribuir associado ou parceiro a Alá, ou seja, considerar algo ou alguém que
não tem natureza divina como Deus e adorá-lo como tal. Este é o único pecado no
islamismo que não tem perdão: “o homem se tornou culpado de shirk, adorador de
ídolos”.8 Em outras palavras, adoração a ídolos (politeísmo) é shirk, pois é o mesmo
que associar ou atribuir um parceiro a Alá, considerando-o Deus, quando esse não o
é.

No Alcorão está claro que shirk é imperdoável, conforme vemos autenticado: “Deus
jamais perdoará a quem lhe atribuir parceiros (associados); porém, fora disso, perdoa
a quem lhe apraz. Quem atribuir parceiros a Deus comete um pecado ignominioso”
(Sura 4:48; grifo do autor). Tal como este, outros textos participam da mesma
concepção (Sura 4:116; 5:172).

John Gilchrist, pesquisador do islamismo, entende que a maior barreira entre os


cristãos e os muçulmanos é o fato de que para o islamismo os cristãos cometem shirk
ao adorarem Jesus, pois no entendimento islâmico, Jesus é apenas um profeta, e não
Deus encarnado. Neste caso, isto seria associar alguém, uma criatura de Alá, a Alá,
adorando-o como Deus, quando essa criatura ou alguém não seria Deus.

Gilchrist explica que a raiz da palavra parceiro é a mesma da palavra shirk, a saber
yushraku.9 Segundo ele, os cristãos cometem shirk numa perspectiva islâmica, pois o
Alcorão condena o entendimento cristão de que Jesus é o Filho de Deus (Sura 10:68).
13

Os muçulmanos pensam que os cristãos associaram ou atribuíram Jesus a Alá,


quando aquele (Jesus) era um mero mensageiro deste (Alá). Na verdade, sabemos
Pá gina

que Jesus é eterno e nunca foi associado a Alá. Deus é triúno de eternidade a
eternidade.

Os árabes pré-islâmicos eram idólatras

Os árabes pré-islâmicos criam que Alá tinha filhos e filhas. Estes eram deuses e
deusas, ou gênios e gênias, que descendiam de Alá. Como seus descendentes
possuíam natureza divina, por isso eram adorados como divindades por eles.
Contudo, numa perspectiva islâmica, isto era o mesmo que associar ou atribuir
parceiros a Alá. Temos suficiente informação no Alcorão sobre os árabes pré-islâmicos
nesses termos, ou seja, eram idólatras e cometiam shirk.

No Sura 53:19-23, temos a menção de três deusas adoradas no período pré-islâmico:


Al- Lát, Al-Uzza e Manata. Pensavam que estas eram filhas de Alá: “Considerai Al-Lát
e Al-Uzza. E a outra, a terceira deusa, Manata. Porventura, pertence-vos o sexo
masculino e a Ele o feminino? Tal, então, seria uma partilha injusta. Tais (divindades)
não são mais do que nomes, com que as denominastes, vós e vossos antepassados
[...] Não seguem senão as suas próprias conjecturas e as luxúrias das suas almas,
não obstante ter-lhes chegado a orientação do seu Senhor!” (Maomé teria, então,
trazido a orientação do seu Senhor contra o entendimento errado da idolatria);
parênteses do autor.

O entendimento islâmico presume que Deus não tem nenhum Filho, porque Alá não
faz sexo. Veja o Sura 6:100-102: “Mesmo assim atribuem como parceiros a Deus, os
gênios, embora fosse Ele quem os criasse; e, nesciamente, inventarem-lhe filhos e
filhas [...] Originador dos céus e da terra! Como poderia ter prole, quando nunca teve
uma esposa, e foi Ele quem criou tudo o que existe, e é Onisciente? Tal é o vosso
Deus, vosso Senhor! Não há mais divindade além dele, Criador de tudo! Adorai-o,
pois, porque é o guardião de todas as coisas” (grifo do autor).

Na prática, segundo esse texto, os seres (gênios) seriam deuses parceiros de Alá, aos
quais os pré-islamicos atribuíram como parceiros a Deus, por serem seus
descendentes e, por isso, foram condenados por Maomé como idólatras.

Como, então, o entendimento pré-islâmico pensava em Deus como alguém que tinha
filhos e filhas conforme Maomé anunciava o monoteísmo, esses islâmicos achavam
que ele (Maomé) tivesse sugerindo que todos os deuses formassem um só, como se
fosse possível somá-los em um (Sura 38:5). Contudo, Maomé anunciava-lhes que
havia somente um Deus e, neste sentido, o islamismo é semelhante ao cristianismo,
pois prega a existência de um único Deus e condena a idolatria, mas, apesar dessa
semelhança, Maomé ensinou que Deus não é triúno e, por isso, existe uma grande
tensão entre o islamismo e o cristianismo. Munidos desse contexto, passemos agora a
considerar alguns fatores que evidenciam que o Alá do Alcorão não é o Deus da
Bíblia.

O Alá do Alcorão não teve filho

Começamos pelo Sura 112: “Dize: Ele é Deus, o Único. Deus! O Absoluto! Jamais
14

gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele!”. Hayek diz o seguinte sobre esta
passagem alcorânica: “A natureza de Deus é nos aqui, indicada em poucas palavras,
Pá gina

de maneira que possamos entender [...] Ele é Uno e Único, o Uno e Único, a quem
devemos adorar; todas as outras coisas ou entidades em que ou em quem pudermos
pensar são as suas criaturas, de maneira nenhuma comparáveis a Ele [...] Ainda
mais, não devemos pensar que Ele teve um filho ou um pai, porquanto isso seria
querer imputar-lhe qualidades materiais, ao formarmos um juízo dele”.10

Ainda nesse contexto, o Sura 19:35 diz o seguinte: “É inadmissível que Deus tenha
tido um filho. Glorificado seja! Quando decide uma coisa, basta-lhe dizer: Seja!, e é”.
Hayek, ao comentar este verso, mais uma vez explica que Deus não pode ter um
filho, porque não faz sexo: “Gerar um filho é um ato fisiológico que depende das
necessidades da natureza animal do homem. Deus, o Altíssimo, é independente de
todas as necessidades, e é derrogatório atribuir-lhe tal ato”.11

Percebemos que esse entendimento é fruto do desconhecimento da doutrina cristã.


Perguntamos: quem afirmou que Jesus é Filho de Deus em termos carnais? É
abominação e blasfêmia também para os cristãos imaginar que Jesus é Filho de Deus
nessa condição. Não deveria haver tal barreira entre o cristianismo e o islamismo,
pois este não é o ensino cristão sobre a filiação de Jesus. De fato, os cristãos não
ensinam que Deus precisa fazer sexo para ter um filho, assim como não precisa de
mãos para segurar, de pés para andar ou de pulmão para respirar e viver.

Mas como, então, os muçulmanos enfrentam as afirmações bíblicas que legitimam a


filiação de Jesus? Ahmed Deedat alista algumas passagens, tais como Gênesis 6.2,4
(os filhos de Deus casaram-se com as filhas dos homens), Êxodo 4.22 (Israel é filho
de Deus), Salmo 2.7 (Davi como filho de Deus) e Romanos 8.14 (os filhos de Deus
são guiados pelo Espírito Santo), por meio das quais afirma que Jesus era Filho de
Deus de uma maneira metafórica, como Israel, Davi e outros na Bíblia.12 Assamad
interpreta as mesmas passagens concluindo que Jesus era Filho de Deus no sentido
que era próximo de Deus pelo amor, assim como qualquer homem pode ser filho de
Deus.13

Como podemos ver, as duas argumentações só provam que há mais de um uso para
a expressão filho de Deus na Bíblia sem considerarem as passagens que definem
Jesus como Filho de forma especial e única, nas quais Jesus é revelado como tendo a
mesma natureza do Pai, assim como igualdade. Logo se percebe que tanto Assamad
como Deedat não compreendem os vários significados bíblicos da expressão Filho
Deus.

A idéia de que Jesus era um mero homem, um mensageiro (profeta), um ser criado,
não divino, também é vista na citação, por parte de Ahmed Deedat, dos Suras 3:47 e
3:59. Fez isso para embasar sua opinião, como muçulmano, de que Jesus fora criado:
“Este é o conceito islâmico do nascimento de Jesus. Pois para Deus criar um Jesus,
sem um pai, basta simplesmente desejar. Se ele quiser criar um milhão de Jesus,
sem pais, basta Alá desejar”.14

Deedat parece estar convencido de que Jesus não é Deus, pois entende que Ele nunca
se declarou como tal. Procura provar sua opinião citando João 10.23-36 para explicar
que Jesus é um com o Pai (v. 30), mas, segundo seu entendimento, somente em
propósito. Jesus não seria Filho de Deus de uma maneira especial, como se fosse
Deus, ou tivesse reivindicado sê-lo.15 No entanto, Deedat cai em contradição quando
15

reconhece que o entendimento dos cristãos e dos judeus, quanto ao episódio da


passagem, é claro. Ou seja, Jesus reivindicou ser Deus ao dizer que era um com o
Pá gina

Pai, com a diferença de que os judeus não aceitaram isto, mas os cristãos, sim: “Os
cristãos concordam com os judeus, Jesus realmente fez tal reivindicação (ser Deus);
mas diferem nisto, não era blasfêmia para os cristãos, porque crêem que Ele é
Deus”.16 A contradição de Deedat demonstra que no fundo ele sabe que Jesus
realmente se declarou Deus! Ora, se Jesus nunca se declarou Deus, como judeus e
cristãos entenderam isso? Como vieram a discordar desse ponto, se não houve
reivindicação por parte de Jesus?

Assamad igualmente parece convencido de que Jesus não é Deus, pois Ele orava a
Deus Pai e, nesse sentido, era como qualquer outro homem, como qualquer criatura
de Deus, por isso conclui que Jesus não podia ser Deus encarnado: “Ele falava de
Deus como meu Pai e vosso Pai, e meu Deus e vosso Deus (Jo 22.17). Essas palavras
de Jesus relatadas na Bíblia demonstram que Jesus tinha a mesma relação com Deus
que qualquer outro homem. Ele era uma criatura de Deus [...] Em sua agonia na
cruz, Jesus exclamou: ‘Eloi, Eloi, lamma sabachthani?’. Que quer dizer: ‘Deus meu,
Deus meu, por que me desamparaste?’ (Mc 15.34)”.

Segundo Assamad, jamais tais palavras, proferidas na cruz por Jesus, poderiam ser
pronunciadas por Deus, por isso diz: “O que temos aí é o grito de um homem
indefeso e agonizante dirigido ao seu Criador e Senhor”.17 Cita então diversas
passagens bíblicas em que Jesus orava, concluindo que Ele não podia ser Deus e que
nada sabia sobre a Trindade pelo fato de ter sido sua prática a oração (Mc 1.35; Lc
5.16; Jo 17.3).

O aparente problema apontado por Assamad, por meio do qual tenta provar que
Jesus não era divino, pois orava a Deus Pai, de fato não o é, pois havendo três
pessoas na Divindade, uma fala com a outra, não só durante a encarnação, mas
também antes e depois da mesma. Na realidade, podemos verificar grande
semelhança entre o seu argumento e os das testemunhas-de-jeová, as quais, tal
como Assamad, procuram intensificar a questão atacando a divindade de Jesus à luz
das limitações decorrentes de sua encarnação.

Declaram que Jesus, pelo fato de ter sido homem, não podia ser Deus encarnado. É
Claro que um ser humano se alimenta e passa por todas as vicissitudes decorrentes
de sua natureza. Como homem, Jesus era tão humano como qualquer outro ser
humano. Todavia, isso não consiste em prova de que não podia ser uma das pessoas
da Divindade que se encarnou. Fez isso por um certo tempo, para que, assim, se
cumprisse toda a Escritura e pudesse haver salvação para o homem. Não obstante,
possuía natureza divina, mesmo que, voluntariamente, tivesse se limitado na
manifestação de seus atributos divinos. Não há, no genuíno entendimento cristão,
conflito no fato de Jesus, sendo Deus, ter-se tornado homem, mesmo que para isso
tivesse se limitado, por um certo tempo, na manifestação plena dos atributos divinos.

O Alá do Alcorão não é triúno

Uma vez que Alá no Alcorão é uma unidade absoluta, é de se esperar que a doutrina
da Trindade fosse claramente condenada no Alcorão. Há passagens no Alcorão que
claramente se opõem à Trindade.
16

Hayek, ao comentar o Sura 2:135 (“Disseram: Sede judeus ou cristãos, que estareis
bem iluminados. Responde-lhes: Qual! Seguimos o credo de Abraão, o monoteísta,
Pá gina

que jamais se contou entre os idólatras”), disse o seguinte sobre a Trindade: “Os
judeus, embora orientados quanto à Unicidade, procuraram falsos deuses, e os
cristãos inventaram a Trindade ou a copiaram da idolatria”.18 Podemos ver, pelo
comentário de Hayek, que o islamismo condena a Trindade, pensando ser ela o
mesmo que idolatria. Percebemos que os posicionamentos islâmicos são
profundamente antagônicos ao cristianismo.

Vejamos o que diz o Sura 5:73: “São blasfemos aqueles que dizem: Deus é o um da
Trindade! Porquanto não existe divindade além do Deus Único...” (grifo do autor).
Veja também o Sura 4:171. Ressaltamos, porém, que os cristãos não crêem que
Deus seja o um de uma Trindade, como se duas outras Pessoas tivessem sido
associadas a Deus, mas ao contrário, crêem que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são
um e somente um Deus, pois há somente uma essência divina; cada uma das
Pessoas é Deus e possui a totalidade da essência divina; as Pessoas são eternamente
inseparáveis e eternamente unidas nessa única essência divina; cada uma das
Pessoas possui a mesma dignidade das outras duas, e, portanto, conseqüentemente
cada uma das Pessoas são idênticas em essência, vontade, propósito, poder,
eternidade e nos demais atributos. Sendo assim, a Surata 5:73 não faz referência ao
entendimento bíblico e cristão de Deus.

Além desse erro de interpretação da Trindade por parte dos muçulmanos, existe a
possibilidade de Maomé ter confundido o ensino cristão da Trindade com o triteísmo
do Pai, Maria e Jesus. Se isto ocorreu, há a possibilidade de Maomé ter condenado a
Trindade por causa de um entendimento errôneo, pois até mesmo os cristãos
condenariam veementemente a Trindade nesses termos. Como teria ocorrido isso? Há
dois versos que indicam que Maomé pensava que Maria também tinha natureza
divina.

Citamos aqui o Sura 5:116, no qual se lê que: “E recorda-te de que quando Deus
disse: Ó Jesus, filho de Maria! Fosse tu quem disseste aos homens: Tomai a mim e
minha mãe por duas divindades, em vez de Deus?” (grifo do autor). Veja também o
Sura 5:75. Aqui, constatamos, havia a crença ou o entendimento de que os cristãos
adoravam Jesus e Maria como pessoas da Trindade.

Há duas possibilidades de como Maomé se convenceu de que a crença da divindade


de Maria era aceita por cristãos. Talvez obteve este conhecimento por meio de uma
obscura seita cristã chamada Collyridians, cujos adeptos adoravam Maria e lhe
ofereciam um bolo em devoção chamado Collyris.19 Ou simplesmente o obteve por
meio do que pensou ser verdade, segundo as aparências, pois alguns cristãos
veneravam Maria em suas expressões populares de fé de tal maneira que poderia ter-
lhes parecido que a divindade de Maria era uma doutrina cristã, o que é contrário ao
ensino bíblico sobre ela.20

De qualquer maneira, o entendimento islâmico inicial quanto à Trindade, segundo


antigos comentaristas islâmicos, supunha que essa fosse composta de Deus, Maria e
Jesus: “Estes versos (Sura 5:75 e 5:116) são explicados pelo comentarista Jalalu’din
e Yahya como sendo a resposta de Maomé à declaração que ouviu de certos cristãos
de que há três deuses, a saber: o Pai, Maria e Jesus (Tisdall, The Original sources of
the Qur’an)”.21 Outro grande comentador, Zamakhshari, também concorda que o
17

Alcorão ensina a suposta crença cristã de que Deus, Cristo e Maria são três deuses, e
que Cristo é o filho de Deus por Maria.
Pá gina
Assim, segundo Jalalu’din, Yahya e Zamakhshari, era isso que Maomé condenava, e
não a doutrina como a conhecemos. O fato de Deus ser uma unidade composta não
faz dele três deuses.22 Se pudéssemos remover esses mal-entendidos, então o
islamismo veria que o cristianismo também prega o monoteísmo. Agora, passaremos
a expor, brevemente, essas discordâncias doutrinárias.

Equívocos islâmicos na interpretação da Bíblia

1. Imaginar que a Trindade foi retirada da idolatria ou inventada pelo homem. De


fato, a doutrina da Trindade é revelada implicitamente no Velho Testamento e
explicitamente no Novo Testamento. A Bíblia e os cristãos que a seguem se opõem à
idolatria, totalmente. As evidências bíblicas das Escrituras quanto à divindade do Pai,
do Filho e do Espírito Santo são tantas que não podemos dizer que a doutrina da
Trindade foi inventada pelos homens, ou copiada da idolatria. Temos também as
evidências de que Deus é uma unidade composta nas Escrituras. Como, então, a
doutrina teria sido retirada da idolatria ou inventada pelo homem? Será que isso não
é uma tentativa para justificar o Alcorão? Aparentemente sim.

2. Imaginar que Jesus foi associado a Alá. Não é verdade que os cristãos crêem em
Deus como o um de uma Trindade. Não é assim que a Bíblia revela Deus. Ele é sim
uma unidade trina, composta de três Pessoas, que é eterna. Jesus, por isso, nunca foi
associado a Deus. Ele é eternamente Deus. Nunca, no entanto, houve um momento
em que Jesus deixasse de ser Deus para depois passar a ser associado a Deus. Os
cristãos nunca cometeram shirk. Jesus é eternamente Deus.

3. Atacar a divindade de Jesus, tendo como base sua encarnação. Se a Bíblia revela
que o Messias seria Deus em carne, quem somos nós para negar isto? Quem somos
nós para limitar Deus naquilo que Ele quer e pode fazer? Certamente que para o Deus
do impossível é possível voluntariamente se limitar em um corpo humano, se assim o
desejar. A encarnação de Jesus não prova que Jesus não é Deus, e não nos dá base
para rejeitarmos a Trindade. Ela simplesmente mostra que Deus, voluntariamente, se
limitou em um corpo humano para morrer pelo homem que se havia perdido.
Contudo, após sua exaltação, não possui limitações de um corpo humano. Somente
assim Jesus poderia dizer que estaria onde dois ou três estivessem reunidos em seu
nome. Ele está agora no pleno exercício da manifestação de seus atributos.

4. Ignorar todos os sentidos da expressão Filho de Deus na Bíblia. Por causa disso
crêem que Jesus não é o Filho de Deus, pois Deus não faz sexo. Não é isso que os
cristãos ensinam. Sabemos que a expressão Filho de Deus tem um sentido natalício,
messiânico, assim como retrata um relacionamento filial entre Jesus e o Pai. Todavia,
um de seus sentidos evidencia que Jesus se autodeclarava Deus, quando aplica a
expressão para si, reivindicando igualdade e unidade com o Pai (Jo. 5:18-28; 8:28,
cf. Jo 8.24,52-58). Há muitas passagens para fundamentarmos esse ponto em termos
bíblicos. Certamente que nunca foi ensinado pelo cristianismo que Deus fez sexo com
Maria, querendo, com isso, justificar o uso da expressão Filho de Deus. De onde será
que o islamismo tirou tal idéia? Por que ainda a propaga? Certamente que esse não é
o ensino cristão a respeito da expressão Filho de Deus.
18

5. Confundir a doutrina da Trindade com o triteísmo do Pai, do Filho e do Espírito


Santo. Afirmam que a doutrina da Trindade divide a deidade em três Pessoas divinas,
Pá gina

separadas e distintas — Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. Isso seria
triteísmo: três Pessoas distintas e separadas em três essências. Nós, cristãos, porém,
não cremos assim, antes, que Jesus ensinou a unidade das Pessoas em uma única
essência divina, ou seja, em uma unidade trina. De tal maneira que as pessoas são
inseparáveis, mesmo internamente, na única natureza divina existente. Veja os
seguintes textos bíblicos para a divindade de Jesus e sua unidade com o Pai em uma
mesma essência: João 1.1,14,18; 5.18-28; 8.24,28,52-58; 10.30-38; 14.7-11. Como
disse Jesus: se não pudessem crer no que Ele dizia, que cressem por causa das obras
que Ele realizava: João 10.30-38; 14.11, entre suas realizações, sua ressurreição:
João 2.18-22; 8.28, por meio da qual ficaria evidente que Ele era (e ainda é) auto-
existente, eterno, com poder sobre a morte e, de fato, podia oferecer vida eterna ao
que nele cresse: João 8.51.

6. Imaginar que a Trindade pudesse ser composta do Pai, de Maria e do Espírito


Santo. Nunca passou pela cabeça de nenhum erudito cristão essa possibilidade. A
doutrina da Trindade é baseada nas Escrituras, e estas não ensinam a Trindade dessa
maneira. Vemos pelas Escrituras que Maria foi uma mulher escolhida por Deus, mas,
como todas as criaturas, era apenas um ser humano.

O Alá do Alcorão não é o Deus da Bíblia!

À luz da revelação bíblica e alcorânica, afirmamos que:

Alá não é o mesmo Deus da Bíblia. O Deus da Bíblia é triúno, o do Alcorão não. Alá se
define como uma unidade absoluta, mas o Deus da Bíblia como uma trina unidade
composta. Alá não possui um filho, o Deus da Bíblia sim. Alá ataca, por meio do
Alcorão, a doutrina cristã de Deus e a Divindade e a Filiação de Jesus, porém, estas
foram reveladas, ao longo da história, por Deus nas Escrituras Sagradas, a Bíblia, por
meio de suas muitas evidências.

Respeitamos as convicções islâmicas num contexto de liberdade religiosa, mas


lamentamos que sua doutrina de Deus, tal como se apresenta no Alcorão, ataca a
cristã. Percebemos que os muçulmanos não assimilaram, como convém, a doutrina
bíblica de Deus. Atacam-na, mas não a compreendem. Não conseguem perceber que
Deus se revelou ao homem como triúno. É lamentável que imaginem que Deus só
pode ter um filho se fizer sexo. Não é nesse sentido que Jesus é Filho de Deus, como
já afirmamos.

Costumo dizer que podemos passar uma eternidade discutindo doutrina,


provavelmente não chegaremos a nenhum lugar. Contudo, nosso desejo é que os
muçulmanos possam ter um encontro vivo e real com Jesus. Isto é possível, pois Ele
ressuscitou, venceu a morte, portanto, pode se manifestar a todo aquele que crê. Só
Ele pode perdoar pecados e salvar, pois para isto morreu pelo homem. Contudo, o
homem, criado por Deus, precisa crer e clamar, pois sem fé é impossível agradar a
Deus (Hb 11.6). Não é preciso palavras quando há um encontro com o Jesus
ressurreto, pois Ele ainda tem o mesmo poder transformador manifesto durante sua
encarnação terrena.

Fazer um texto abordando as diferenças doutrinárias entre os cristãos e os


19

muçulmanos não significa que não amamos os seguidores do Islã. Ao contrário. Nós
os amamos e sabemos que o Senhor é poderoso para se revelar a eles.
Pá gina
Oremos pelos muçulmanos, e não nos deixemos levar pelos nossos preconceitos.

Notas:

1 Klintowitz, J. Islã: a derrota do fanatismo, revista Veja, São Paulo: Editora Abril, 1º
de março de 2000, p. 46.
2 Ibid., p. 46.
3 Dr. Maurice Bucaille, A Bíblia, o Alcorão e a ciência. Abul Hassam Annaduy, O Islam
e o mundo. Ulfat Aziz Assamada, Islam e cristianismo. Mohamad Ahmad Abou Fares,
Islamismo Mandamentos Fundamentais.
4 Nesse momento, vale a pena esclarecer o que significa adeptos do Livro, pois esta
expressão aparece com certa freqüência no Alcorão. Esta se refere a judeus e
cristãos, como explica Ahmed Deedat: “Adeptos do Livro é um título muito respeitável
pelo qual judeus e cristãos são tratados no Santo Alcorão. Em outras palavras, Alá
está dizendo – “Ó pessoas instruídas!” “Pessoas com uma Escritura”, (Deedat, A.
Christ in Islam. RSA, Islamic Propagation Centre, 1983, p. 32).
5 Hayek, S. El. O Significado dos Versículos do Alcorão Sagrado. Brasil, MarsaM
Editora Jornalística, 1994, p. 21.
6 Fares, M. A. Islamismo Mandamentos Fundamentais. Brasil, Editora Gráfica e
Editora Monte Santo, p. 152.
7 Deedat, A. What Is His Name. RSA, Islamic Propagation Centre International, 1997,
p. 28.
8 Maududi, A. A. Para Compreender o Islamismo. Brasil, Centro de Divulgação do Islã
Para América Latina, 1989, p. 96.
9 Gilchrist, J. The Christian Witness To The Muslim. RSA, Roodepoort Mission Press,
1988, p. 326-327.
10 Hayek, S. El. O Significado dos Versículos do Alcorão Sagrado. Brasil, MarsaM
Editora Jornalística, 1994, p.757.
11 Ibid., p. 351.
12 Deedat, A. Christ in Islam, RSA, Islamic Propagation Centre International, 1983, p.
28-29.
13 Assamad, U. A. O Islam e o Cristianismo. Brasil, Editora Makka, 1991, p. 44-45.
14 Deedat, A. Christ in Islam, RSA, Islamic Propagation Centre International, 1983, p.
24-25.
15 Deedat, A. Christ in Islam, RSA, Islamic Propagation Centre International, 1983, p.
37.
16 Ibid., p. 38.
17 Assamad, U. A. O Islam e o Cristianismo. Brasil, Editora Makka, 1991, p 39.
18 Hayek, S. El. O Significado dos Versículos do Alcorão Sagrado. Brasil, MarsaM
Editora Jornalística, 1994, p.20.
19 Gilchrist, J. The Christian Witness To The Muslim. RSA, Roodepoort Mission Press,
1988, p. 318.
20 Ibid., p. 319.
21 Ibid., p. 318.
22 Ibid., p. 318
20
Pá gina
3. UM EXAME CRÍTICO E HISTÓRICO DA ADORAÇÃO ISLÂMICA

Por João Flávio Martinez

O dr. Halley nos informa que Maomé, quando moço, visitou a Síria e entrou em
contato com os cristãos daquela região, onde se encheu de horror pela idolatria que
os tais seguidores de Cristo praticavam.1

Parece que o profeta estava à procura de um Deus mais singular e único. Cansado da
idolatria e do paganismo existentes em suas terras, esse conflito espiritual gerou em
seu coração a sensação heróica de querer ser o “profeta da restauração”: “Eis aqui a
religião de Deus! Quem melhor que Deus para designar uma religião? Somente a Ele
adoramos!” (Surata 2:138).

Os historiadores Knigth e Anglin também comentam sobre o zelo do islamismo contra


a idolatria: “No ano 726 d.C., Leão III, imperador do Oriente, assustado com o
progresso dos maometanos, cujo fim conhecido era exterminar a idolatria e afirmar a
unidade de Deus, começou, por interesse próprio, uma cruzada animada contra as
adorações das imagens, e o zelo que mostrou nessa nova empresa logo lhe criou o
nome de Iconoclasta, que significa quebrador de imagem”.2

As imagens e a Igreja Católica Apostólica Romana

Quando o catolicismo começou a aderir às imagens de esculturas e aos desenhos de


fatos bíblicos e de santos, a idéia não era ir contra os ensinamentos da Palavra de
Deus, mas implantar uma didática pragmática para que o povo da Idade Média, leigo
e analfabeto, pudesse aprender mais sobre as histórias bíblicas. O difícil foi conseguir
separar a imagem da adoração idólatra, o que o catolicismo romano falhou
miseravelmente ao dar plena evasão a uma prática tão condenada pela Bíblia
Sagrada.

Até mesmo os livros apócrifos condenam tal prática. Por exemplo, no primeiro Livro
de Macabeus é-nos contado que os judeus preferiram enfrentar a morte e ir contra o
decreto do rei grego Antíoco Epifânio a terem de adorar as imagens do panteão
mitológico da Grécia: “Erigissem altares, templos e ídolos [...] a obrigarem-nos a
esquecer a lei e a transgredir as prescrições” (I Macabeus 1:47-49). Ou seja, a
problemática católica teve início com uma boa intenção: instruir os incautos usando
as imagens.

Nesse ínterim, os bárbaros “convertidos” ao cristianismo já haviam encontrado os


representantes de seus ídolos em imagens católicas. O comércio dessas imagens e
ídolos estava, desde então, gerando enormes recursos para a Igreja. O procedimento
do clero, que vivia nas trevas da ignorância, sem se preocupar com o que realmente
a Bíblia ensinava, e toda a conjectura dos acontecimentos mostravam que a idolatria
seria a marca registrada da Igreja Romana. Em seu livro, As brumas de Avalon,
Marion Zimmer Bradley relata que a “deusa mãe”, adorada pelos Teutões e Saxões
(germanos), tinha sobrevivido à cristianização na pessoa da mãe de Deus — a Virgem
Maria. Esses povos não tiveram dificuldades em assimilar a deusa Virgem Maria, pois
21

viam nela a sua adorada “deusa mãe”. Por fim, só restava ao papa decretar o que já
Pá gina

era fato, o que aconteceu em 787 d.C., no segundo Concílio de Nicéia, quando ele
disciplinou a veneração de imagens.
Bem, você deve estar se perguntando porque estou explicitando algo sobre o
catolicismo quando a minha intenção é falar de islamismo. É que, para nossa surpresa
e concepção, o islamismo passou e está passando por uma transformação parecida:
do zelo iconoclasta maometano ao desvio para a idolatria. Foi justamente isso que
descobri em várias leituras que fiz sobre o mundo islâmico. Sempre tive no
islamismo, devido à minha cultura ocidental, uma religião um tanto paradoxal e
composta de doutrinas bem exóticas, mas não imaginava que tivesse alguma
tendência à prática da idolatria.

Acredito que ídolos e analfabetismo sejam uma mistura perfeita para a incubação do
misticismo popular, e como nos países muçulmanos a taxa de analfabetismo sempre
foi muito alta, é possível que o islamismo venha seguindo, já há alguns séculos, o
mesmo caminho que a Igreja Romana tomou na Idade Média. Isso não é de se
admirar, porque, como veremos, o islamismo nasceu em meio a um ambiente pagão
idólatra – a Caaba.

O Alcorão condena a idolatria?

Sim! As páginas corânicas são bem claras em relação a esta questão. A luta contra a
adoração de imagens e ídolos parece ter sido uma das maiores empreitadas do
profeta. A seguir iremos relacionar alguns textos que condenam a prática da idolatria.
Gostaríamos que o leitor observasse que, para o islamismo, acreditar na Trindade
também é pecado de idolatria. Vejamos:

“E quando viu despontar o Sol, exclamou: Eis aqui meu Senhor! Este é maior! Porém,
quando este se pôs, disse: Ó povo meu, não faço parte da vossa idolatria!” (Surata
6:78).

“Porém, se Deus quisesse, nunca se teriam dado à idolatria. Não te designamos (ó


Mohammad) como seu defensor, nem como seu guardião” (Surata 6:107).

“Porventura, enviamos-lhes alguma autoridade, que justifique a sua idolatria?”


(Surata 30:35).

“Ó filho meu, não atribuas parceiros a Deus, porque a idolatria é grave iniqüidade”
(Surata 31:13).

“E permanecei tranqüilas em vossos lares, e não façais exibições, como as da época


da idolatria; observai a oração, pagai o zakat , obedecei a Deus e ao seu mensageiro,
porque Deus só deseja afastar de vós a abominação, ó membros da Casa, bem como
purificar-vos integralmente” (Surata 33:33).

A Trindade como prática idólatra:

“São blasfemos aqueles que dizem: ‘Deus é o Messias, filho de Maria’, ainda quando o
mesmo Messias disse: Ó israelitas, adorai a Deus, que é meu Senhor e vosso. A quem
atribuir parceiros a Deus, ser-lhe-á vedada a entrada no paraíso e sua morada será o
22

fogo infernal!’ Os iníquos jamais terão socorredores. São blasfemos aqueles que
dizem: ‘Deus é um da Trindade!’, portanto não existe divindade alguma além do Deus
Pá gina

único. Se não desistirem de tudo quanto afirmam, um doloroso castigo açoitará os


incrédulos entre eles” (Surata 5:72-3; grifo nosso).

A sentença para quem pratica a idolatria:

“Mas quando os meses sagrados houverem transcorrido, matai os idólatras, onde


quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os; porém, caso se
arrependam, observem a oração e paguem o zakat, abri-lhes o caminho. Sabei que
Deus é indulgente, misericordiosíssimo” (Surata 9:5; grifo nosso).

Indícios de idolatria em algumas práticas islâmicas

A partir daqui, estaremos discriminando algumas práticas de adoração islâmicas que


se chocam com a teoria doutrinária exarada no Alcorão. Construiremos esta análise
fundamentando-a na concepção de diversos pesquisadores religiosos e esperamos
que as referências citadas nos possibilitem tecer um julgamento equilibrado da tensão
existente no ambiente de adoração islâmico. Vejamos:

Maomé – um profeta vaticinado por pagãos idólatras

No livro A vida do profeta Maomé, traduzido por Ibn Ishaq, é declarado: “Rabinos
judeus, monges cristãos e adivinhos árabes prevêem o advento de um profeta...”.3

A Bíblia, no entanto, diz: “Porventura a fonte deita da mesma abertura água doce e
água amargosa?” (Tg 3.11). Ou seja, de acordo com os ensinamentos de Deus, de
uma mesma fonte não pode jorrar dois tipos de águas — ou a água é boa ou é má.
Se Maomé foi profetizado por árabes pagãos isso coloca, até mesmo para os seus
seguidores, uma dúvida latente sobre a autenticidade de seu ministério.

Caaba – a veneração à Pedra Negra

A Caaba é o santuário islâmico localizado no centro da Grande Mesquita, em Meca.


Lugar sagrado dos muçulmanos, guarda a Pedra Negra, que, segundo a crença
islâmica, fora dada a Adão depois de sua expulsão do paraíso.

Por ter sido levada pelo dilúvio, a Caaba fora reconstruída por Abraão e seu filho
Ismael, que teriam embutido no ângulo Sudeste do cubo de pedra que formava a
casa de Deus a Pedra Negra, trazida pelo anjo Gabriel. “Os muçulmanos contornavam
a Caaba sete vezes, tocando ou beijando a Pedra Negra ao passarem por ela”.4

A peregrinação para Meca, ou Hajj, é um dos pilares do islamismo. Essa viagem ao


lugar do nascimento de Maomé deve ser feita por todo muçulmano pelo menos uma
vez na vida, desde que dotado de condições físicas e econômicas.

Mantran comenta o seguinte sobre a Caaba:

“A partir do século V, Meca ficou sob o domínio da tribo de Qoraysh, quando um de


seus membros, Qosayy, vindo do norte, eliminou a tribo de Khozaa e teve a
habilidade para transformar Meca em um grande centro de peregrinação, reunindo
23

em um só santuário, a Caaba, as principais divindades dos Árabes [...] Entre os


árabes, essa Pedra Negra, provavelmente um meteorito, era (e é) objeto de
Pá gina

veneração [...] reunindo ali as grandes divindades árabes, permitindo assim aos
homens das caravanas satisfazerem sua crença numa ou noutra divindade”.5 (grifo
nosso)

O prêmio Nobel de literatura, dr. Naipaul, corrobora nesse sentido:

“... A peregrinação a Meca é mais velha do que o Islã, enraizada no antigo culto tribal
árabe e incorporada pelo profeta às práticas islâmicas: a essa cultura, camada após
camada de história”.6

O dr. Salim Almahdy também faz a seguinte observação sobre a Caaba e a Pedra
Negra:

“... Também já existia em Meca a Pedra Negra, por causa da qual as pessoas
peregrinavam para Meca. Os peregrinos beijavam a pedra, prestando culto a Alá por
meio dela”.

Todas as evidências fidedignas mostram que esse lugar foi o centro do paganismo na
Arábia, adaptado ao islamismo pelos fiéis muçulmanos e mantido até hoje na
essência de sua doutrina, onde na prática a Pedra Negra acaba recebendo tanta
veneração quanto Alá.

Alá – mais um ídolo adorado na Caaba?

Para o historiador libanês, Albert Hourani, Alá não passava de mais um dos deuses e
ídolos do paganismo:

“O nome dado a Deus era Alá, já em uso para um dos deuses locais (e hoje usado por
judeus e cristãos de língua árabe como o nome de Deus)”.7

Escritores e historiadores que corroboram que Alá era mais um deus entre o panteão
pagão da Arábia:

Dr. Salim Almahdy, escritor e ex-islâmico:

“O islamismo, Alá e grande parte do Alcorão já existiam antes de Maomé. O pai de


Maomé chamava-se Abed Alá, que significa escravo de Alá [...] A Enciclopédia do
islamismo nos fala que os árabes pré-islâmicos conheciam Alá como uma das
divindades de Meca [...] Segundo a Enciclopédia Chamber’s, ‘a comunidade onde
Maomé foi criado era pagã, com diferentes localidades que tinham os seus próprios
deuses, freqüentemente representados por pedras. Em muitos lugares havia
santuários para onde eram feitas peregrinações. Meca possuía um dos mais
importantes, a Caaba, onde foi colocada a pedra negra, há muito tempo um objeto de
adoração [...] Alá era o deus lua. Até hoje os muçulmanos usam a forma do quarto
crescente sobre as suas mesquitas. Nenhum muçulmano consegue dar uma boa
explicação para isso. Na Arábia havia uma deusa feminina que era a deusa sol e um
deus masculino que era o deus lua. Diz-se que eles se casaram e deram à luz três
deusas chamadas as filhas de Alá, cujos nomes eram Al Lat, Al Uzza e Manat. Alá,
suas filhas e a deusa sol eram conhecidos como os deuses supremos. Alá, Allat, Al
24

Oza e Akhbar eram alguns dos deuses pagãos...’”(www.ictus.com.br).


Pá gina

Rushdie, autor de Versos satânicos:


“Pensai também em Lat e Uzza, e em Manat [filhas de Alá] Elas são os pássaros
exaltados, e sua intercessão é de fato desejada [pelos muçulmanos]”8

Mantran:

“Os árabes do Norte tinham crenças mais realistas: espíritos, djinns representados
por árvore, pedras. Acreditavam também em divindades, muito numerosas, mas
algumas eram veneradas pela maioria das tribos; as mais importantes entre essas
divindades eram três deusas: Manat, Ozza e al-Lat, por sua vez subordinadas a uma
divindade superior, Alá...”.9

Mather e Nichols:

“Alá era uma divindade suprema já conhecida dos povos do Norte da Arábia”.10

O que Maomé realmente fez foi substituir o paganismo politeísta por um paganismo
monoteísta. Afinal, todas as evidências comprobatórias e históricas nos apontam para
o fato de que Alá era um ídolo tribal.

Os amigos de Deus

No catolicismo romano é comum a reza aos “santos” mortos. O católico acredita que
esses cristãos, que em vida fizeram grandes obras de piedade, possam, depois de
mortos, ter acesso a Deus e realizar intercessões espirituais em favor dos vivos que
fazem preces em seus nomes.

Estranhamente, algo parecido acontece com os muçulmanos. Na teologia islâmica,


esses santos especiais são chamados de “amigos de Deus”. É o que nos conta o dr.
Hourani:

“A idéia de um caminho de acesso a Deus implicava que o homem não era só criatura
e servo dele, mas também podia tornar-se seu amigo (wali). Essa crença encontrava
justificativa em trechos do Alcorão: ‘Ó vós, Criador dos céus e da terra, sois meu
amigo neste mundo e no próximo’ (Surata 12:101).

“Aos poucos, foi surgindo uma teoria de santidade (wilaya). O amigo de Deus era o
único que sempre estava perto dele, cujos pensamentos estavam sempre nele, e que
havia dominado as paixões humanas que afastavam o homem dele. A mulher, tanto
quanto o homem, podia ser santa. Sempre houvera e sempre haveria santos no
mundo, para manter o mundo no eixo.

“Com o tempo, essa idéia adquiriu expressão formal: sempre haveria certo número
de santos no mundo; quando um morria, era sucedido por outro; e eles constituíam a
hierarquia que eram os governantes desconhecidos do mundo, tendo o qutb, o pólo
sobre o qual o mundo girava, como seu chefe [...] Os amigos de Deus intercediam
junto a ele em favor de outros, e sua intercessão tinha resultados visíveis neste
mundo. Trazia curas para a doença e a esterilidade, ou alívio nos infortúnios, e esses
25

sinais de graça (karamat) eram também provas da santidade do amigo de Deus.


Pá gina

“Veio a ser largamente aceito que o poder sobrenatural pelo qual um santo invocava
graças para este mundo podia sobreviver à sua morte, e podia-se fazer pedidos de
intercessão em seu túmulo. As visitas aos túmulos dos santos, para tocá-los ou orar
diante deles, passaram a ser uma prática complementar de devoção, embora alguns
pensadores muçulmanos encarassem isso como uma invocação perigosa, porque
interpunha um intermediário humano entre Deus e cada crente individual. O túmulo
do santo, quadrangular, com um domo abaulado, caiado por dentro, isolado ou
dentro de uma mesquita, ou servindo de núcleo em torno do qual surgia uma zawiya,
era uma feição conhecida na paisagem rural e urbana islâmica [...] Do mesmo modo
como o Islã não rejeitou a Caaba, mas deu-lhe novo sentido, também os convertidos
do Islã trouxeram-lhe seus próprios cultos imemoriais. A idéia de que certos lugares
eram moradas de deuses ou espíritos sobre-humanos estava generalizada desde
tempos muito antigos: pedras de um tipo incomum, árvores antigas, nascentes que
brotavam espontaneamente da terra, eram encaradas como sinais visíveis da
presença de um deus ou espírito ao qual se dirigia pedidos e se faziam oferendas,
pendurando-se panos votivos ou sacrificando-se animais.

“Em todo o mundo onde o Islã se espalhou, tais lugares se tornaram ligados aos
santos muçulmanos, e com isso adquiriram um novo significado [...] Alguns dos
túmulos dos santos tinham-se tornado centros de grandes atos litúrgicos públicos. O
aniversário de um santo, ou um dia especial ligado a ele, era comemorado com uma
festa popular, durante a qual muçulmanos do distrito em torno ou de mais longe
ainda se reuniam para tocar o túmulo, rezar diante dele e participar de vários tipos de
festividades [...] Esses santuários nacionais ou universais eram os de Mawlay Idris
(m. 791), tido como fundador da cidade de Fez; Abu Midyan (c. 1126-97) em
Tlemcem, na Argélia Ocidental; Sidi Mahraz, santo padroeiro no delta egípcio, objeto
de um culto em que os estudiosos viam uma sobrevivência em nova forma do antigo
culto egípcio de Bubastis; e ‘Abd al-Qadir, que deu nome à ordem qadirita, em Bagdá
[...] Com o decorrer do tempo, o profeta e sua família passaram a ser vistos na
perspectiva da santidade. A intercessão do profeta no Juízo Final, acreditava-se
comumente, atuaria para a salvação daqueles que tinham aceito a missão dele.

“Maomé passou a ser encarado como um wali, além de profeta, e seu túmulo em
Medina era um local de prece e pedidos, a ser visitado por si ou como uma extensão
do hadj. O aniversário do profeta (mawlid) tornou-se uma ocasião de comemoração
popular; essa prática parece ter começado a surgir na época dos califas fatímidas, no
Cairo, e estava generalizada nos séculos XII e XIV [...] O santo, ou seus
descendentes e os guardiães de seu túmulo, podiam lucrar com sua reputação de
santidade; as oferendas dos peregrinos davam-lhe riquezas e prestígios [...] Alguns
exemplos disso foram observados nos tempos modernos: na Síria, o khidr, o
misterioso espírito identificado com São Jorge, era reverenciado em fontes e outros
lugares santificados; no Egito, coptas e muçulmanos comemoravam igualmente o dia
de santa Damiana...”.11

Em seu livro Entre os fiéis, o dr. Naipaul comenta a respeito da veneração que um
paquistanês desenvolveu por um desses santos:

“Disse ele: ‘Existem categorias de fiéis. Alguns querem dinheiro, outros desejam uma
boa vida no além [...] Eu desejo encontrar Alá. Você só pode fazer isso através de um
26

médium. Meu murshid é o meu médium. Eu desejo amar meu murshid em meu
coração. Alá está com meu murshid. E quando meu murshid entra em meu coração,
Pá gina

Alá está comigo [...] Só posso conhecer Alá através do meu médium. O murshid não
era o pir ou chefe da comunidade, como eu pensei [...] era o santo cuja tumba havia
visitado”.12

A Bíblia desaprova a intercessão dos santos católicos, dos “amigos de Deus”


muçulmanos e de qualquer outra espécie de entidade. Somente a Jesus Cristo, o Filho
de Deus, a Bíblia tem outorgado esse direito de interceder pelos homens: “Porque há
um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm
2.5).

A veneração aos imãs

“Maomé, Fátima (filha do profeta) e os imãs eram vistos como encarnações das
inteligências por meio dos quais o Universo foi criado. Os imãs eram vistos como
guias espirituais no caminho do conhecimento de Deus: para os xiitas, vieram a ter a
posição que os ‘amigos de Deus’ tinham para os sunitas”.13

Procissões

Algo comum no catolicismo é uma romaria ou procissão em devoção a algum santo


canonizado pela Igreja Romana. O que poucos sabem é que no Islã os tais “amigos
de Deus” também recebem a mesma homenagem, principalmente entre os xiitas.

O dr. Naipaul, em uma de suas viagens por países islâmicos, fez uma observação a
esse respeito quando visitava o Irã em 1979, no auge da Revolução Islâmica
impetrada por Khomeini. Revolução que, devido ao rigor religioso, punia todas as
pessoas, inclusive estrangeiras, que desrespeitassem as normas do Alcorão.

Vejamos o que ele nos informa:

“O islamismo tem seus próprios mártires. Uma vez por ano, desfilam seus mausoléus
alegóricos pelas ruas; os homens ‘dançam’ com pesadas luas crescentes, ora
balançando as luas de um jeito, ora de outro; os tambores batiam, e às vezes havia
combates rituais com varas. As brigas de vara eram uma simulação de uma antiga
batalha, mas a procissão era de luto e comemorava a derrota naquela batalha [...] A
cerimônia — da qual participavam tanto hindus como muçulmanos — era
essencialmente xiita, e a batalha tinha a ver com a sucessão do profeta, que fora
travada no Iraque, que o homem especificamente pranteado era o neto do
profeta”.14

Quanto à procissão, a teologia bíblica só tem uma resposta, tanto para os católicos
como para estes grupos específicos de islâmicos: “Congregai-vos, e vinde; chegai-vos
juntos, os que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em procissão as
suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode
salvar” (Is 45.20).

Superstições islâmicas

“Mais difundida, na verdade praticamente universal no islamismo, era a crença em


27

espíritos e a necessidade de descobrir um meio de controlá-los. Os jinns eram


espíritos com corpos de vapor ou chama que apareciam aos sentidos, muitas vezes
Pá gina

sob forma de animais, e podiam influenciar as vidas humanas; às vezes, eram maus,
ou pelo menos travessos, e, portanto, era necessário controlá-los.

“Também podia haver seres humanos com poderes sobre as ações e vidas de outros,
ou devido a alguma característica sobre a qual não tinham controle — o olho mau —
ou pelo exercício deliberado de certas artes, que podiam despertar forças
sobrenaturais. Era um reflexo distorcido do poder que os virtuosos, os amigos de
Deus, podiam adquirir por graça divina. Mesmo o cético (escritor islâmico) Ibn
Khaldun acreditava na existência da bruxaria, e que certos homens podiam descobrir
meios de exercer poder sobre outros, mas achava isso repreensível. Havia uma
crença geral entre os muçulmanos em que tais poderes podiam ser controlados ou
contestados por encantos e amuletos colocados em certas partes do corpo,
disposições mágicas de palavras e figuras, sortilégios ou rituais de exorcismo ou
propiciação, como o zar, um ritual de propiciação, ainda difundido no vale do Nilo”.15

Segundo o historiador Mantran, o próprio Maomé, quando começou a receber a


revelação de Alá e do Alcorão, acreditou estar possuído por jinns e até pensou em
cometer suicídio16.

O que percebemos com todas essas conjecturas e colocações é que algumas


vertentes do Islã, em determinadas localidades, além de terem adotado práticas
idólatras do paganismo, abraçaram as superstições dos povos nômades da Arábia, e
isso ainda permeia a religião do profeta com toda a sua força mística.

Equilibrando os fatos

Não queremos aqui desqualificar o Islã como mais uma religião monoteísta. Assim
como não é justo classificar o cristianismo bíblico como idólatra, também não é
razoável qualificar o islamismo alcorânico como tal. Porém, tanto o “cristianismo”
expressado pelos católicos romanos, como o “islamismo” expressado pelos
muçulmanos xiitas, em alguns pontos se desviam dos padrões sagrados exarados
pelos Escritos Sagrados que arrogam professar. Estamos apenas fazendo um exame,
de maneira generalizada, sobre pontos comuns no seio teológico da religião islâmica.
Aliás, esse é um debate e preocupação que também tem afetado e gerado certa
tensão entre os próprios pensadores islâmicos.

O que descrevemos e compilamos nesta matéria é uma censura contra uma religião
que, apesar de levantar uma bandeira contra a idolatria e as superstições, abraça em
seu rol de adeptos fragmentados grupos que na verdade se condenam em suas
próprias práticas religiosas.

Sabemos que idolatria é adoração ou veneração aos ídolos ou imagens, quando usada
em seu sentido elementar. Mas também pode indicar a veneração ou adoração a
qualquer objeto, santo, pessoa, instituição, ambição, etc, que tomem o lugar de
Deus, ou que diminuam a honra que lhe devemos prestar. Assim, idolatria consiste na
adoração a algum falso deus, ou a prestação de honras divinas a certas entidades. E
quando o islâmico venera a Pedra Negra, faz peregrinação a Caaba, reza ao pé do
túmulo de um “santo” (pedindo sua intercessão), está, na verdade, praticando
idolatria, pois invoca um intercessor que não é o Deus revelado na Bíblia.
28

A própria recitação, na qual o indivíduo tem de declarar para se tornar muçulmano, já


Pá gina

é comprometedora em si mesma: “Não há outro Deus além de Alá e Maomé é o


mensageiro de Alá”. Se Alá fosse de fato o Deus bíblico, não haveria necessidade de
invocar um outro nome junto ao seu. A Bíblia diz: “E em nenhum outro há salvação;
porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que
devamos ser salvos” (At 4.12). A salvação é só para aquele que invoca o nome do
único Senhor: “Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em
teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo” (Rm 10.9).

Facções islâmicas

Historicamente, o islamismo tem sido marcado pelo surgimento de movimentos,


grupos e correntes de maior ou menor envolvimento político, de linhas
fundamentalistas (conservadora) ou moderna. Cada uma delas com uma tendência de
interpretação dos conceitos islâmicos. São eles:

Os sunitas: subdividem-se em quatro grupos principais, cada um deles com uma


escola de interpretação da sharia17: hanafitas, malequitas, chafeitas e hambanitas.
São os seguidores da tradição do profeta Maomé, continuada por All-Abbas, seu tio.
Calcula-se que 84% dos muçulmanos sejam sunitas. Para eles, a autoridade espiritual
pertence à comunidade.

Os xiitas: também possuem sua própria interpretação da sharia. Seu nome deriva da
expressão “shi at Ali”, partido de Ali, que foi marido de Fátima, filha de Maomé. Seus
descendentes teriam a chave para interpretar os ensinamentos do Islã.

Os sufistas: enfatizam a relação pessoal com Deus e praticam rituais que incluem
danças e exercícios de respiração para atingir um estado místico. São membros
praticantes do sufismo os faquires18 da Índia e outras regiões da Ásia, e os
dervixes19, da Turquia.

Vejamos algumas divergências doutrinárias entre os sunitas e xiitas:

Sobre a intercessão entre Alá e os seres humanos

Sunitas: acreditam que ninguém pode atuar como intercessor entre Alá e os seres
humanos. “Diz: a Alá pertence exclusivamente o direito de garantir intercessão. A Ele
pertence o domínio dos céus e da terra. No fim, é para Ele que todos serão
retornados” (Surata 39:44).

Xiitas: para os muçulmanos xiitas, os doze imames20 podem interceder entre a


humanidade e Alá: “...os muçulmanos xiitas devem conhecer seu imame de modo a
serem salvos, e os imames, assim como os profetas, claro, podem e intercedem pelos
crentes perante deus na hora do julgamento...” (Nasr 1987, 261).

Sobre o papel e a condição dos imames dos dias atuais

Sunitas: para eles os imames xiitas atuais (por exemplo, os aiatolás21) são humanos
sem quaisquer poderes divinos, considerados apenas como muçulmanos virtuosos. Já
os “doze imames” são particularmente respeitados por sua relação com Ali e sua
29

esposa Fátima, a filha de Maomé. Os sunitas acreditam que Ali e seus dois filhos,
Hassan e Hussein, foram altamente respeitados pelos três primeiros califas2 2 e
Pá gina

companheiros de Maomé. Os sunitas também consideram herético imputar a seres


humanos atributos de natureza divina tais como infalibilidade e conhecimento de
todos os assuntos temporais e cósmicos.

Xiitas: acreditam que os imames de níveis mais altos dos dias atuais (aiatolás)
recebem sua orientação e iluminação espiritual diretamente dos “doze imames”, em
contato contínuo com seus seguidores na terra todos os dias por meio de líderes
espirituais contemporâneos. Os aiatolás, portanto, desempenham um papel mediador
vital. Por causa de seu papel espiritual, os aiatolás não podem ser designados pelos
governantes, mas apenas pelo consenso de outros aiatolás.

Notas:

1 Manual bíblico, Editora Vida Nova, São Paulo, SP, 1991, p.679.
2 História do cristianismo, CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2001, p.97.
3 P. 33.
4 Uma história dos povos árabes, Hourani, A., Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP,
2000, p. 161.
5 Expansão muçulmana, Editora Pioneira, São Paulo, SP, 1977, p. 55.
6 Entre os fiéis, Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2001, p. 145.
7 Uma história dos povos árabes, Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2000, p. 33.
8 Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, p.114.
9 Expansão muçulmana, Editora Pioneira, São Paulo, SP, 1977, p. 52.
10 Dicionário de religiões, crenças e ocultismo, Editora Vida, São Paulo, SP, 2000, p.
231.
11 Uma história dos povos árabes, Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2000, p.
167-9, 197.
12 P. 196.
13 Uma história dos povos árabes, Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2000, p.
191.
14 Entre os fiéis, Editora Cia das Letras, São Paulo, SP, 2001, p. 21.
15 Uma história dos povos árabes, Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2000, p.
211-2.
16 Expansão muçulmana, Editora Pioneira, São Paulo, SP, 1977, p. 59.
17 Também grafada como Charia, é o código de ética, que reforça as doutrinas e as
práticas do Alcorão.
18 Monge muçulmano, mendicante, que vive em rigoroso ascetismo.
19 Religiosos muçulmanos que fizeram voto de pobreza.
20 São considerados descendentes da família do profeta Maomé.
21 Líderes religiosos xiitas.
22 Representante de Alá, seu porta-vos e líder do povo. Os quatro primeiros – Abu
bakr, Omar, Otmã e Ali – são designados “Califas guiados corretamente” porque não
há objeção por parte dos muçulmanos concernente às respectivas alegações que eles
fizeram de ser os sucessores de Maomé.
30
Pá gina
4. UMA RESPOSTA CRISTÃ AO ISLAMISMO SOBRE O ALCORÃO

Por Joseph P. Gudel

O islamismo e o cristianismo são as duas religiões de maior porte e mais missionárias


do mundo. Suas crenças são semelhantes em muitos aspectos. Ambas são
monoteístas, foram fundados por um indivíduo específico em um contexto definido e
historicamente verificável. São universais e crêem na existência de anjos, do céu, do
inferno e de uma ressurreição futura. E mais: que Deus se fez conhecer ao homem
por meio de uma revelação. Entretanto, existem também diferenças óbvias entre
elas, particularmente em relação à pessoa de Jesus, ao caminho de salvação e à
escritura ou escrituras de fé. Essas diferenças abarcam as doutrinas mais
fundamentais de cada religião. Assim, mesmo que o islamismo e o cristianismo
tenham alguns pontos em comum, não podem haver duas verdades quando uma não
concorda com a outra.

O islamismo, assim como o cristianismo, acredita que a fé de uma pessoa deve ser
razoável tanto quanto subjetiva, uma vez que devemos adorar a Deus com a mente e
o coração. Ao compartilharmos dessa mesma base com os muçulmanos, podemos
examinar por que eles crêem no que crêem. Nossa tarefa é analisar a apologética de
cada religião ou a defesa de sua fé para ver se as declarações de cada uma delas são
verificáveis. Daremos uma atenção especial à escritura ou escrituras de cada fé. A
razão para isso deve ser evidente por si mesma: é muito fácil alguém fazer
declarações a respeito de si mesmo, mas prová-las é um assunto totalmente
diferente.

A escritura sagrada do islamismo: o Alcorão

A fonte de autoridade mais respeitada do islamismo é o Alcorão. Para os


muçulmanos, esta é a palavra pura de Deus, sem nenhuma mistura de pensamento
ou teor humano. De fato, muitos muçulmanos possuem um zelo tão intenso pelo
Alcorão que ficam ressentidos profundamente se um não-muçulmano não o possui. O
termo “corão” vem de “uma palavra árabe que significa ‘leitura’ ou ‘recitação’” 1. Os
muçulmanos afirmam que o Alcorão foi dado a Maomé em língua árabe, parte por
parte, durante um espaço de tempo de 23 anos até a sua morte (Suras 17.106; 43.3;
44.58). A apologética muçulmana do Alcorão cobre quatro áreas principais: sua
preservação, eloqüência, profecias alegadas e compatibilidade com a ciência
moderna.Verificaremos uma por uma.

1. A afirmação islâmica da preservação do Alcorão

Referindo-se à autenticidade presente do Alcorão, Maulvi Muhammad Ali faz a


grandiosa declaração: “No que tange à autenticidade do Alcorão, eu não preciso deter
o leitor por muito tempo. De um extremo do mundo ao outro, da China no Extremo
Oriente a Marrocos e Argélia no Ocidente, das ilhas dispersar do Oceano Pacífico ao
grande deserto da África, o Alcorão é um, e nenhuma cópia que difira sequer num
ponto diacrítico pode ser encontrada em posse de um dos 400 milhões de
muçulmanos” 2. “Há, e sempre houve, seitas rivais, mas o mesmo Alcorão é a posse
31

de um e de todos... Um manuscrito com a mais leve variação no texto é


Pá gina

desconhecida” 3.
Assim, os muçulmanos não apenas acreditam que o Alcorão seja a Palavra de Deus,
mas também estão seguros de que nenhum erro, alteração ou variação tocou-o desde
seu começo. Logo, esta é uma de suas “provas” de que o Alcorão é um milagre de
Deus.

Resposta cristã à preservação do Alcorão

Mohammad Marmaduke Pickthall, em “The Meaning of The Glorious Koran”, diz-nos


que na época da morte de Maomé as suratas (ou capítulos) do Alcorão ainda não
haviam sido compiladas. Isto foi completado apenas durante o califado de Abu Bakr
1. O segundo Califa, Omar, “subseqüentemente fez um único volume (mus-haf) que
ele preservou e deu na ocasião de sua morte à sua filha Hafsa, a viúva do Profeta”2.
Finalmente, sob o califado de Uthman, ordenou-se que todas as cópias do Alcorão
fossem trazidas e qualquer uma que divergisse do texto de Otman foi queimada.

Não discutimos a posição islâmica de que desde a revisão de Otman o Alcorão


permaneceu intacto. Entretanto, por causa da destruição de todas as cópias
discordantes ninguém pode saber com certeza se o Alcorão como temos é
exatamente o mesmo que Maomé os entregou. O islamismo ensina que a única razão
pela qual Otman queimou todas as outras coletâneas do Alcorão era porque haviam
variações dialéticas de somenos importância nos diferentes textos. Entretanto, há
algumas evidências que tendem a refutar isto.

Em primeiro lugar, é muito significativo que os “Qurra”, os muçulmanos que


memorizaram o Alcorão completo, foram contrariados veementemente pela revisão.
Em segundo, os xiitas, segunda maior seita no mundo islâmico, declaram que o Califa
Otman eliminou intencionalmente muitas passagens do Alcorão que se relacionavam
a Ali e à sucessão da liderança que ocorreria depois da morte de Maomé.

L. Bevan Jones, em sua obra “The People of the Mosque”, responde sucintamente o
argumento muçulmano para a suposta preservação miraculosa do Alcorão: “Mas
conquanto possa ser verdade que nenhuma outra obra tenha permanecido por doze
séculos com um texto tão puro, é igualmente provável verdade que nenhum outro
tenha sofrido tamanho expurgo” 3.

Uma segunda asserção que fazem para provar a origem sobrenatural do Alcorão
encontra-se na Sura (capítulo) 17.88, que diz: “ainda que os homens e os djins
(gênios) se reúnam para produzir um Alcorão, jamais o conseguirão, nem mesmo
ajudando-se uns aos outros”. Usando este texto dizem que a sua beleza e eloqüência
são provas auto-suficientes de que seu autor é Deus. Em uma nota de rodapé na sua
tradução do Alcorão, Yusuf Ali declara: “nenhuma composição humana poderia conter
a beleza, poder e discernimento espiritual do Alcorão” 4.

Entretanto, os muçulmanos não acreditam que o Alcorão seja um milagre somente


por causa de sua eloqüência e beleza, mas também porque a sura 7.157 refere-se a
Maomé como “o profeta iletrado”. Acreditando que ele era analfabeto, eles perguntam
como tal homem poderia produzir o Alcorão.
32

Uma declaração final a respeito da realização literária do Alcorão é que ele é tão
coerente do começo ao fim que nenhum homem poderia tê-lo arquitetado. Suzanne
Pá gina

Haneef pergunta: “Como o Alcorão inteiro poderia ser tão completamente coerente”
se não se originou de Deus” 5.

Resposta cristã à eloqüência do Alcorão

A respeito da beleza, estilo e eloqüência do Alcorão, qualquer leitor imparcial teria de


admitir que certamente isso é verdade na maior parte dele. Entretanto, a eloqüência
por si mesma é dificilmente um teste lógico para a inspiração. Se esse fosse o critério
utilizado para julgar uma obra, então teríamos de dizer que os autores de muitas das
grandes obras da antiguidade foram inspirados por Deus. Homero teria de haver sido
um profeta para produzir a magnífica Ilíada e a Odisséia. Na língua inglesa,
Shakespeare é ímpar como dramaturgo. Mas seria um absurdo que por causa disso
disséssemos que suas tragédias tiveram inspiração divina. O mesmo poderia ser dito
em relação à eloqüência do Alcorão.

Mas, e a respeito da coerência do Alcorão? Pode ser utilizada para demonstrar que
esta escritura muçulmana foi inspirada? Para começar, pode-se mostrar que o Alcorão
não é totalmente coerente, mas ao contrário, possui contradições de vulto nele 6. E
ainda que consentíssemos com a tese de que o Alcorão é totalmente concorde, isto
ainda não provaria coisa nenhuma. Em um ensaio intitulado “How Muslims Do
Apologetics”, o dr. John Warwick Montgomery demonstra isto para nós: “Esta
apologética é também de pouco efeito porque a coerência de um escrito não prova
que seja uma revelação divina. A geometria de Euclides, por exemplo, não se
contraria a si mesma em nenhum ponto, mas ninguém afirma que por isso essa é
uma obra divinamente inspirada em algum sentido excepcional” 7

E, por fim, o que dizer a respeito do suposto analfabetismo de Maomé? Antes de


qualquer coisa, há bastante evidência contra isso. Mas ainda que aceitássemos o fato
de que Maomé não podia ler nem escrever, isso não faria o Alcorão miraculoso. Por
quê? Porque todos os muçulmanos sabem que ele deveria ter pelo menos vários
amanuenses ou escribas e, portanto, ele poderia facilmente ter composto o Alcorão
dessa forma, o que não seria excepcional, pois há precedentes para isso. Um exemplo
que seria familiar à maioria das pessoas diz respeito a Homero. Ele era cego e, com
toda probabilidade, não podia escrever. Ainda assim ele foi o autor da Ilíada e da
Odisséia, os dois maiores épicos do mundo antigo. Da mesma maneira, se Maomé era
ou não realmente analfabeto não tem relação com o caso em questão.

3. A afirmação islâmica sobre as profecias do Alcorão

O Alcorão fala muito pouco profeticamente, se de fato ele profetiza. Daí, poucos
apologistas muçulmanos utilizarem a “profecia cumprida” como prova de sua fé.
Entretanto, há uma série de versículos no Alcorão que prometem que os muçulmanos
serão vitoriosos tanto em seu próprio país como no exterior8. Maulana Muhammad Ali
discute estas profecias detalhadamente em sua obra “The Religon of Islam”: “... nós
encontramos profecia após profecia publicada nos termos mais seguros e certos no
sentido de que as grandes forças de oposição seriam arruinadas... que o islamismo se
espalharia para os cantos mais longínquos da terra e que seria finalmente triunfante
sobre todas as religiões do mundo”9.
33

Resposta cristã às profecias do Alcorão


Pá gina

Podemos dizer que a vasta expansão do islamismo, predita por Maomé, é o


cumprimento de alguma profecia? Se pensarmos nisto por um momento creio que
podemos facilmente responder não. Para começar, um líder prometendo uma vitória
às suas tropas ou seguidores no mínimo não é nem um pouco excepcional. Todo
comandante ou general o faz a fim de inspirar seu exército e levantar o seu ânimo.
Se, então, eles, os seguidores, são vitoriosos, ele, o líder, é vindicado; se os
seguidores perdem, então deixamos de ouvir as promessas do líder, porque elas,
junto com o movimento, são esquecidas. Além disso, os muçulmanos tinham vários
incentivos importantes para considerar enquanto lutavam para promover a causa do
islamismo. Se morressem, seriam admitidos no paraíso: “Os que crêem e praticam o
bem, conduzi-los-emos para jardins onde correm os rios, e lá permanecerão para
todo o sempre, e lá terão esposas imaculadas, e lá desfrutarão de uma sombra
densa” (Sura 4.57). E ainda: “naquele dia os moradores do Paraíso em nada
pensarão a não ser na sua felicidade. Junto com suas esposas, reclinar-se-ão sob
arvoredos sombreados em sofás macios” (Sura 36.55,56). Além disso, se
continuassem vivos e fossem vitoriosos na batalha, os soldados muçulmanos
poderiam dividir quatro quintos do despojo.

Há outra razão para que o islamismo se expandisse tão rapidamente no início. Se


olharmos para algumas das imposições do Alcorão a respeito do que os incrédulos
poderiam esperar das mãos dos muçulmanos, fica fácil entender porque tantos
“submeteram-se”, como encontramos na Surata 5.33: “O castigo dos que fazem a
guerra a Deus e a Seu Mensageiro e semeiam corrupção na terra é serem mortos ou
crucificados ou terem as mãos e os pés decepados, alternadamente, ou serem
exilados do país: uma desonra neste mundo e um suplício Além” 10. Os politeístas
tinham duas escolhas: submissão ou morte. Os cristãos e os judeus tinham uma
terceira alternativa: pagar pesados tributos (Sura 9.5,29).

Um último ponto a ser considerado: se o crescimento rápido e amplo de um


movimento indicasse o favor divino, então o que diríamos de conquistadores como
Genghis Khan? Ele consolidou as tribos mongóis e, em um espaço de tempo mais
curto do que o do islamismo antigo, conquistou uma área geográfica muito maior.
Seu sucesso militar evidenciaria que ele era dirigido por Deus? E o que dizer a
respeito do próprio crescimento do islamismo, freado no Ocidente por Carlos Martel
(a.D.732) e no Oriente, por Leão III (a.D.740)? Significaria que eles haviam perdido o
favor de Alá. E sobre a história posterior de muitas nações islâmicas que sofreram o
ultraje de se tornarem colônias das então potências mundiais? Não, não podemos
encontrar nada misterioso ou sobrenatural sobre o surpreendente crescimento
primitivo do islamismo e sua subseqüente queda.

4. A afirmação islâmica sobre a ciência e o Alcorão

Finalmente, existe uma obra, “A Bíblia, o Alcorão e a Ciência”, escrita por um


cirurgião francês chamado Maurice Bucaille que tenta demonstrar a origem divina do
Alcorão ao revelar sua supostamente notável afinidade com a ciência moderna.
Depois de citar alguns exemplos, Bucaille conclui que: “...levarão a julgar
inconcebível que um homem, vivendo no século VII da era cristã, pudesse, sobre os
assuntos mais diversos, emitir no Alcorão idéias que não são só de sua época, e que
concordarão com o que se demonstrará séculos mais tarde. Para mim, não existe
34

explicação humana para o Alcorão” 11.


Pá gina
Resposta cristã à ciência e ao Alcorão

Ao responder Bucaille devemos primeiro salientar que a maior parte do livro não trata
do Alcorão e da ciência. Em contrário, sua maior parte é uma tentativa (utilizando-se
das técnicas de autocrítica) de desacreditar a Bíblia. As porções de seu livro que
tentam mostrar que o Alcorão está em concordância surpreendente com o
conhecimento científico são muito vagas. Mas, e se nós concordássemos com sua tese
de que as afirmações do Alcorão estão em total harmonia com a ciência moderna?
Bucaille declara que se isto fosse verdade então “esta última constatação torna
inaceitável a hipótese daqueles que vêem em Mohammad o autor do Alcorão” 12.

Concordo com sua conclusão e suponho que sua tese seja verdadeira. Se o Alcorão
contém afirmações científicas detalhadas, descobertas recentemente como sendo
verdadeiras, e se foram escritas no sétimo século a.D., então poderia não ser
simplesmente produção de Maomé. Mas isto não indica a fonte de informação, apenas
demonstra que nenhum ser humano poderia tê-lo escrito sem a ajuda sobre-humana.

Se de fato o Alcorão teve uma origem sobrenatural, ainda somos deixados com a
tarefa de encontrar quem foi essa fonte. Bucaille presume que foi Deus. Por quê? Se
pararmos e pensarmos um momento, perceberemos que há outros seres
sobrenaturais além de Deus. Um destes seres é conhecido na Bíblia como Satanás,
assim como no Alcorão. A Bíblia nos diz que ele está na terra há tanto tempo quanto
o homem, tem poder e inteligência muito superiores aos nossos e é o “pai da
mentira” (Jo 8.44). Sussurrar alguns fatos científicos nos ouvidos de alguém não seria
uma grande proeza para ele. Para dizer a verdade, a Bíblia diz que ele aparece aos
homens de tempos em tempos: “porque o próprio Satanás se transforma em anjo de
luz” (2Co 11.14).

É interessante que este tenha sido exatamente o temor inicial que Maomé sentiu a
primeira vez em que a voz lhe falou.

Notas:

1 What Everyone Should Knou Islam and Muslims. Suzanne Haneef. Chicago: Kazi
Publications. 1979. Pág. 18.
2 Esta era a população islâmica aproximada quando este livro foi publicado em 1921.
Hoje a população muçulmana está estimada entre um bilhão e duzentos milhões.
3 Muhammad and Christ. Maulvi Muhammad Ali. Lahore, Índia: The Ahmadiyya
Anjuman-i-Ishaat-i-Islam, 1921. Pág. 7.
1 The Meaning of the Glorious Koran. Mohammed Marmaduke Pickthall. New York:
New American Library, 1963. Pág. xxviii.
2 A Bíblia, Alcorão e a Ciência. Maurice Bucaille. Ed. Revista e adaptada Samir El
Hayek (S.Bernardo do Campo, Junta de Assistência Social Islâmica Brasileira). Pág.
130.
3 The People of the Mosque. L. Bevan Jones. London: Student Christian Movement
Press, 1932. Pág. 62.
4 THE HOLY QUR-AN: Text, Translation and Commentary. Abdullah Yusuf Ali. Qatar:
Qatar National Printing Press, 1946. Pág. 401.
35

5 What Everyone Should Knou Islam and Muslims. Suzanne Haneef. Chicago: Kazi
Publications, 1979. Pág. 30.
Pá gina

6 Devido à falta de espaço este argumento não pode ser prosseguido aqui. O leitor
poderá escrever para o autor aos cuidados do ICP nos EUA para maiores informações
sobre este assunto.
7 Faith Founded on Fact. John Warwick Montgomery. Nashville: Thomas Nelson
Publishers, 1978. Pág. 94.
8 Alcorão 3.12; 41.53; 14.13-14.
9 The Religion of Islam. Maulana Muhammad Ali. Lahore, Pakistan: The Ahmadiyyah
Anjuman Isha’at Islam, 1950. Pág. 249.
10 Também de acordo com o Alcorão 4.47.
11 Maurice Bucaille A Bíblia, Alcorão e a ciência, Ed. Revista e adaptada Samir El
Hayek (S.Bernardo do Campo, Junta de Assistência Social Islâmica Brasileira). Pág.
152.
12 Maurice Bucaille A Bíblia, Alcorão e a ciência, Ed. Revista e adaptada Samir El
Hayek (S.Bernardo do Campo, Junta de Assistência Social Islâmica Brasileira). Pág.
151.

36
Pá gina
5. ISLAMISMO - A RELIGIÃO DE MAOMÉ: O ÚLTIMO PROFETA

“A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e
todo o homem emprega força para entrar nele” (Lc 16.16)

Hoje, a religião islâmica é a segunda maior em número de fiéis, estando à sua frente
apenas o cristianismo. O Islã possui seguidores em todos os continentes do mundo.
Trata-se de uma religião monoteísta que se baseia nos ensinamentos de Maomé, seu
profeta maior. Estes ensinamentos se acham contidos no livro sagrado islâmico, o
Corão. A palavra islã significa, originariamente, “submissão”, retratando a aceitação à
lei de Allah (“deus”, em árabe) e sua vontade. Seus adeptos são chamados de
islâmicos ou muçulmanos, termo que deriva da raiz muslim, que em árabe significa
“aquele que se subordina a Deus”.

O "último profeta"

Maomé nasceu aproximadamente em 572 d.C., em Meca. Seu pai, Abdallah, morreu
durante a gravidez de sua mãe. E sua mãe, Amina, faleceu quando ele era apenas um
menino de seis anos de idade. Ou seja, ele ficou órfão muito cedo. A partir de então,
passou a estar sob os cuidados de um tio e de um avô.

Ao atingir a maioridade, Maomé tornou-se um mercador. Seu constante contato com


os mercadores tornou-o muito culto quanto às tradições religiosas. Como comerciante
e condutor de caravanas, também teve contato com o judaísmo e o cristianismo.

Nesse período, as religiões da península arábica eram politeístas e, por isso, a


proposta de Maomé acerca da adoração de um único “deus” encontrou forte rejeição
entre o povo local que forçou o profeta e seus poucos seguidores a migrarem para
Yatub, posteriormente rebatizada como Medina, quatrocentos quilômetros distante de
Meca .

Essa migração ocorreu no ano 622, data que marca o início do calendário islâmico.
Em Medina, Maomé encontrou quatro tribos pagãs, três judaicas e duas cristãs, mas
conseguiu dirimir a questão da discórdia entre essas facções urbanas, o que lhe
permitiu a livre pregação.

Foi então que, aproveitando a oportunidade, conseguiu gerar a primeira grande


comunidade, reunindo ao seu lado muitos seguidores, os quais fizeram-no com que
se sentisse fortalecido o suficiente para retornar a Meca e impor-se sobre aqueles que
tinham causado o seu desterro.

Em 630, Maomé entra triunfante em sua cidade natal, onde iniciou a anunciação do
absoluto monoteísmo, o que, para o Islã, fora revelado aos judeus e confirmado por
Jesus, na qualidade de um dos 124 mil profetas enviados por Allah.

Casou-se antes dos 30 anos de idade com Cadidja, uma viúva rica para quem Maomé
trabalhava como mercador, ofício que deixou após contrair matrimônio para dedicar
seu tempo à solidão e à meditação.
37
Pá gina

Foi numa dessas oportunidades de retiro solitário que Maomé, segundo a tradição
islâmica, recebeu a ilustre visita do arcanjo Gabriel, o qual abraçou-o com força,
constrangendo-o com a ordem: “Recita em nome de Allah, o único deus!”.

Segundo a crença islâmica, Maomé, no início, permaneceu hesitante quanto a tudo o


que ocorria com ele, mas, com o passar do tempo, resolveu dar crédito às revelações,
passando a crer, juntamente com Cadidja, que era realmente o escolhido de Allah.

Após ter recebido muitas dessas revelações, Maomé passou a meditá-las, iniciando, a
partir daí, uma oposição a todas as religiões já existentes: o judaísmo, o cristianismo
e uma forma de politeísmo que imperava também na tribo da qual ele era oriundo,
onde se veneravam vários deuses, entre eles Allah, o deus da revelação islâmica.

Maomé morreu em Medina (632) pouco tempo depois de seu retorno a Meca,
enquanto que a comunidade dos fiéis de Allah crescia vertiginosamente em toda a
Arábia. Nasce, a partir daí uma nova religião, o Islã.

O cânon islâmico

O Alcorão é a obra sagrada islâmica. O nome deriva do árabe qur‘am


(leitura/recitação), pelo fato de Maomé ter sido constrangido pelo arcanjo Gabriel
para que recitasse os textos sagrados que lhe foram revelados. Por este mesmo
motivo, os muçulmanos têm apenas por autêntico o Corão, escrito na língua de
origem, o árabe.

O Corão é considerado a revelação divina expressa na Bíblia. Segundo os


historiadores, os versículos do Corão eram pregados por Maomé enquanto seus
seguidores tomavam nota, o que culminou com algumas variantes, até que o terceiro
califa, Otiman ibn Affan, ordenou que fosse considerada oficial apenas a redação de
Zayd (um dos companheiros do profeta), determinando a destruição de todas as
demais traduções que trouxeram discrepância ao texto.

O Corão é dividido por capítulos chamados suras ou suratas. No total, são 114 suras e
6326 versículos.

Pontos doutrinários básicos do islamismo

A teologia islâmica é tão vasta quanto a teologia cristã. Assim como os cristãos
possuem um credo resumido, os muçulmanos também o possuem:

A crença em Deus, chamado Alá. Deus é UNO (wahed), não tem companheiros nem
ninguém que lhe seja igual. Deus é totalmente diferente do homem. A essência da
natureza de Deus no Islã é poder.

A crença nos profetas. Maomé ensina que existe um profeta para cada época,
começando por Adão e terminando em Maomé. A tradição islâmica diz que existiram
120 mil profetas.

A crença nos livros sagrados. Segundo a crença islâmica, o Alcorão é o último livro
sagrado dado ao homem. O Alcorão é eterno, escrito em placas de ouro ao lado do
38

trono de Alá e recitado a Maomé pelo anjo Gabriel, de acordo com a necessidade.
Pá gina

A crença nos anjos. Deus criou todos os anjos. A maioria dos anjos é má e eles são
chamados ginn (de onde cremos originar-se a palavra gênio). Cada ser humano tem
um anjo-ombro: um escrevendo suas boas obras e o outro, as más.

A crença no dia do juízo final. A salvação é pelas obras. As obras de todas as pessoas
serão pesadas numa balança. Se as boas superarem as más, tal pessoa irá para o
paraíso. Os mártires irão todos para o paraíso.

O conceito de paraíso é bem sensual. Há muitas lindas virgens de olhos negros para
cada homem. O inferno é para os não-muçulmanos. É um lugar de fogo e tormento
indescritível. O pecado imperdoável é associar algo ou alguém a Deus.

A crença nos decretos de Deus. Deus é absolutamente soberano e não tem nenhuma
obrigação moral, pois isto limitaria seu poder e soberania. Tudo o que acontece é
porque Deus assim quis.

Os seis pilares dos islamismo

Tais pilares da fé islâmica compõem a chamada Shari´a, sendo que, a partir dela,
todos os mulçumanos sadios, do sexo masculino, estariam incumbidos
obrigatoriamente de administrar suas vidas. Esse procedimento se inicia na vida do
adepto na época da puberdade, ou seja, por volta dos quinze anos de idade. São
elas:

Shahada. É a profissão de fé islâmica, pronunciada da seguinte forma: “Não há outro


deus além de Allah e Muhammad é o seu profeta (ou mensageiro)”. No entendimento
islâmico, basta pronunciar esta fórmula em local público para que o indivíduo
consagre sua adesão ao Islã.

Salat. São as orações praticadas cinco vezes ao dia, as quais formam um elo direto
entre o adorador e Allah. Tais orações contêm versículos do Corão e são recitadas
sempre em árabe, a língua da revelação. São praticadas ao amanhecer, ao meio-dia,
no meio da tarde, ao anoitecer e à noite, sendo sua realização preferivelmente na
mesquita e em grupo.

Zakat. Significa tanto “purificação” como “crescimento”. A responsabilidade do


cumprimento desta determinação básica cabe apenas ao fiel, que faz o cálculo do
rendimento de seu capital anual e daí extrai 2,5%, que serão empregados no
patrocínio de obras sociais e auxílio aos mulçumanos menos favorecidos.

Sawn. Todos os anos, no mês do Ramadan (o nono no calendário islâmico), os


mulçumanos jejuam por trinta dias, desde o amanhecer até o pôr-do-sol, período em
que se abstêm de comida, bebida e relações sexuais.

Hajj. Trata-se da peregrinação à cidade sagrada de Meca. Tal peregrinação deve ser
feita pelo menos uma vez na vida e ser empreendida por todos os fiéis que possuem
condições físicas e financeiras para fazê-la. Nesta oportunidade, todos trajam túnicas
brancas, leves e simples, com o sentido de que todos pareçam também iguais diante
de Allah, sem distinção de poder econômico ou etnia.
39

Este ritual inclui ainda o circungiro da Caaba por sete vezes, além de percorrer pelo
Pá gina

mesmo número de vezes a distância entre os montes de al-Saffa e al-Marwa, que,


segundo ensina o Islã, fora o caminho percorrido por Hagar quando procurava água
para si e para Ismail (Ismael).

Jihad. Literalmente, o termo não significa “guerra santa”, como muitos entendem,
antes, é traduzido por “esforço”, relacionado à defesa própria e da religião ou
daqueles que foram expulsos de seus lares. A cultura muçulmana explica que se
pessoas de bem não se preocuparem em estar preparadas para arriscarem suas
próprias vidas em defesa da causa do Islã, logo, a injustiça triunfará no mundo. Outro
significado para a expressão Jihad é a luta interior de cada um para se desvencilhar
de seus desejos egoístas, o que proporcionaria paz interior.

As divisões do islamismo

Logo após a morte de Maomé, houve um cisma no cerne do islamismo. Vejamos os


grupos que resultaram desta “separação”:

Xiitas. Esta facção do Islã representa não mais de 10% ou 15% de toda a
comunidade islâmica no mundo, estando presentes, sobretudo, no Irã.

Basicamente, os xiitas se caracterizaram por determinar que somente os


descendentes diretos do profeta poderiam almejar o califado. Essa reivindicação
parecia ser a única coisa que realmente interessava aos seus proclamadores, mas não
para os que se achavam em terras iraquianas, os quais, além das reivindicações do
califado excluído, alegavam que um legítimo partidário de Ali, começando pelo próprio
Ali, era um guia espiritualmente nomeado, agraciado por Allah com conhecimentos
especiais.

Sunitas. O crescimento acelerado da fé islâmica confrontou seus adeptos com outras


questões cruciais e mais complexas que aquelas que já eram aplicadas e praticadas
entre os fiéis. Esta dificuldade proporcionou o levantamento de questões acerca da
conduta em áreas que iam além dos limites da Arábia, nas quais as imposições
corânicas se mostraram insuficientes ou inaplicáveis.

Quando da manifestação destes problemas, os líderes espirituais apelavam para a


sunna (conduta ou prática) de Maomé em Medina, empregada para o exercício do
Hadith (tradições), nas quais encontravam suas decisões e julgamentos de caráter
social. Os muçulmanos que passaram a adotar este método para dirimir problemas
dentro da comunidade islâmica receberam o nome de sunitas. Constituem 90% da
população islâmica no mundo.

Sufistas. É uma das correntes mais antigas. Surgiu no século 9 e é também a mais
mística do islamismo. Os sufistas enfatizam a relação pessoal com Deus e praticam
rituais que incluem danças e exercícios de respiração para atingir um estado místico.
São membros praticantes do sufismo os faquires, da Índia e outras regiões da Ásia, e
os dervixes, da Turquia. Historicamente, o islamismo tem sido marcado pelo
surgimento de movimentos, grupos e correntes de maior ou menor envolvimento
político, de linhas fundamentalista (conservadora) ou moderna.
40

A Kaaba
Pá gina

A Kaaba é um enorme santuário negro construído em forma de cubo, situado em


Meca. Segundo a tradição islâmica, teria sido entregue a Ismael pelo arcanjo Miguel
como sinal para selar a eterna aliança de Deus com os homens.

Os muçulmanos pregam que o santuário fora fundado por Adão e, depois, construída
por Abraão e Ismael. No período que antecedeu o surgimento do islamismo, era
santuário de mais de trezentas divindades árabes, porém, posteriormente, Maomé
derrubou estas divindades e consagrou o local ao Deus verdadeiro. Anualmente, o
local é visitado por mais de duzentos milhões de fiéis peregrinos, em cumprimento ao
Hajj.

Causas da expansão muçulmana

Os historiadores apresentam as seguintes causas para a expansão árabe:

Religiosas: O entusiasmo religioso e a devoção dos chefes muçulmanos a Maomé, a


ponto de aceitarem a morte em uma “guerra santa” como um “abre-te, sésamo” para
o paraíso.

Econômicas: A Arábia, reduzida em recursos naturais, já não estava mais podendo


satisfazer as necessidades físicas de sua população. Então, sob a ameaça da miséria e
da fome, os árabes viram-se na necessidade de fazer um esforço desesperado para
libertar-se da ardente prisão do deserto.

Militares: À medida que os vitoriosos exércitos árabes cresciam com recrutas famintos
e/ou ambiciosos, crescia também o problema de fornecimentos de novas terras que
pudessem prover a esses soldados alimentos e soldos. Cada vitória exigia outra, até
que as conquistas árabes resultaram no mais espantoso feito da história militar.

Afinidade racial e cultural: Os conquistadores árabes encontraram em algumas


regiões populações de origem semítica. Assim, para as províncias conquistadas, os
árabes não eram considerados bárbaros ou estrangeiros; isso porque, por intermédio
do comércio, essas populações sempre tiveram relações com os árabes.

Tolerância muçulmana: Os árabes eram extremamente tolerantes para com as


províncias conquistadas, exigiam apenas que admitissem a supremacia política do
Islã.
41
Pá gina
6. QUEM SÃO OS FILHOS DE ABRAÃO?
Um esclarecimento bíblico sobre a descendência árabe

Por Jeferson Dias, do projeto MAHABBA

Os muçulmanos, com aproximadamente 1,3 bilhões de adeptos, são encontrados em


centenas de grupos étnicos diferentes ao redor do mundo e, possivelmente, três
quarto das pessoas do mundo muçulmano não possuem antecedentes árabes.
Contudo, o estilo de vida e cultura árabe de Maomé influenciou profundamente o
islamismo.

A herança bíblica árabe é geralmente esquecida ou desconhecida por muitos. Talvez


saibamos que Ismael se tornou um príncipe árabe e o fundador de muitas tribos
árabes, porém, nosso conhecimento sobre a herança bíblica árabe é superficial.

Abraão é o pai de todos os que crêem. De acordo com as promessas de Deus, cada
um é bendito ou maldito, dependendo da sua relação com o pai da fé. Ao longo da
história, cristãos, judeus e muçulmanos buscam ostentar seu vínculo com o pai da fé.

A Bíblia é uma grande fonte de informações a respeito das genealogias árabes. E os


árabes são um povo semita (descendentes de Sem), tanto quanto os judeus (Gn
10.21-32).

Segundo algumas fontes de pesquisa, existem, no mínimo, três tipos de árabes no


Oriente Médio: os jotanianos (da linhagem de Jotão, filho de Gideão), os ismaelitas
(da união de Abraão com Hagar) e os queturaítas (da união de Abraão com Quetura).

Todos querem pertencer à família de Abraão. Mas todos os árabes são descendentes
de Ismael? Quem são os verdadeiros filhos de Abraão? Os árabes que afirmam ser
descendentes de Abraão por meio de Ismael também estão incluídos nas promessas
de bênçãos?

Vejamos o que a Bíblia diz.

A família de Abraão

Não podemos subestimar a importância de Abraão para as três grandes religiões


monoteístas do mundo. Jesus era chamado “filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1.1).
O Alcorão menciona Maomé como alguém achegado a Abraão (Surata 3.68).

Deus chamou Abraão para sair de sua terra, dos seus parentes e dos seus pais, para
uma terra que ele não tinha idéia de onde seria. E o prêmio da obediência, as
bênçãos, seria endereçado a ele e a todas as nações da terra (Gn 12.1-3). A bênção
ou a maldição dos povos dependia da posição que Abraão tomasse. A porta da
restauração da humanidade perdida foi aberta com o “sim” dado pelo profeta a Deus.

Foi difícil para Abraão meditar sobre a bênção aos seus descendentes, visto que ele e
sua esposa estavam idosos e, aos do patriarca, a possibilidade de ter um filho tinha
42

se esgotado. Deus disse que seu filho seria o herdeiro, porém, a paciência de Sara se
Pá gina

esgotou primeiro e, “tentando ajudar a Deus”, pediu a Abraão para tomar a serva
egípcia Hagar para que a descendência de Abraão fosse iniciada (Gn 16.2). Abraão,
que tinha 86 anos de idade, teve um momento de fraqueza, chegando a ponto de
concordar que realmente deveria “fazer alguma coisa” para que a promessa de Deus
se cumprisse.

Obviamente, esse “não” era o caminho que Deus planejara para dar uma
descendência numerosa a Abraão. Imediatamente, começaram os problemas. Sara, a
legítima esposa, passou a ser desprezada aos olhos de sua serva Hagar quando esta
constatou a gravidez. Sara, então, culpa Abraão, que se isenta da responsabilidade
deixando a escrava nas mãos de sua esposa que, por sua vez, maltrata tanto a
escrava que Hagar decide fugir para o deserto com o filho.

Com a fuga da escrava, parecia que a história tinha se encerrado, mas Deus não
abandonaria Hagar. Ele a amava e também a seu filho. O amor de Deus socorre
Hagar no deserto. Um anjo é enviado para ajudá-la e convencê-la a voltar para as
tendas de Abraão. Deus dá um nome para o filho da escrava: Ismael, que significa
“Deus ouve”. Realmente, Deus ouviu o choro de Hagar!

A escrava obedeceu a Deus e voltou para sua senhora, permitindo que Abraão
vivesse ao lado de Ismael. Enquanto o menino crescia, Abraão se alegrava, crendo
que a promessa de Deus se cumpriria por intermédio daquele menino, porém, a
surpresa bateu à porta daquela família. O filho da promessa ainda estava por vir e
não seria filho de uma escrava, mas da própria Sara, ainda que, fisiologicamente,
fosse algo impossível. Deus não tinha se esquecido da promessa. Nasceu Isaque e,
agora, Ismael tinha um rival. Apesar de Isaque ser o filho prometido, isso não
diminuía a tremenda bênção sobre Ismael. Ismael deveria ser abençoado, ser
frutífero, multiplicar-se, não apenas de maneira normal, mas “extraordinariamente”.
Ele seria pai de doze príncipes e não se tornaria apenas uma nação, mas “uma
grande nação”. 1

A descendência de Ismael

Assim como houve doze patriarcas em Israel e doze filhos de Naor (Gn 22.20), assim
também Ismael, considerado por muitos o patriarca dos árabes, gerou doze príncipes
árabes.

Uma característica marcante na vida de Ismael era que ele seria como um “homem
bravo” (ACF), “jumento selvagem” (NVI) (Gn 16.12). Ismael haveria de ser forte,
selvagem e livre, e de trato difícil, desprezando a vida na cidade e amando sua
liberdade a ponto de não ser capaz de viver com ninguém, nem com seus próprios
parentes.

Ismael não desapareceu das páginas da história sagrada e muito menos ficou sem
bênção, meramente por não pertencer à linhagem de Israel. Deus tinha um lugar e
um destino reservados para ele. O Messias, da linhagem de Isaque, também seria o
Salvador dos demais descendentes de Abraão e de todas as famílias da terra.
Entretanto, os descendentes de Ismael se tornaram inimigos ferrenhos de Israel,
descendentes de Isaque (Sl 83.1-18). E permanecem assim até os dias de hoje.2
43

A Bíblia cita os doze filhos de Ismael e afirma que seus descendentes se


estabeleceram na região que vai de Hávila a Sur (região Leste do Egito e região Norte
Pá gina

do deserto de Sinai), na direção de quem vai para Assur (Assíria, região Norte do
Iraque). Abraão habitou por um tempo nessa região. Foi também a habitação dos
amalequitas e de outras tribos nômades (Gn 25.18; 1Sm 15.7; 27.8). Além da Bíblia,
os assentamentos, como, por exemplo, os de Quedar, Tema, Dumá e Nebaiote
também são conhecidos, há mais de dois milênios.

Nebaiote, o filho mais velho de Ismael, que, em hebraico, significa “frutificação”, era
chefe tribal árabe (1Cr 1.29). Sua descendência continuou a ser conhecida por esse
nome (Gn 17.20; 25.16). Uma curiosidade histórica é o fato de que a terra de Esaú
ou Edom finalmente caiu sob o controle da posteridade de Nebaiote. Esse clã árabe
era vizinho do povo de Quedar. Ambos os nomes aparecem nos registros de
Assurbanipal, rei da Assíria (669-626 a.C.). Embora alguns estudiosos rejeitem a
idéia, possivelmente eles foram os antepassados dos nabateus.

Os nabateus eram um povo árabe cujo reino se expandiu, no passado, até Damasco,
capital da Síria, um país árabe. Perto do século 4o a.C., eles estavam firmemente
estabelecidos em Petra, que atualmente é um sítio arqueológico, com ruínas e
construções magníficas, localizado na Jordânia, que também é um país árabe.

Quedar, o segundo filho de Ismael, em hebraico significa “poderoso”. Alguns


estudiosos dizem que essa palavra significa “negro” ou “moreno”, uma referência aos
efeitos da radiação solar na pele das pessoas que habitam os desertos quentes do Sul
da Arábia, onde vivem os beduínos. O interessante é que, no livro de Cantares de
Salomão (1.5), a esposa diz que “é morena como as tendas de Quedar”. No Antigo
Testamento, o termo Quedar é usado genericamente para indicar as tribos árabes —
beduínos (Ct 1.5; Is 21.16,17; 42.11; 60.7; Jr 2.10; Ez 27.21). No Salmo 120.5,
Quedar e Meseque se referem, metaforicamente, a certas tribos bárbaras. Eram
negociantes, numerosos em rebanhos e camelos. Alguns deles eram ferozes e
temidos guerreiros. Jeremias predisse o julgamento de Quedar, dando a entender que
seria destruído por Nabucodonosor (Jr 49.28,29). Após serem destruídos
parcialmente por Nabucodonosor e Assurbanipal, eles diminuíram em números e em
riquezas e se dissolveram em outras tribos árabes. Os estudiosos muçulmanos, ao
reconstruírem a genealogia de Maomé, fazem-no descendente de Abraão, de Ismael,
por meio de Quedar. Sam Shamoun, apologista cristão, nega que Maomé seja
descendente direto de Ismael, baseado em pesquisas geográficas e étnicas.3

Em face de tudo isso, parece claro que a descendência de Ismael apresentou traços
culturais, raciais e lingüísticos com algumas linhagens árabes existentes nos dias de
hoje. Além disso, as próprias evidências históricas fortalecem a idéia de que os
árabes são descendentes de Ismael, mas isso não significa afirmar que a totalidade
dos árabes é descendente de Ismael.

Outras descendências

Descendentes de Jotão

Alguns árabes se referem a si mesmos como descendentes de Jotão (os árabes lhe
chamam de Kahtan) e uma das tribos mais famosas que descendiam dele era Sabá,
da qual os descendentes fundaram o reino de Sabá, no Iêmen, incluindo a renomada
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rainha de Sabá (chamada pelos árabes de Bilquis). A visita dessa rainha a Jerusalém,
durante reinado de Salomão, é um exemplo de como o povo de Deus teve influência
Pá gina

das “arábias”, mesmo nos tempos do Antigo Testamento. Salomão escreveu um dos
salmos messiânicos (Sl 72), parcialmente, tendo Sabá em mente (veja os versículos
10 e 15). Jesus falou positivamente sobre a rainha de Sabá (Mt 12.42).

Aparentemente, pelo menos algumas das tribos semíticas adoravam o Deus de Sem,
mesmo sem conhecê-lo inteiramente.

Descendentes de Ló

No final do capítulo 19 de Gênesis, observamos o aparecimento de duas linhas


genealógicas, os moabitas e os amonitas.

Os moabitas foram descendentes de Ló e sua filha mais velha (Gn 19.30-37). Eles
eram arrogantes e inimigos de Israel, mas Deus estava, mais uma vez, usando os
babilônios como medida disciplinadora. Isaías (Capítulos15 e 16) e Jeremias (Capítulo
28) predisseram a queda de Moabe e a redução de um povo arrogante a um povo
débil. Os moabitas viveram em sítios vizinhos aos seus irmãos amonitas.

Os amonitas eram descendentes de Amon, filho mais novo de Ló (Gn 19.38) e da sua
filha mais jovem. Em Juízes 3.13, lemos que esse povo se mostrou hostil para com
Israel. Uniu-se em ataque combinado a Israel com outros adversários do povo de
Deus. A capital deles era Rabá. Posteriormente, essa cidade tomou o nome de
Filadélfia, em honra a Ptolomeu Filadelfo. Atualmente, chama-se Aman, capital da
Jordânia. A língua deles era semítica. Hoje, todas aquelas regiões são árabes.4 A raça
amonita desapareceu misturada com outras raças semitas.

Embora não seja possível afirmar com precisão, podemos supor, juntamente com
muitos estudiosos em genealogias, que há uma grande possibilidade de alguns árabes
de hoje serem descendentes não somente de Ismael, mas também de Ló.

Descendentes de Esaú

Esaú, da linhagem de Isaque, teve como uma de suas esposas Maalate ou Basemate,
irmã de Nebaiote, da linhagem de Ismael (Gn 28.9; 36.3). As “crianças de Isaque”
estavam se misturando com as “crianças de Ismael”, nascendo assim outra linhagem
genealógica. Com isso, nasce Reuel, que gerou Naate, Zerá, Samá e Mizá (Gn 36.13).
Certamente, muitos árabes hoje apresentam suas genealogias oriundas dessa
estranha, mas verdadeira fusão.

Outra descendência de Abraão

Depois que Isaque se casou com Rebeca, Gênesis 25 diz que Abraão desposou outra
mulher, Quetura, e com ela teve outros filhos. Abraão, já em idade avançada, criou
outra família! Todos os filhos de Quetura, eventualmente, tornaram-se chefes das
tribos árabes. Uma dessas tribos era Midiã; os midianitas se opuseram ao Israel do
profeta Balaão, porém, nem todos os midianitas eram contra os hebreus. Moisés se
casou com Zípora, a filha de Jetro (Êx 2.16-22), que também era chamado de
sacerdote de Mídia. Jetro reconhecia o Deus verdadeiro e até mesmo deu bons
conselhos a Moisés que agradaram a Deus (Êx 18). Os midianistas, certamente,
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tiveram alguma revelação de Deus por intermédio de seu pai, Abraão.


Pá gina

Portanto, vemos claramente que os árabes em geral, que reivindicam ter Abraão
como pai, certamente pertencem à mesma família e estão ligados a Israel.

A revista Veja apresentou uma reportagem em que as várias populações judaicas não
apenas são parentes próximas umas das outras, mas também de palestinos,
libaneses e sírios. A descoberta significa que todos são originários de uma mesma
comunidade ancestral, que viveu no Oriente Médio há quatro mil anos. Em termos
genéticos, significa parentesco bem próximo, maior que o existente entre os judeus e
a maioria das outras populações. Quatro milênios representam apenas duzentas
gerações, tempo muito curto para mudanças genéticas significativas. O resultado da
pesquisa é coerente com a versão bíblica de que os árabes e os judeus descendem de
um ancestral comum, o patriarca Abraão.5

Os árabes de hoje e as bênçãos dadas à descendência de Abraão

Por conveniência, definimos os árabes como o povo que fala o árabe, como língua
mãe, e que vive na península arábica e regiões circunvizinhas. Hoje, existem
diferentes tipos de etnias dentro da região árabe. Algumas nações se tornaram
árabes, pois foram arabizadas, como o Sudão e a Somália. Outras realmente
descendem das linhagens dos antepassados. Mas, afinal, os ismaelitas (filhos de
Ismael) são os árabes de hoje?

Flávio Josefo, historiador judeu, declara que Ismael é pai da nação árabe, conforme
crêem os árabes. Segundo Josefo, não podemos descartar a profecia de Isaías, que
diz que os ismaelitas adorarão o Messias.6

Raphael Patai, um judeu, declara em seu livro, Semente de Abraão, que o termo
“árabe” está contido nas mesmas inscrições com o termo “Quedar”, filho de Ismael,
no século 9 a.C., nas epígrafes assírias. Patai também encontrou provas que mostram
que os árabes foram sinônimos dos “nabateus”, descendentes de Nebaiote.

Em verdade, o mundo árabe hoje é oriundo de um mosaico de etnias, haja vista as


diferentes genealogias formadas no decorrer da história. Talvez, Mahmud, Hassan ou
quaisquer outros árabes, sejam descendentes de Ismael, por intermédio da
descendência de Nebaiote ou Quedar, ou até mesmo por Ló, ou pela nova família de
Abraão com Quetura. Não podemos também descartar a possibilidade de os árabes
serem descendentes da fusão entre as crianças de Isaque com as de Ismael ou até
mesmo por intermédio de Jotão. Em todas essas possibilidades, encontramos a
genética do pai Abraão.

A promessa de Deus a Abraão foi clara e específica: “O seu próprio filho será o seu
herdeiro” (Gn 15.4). Mas a grande questão é a seguinte: esta promessa de
descendência deve ser entendida em termos raciais ou espirituais?

O apóstolo Paulo esclarece a questão em sua carta aos gálatas: “Ora, as promessas
foram feitas a Abraão e a seu descendente. A Escritura não diz: E a seus
descendentes, como falando de muitos, mas como de um só: E a teu descendente,
que é Cristo” (Gl 3.16).
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Todas as promessas feitas a Abraão são cumpridas em Jesus. É por meio do maior
Filho de Abraão, Jesus, que a bênção falada em Gênesis alcançará os povos do
Pá gina

mundo. A linhagem racial se torna minúscula quando sabemos que podemos ser
herdeiros de Abraão, ainda que não sejamos árabes ou judeus.

Jesus nasceu no tempo determinado por Deus (Gl 4.4), como o “descendente” de
Abraão. A relação que temos com Jesus se torna fator determinante se pertencemos
realmente a Deus ou não.

Paulo resume isso definitivamente ao declarar: “Se vocês são de Cristo, são
descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gl 3.26,27, 29).

Louvamos a Deus, pois milhares de árabes encontraram Jesus nestes últimos tempos.
E na Bíblia, além dos versículos já mencionados, existem muitos outros que nos dão a
esperança de que os árabes, eventualmente, serão salvos. Isaías 60.6,7 relata sobre
um tempo em que a glória do Senhor será manifestada: “A multidão de camelos te
cobrirá, os dromedários de Midiã e Efá [os descendentes de Abraão por intermédio de
Quetura]; todos virão de Sabá [descendentes de Jotão]; trarão ouro e incenso e
publicarão os louvores do SENHOR. Todas as ovelhas de Quedar [descendentes de
Ismael] se reunirão junto de ti; servir-te-ão os carneiros de Nebaiote; para o meu
agrado subirão ao meu altar, e eu tornarei mais gloriosa a casa da minha glória”.

Finalmente, quando olhamos para o Novo Testamento, lá estavam os árabes no dia


de Pentecoste (At 2.11). Deus, realmente, quer que sua mensagem alcance os
árabes, porque Allahu Mahabba — “Deus é amor”.

Temos de acreditar que Deus salvará os árabes, seja qual for a sua descendência.
Que os milhões de árabes possam ser realmente inseridos na descendência espiritual
de Abraão, por intermédio de Jesus, e que a igreja evangélica seja capaz de
reconhecer e compreender as promessas dirigidas a esse povo.

O nascimento de Ismael

“Ora Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos, e ele tinha uma serva egípcia, cujo
nome era Agar.

“E disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz; toma, pois,
a minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai.

“Assim tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar egípcia, sua serva, e deu-a por mulher
a Abrão seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na terra de Canaã.

“E ele possuiu a Agar, e ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora
desprezada aos seus olhos.

“Então disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti; minha serva pus eu em teu
regaço; vendo ela agora que concebeu, sou menosprezada aos seus olhos; o SENHOR
julgue entre mim e ti.

“E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está na tua mão; faze-lhe o que bom é aos
teus olhos. E afligiu-a Sarai, e ela fugiu de sua face. E o anjo do SENHOR a achou
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junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur.


Pá gina

“E disse: Agar, serva de Sarai, donde vens, e para onde vais? E ela disse: Venho
fugida da face de Sarai, minha senhora. Então lhe disse o anjo do SENHOR: Torna-te
para tua senhora, e humilha-te debaixo de suas mãos.

“Disse-lhe mais o anjo do SENHOR: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência,


que não será contada, por numerosa que será.

“Disse-lhe também o anjo do SENHOR: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, e
chamarás o seu nome Ismael; porquanto o SENHOR ouviu a tua aflição.

“E ele será homem feroz, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra
ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos.

“E ela chamou o nome do SENHOR, que com ela falava: Tu és Deus que me vê;
porque disse: Não olhei eu também para aquele que me vê?

“Por isso se chama aquele poço de Beer-Laai-Rói; eis que está entre Cades e Berede.

“E Agar deu à luz um filho a Abrão; e Abrão chamou o nome do seu filho que Agar
tivera, Ismael.

“E era Abrão da idade de oitenta e seis anos, quando Agar deu à luz Ismael” (Gn
16.1-16)

Notas de referência:

1 FROESE, Arno.Conflito em família no Oriente Médio. www.chamada.com.br


2 MCCURRY, Don. Esperança para os muçulmanos. Ed. Descoberta, p.8-23, 1999.
3 SHAMOUN, Sam. Ishmael is not the father of Muhammad. www.answering-
islam.org
4 The Arabs in Bible Prophecy. www.chrisadelphia.org/archive/arabs.html
517/5/2000, p. 86.

FONTE: OS ARTIGOS DESTE MATERIAL FORAM COLETADOS NO SITE:

www.icp.com.br
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